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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

O SIMBOLISMO MAÇÔNICO

Adriano Marco Segatto do Nascimento
Loja Tolerância e Fraternidade No 128 - Santa Maria/RS
(Repasse: João Eduardo P. dos Santos – Guarulhos - SP)

PARA A GLÓRIA DO G∴A∴D∴U∴

Objetivo: O Simbolismo Maçônico vem investido de profundos significados esotéricos que deverão ser buscados por todos quantos forem os IIr∴ verdadeiramente interessados no aprimoramento dos conhecimentos adquiridos, na lapidação íntima e no verdadeiro progresso almejado no seio da FM.

I – INTRODUÇÃO

Desde a origem da forma humanóide sobre o seio terreno, revestem-se paredes cavernosas com a descrição de um passado que se torna vivo diante dos olhos do observador atento, como a querer desvendar os segredos e mistérios de toda uma civilização, em dada era específica.

Nota-se, nos povos da povoação primitiva e com os lampejos da consciência humana em formação, a tentativa de transmitir, através dos sinais respectivos, uma plêiade de instintos, sensações, sentimentos e narrações peculiares ao tempo.

Assim crescemos, desde a primeira infância escolar, conhecendo nossos antepassados por conta do estudo arqueológico e, grandemente, das interpretações de sinais e simbologias deixadas por aqueles que nos precederam a existência no solo sagrado da Terra.

Formas animais, indicações datadas, símbolos específicos; tudo foi deixado, como se se tentasse dizer: “Vem meu irmão, aprende comigo o que exatamente eu sentia, vivia, cria, ...”. Desse modo, as várias civilizações que aportaram sobre os diversos pontos do globo tiveram suas características peculiares.

Egípcios que, além de corroborar com a noção formativa da concepção de Estado-nação, firmaram fortemente a perspectiva de uma vida futura, fazendo da Terra um porto preparativo para a grande viagem, incorporando crenças espirituais que sintetizavam religião e cultura sob a teocracia então dominante.

Assim, desde o surgimento da Primeira Dinastia (por volta de 3100 A.C.), até a era dos imperadores Ptolomaicos (30 A.C.) percebemos a intensa criação que, mais do que arte aos olhos profanos da contemporaneidade, representam a expressividade divina concretizadas pelos Sacerdotes conhecedores dos mistérios.

Além de sinais, palavras eram utilizadas com um tal impacto que o seu poder de concisão era o aglutinador do ideário egípcio. Maat (cujo símbolo é uma pena), substituía os códigos de leis escritas; incorporada pelo Faraó, estabelecia-se, por intermédio de Maat, a forma de justiça, a expressividade da arte e o estabelecimento do comportamento moral do povo. Sintetizava, assim, os princípios de Ordem, Hierarquia e Submissão.

Entretanto, tem-se que, antes mesmo da maturação dessa que é tida como a mais antiga das civilizações formadas, os estudiosos fixaram a existência de povos ainda mais antigos, ao que denominaram Revolução Neolítica, situada na Idade da Pedra, quando os homens iniciaram o cultivo, a criação, a construção e, principalmente, a escrita. Fixaram, então, a arqueologia na Mesopotâmia, na Palestina e na Turquia.

De qualquer modo, evidencia-se uma coisa em comum. A construção humana em torno de si, transformando não somente o ambiente em derredor, mas também seu modo de ser, pensar e agir.

Não foi diferente tal desenvolvimento: Gregos, Romanos, Judeus, povos do Ocidente e do Oriente expressaram-se, musicaram, construíram e guardaram seus segredos através dos símbolos e da abstração psíquica e espiritual que ainda hoje se busca conhecer.

O constante aprimoramento do ser torna-o apto a buscar mais fundo, no seio das civilizações herméticas e esotéricas, o sentido da vida, a razão de nossas existências e a necessidade da irmanação universal, conjugando-se princípios de ordem divinizante, como que a exercitar-nos à prática da melhor fraternidade entre os seres humanos.

II – MISTÉRIOS SIMBÓLICOS E RAZÃO DE SUAS EXISTÊNCIAS

Embora cultivemos, hodiernamente, a sensação de que há mistérios impenetráveis dentre as civilizações passadas, tal sentimento, me parece, resulta de uma falta de percepção que é, ao mesmo tempo, cultural, histórica e, primordialmente, espiritual. 

Inúmeros são os exemplos de civilizações que guardaram para seus iniciados os conhecimentos profundos e verdadeiros que, para nós, é o mesmo presente em nossa Confraria: a busca da Verdade primordial, justa e perfeita, pedra polida a que ninguém é dado ulterior lapidação.

Egípcios tiveram a denominada Escola dos Grandes Mistérios, cujos sacerdotes já mestres iniciados tutelavam particularmente o Faraó, na condução da vida política, cultural e especialmente religiosa de toda a nação.

Hebreus, embora tenham manuscrito profeticamente instruções à massa ignorante, sob o aspecto espiritual, legou aos seus mais íntimos conhecedores aquilo que tinham por verdades divinas, dando azo à Cabala, como forma hermética de conhecimento extra material.

Gregos, com os Mistérios de Elêusis, forneciam aos neófitos aceitos as noções de ordem, beleza e expressividade divina, embora concisos e racionalistas em suas formas de comunicação. 

Cristãos perseguidos a partir do ano 54 D.C., sujeitaram-se a formas e símbolos específicos de comunicação, dentro dos quais se reconheciam e tratavam dos assuntos espirituais deixados pelo augusto Messias, no qual criam como o próprio Deus reencarnado.

Os denominados heréticos, na era obscura do medievalismo neurótico e dominante, obrigavam-se às reuniões discretas e restritas a tantos quantos obtinham consentimento para acompanhá-las, desde que previamente identificados e acolhidos por seus confrades. Neste particular período, fala-nos alto ainda a comunidade Albigense, que com seu entusiasmo evangélico, também de orientação levemente Maniqueísta, transformou lentamente o sul da França, particularmente a região da Occitânia, iniciando homens livres e de boa índole, a galgar degraus na evolução espiritual e na busca das verdades contidas nos textos religiosos por eles adotados. Passavam, assim, de neófitos croissants à condição de parfeits tidos como mestres espirituais.

Não foi diferente com uma certa comunidade de livres construtores que, com o objetivo de construir os Templos sagrados dedicados à ligação do homem com o Criador, reuniam-se por períodos extensos ao redor da obra, sendo eles pedreiros, carpinteiros, artesãos, fundidores, ferreiros – todos orientados pelos denominados Mestres Construtores.

Esse foi o período da conhecida Maçonaria Operativa, que posteriormente e com a eclosão do Iluminismo do século XVIII, passou a aceitar livres pensadores dando azo à Maçonaria Especulativa.

Foi a partir de 1738 que, com a Bula editada pelo Papa Clemente XII, extingue-se a relação amistosa da Maçonaria com a Igreja Católica Apostólica Romana dando início a perseguições de variada ordem, obrigando aos IIr∴ a reasseveração dos antigos costumes de comunicação hermética, discreta e conhecida tão somente entre os seus, a fim de reciprocamente protegerem-se, ajudarem-se e desenvolverem-se em seus misteres.

Desse modo, tem-se que o símbolo é expressão da arte, porquanto jamais deva falar aos olhos e, sim, aos sentidos recônditos do ser que busca aprimorar-se não em uma dada técnica de transcrição e compreensão esotérica, mas no desenvolvimento das sensibilidades que o transportem a planos superiores de existência, concretizando tal comportamento no próprio dia-a-dia.

Na investigação da verdade aprimora-se a si mesmo, incorporando Virtude, Honra e Misericórdia em seu espírito em vias de aprimoramento interior. Na interpretação da simbologia da F∴M∴ encontra a paz interior e inicia-se no auto-conhecimento através da constante meditação sobre os ditos mistérios.

Quem sabe, não somos os velhos Terapeutas em novas fases de aprimoramento e aprendizagem, na tentativa de fazermos partes da caravana de obreiros do G∴A∴D∴U∴ em efetivo auxílio junto dos IIr∴ ainda imersos na escuridão dos sentidos e conhecimentos.

III – TÁBUA DELINEAR E 1ª INSTRUÇÃO – SIGNIFICADOS MÍSTICOS

Olho para o alto é vislumbro as estrelas, como a apontar para o Cosmos presente, informando que todos somos regidos, observados e cuidados pelo Supremo Criador do Universo, a quem denominamos G∴A∴D∴U∴

Olho sob meus pés, e ali encontra-se o Pavimento Mosaico informando-me que o meu crescimento na F∴M∴ dependerá da capacidade de assimilação das virtudes da Igualdade de sentimentos, valores e aspirações, simbolizando os superiores anseios de meus MM∴MM∴ e, em especial, os do V∴M∴ que deseja me ver perfeito e acabado, ao final dos trabalhos sobre a Ped∴ Quad∴ Br∴ que habita em mim, tornando-a Ped∴ Quad∴ Pol∴

O conhecimento acerca das Jóias da Loa nada mais são do que a apresentação das ferramentas simbólicas; umas para o efetivo labor de aprimoramento íntimo, outras para a efetiva demonstração de que me encontro reunido entre IIr∴ Liv∴ e de bons Cost∴

O respeito ao Criador é uma constante, não que o L∴SS∴EE∴ represente a obrigatoriedade em uma específica religião; contudo é a fraterna admoestação para que se conscientize o homem, especialmente o verdadeiro M∴, de que nada vale a ostentação dos paramentos superiores, ornamentos e condecorações sem que o espírito esteja cheio de Sab∴For∴Bel∴ em sua intimidade.

Fonte: JBNews - Informativo nº 196 - 11/03/2011

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