Ir∴César Zabot - Aprendiz-Maçom
INTRODUÇÃO
O objetivo desta peça de arquitetura é compreender através do estudo do trinômio: Fé, esperança e caridade e que este conhecimento mais aprofundado sirva de embasamento para mudanças de atitudes na direção da pedra polida.
CONSIDERAÇÕES
O ser humano no uso da sua racionalidade é capaz de compreender e pode praticar a virtude moral sendo assim um individuo direcionando para o bem quer individualmente ou coletivamente. Consideramos duas espécies de virtudes: adquiridas e infusas. Entre as virtudes adquiridas, distinguem-se principalmente quatro: prudência, justiça, fortaleza e temperança. São as centrais, ao redor delas gravitam as outras, tais como a paciência, a tolerância, a brandura etc. Entre as virtudes infusas estão à fé, a esperança e a caridade, porque não é o produto de uma prática, mas um dom infuso emanada do Grande Arquiteto do Universo.
FÉ
É a minha atitude, a minha crença que é relacionada ao GADU o Deus Supremo. Se considerarmos a fé como um sentimento inato no indivíduo, o que podemos fazer é direcionar este sentimento. Usando a prerrogativa racional do ser humano que se apóia sobre fatos e lógica, ela é totalmente lógica. Entretanto a miopia ou fé cega não deixa espaço a racionalidade, o senso crítico desaparece assim como o controle do falso como verdadeiro, ignorando a evidência e a razão. O excesso produz o fanatismo. Acreditar cegamente pode levar a humanidade ou parte dela a cometer desvios doentios, tais como, o Nazismo e outros regimes totalitários.
Passando pelo livro sagrado, encontraremos diversos temas relacionados com a fé. Entre eles, encontram-se: "A fé que remove montanhas", "A tua fé te curou", "O poder da fé", "A fé religiosa", "A fé e a caridade" etc. No caso da montanha, por exemplo, sabemos que não é a montanha física, mas os nossos erros, os nossos defeitos. Na cura pela fé, são os fluidos vitais ou magnetismo que se encontra em todos os seres humanos e que, se bem manipulado, pode provocar curas, que muitos chamam de "milagres".
A dificuldade maior na questão da fé é esperar algo que é incerto. Temos a intuição de que este é o caminho, mas a demora pode nos induzir a impaciência. A intuição afirma que devemos perseverar, contudo a espera é difícil. De qualquer forma, temos de continuar, pois desistir no meio do combate, é ficar sem ponto de apoio e sem perspectiva de um futuro mais promissor.
A fé é o nosso grande sustentáculo. Que seria de nossa incerteza, de nossas tribulações sem esse ponto de apoio para sermos reconfortados? Aquele que tem fé vigorosa aceita de bom grado qualquer extremo, pois, embora esteja no meio da incerteza momentânea, espera que o tempo, o Grande Arquiteto do Universo, possa oferecer as oportunidades para que os seus ideais sejam concretizados.
ESPERANÇA
Vivo num ambiente de incertezas. Vivo o presente, o passado é imutável, o futuro é expectativa uma projeção, então esperança é trazer os ideais do futuro para o presente mesmo sabendo que este é incerto. A esperança reforça a perseverança, mesmo diante das adversidades mantendo-nos firmes em busca de nossos ideais. Com a esperança aprendemos a perseverar diante das adversidades.
Na Filosofia Moderna, as injunções dos pensamentos, a busca pela racionalidade e a supremacia da razão levam os indivíduos a decretar a morte de Deus. É a doutrina do nada além desta miserável vida. Esse sistema mata toda a Esperança. Como esperar algo se nada há o que se esperar? É por isso que Paul Sartre falava da náusea e do desespero, antíteses da esperança.
O desespero é a pouca confiança em Deus, o amor próprio, o orgulho pessoal. A presunção é achar-se alguém digno de uma posição vantajosa, sem de fato o ser. Uma das causas do desespero são os nossos vícios. A presunção, por outro lado, está ligada à vaidade. A esperança não é uma atitude passiva, mas cheia de vitalidade com muita energia e principalmente amor.
Nas Epístolas de Paulo encontramos diversas frases sobre a esperança. Eis uma delas: "Porque tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança".
CARIDADE
Fazer o bem sem olhar a quem. Fazer a outro o que gostaria que a nós fosse feito. Baseia-se na frase: "Fazermos aos outros o que gostaríamos que nos fosse feito".
A noção de caridade está posta na parábola do bom samaritano. Nela narra-se que "Um homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu nas mãos de ladrões que o despojaram, cobriram-no de feridas e se foram, deixando-o semimorto. Aconteceu, em seguida, que um sacerdote descia pelo mesmo caminho e tendo-o percebido passou do outro lado. Um levita, que veio também para o mesmo lugar, tendo-o considerado, passou ainda do outro lado. Mas um Samaritano que viajava, chegando ao lugar onde estava esse homem, e tendo-o visto, foi tocado de compaixão por ele. Aproximou-se, pois, dele, derramou óleo e vinho em suas feridas e as enfaixou; e tendo-o colocado sobre seu cavalo, conduziu-o a uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas e as deu ao hospedeiro, dizendo: Tende bastante cuidado com este homem, e tudo o que despenderdes a mais, eu vos restituirei no meu regresso".
A caridade está simbolizada na ação do samaritano que, embora menos esclarecido que os outros, concretiza o auxílio. Caridade moral e caridade material
A caridade está mais ligada a uma ação concreta. Ela é presente, é uma prática. Enquanto as duas primeiras dizem respeito ao futuro, esta diz respeito ao presente, à ação. Nesse sentido, podemos diferenciar os atos de caridade da caridade propriamente dita, ou seja, podemos perfeitamente auxiliar o próximo, sem que esse sentimento faça parte de nosso passivo espiritual.
CONCLUSÃO
Como Maçons, somos homens de Fé, pois acreditamos no Grande Arquiteto do Universo, criador dos mundos, e também acreditamos em nós mesmos e em nossos Irmãos. Por isso a Fé é representada no Simbolismo pela Cruz, na parte inferior da Escada, porque a Fé é a base.
A Esperança nos ensina a perseverar perante as adversidades e a nos mantermos firmes em nossos ideais, como a Âncora que a simboliza, e que está no meio da Escada Assim, todo aquele que for constante nas causas justas, superará todas as dificuldades, alcançando êxito completo.
A Caridade tem aí um significado especial, porque com a Cruz da Fé, e Âncora da Esperança, só atingimos a plenitude maçônica quando pautamos nossas ações na Caridade, que também significa o Amor, pois a Caridade nada mais é do que o amor ao nosso próximo, que auxiliamos anonimamente através do Tronco de Solidariedade, em todas as Sessões Maçônicas na face da Terra. A Caridade é uma das mais brilhantes jóias com que, se adorna a Sublime Ordem Maçônica. A Maçonaria ensina que é verdadeiramente feliz o homem que sente brotar no coração a semente da benevolência. Não inveja o próximo, não dá conta das palavras vis e caluniadoras, porque a malícia e a vingança não acham abrigo em seu peito. Assim, pois, tem sempre presente à sua imaginação que somos todos Irmãos, que deveremos estar sempre prontos a acudir àqueles que reclamam nossa assistência; e que jamais deveremos recusar nossa mão amiga, generosa e leal, ao necessitado que implore socorro. Desse modo os maçons agem dentro das linhas da misteriosa esquadria, recebendo um dia a recompensa a que tiver direito pelo Amor e Caridade.
Por isso a Caridade é representada pela Mão da generosidade dirigindo- se para o Cálice, que forma o Graal, um dos símbolos presentes no Painel do Aprendiz, no topo da Escada.
“Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra.
“Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, mas não vai sozinha e nem nos deixará só, porque leva um pouco de nós e deixa um pouco de si.”
“Há os que levam muito e deixam pouco, há os que levam pouco e deixam muito.”
“Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que não nos encontramos por acaso.”
BIBLIOGRAFIA
(Bíblia Sagrada) - (Jerônimo Coelho, 2007) - (Kardec, 1984)
(Artigos na Internet Wikipédia, 2010).
Fonte: JBNews - Informativo nº 235 - 20.04.2011