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sexta-feira, 22 de outubro de 2021

SALMO 133

SALMO 133
Ir∴ Romênio Batista da Silva Reis
A∴R∴L∴S∴Fênix do alto Paranaíba no 2552 - Patos de Minas - MG.

Oh! Vêde quanto é bom, quanto é suave morarmos todos juntos como irmãos!

A abertura do Livro da Lei marca o início real dos trabalhos numa loja maçônica, o ato, embora simples, porém solene, é de grande importância, pois simboliza a presença efetiva da palavra do Grande Arquiteto do Universo. Neste momento é feito a leitura do salmo 133, que segundo historiadores, foi lido pela primeira vez, perto da metade do século XVIII, por algumas Lojas do rito York, na Inglaterra.

Ele é atribuído ao Rei David, e há historiadores que afirmam ser obra do período pós exílio; época que em forte clima emocional, é retomado o culto a JAVEH em plena Jerusalém. O importante é que o tempo não apagou nem alterou tão profunda mensagem, que tendo sido transmitida com o tradicional zelo judaico através de gerações até chegar aos dias hoje, de forma familiar, a todo maçom.

O Salmo encanta por sua singeleza, por sua mensagem direta, profunda, e pelas objetivas analogias que encerra e traz á consciência de cada um o paralelismo com duas figuras bem familiares ao povo hebreu: A barba de Arão, Irmão mais velho de Moises e escolhido pelo Senhor como o primeiro sacerdote do povo hebreu e também ao Monte Hermon, reputado como local sagrado pelos habitantes originais de Canaã. Aos seus pés tem origem o rio Jordão, responsável por tornar fértil toda a região conhecida como vale do Jordão, que se estende da cidade de Dã até a região de Edom, ao sul do Mar Morto.

Todos nós o conhecemos, entretanto, poucos de nós sabemos que ele é denominado de salmo do peregrino; é a peregrinação que o Maçom faz para “refrigerar” a sua alma; para alimentar o seu corpo espiritual; para fortalecer a sua vida.

Não é suficiente, no entanto, apenas "ouvir-lhe" a leitura; é preciso, que as suas palavras sejam aceitas e compreendidas. Procuremos então analisá-las e desvendar o seu verdadeiro sentido.

(1° versículo ) Oh! Vêde quanto é bom, quanto é suave morarmos todos juntos como irmãos!

Para os povos antigos da região que é cenário das passagens bíblicas, a palavra "irmão" apresentava significado muito especial e bastante considerado e mais que qualquer outro, o povo judeu dava muita importância à unidade familiar, sendo este um ideal perseguido com todo empenho: o de que "os irmãos habitassem em união".

Quando o Salmo sugere "...que os irmãos vivam em união...” esta traçando para nós um programa de convivência amena e construtiva, e se voltarmos no tempo, veremos que a palavra” irmão” se revela uma necessidade entre os homens e era mesmo. Com toques divinos, não menores necessidade que temos dela hoje, basta que encaremos o panorama humano dos nossos dias atormentados pelas divergências e alimentados pelo ódio mais profundo, ganância e conquista sem escrúpulo.

Assim como os irmãos de sangue sentiam a necessidade de unir-se em torno do templo familiar, a filosofia maçônica adotou esta experiência, para ensinar aos seus membros o cultivo do hábito de estarem sempre juntos como única família.

Desta forma, fica claro para nós que “viver em fraternidade” é um dos principais alicerces mantenedores da unidade maçônica, uma vez que, sem a união fraternal, não haverá maçonaria.

(2° versículo  É semelhante ao óleo precioso o qual sobre a cabeça derramado, pela barba de Aarão vai gotejando até chegar à fímbria do seu manto.

O cabelo e a barba compridos eram símbolos de distinção entre os judeus e o costume de cultivar a barba era um sinal de respeitabilidade e de virilidade.Nos dias de hoje, isto ainda se pode observar junto aos judeus ortodoxos.

Os patriarcas tinham profunda consideração pela barba, um atributo do varão que, ao ostentá-la, exibiam toda a sua dignidade.

O óleo, também citado no versículo em questão, era composto principalmente por azeite da oliveira que, sobre todos os aspectos, possuía um valor extraordinário para aqueles povos. Além do seu alto valor como mercadoria, era importante como elemento da dieta e para emprego medicinal. Era, além disso, um símbolo da unidade e do amor entre os irmãos, o que o tornava, também, importante em rituais.

Empregado também em várias efemérides importantes da vida: untava-se o corpo do recém-nascido; era usado na unção em cerimônias de sagração para o sacerdócio; nos enlaces matrimoniais e na unção dos corpos, preparando-os para o sepultamento.

Enfim, todas as ocasiões solenes comportavam essa prática. Se a pessoa fosse muito respeitada e venerada, o óleo era derramado em abundância para correr livremente da cabeça aos pés, escorrendo pela barba e pelo pescoço, até atingir as vestes. A alusão ao ato de derramá-lo sobre a cabeça do sacerdote Aarão, era a confirmação de que Deus o havia abençoado e eleito como seu representante para manter o povo em comunhão com Ele e em comunhão entre eles.

O Salmo menciona as vestes não apenas como passagem para o óleo precioso, mas pelo fato de Aarão ser um sacerdote e, por esta razão, suas vestes serem especiais.

As Sagradas Escrituras registram que os sacerdotes que oficiavam no Tabernáculo se vestiam com hábitos muito especiais, que tinham grande importância nos ritos. Tal como se vê hoje nas cerimônias da igreja Católica, Ortodoxa, Anglicana e muitas outras, nas quais os que oficiam os cultos religiosos portam vestimentas primorosamente ornadas, para conferir solenidade ao ato. Não eram, pois, simples ornamentos, mas receptáculos das forças divinas. Considerados mais um dos objetos sagrados do templo; verdadeiros canais das forças espirituais invocadas.

(3° versículo) É também como o orvalho que do Hermon escorre sobre os montes do Sião, pois o Senhor lhes manda a sua bênção, lhes manda a vida para todo o sempre”

Neste versículo, o óleo é comparado ao “orvalho do Hermon”. O Monte Hermon é um monte majestoso, localizado no extremo norte de Israel, próximo ao Líbano.

Era também chamado Senir e de Siriom por outros povos. Seu topo atinge três mil metros de altitude, estando sempre coberto de neve e podendo ser avistado de muitas partes da Palestina Dizem os estudiosos das Sagradas Escrituras, que a Transfiguração de Jesus se deu, provavelmente, ao pé deste monte, que por exibir neves permanentes em seus pontos mais altos, lhe dão o nome característico e popular de "Monte do Ancião”. É natural que por se manter coberto de neve o ano inteiro, à noite o orvalho se desprende e os ventos que sopram do Mediterrâneo conduzem essa água a longas distâncias, distribuindo-a em terras áridas, como Israel, Palestina, Líbano e de outras nações vizinhas, como uma verdadeira benção, a umidade que beneficia as regiões secas.

O degelo, provocado pelo sol inclemente, derrete a neve e se torna também uma das principais fontes de abastecimento do rio Jordão, um curso d’água de grande significado para os cristãos. E Sião é o nome sagrado daquela região e é o sinônimo de Israel, hoje um Estado tão independente quanto polêmico.

Finalizando, assim, como aquele orvalho originário do monte Hermon era um verdadeiro bálsamo para o solo e que fazia os campos produzirem boas colheitas, a união fraternal é também um estímulo que atrai, cultiva, multiplica e renova as bênçãos divinas. Segundo as Escrituras, vida prazerosa e bênçãos divinas eram um privilégio, restrito ao povo judeu.

Mas, nos dias de hoje, é um privilégio concedido também aos que procuram viver em harmonia com os seus irmãos, afinados com os preceitos que regem as diferentes sociedades em que vivemos, sempre de acordo com os princípios emanados por Aquele que, lá do alto, nos rege ao longo da vida.

DADOS BIBLIOGRAFICOS: (Texto elaborado a partir das fontes abaixo:)

Bíblia Sagrada, edição Ecumênica 1983
Dicionário Aurélio Eletrônico.
Sites:
www.salmo133.org
www.maconaria.net/portal
www.glesp.org.br/artigos/123-salmo-133
www.cavtemplarios.com.br/trab_falc.htm
www.monergismo.com
www.guiadomacom.com.br

Fonte: JBNews - Informativo nº 147 - 21/01/2011

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