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sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
GIRO DA BOLSA E A ORDEM DA COLETA
GIRO DA BOLSA
Surgiu uma dúvida entre os Irmãos sobre o giro da bolsa e do tronco.
Após fazer as 6 pontas da estrela. Todos do Oriente.
Quando se inicia a coleta no Ocidente.
E feito os Mestres juntamente com os ocupantes dos cargos, ou primeiro os que ocupam cargos?
Após os Mestres, Companheiros e Aprendizes e finaliza com a coleta do oficial que está nos trabalhos.
CONSIDERAÇÕES:
A ordem de abordagem na circulação das bolsas de PProp∴ e IInf∴ e Benef∴, assim como o Escrut∴ Secr∴, está bem claro no Ritual de Aprendiz Maçom, REAA, GOB, edição 2024, em vigência, pág. 43.

Mesmo que alguns autores místicos até queiram menciona-la na execução do giro da bolsa (saco), sem dúvida alguma é preciso ter muita imaginação para se comparar esse trajeto com o desenho de um hexagrama no piso da Loja, formado pela ligação dos seis primeiros cargos abordados.
Também vale salientar que a Estrela de Davi, ou Estrela de Seis Pontas, é um símbolo presente no arcabouço doutrinário da Maçonaria Anglo-saxônica (Rito de York), enquanto que no REAA, rito originário da França, o símbolo da estrela é hominal e pitagórica, a qual possui cinco pontas e é conhecida como Estrela Flamejante.
Verdadeiramente, os seis primeiros cargos abordados pelo titular, mais o Mestre de Cerimônias, constituem os sete Mestres Maçons necessários para se abrir os trabalhos de uma Loja no REAA.
Nesse sentido, a ordem de abordagem dos seis primeiros cargos é a seguinte: por primeiro as Luzes da Loja (Venerável Mestre, 1º e 2º Vigilantes); depois o Orador e o Secretário e, finalmente, o Cobridor Interno.
Destes seis cargos, imprescindíveis no REAA, os três primeiros correspondem aos dirigentes que detém os malhetes. Depois o Orador, que é o representante da Lei e o Secretário, que é o encarregado dos devidos registros. Finalmente o Cobridor Interno, que é o encarregado de preservar o Landmark do sigilo.
Depois de ter sido realizada a coleta desses seis primeiros cargos, o titular imediatamente aborda os ocupantes das duas cadeiras de honra, da direita e da esquerda do trono, respectivamente, e em seguida os demais ocupantes do Oriente (Autoridades, Mestres Instalados e oficiais). Concluída a coleta no Oriente, o titular aborda, indiscriminadamente, os Mestres Maçons das Coluna do Sul e do Norte, com ou sem cargo. Depois os Companheiros os Aprendizes e, por último, ajudado pelo Cobridor Interno, o próprio titular deposita.
Concluindo, reitera-se: salvo os seis primeiros cargos, durante o giro das bolsas e do escrutínio, os Mestres, com cargo ou sem cargo, são abordados indiscriminadamente. Durante a abordagem não existe preferência pelos que ocupam cargos (todos são Mestres Maçons).
T.F.A.PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
O IRMÃO ATRASADO - PROCEDIMENTOS PREVISTOS NO RITUAL 2024
O ATRASADO
Estou com uma dúvida e se for possível gostaria ouvir da sua orientação:
- Estando à Loja trabalhando no Grau II ou III e chegando um irmão atrasado, o mesmo deve dar três pancadas na porta. Pergunto como deve proceder o Cobridor Interno, considerando que o Cobridor Externo já está no interior do Templo.
- Alguns irmãos dizem que o Cobridor Interno deve repicar as três pancadas, para que o irmão atrasado entenda que a loja está trabalhando em outro Grau e assim por diante.
Essa é a minha dúvida de como seria a forma correta de proceder. Se o irmão puder me orientar fico agradecido.
CONSIDERAÇÕES:
Na verdade, os rituais foram feitos visando ao cumprimento do horário, até porque a pontualidade é uma das virtudes exercidas pelo maçom.
Mesmo assim, é verdade que o costume de se chegar atrasado à sessão não deixa de ser uma realidade Maçonaria – mesmo que o atraso não seja institucionalizado.
A despeito disso, estabelece-se que em qualquer circunstância, o Ir∴ que chegar atrasado e alcançar o átrio, sem ser interpelado pelo Cobr∴ Externo, deve sempre bater na porta como Aprendiz Maçom, pois cabe ao Cobr∴ interno verificar quem está pedindo ingresso nos trabalhos.

Se o momento for propício para receber o retardatário, o Cobr∴ Interno, logo que ouvir a bateria na porta, comunica à Loja na forma de costume e fica aguardando ordens do Ven∴ Mestre para as providências devidas.
Caso o momento não seja propício para receber o Ir∴ que pede ingresso, o Cobr∴ Int∴ imediatamente responde dando, com o punho da espada, a mesma bateria (de Aprendiz). Isso significa que o Ir∴ atrasado deve aguardar em silêncio no Átrio até que chegue o momento oportuno para que ele seja atendido. Apenas isso, nada mais.
Na hipótese de a Loja estar trabalhando em grau acima do de Aprendiz, e o retardatário não possuir grau suficiente para ingressar, será então informado, ainda no átrio, que deverá se retirar.
Orientações nesse sentido podem ser encontradas no subtítulo 4.4 Comportamento Ritualístico, página 210 do Ritual de Aprendiz do REAA, edição 2024.
De tudo, em respeito aos que são pontuais, o melhor mesmo é ninguém chegar atrasado para não atrapalhar o andamento ritualístico da sessão. As exceções devem ser de caráter esporádico, nunca corriqueiro.
T.F.A.PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
CÂMARA DO MEIO
Introdução
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Aproveitando a oportunidade pela qual tem se apresentado muitas súplicas a mim dirigidas por Respeitáveis Irmãos que buscam esclarecimento para as suas dúvidas, surgiu um tema relacionado à Loja de Mestre extraído de um pedido de opinião – a Câmara do Meio. |
Embora se constitua num título bastante corriqueiro no Terceiro Grau maçónico, ele é, entretanto, muito pouco racionalmente comentado, razão pela qual resolvi produzir este modesto arrazoado na configuração de um ensaio que visa despertar uma preparação para instrução disciplinada, embora menos intensa que uma obra literária acabada.
Do título
Câmara do Meio é o título dado à Loja de Mestre na Moderna Maçonaria. Esta concepção começou a fazer parte do especulativo maçónico após o aparecimento (Publicado em freemason.pt) do Terceiro Grau em 1724 e sacramentado na segunda Constituição de Anderson em 1738 relativa à Primeira Grande Loja (dos Modernos) em Londres.
Como uma Loja – excepto quando se relacionar ao título distintivo dado para uma corporação maçónica – só existe em trabalhos abertos, uma sessão maçónica aberta no Terceiro Grau adquire por extensão, o rótulo convencional de Câmara do Meio.
Do conceito
A alegoria da Câmara do Meio já está presente na Tábua de Delinear inglesa [1](teísta) desde o Grau de Companheiro e se relaciona directamente com o Livro das Sagradas Escrituras:
“A porta do lado do meio estava na parte direita da casa; e subiam por um caracol ao andar do meio e deste para o terceiro” (todos os grifos são meus) – Reis I, 6, 8.
Ainda noutra versão bíblica:
“A porta que levava à câmara do meio estava no lado sul da casa e por um caracol se subia ao segundo andar e deste para o terceiro” (os grifos são meus).
O lado direito da casa, sob o ponto de vista do Átrio, corresponde ao Sul, ou Meio-Dia, enquanto que em relação ao termo “caracol” inserido nos textos bíblicos, evidentemente se refere à Escada em Caracol, cujo emblema possui alto valor simbólico já que esta “escada” de acesso lateral (Publicado em freemason.pt) para “câmara” representa a dificuldade e a sinuosidade que o Obreiro tem que passar para atingir a Câmara do Meio (aperfeiçoamento), que neste caso sugere o Santo dos Santos do Templo de Jerusalém.
À bem da verdade a alegoria “escada-câmara” alude ao elo que existe entre o “meio-dia” (juventude) e o final da jornada à “meia-noite” (maturidade e morte – o Mestre que ingressa no Oriente).
É desta a relação maçónica existente entre a lenda da construção do Templo de Jerusalém e a Loja, mais especificamente ao Oriente da Oficina, que se explica o porquê de só se permitir o ingresso no Oriente em Loja aberta àquele que já tenha atingido a plenitude no simbolismo universal maçónico – o Mestre.
Graças também a esta alegoria maçónica é que os Companheiros no Templo (Loja) ocupam sempre a Coluna do Sul, já que pelo texto bíblico que dá origem ao apólogo, a porta que leva à Câmara do Meio (Loja de Mestre) simbolicamente está situada no Sul [2].
Diga-se ainda de passagem que na alegoria do Templo o mesmo era um conjunto constituído por três partes – a primeira se denominava Ulam (átrio) onde se formava a assembleia; a segunda chamada Hikal onde os sacerdotes desempenhavam as suas funções e por fim a terceira, nomeada Debir(santuário) onde era depositada a Arca de Aliança.
Com o advento da criação do grau de Mestre e por extensão da Lenda do Terceiro Grau cujo anfiteatro se dá no lendário Templo de Jerusalém é que se desenvolveria o arcabouço doutrinário e filosófico do simbolismo da Moderna Maçonaria que passaria definitivamente a associar especulativamente o aprimoramento do Homem com a construção do Templo interior – a Obra perfeita dedicada a “Deus”. Daí a relação metafísica incondicional e sucessiva entre os três Graus cuja jornada parte do Ocidente em direcção à Luz do Oriente – Intuição, Análise e Síntese.
Neste sentido não se poderia mencionar a Câmara do Meio sem considerar, sob o ponto de vista histórico e iniciático, a sua relação com o grau de Companheiro como penúltimo estágio do aprimoramento – Do pórtico ao Sul em direcção à Câmara do Meio onde se situa a Árvore da Vida, local onde o Mestre pode então inquestionavelmente assim afirmar: “A A∴ é M∴ C∴”.
Vale a pena ainda mencionar que esta alegoria constituída pela tríade Escada em Caracol, Templo de Jerusalém e Câmara do Meio é valida apenas para o simbolismo (Publicado em freemason.pt) da Moderna Maçonaria, já que esse conjunto emblemático, bem como a Lenda de Hiran, não corresponde ipsis litteris à completa realidade descrita no texto bíblico.
Das considerações finais
O termo “Câmara do Meio” é em Maçonaria uma espécie de Nec Plus Ultra, cuja característica filosófica envolveu conhecimentos racionais que determinaram regras e fundamentos do pensamento enquanto era urdido o método e a chave destinada para se reencontrar a Palavra Perdida (o conhecimento real, nunca o aparente).
Esta é a razão que pode, na ordem natural dos factos, explicar o termo “Câmara do Meio” em Maçonaria. Daí pela “ordem natural” que envolve a construção do Templo e a Lenda do Terceiro Grau, os Aprendizes ocupam o Norte, Companheiros o Sul e os Mestres o Oriente donde dali simbolicamente ele (o Mestre) parte para qualquer das latitudes e longitudes terrenas (o Ocidente da Loja entre o Esquadro e o Compasso).
Assim, em se bem compreendendo a Arte, a Câmara do Meio traz à baila e desfaz todas as ilações temerárias produzidas por aqueles que de quando em quando lançam irresponsavelmente sementes ao vento tentando, por exemplo, inverter a circulação e a localização dos Aprendizes e Companheiros na Loja. Para estes incautos poder-se-ia então perguntar:
- E o pórtico da Câmara do Meio?
- Invertendo os escritos bíblicos, ele passaria do Sul para o Norte?
- Como ficaria então a referência feita à construção do Templo mencionada nas Escrituras? Esta menção seria subvertida?
- Biblicamente o Meio-Dia passaria para o Norte?
- Contar-se-ia então uma nova Lenda com Hiran tentando fugir do primeiro algoz pelo Norte?
Afinal, se os factos têm a sua razão de ser, é porque certamente nada fora arquitectado casualmente.
Fonte; Blog do Pedro Juk
Notas
[1] Tábua de Delinear é o Painel da vertente inglesa de Maçonaria que não raras vezes muitos rituais que envolvem ritos de origem francesa acabam por misturá-los, quando não, até mesmo substituí-los, ou mesmo inserir os dois painéis justificando a presença dupla com a invenção do título de “Painel Alegórico”. Cada uma das duas principais vertentes maçónicas (inglesa e francesa) possui nos três graus universais características alegóricas e simbólicas próprias. O painel a que se refere o texto é a Tábua de Delinear inglesa (Tracing Board) do Segundo Grau – aquele que mostra uma escada lateral em curva (caracol) que dá acesso no seu topo à Câmara do Meio.
Atenção: independente da vertente maçónica e as suas particularidades próprias, o título de Câmara do Meio é genérico para todo o Terceiro Grau maçónico, seja ele de qual Rito ou Trabalho venha a pertencer. Assim também é a sua relação alegórica com o título que também será sempre aquele baseado na tradição da Tábua de Delinear do Segundo Grau (inglesa).
[2] Lado Sul. Para que não pairem dúvidas em relação ao ponto de vista “direita-sul” do Ocidente para o Oriente, o observador da gravura deve levar em conta que a Tábua de Delinear mencionada representa um compartimento à direita adjacente ao Templo. Obviamente que apesar da perspectiva sofrível da gravura, o importante é a mensagem simbólica contida no quadro. Note na base da escada o Segundo Vigilante pronto para obstar a passagem daquele que porventura não saiba ainda pronunciar a Palavra de Passe (aperfeiçoamento incompleto) – ao fundo a espiga de trigo junto a uma queda d’água sugere a senha inerente a essa Palavra.
Fonte: https://www.freemason.pt
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
REAA - NOVO RITUAL 2024 - DÚVIDAS
USO DA PALAVRA NO ORIENTE - REAA
USO DA PALAVRA NO ORIENTE
Eu consultei seu blogue a respeito do uso da palavra no oriente. Na sessão de ontem, o Orador ficou em pé e a ordem, para falar como irmão. Me chamou atenção, porque já fui orador, e agora como secretário, nunca usei da palavra em pé ocupando estes cargos. Minha dúvida: tanto em pé como sentado, ao iniciar a fala, é necessário se dirigir ao Venerável, Vigilantes e demais Irmãos, ou basta se dirigir a todos e depois iniciar a fala? Claro que em pé tem que ficar a ordem, mas, se um Mestre no Oriente, sem cargo, decide falar sentado, como inicia a fala?
CONSIDERAÇÕES:
No Oriente, salvo nas ocasiões em que o ritual determine ao contrário, quem estiver usando a palavra pode falar sentado.
Todavia, se por deferência resolver falar em pé, deve então ficar à Ordem.
Sentado ou em pé, o usuário da palavra primeiro deve se dirigir à Loja de modo protocolar dizendo: “Venerável Mestre, IIr∴ 1º e 2º Vigilantes, Autoridades, demais Irmãos”. Inicia depois a sua fala.
Concluída a mesma, se estiver em pé, desfaz o Sin∴ de Ordem pelo Sin∴ Pen∴ e volta a sentar-se.
Não confundir “modo protocolar de se dirigir à Loja” com “saudação maçônica”. Saudações em Loja são feitas sempre pelo Sin∴ Pen∴ do grau.
O ritual de Aprendiz Maçom do REAA em vigência (2024) determina, na sua página 43, as ocasiões em que se deve prestar saudação em Loja.
T.F.A.PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
O HOMEM QUE QUERIA SER REI
ESTUDANDO O SALMO 133
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
REAA NO BRASIL
RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO
Me comunico com você durante um período de tempo e gostaria de saber de você sobre quais alterações e "enxertos" que o REAA sofreu desde o primeiro ritual que chegou aqui através de Francisco Gê Acayba de Montezuma?
Como, por exemplo, o que o primeiro ritual que chegou aqui pregava em relação à posição das colunas, se o mestre de cerimônia fica no lado norte ou sul? Questões como esta.
CONSIDERAÇÕES:
Caro Irmão, escrever sobre isto certamente daria uma matéria de muitas laudas, seguramente até um livro.
Assim, deixo aqui apenas algumas colocações superficiais sobre este tema, mas que certamente são fatos importantes para o estudo da história do REAA.
Francisco Gê Acayaba de Montezuma, o Visconde de Jequitinhonha, trouxe para o Brasil, em 1832, o Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, uma potência filosófica que nada tinha a ver com os três graus do simbolismo do REAA. Até onde eu sei, também não trouxe nenhum ritual, propriamente dito, para os graus de Aprendiz, Companheiro Mestre.
O primeiro Regulador para os Graus Simbólicos do REAA no GOB somente apareceu no ano de 1834. Tinha o título de “Guia dos Maçons Escocezes, ou Reguladores dos Três Gráos Symbolicos do Rito Antigo e Aceito” (grafia da época).
Este regulador copiava basicamente o Guia dos Maçons Escoceses de 1820/21 da França e, como tal, já era bastante influenciado por algumas práticas das Lojas Capitulares - um sistema criado pelo Grande Oriente da França que existiu naquela época.
O primeiro ritual (projeto) para o simbolismo do REAA foi criado em Paris no ano de 1804. Para administrar a construção deste ritual, nascia, em outubro de 1804, por obra do II Supremo Conselho, uma Loja que ficaria conhecida como Loja Geral Escocesa (foi extinta em 1816). Desafortunadamente, este primeiro projeto de ritual acabaria sofrendo indesejáveis intervenções, o que fez dele um elemento desconfigurado na sua originalidade. Não confundir o primeiro ritual para simbolismo do REAA (1804) com os cadernos denominados Guia dos Maçons Escoceses (1820/1821)
Em se tratando do REAA na Maçonaria brasileira, vale ressaltar que a primeira Loja deste rito no Brasil apareceu no Rio de Janeiro em maio de 1822, um pouco antes da fundação do GOB em 17 de junho daquele mesmo ano. Sob o título de Bouclie D’Honneur (Escudo de Honra), não se pode precisar exatamente como era o ritual do REAA praticado por esta Loja, a não ser que tinha provável característica capitular.
Por ser de tendência monarquista, a Loja Bouclie D’Honneur não duraria muito tempo, sobretudo porque naquela época os maçons brasileiros estavam empenhados em fundar uma obediência genuinamente brasileira, dedicada à lutar pela causa da Independência do Brasil – certamente as tendências monarquistas da Loja Bouclie D’Honneur, ligadas à Coroa Portuguesa, não eram nada bem-vindas no seio da incipiente Maçonaria Tupiniquim.
A segunda Loja do REAA nascida em solo brasileiro foi a Loja Educação e Moral. Fundada por Joaquim Gonçalves Ledo, ela manteve suas colunas erguidas de 1829 até 1833. Foi instalada por João Paulo dos Santos Barreto, um importante militar que trazia consigo uma patente do Grande Oriente da França para fundar Capítulos Rosa-Cruzes.
Isto reforça a possibilidade de que a Loja Educação e Moral, fundada antes do Supremo Conselho de Montezuma, trabalhava como uma Loja Capitular, isto é, com os seus 18 graus.
Uma anotação importante sobre a história desta Loja é que ela foi instalada em uma época em que a Maçonaria se encontrava suspensa no Brasil desde 25 de outubro de 1822 por ordem de D. Pedro I, o Irmão Guatimozim. É de se ressaltar que o Grande Oriente do Brasil somente seria reinstalado em novembro de 1831, após a abdicação de D. Pedro I, ocorrida em abril daquele ano. Isto atesta que mesmo proibida naquela época, a Maçonaria não havia cessado completamente as suas atividades no Brasil.
Voltando à França do início do século XIX, não menos importante na história do REEA, é de se destacar que o Rito Francês (ou Moderno) era o principal rito praticado pelo Grande Oriente da França, a despeito de que sob sua tutela também existiam outros ritos, como o Adonhiramita e o REAA. Este último, por exemplo, ainda estava, no primeiro quartel do século XIX (1804), construindo o seu primeiro ritual para o simbolismo, na Europa.
Sob a tutela do Grande Oriente da França, o primeiro ritual para o simbolismo do REAA acabou indevidamente recebendo algumas práticas de outro rito. Por exemplo, no projeto do ritual primitivo do REAA, seu templo não possuía Oriente separado e elevado. Tal como na Maçonaria anglo-saxônica (Antigos), o piso da sala da Loja do REAA não possuía desnível.
Também, diferente do Rito Francês (Moderno), as Colunas B∴ e J∴ ficavam no Norte e no Sul, respectivamente; o 2º Vigilante já ocupava lugar no meridiano do Meio-Dia e o Mestre de Cerimônias sentava-se ao Sul (Coluna da Beleza), e por aí vai.
No que diz respeito às Lojas Capitulares, as mesmas surgiram por interferência do Grande Oriente da França no REAA. Naquela época, o II Supremo Conselho do REAA – o da França – abrigava-se das mesmas dependências do Grande Oriente, em Paris. Com isso, o Grande Oriente da França, que possuía grande força política e já tinha sob sua égide o Rito Francês (Moderno) com 7 Graus, dos quais o último era um grau Rosa-Cruz, logo também se arvorou em tomar para si os 18 primeiros graus do REAA.
Em linhas gerais, o Grande Oriente alegava que tal como no Rito Moderno, ele também deveria ser o senhor do Capítulo Rosa-Cruz do escocesismo. Isso fez com que todos os graus do REAA, abaixo do 18º Grau, ficassem sob a tutoria do Grande Oriente da França.
Graças à esta alegação, o II Supremo Conselho, o da França, perdia os seus 18 primeiros graus para o Grande Oriente, restando-lhe, apenas, o governo dos demais graus do sistema escocesista (Kadosh e Consistório).
E assim aparecem as chamadas Lojas Capitulares do REAA no Grande Oriente da França. Com elas também começam a aparecer as adaptações e alterações significativas no primeiro ritual para o simbolismo do REAA. Dentre estas, uma muito importante neste arrazoado, foi a criação de um santuário Rosa-Cruz para atender ao Capítulo, o qual passou a ocupar todo o Oriente da Loja. Com isso, o Oriente, que antes ficava no mesmo nível do Ocidente, passou a ficar mais alto, ou seja, elevado por um degrau e separado por uma balaustrada.
Diferente do Rito Moderno, que já possuía o Oriente elevado, não por um, mas por quatro degraus, no REAA esse desnível era de apenas um degrau.
Um aspecto importante para este Oriente elevado na Loja Capitular era o de que nele só podiam ingressar Irmãos do Capítulo. Neste sistema, o Athersata - governador do Capítulo - era também o Venerável Mestre das simbolismo. Aprendizes, Companheiros e Mestres só podiam transitar pelo Ocidente da Loja.
Vale ressaltar que primitivamente no REAA os juramentos eram prestados sobre o Altar do Venerável Mestre. Aliás, inicialmente nem mesmo havia leitura de qualquer trecho do Livro da Lei.
Graças à separação entre o Oriente e o Ocidente para atender ao santuário Rosa-Cruz, houve-se por bem criar uma extensão do altar principal, motivo pelo qual veio aparecer uma pequena mobília movediça, chamada de Altar dos Juramentos. Esta peça ficava no Oriente em frente ao altar principal e podia atender a prestação dos juramentos, tanto os do capítulo, como do simbolismo. Devido a sua mobilidade, o Altar dos Juramentos era convenientemente arrastado até a divisa com o Ocidente para atender aos juramentos das Lojas de São João (simbolismo).
Mais tarde, com a extinção total das Lojas Capitulares, os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre do REAA permaneceram sob a tutela do Grande Oriente da França, enquanto que os demais graus, do 4º em diante, retornavam para o II Supremo Conselho.
Mesmo colocadas as coisas nos seus devidos lugares, não a dúvida que as Lojas Capitulares deixaram marcas profundas nos rituais do simbolismo do REAA, das quais uma delas foi a permanência do Oriente elevado e separado nas Lojas simbólicas.
Assim, com o Oriente permanecendo elevado e separado nos templos das Lojas simbólicas do escocesismo, o quadrante oriental agora passou a ser lugar restrito dos Mestres Maçons, Mestres Instalados e Autoridades do simbolismo. Nessa conjuntura, o Altar dos Juramentos também se consagrou permanecendo fixo no centro do Oriente, em frente ao Altar principal.
Devido à permanência do Altar dos Juramentos no Oriente, separado do Altar do Venerável Mestre, convencionou-se que no REAA, durante a cerimônia de Iniciação e Elevação, Aprendizes e Companheiros que estiverem sendo iniciados, ou elevados, podem ingressar no Oriente, porém exclusivamente para atender às passagens iniciáticas previstas no ritual. Fora disso, sob nenhuma justificativa Aprendizes e Companheiros podem ingressar no Oriente em Loja aberta.
Então, estes são os apontamentos para a sua questão. Ao concluí-los, reitero que no REAA o lugar consagrado do Mestre de Cerimônias é na Coluna do Sul; as Colunas B∴ e J∴ são vestibulares, portanto ficam no átrio, B∴ à esquerda de quem entra e J∴ à direita; o Oriente fica apenas um degrau mais alto do que o Ocidente; o 2º Vigilante, diferente dos demais ritos franceses, fica no meridiano do Meio-Dia; o Altar dos Juramentos é um pequeno móvel situado no Oriente em frente ao Altar ocupado pelo Venerável Mestre.
No fim, vale destacar que rituais escoceses contemporâneos das Lojas Capitulares sofreram muitas interferências destas. Houve muitas acomodações e adaptações que não condizem com o que havia sido proposto no primeiro ritual, o de 1804. Por forças circunstanciais, o Guia dos Maçons Escoceses (França) e ritual de 1834 (Brasil), de 1829 (França) dentre outros daquela época, são parte dessa história. Cabe ao autêntico historiador examinar e separar o que é falso e o que é verdadeiro.
T.F.A.PEDRO JUK – SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
SUBSTITUTOS DOS VIGILANTES - NOVO RITUAL DO REAA
SUBSTITUTOS DOS VIGILANTES.
Mais uma vez aqui estou eu com uma dúvida, ou seja, eu li em algum lugar que não me lembro, que o Segundo Vigilante tem como substituto eventual o Irmão Segundo Experto e não Primeiro Experto, como ocorre em muitas Lojas. Gostaria de suas orientações já que não consegui localizar o texto a respeito.
Muito grato pela tolerância e ajuda.
CONSIDERAÇÕES:
No tocante a sua questão, conforme prevê o Regulamento Geral da Federação, uma das atribuições do 2º Vigilante é a de substituir o 1º Vigilante na sua ausência.
Assim, caso isso venha ocorrer, quem preenche o cargo vago deixado pelo 2º Vigilante é o 2º Experto.
Essa é a regra para o REAA e consta, inclusive, no Ritual de Aprendiz do REAA, edição 2024, vigente no GOB.
T.F.A.PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
PÍLULAS MAÇÔNICAS
nº 80 - O significado de “Loja” na Idade Média