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quinta-feira, 11 de maio de 2023

A PEDRA BRUTA

Ir∴ Vladimir Duarte Dias M∴M∴
Extraída do CCCPM (Centro Catarinense de Cultura e Pesquisas Maçônicas)

Uma visão diferenciada

Uma das primeiras instruções oferecidas ao Aprendiz está na apresentação da “pedra bruta”. O Irmão que conduz o neófito leva-o ao local onde está o 1° VIG. e mostra o símbolo – a pedra bruta - que contém uma das mensagens que vai acompanhar o maçom em toda sua caminhada.

Para qualquer tarefa, qualquer busca de conhecimento, qualquer ação é comum ser citada a frase dita por maçons: estou esquadrinhando minha pedra bruta. Oportuno lembrar a diferença entre esquadrinhar e polir. O termo polir tem outra significação. Esquadrinhar é preparar a pedra para se adaptar à construção do que se denomina de edifício social, onde cada um, e todos, unidos pela argamassa do amor, permitem erguer o “muro” como símbolo do edifício social.

Enquanto que a expressão “polida” pode tornar a pedra mais brilhosa, mas se não estiver esquadrinhada, de uma maneira geral não serve para construir o edifício social. A pedra polida se equipara, no caso, pelo “brilho” que aparenta ser de maior ou menor brilho, a exaltação do “ego” que é, na contra-mão, a característica da personalidade que se deseja combater. Personalidade deriva de “persona”, do latim, que é máscara, uma imagem fabricada, para efeitos externos, as aparências, diferente do “EU” verdadeiro.

A história a seguir é uma variante do significado, outras mensagens, outros significados que é possível extrair de uma “pedra bruta”. O símbolo, como se sabe, não extingue as mensagens que dependem do conhecimento de quem observa, e que se modifica a cada dia à frente do mesmo observador.

Um homem retornava para casa depois do trabalho noturno e perdeu o último ônibus.

A solução era caminhar. E para caminhar no escuro o melhor para ir para a casa dele era pela praia, pela beira do mar.

No início da caminhada tropeçou num saco. Resolveu abrir e percebeu, no escuro, que eram, ou deveriam ser apenas pedras.

Foi caminhando e, para se distrair, foi jogando as pedras no mar. Amanhecia o dia quando chegou em casa e restava uma pedra. Resolveu botar no bolso.

Depois do descanso, na hora do almoço, contou a história para um amigo. Para completar mostrou a pedra. Redonda e de superfície áspera, opaca. Parecia ser apenas uma pedra.

Seu amigo olhou a pedra e disse:

homem de Deus estás rico!!!!!. Essa pedra é uma das maiores esmeraldas que já vi. Basta polir que vais ver a riqueza que tens na mão.

CONCLUSÕES

A primeira mensagem, ou entendimento, é a de que ele seria, por lógica, muito mais rico se não tivesse jogado fora as pedras no mar.

Mas essa conclusão pode ser uma interpretação apressada.

A mensagem escondida está no simbolismo. A caminhada no escuro significa falta de luz, associada ao fato de que, no escuro, não poder ver as pedras. Esse escuro simboliza, por óbvio, e de certa maneira, a IGNORÂNCIA, a falta de conhecimento. A falta de melhores luzes.

Mas essa lógica tem a possibilidade de não ser muito válida. Porque, em filosofia, toda lógica tem, leva no seu bojo de maneira embutida, em potencial, outras possibilidades. Alterados os pressupostos, ou evidenciados outros fatos, quer seja por aumento de conhecimento, quer seja por evidências, a lógica ganha outros contornos e resulta em outra conclusão, outra razão.

Cabe, com base nessas colocações, uma pergunta:

Quem garante que a pedra que sobrou não era a única valiosa?

Outra mensagem está no fato de que, mesmo na LUZ (simbolismo do conhecimento), capacidade de ENXERGAR, ele, o homem que guardou a última pedra, por desconhecer, ser ignorante no assunto de pedras preciosas, não sabia o valor que tinha nas mãos.

Aí está, de maneira simbólica, uma história com muitos desdobramentos.

É preciso olhar e enxergar. Essa lição está na Bíblia. É milenar.

A nossa Ordem introduziu a “Pedra Bruta” como símbolo que sempre representará as muitas possibilidades de entendimentos, dos diversos problemas que são colocados à nossa capacidade de discernimento. Com destaque no que tange a verdade de cada um que não deve servir para dividir, afastar os manos quando são abordados temas que só terão validade, somente serão esclarecedores para ambos, quando houver diálogo e aceitação das diferenças.

A liberdade, que inclui a capacidade de abertura para novas idéias, é que difere do escravo apegado a dogmas e conceitos que possam ser considerados imutáveis.

Para ser maçom é preciso ser livre, e de bons costumes.

Fonte: JBNews - Informativo nº 205 - 20/03/2011

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