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domingo, 25 de julho de 2021

O PESO DO MALHETE

O PESO DO MALHETE
Valdemar Sansão – M∴M∴

Desde nossa primeira Instalação como Venerável Mestre, verificamos uma série de dificuldades para assimilação, não só de informações, como na própria forma de transmiti-las. Seria de se cogitar a sugestão do estabelecimento de programação sólida em âmbito da Ordem, na formação das novas gerações de futuros Veneráveis Mestres.

Verificamos que parte importante da formação de um Maçom para se habilitar ao bom desempenho do cargo de Venerável Mestre, não recebe a profundidade dos cuidados indispensáveis, seja por falta de tempo, seja por falta de uma estruturação verdadeiramente pedagógica, concentrada exclusivamente e dedicada à formação compreendida no rol de próximos candidatos ao honroso cargo.

É indiscutível verdade que, nem todos tem a coragem ou desenvolturas suficientes para apresentarem suas dúvidas, além do fato de que muitas dúvidas surgem já no exercício do mandato. Em classes (encontros) onde todos estão no mesmo grau de conhecimento, as dúvidas são esclarecidas, ao mesmo tempo para todos, além das informações sábias ditadas pela experiência de Ex-Veneráveis, mestres de experiência comprovada em cada área do programa de ensino, especialistas em pontos complicados dos rituais. Sua experiência os obriga apresentar sugestões que, por certo poderão trazer grandes discussões e irão incomodar e até provocar os “donos” da verdade.

Por tal forma a perseguir-se uma uniformidade dos gestos, das ações, dos procedimentos e interpretações das partes da doutrina consideradas sagradas e fundamentais.

Em quase todas as reuniões que assistimos, nestes quase trinta anos de Ordem, observamos que há sempre indecisões em determinados procedimentos ritualísticos e até nas interpretações do Regulamento e da Constituição, inclusive entre os Irmãos mais antigos da Loja. Quantas vezes é preciso o toque do Malhete do Venerável para por fim às dúvidas e discussões de Irmãos, quanto às práticas ritualísticas e outras mais da mesma natureza.

A Ordem nos ensina a expormos as idéias que julgarmos válidas e boas para a coletividade.

Como luz que vem do Oriente, pedimos permissão para fazer alguns esclarecimentos de maneira simples aos Veneráveis recém-empossados, sem qualquer desejo maior de esclarecer o óbvio, mas, como dissemos, há sempre indecisões nas interpretações simbólicas e ritualísticas. Para fazer uma seleção e afastar a tentação de valorizar o que não tem valor, eliminar preocupações por pequenas coisas, confiar em si mesmo o suficiente para agir de forma firme, mansa e tranqüila.

Dada a necessidade do grande número informações a serem apresentadas, as respostas serão sucintas.

Alertamos igualmente que nos louvamos no Rito Escocês Antigo e Aceito e no que é observado pela Grande Loja do Estado de São Paulo (GLESP).

Mesmo que o Ritual esteja errado em alguns pontos, ele tem de ser seguido, pois não fazê-lo é delito maçônico. Algumas coisas, porém, não estão nos Rituais, e sim nos manuais de procedimentos (quando existem).

Palavra Semestral – Jamais a Palavra Semestral poderá ser transmitida fora da Cadeia de União, pois esta é a única forma válida de transmiti-la, sendo ilegal fazê-lo de qualquer outra maneira. No caso do recém-iniciado, na sessão seguinte à sua admissão, o Venerável mandará, ao final da sessão, formar a Cadeia de União e procederá a transmissão formal da Palavra Semestral.

Juramento de Silêncio e Postura no Encerramento dos Trabalhos – O Juramento de silêncio é um procedimento ritualístico e ao prestá-lo devemos todos (inclusive as Luzes – pousando o Malhete sobre o altar e o Guarda do Templo – embainhando ou colocando a Espada sobre sua cadeira), estender o braço direito para frente, formando um ângulo de 90° em relação ao corpo, com os dedos unidos, e a palma da mão voltada para baixo e os dedos unidos, o braço esquerdo caído verticalmente junto à perna esquerda dizendo “EU O JURO”, em atendimento à solicitação do Venerável.

Falar sem estar à Ordem – Todo Obreiro que fizer uso da palavra à bem da Ordem em geral e do Quadro em particular deverá fazê-lo estando de pé e à Ordem, no máximo por 3 (três) minutos, excetuando-se os casos previstos: “O Venerável, os Vigilantes, o Orador e o Secretário falam sentados. Os demais, falam em pé e à Ordem”. “Os Mestres Instalados que não ocuparem cargos podem falar sentados”.

Devemos ter em mente que somos uma Ordem de origem militar e a observação de certas posturas são importantes para que sejam evitados inconvenientes como gestos exagerados com as mãos, o prolongamento desnecessário da palavra, a eloqüência exagerada e etc. Alguns Veneráveis, por uma deferência toda especial, permitem que os Mestres Instalados, que não estiverem ocupando cargos, falem de pé sem estarem à Ordem, sendo que nestes casos o Sinal só pode ser desfeito após as devidas saudações.

Se o Obreiro estiver, por algum motivo, impossibilitado de compor o Sinal, deve pedir permissão para falar à vontade. Fora disso, deve aguardar, sem pedir, que o Ven∴ o desobrigue do Sinal. O Ven∴M∴ pode dispensar o Sinal de Ordem quando um Irmão estiver falando.

Resultado de votação – O M∴ de CCer∴, em qualquer processo de votação a descoberto, após a ordem do Ven∴ para que “Os Obreiros que votem o Balaústre (ou a proposta) que acaba de ser lido, pela forma convencional ou não), deve ficar de pé e a ordem, verificar a votação (incluindo o seu voto, sem declará-lo) e comunicar diretamente ao Ven∴ o resultado. Caso o resultado não seja unânime, deve declarar a contagem numérica a favor e contra.

Recepção ao Delegado (da Região ou do Distrito a que a Loja pertence) ) – O Venerável o esperará junto à Grade do Or∴ e lhe oferecerá o Malhete. No entanto, em se tratando de Delegado de outra região ou distrito, o Venerável lhe dará o abraço fraternal e o convidará (se possível) a tomar assento no Trono.

Circulação das Bolsas – Durante a circulação das Bolsas, não é permitido que se abra a porta do Templo, para entrada e saída de IIr∴.Se por motivo imperioso e inadiável, a porta tiver que ser aberta, a Bolsa interrompe o seu giro.

Estando presente o Delegado do Grão-Mestre (Regional ou Distrital), quando da circulação das Bolsas, estas lhe serão oferecidas em primeiro lugar (desde que o Delegado integre a Região ou o Distrito da Loja).

Quando das Coletas, se o Grão-Mestre estiver presente, ocupando sua cadeira, ao lado do Ven∴, ele (Grão-Mestre ) terá precedência sobre este.

Lugar do Ex-Venerável mais recente – Na Loja, o lugar do Past Máster mais recente é à direita do Venerável Mestre.

Quando o Delegado (Regional ou Distrital) do Grão-Mestre estiver presente na sessão deve ocupar o lugar à direita do Ven∴M∴, ocupando nesta ocasião o Past Máster o lugar à esquerda do Ven∴M∴ .

Solicitação de “aparte” ou “questão de ordem” – Nas sessões de Aprendiz e Companheiro, na Ordem do Dia, somente assuntos pertinentes ao Grau serão tratados. Em sessão do terceiro grau, a Comissão de Liturgia desaconselha o uso de “apartes”, porém, se o assunto assim o requerer, em caráter excepcional, o Ir∴ que solicitar o Aparte dirigir-se-á ao Ven∴M∴ qu,e após consulta ao Ir∴ que está fazendo uso da palavra, concederá ou não. Na “questão de ordem”, o Ir∴ de pé e à Ordem, dirigir-se-á diretamente ao Ven∴M∴.

A QUESTÃO DE ORDEM, em qualquer Assembléia, tem prioridade. Mas só pode ser levantada quando a Ordem da Sessão é alterada, ou são suprimidos certos procedimentos. Quando é levantada a Questão de Ordem, o presidente de qualquer Assembléia passa a palavra, imediatamente, a quem a levantou, para que este justifique o seu ponto de vista (ou seja: ALTERAÇÃO DA ORDEM DOS TRABALHOS). O que ocorre é que muitos Maçons, ingenuamente, ou por ignorância, acreditam que pedir as palavras “pela ordem” é pela Ordem Maçônica e não uma questão de ordem, desatando a falar sobre assunto que nada tem a ver com a ordem dos Trabalhos. Se, pelo desenvolvimento das discussões algum Obreiro das Colunas necessitar fazer uso da palavra, novamente (ou pela primeira vez), para algum esclarecimento e complementação, ele pedirá, ao seu Vig∴, que solicite, ao Ven∴M∴, o retorno da palavra às Colunas. Se o Ven∴M∴ aquiescer, a palavra voltará a ter tramitação normal.

Acesso ao Oriente – O Aprendiz ou Companheiro, mesmo quando ocupando cargo em Loja, não têm acesso ao Oriente; tanto que se necessário, ao exercerem os cargos de Secretário ou de 1° Diácono permanecerão em suas respectivas Colunas.

Quando exercem o cargo de Mestre de Cerimônias, só terão acesso à grade do Oriente.

Escrutínio Secreto - Votação secreta por meio de bolas brancas e negras, recolhidas em uma urna.

Esta espécie de votação secreta é obrigatória na admissão de profanos, de filiados e de regularizados. De maneira alguma pode haver abstenção (recusa de participar da votação). Os IIr∴ presentes deverão participar do escrutínio. Quem quiser se abster, deverá pedir cobertura do Templo; nesse caso, o Chanceler deverá ser advertido para que confira o número de presentes, o qual será, então, diferente do número dos que assinaram o Livro de Presenças.

Pé descalço – Rigorosamente, na Iniciação, o candidato deverá ter o pé esquerdo descalço; isso provoca uma marcha claudicante, simbolizando o difícil e áspero caminho em direção à Luz.

Abertura ou fechamento da Loja a um só Golpe de Malhete – A Sessão aberta a um só golpe de Malhete não é maçônica. Fechada pode, desde que uma situação excepcional se apresente (tumulto na Sessão, acontecimento que exija imediato encerramento, etc.) e com a prévia permissão do Orador. Tal procedimento só é admitido na Sessão Ordinária de Eleição.

Luvas – Na Maçonaria, as luvas são brancas e são entregues, em nossos dias, dois pares ao Aprendiz, no dia de sua Iniciação. Um para a mulher que mais estima e outro para o seu próprio uso. Deve ser usado em Loja, durante os trabalhos ritualísticos.

Para ser digno deles participar, o Maçom deve ter as mãos limpas de toda mancha...

Hoje, embora certas Lojas tenham deixado cair este costume no esquecimento, a grande maioria das Oficinas espalhadas através do mundo, não admitiriam em seus trabalhos um Ir∴ que não estiver enluvado de branco.

A Luva, na Maçonaria, é símbolo de pureza e de candura e também de inocência. Por isso devem ser brancas. Usadas pelo homem, devem relembrar-lhe a mansidão e a pureza a que está obrigado, e aquelas entregue à mulher simbolizam que o Maçom deve ter consideração pelo belo sexo, presenteando-as não à mulher que mais ama, mas àquela que considera mais digna de ser amada (esposa, ou mãe, ou filha, ou irmã, ou companheira, ou protetora, ou qualquer outro elemento feminino da família). A entrega deste par de luvas deve ser um ato reservado, pois só interessa ao Obreiro e a mais ninguém.

Circulação no Oriente – A circulação dextrocêntrica (no sentido horário) no espaço entre as Colunas do Norte e do Meio-dia simboliza o caminho do Sol e o período de trabalho do Homem, da aurora ao crepúsculo. No Oriente brilha a Luz em sua plenitude não havendo circulação padronizada.

Abertura da Loja com apenas 7 (sete) Irmãos – Cargos a serem ocupados pelos sete IIr∴: Venerável Mestre; 1° e 2° Vigilantes; Orador; Mestre de Cerimônias; Guarda do Tempo; e Secretário. Os Vigilantes fazem as falas dos Irmãos ausentes em suas respectivas Colunas. A fala do 1° Diácono será feita pelo Secretário ou Orador (indiferente).

Abertura do Livro da Lei: apenas Mestre de Cerimônias e Orador, exceção feita ao Rito Brasileiro, onde participarão ali também os Diáconos.

Fonte: JBNews nº 138 - 12/11/2011

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