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segunda-feira, 4 de setembro de 2023

MAÇONARIA, QUEM ACREDITA?

Margareth Botelho*
Há alguns dias um manifesto sob o título "Maçonaria e Política" anda circulando pela internet. Qual foi a surpresa caiu no meu e-mail.

Como a maioria sabe, as mulheres estão excluídas dessa instituição e a carta só deve ter chegado a mim por conta, é claro, de A Gazeta, um jornal tradicionalmente aberto a toda espécie de mobilização da sociedade organizada. Aliás, o manifesto da maçonaria já havia sido tratado em artigos de nossas páginas através do articulista Alfredo da Mota Menezes, que de forma lúcida expôs sua opinião sobre esta organização secular.

No meu caso específico, já me declaro parcial em minhas observações.

Nascida em uma família onde pai e tios são maçons, alguns já no "sagrado" Grau 33, admito resistências à Maçonaria.

Não por ser uma espécie de "Clube do Bolinha", onde a participação nos rituais é restrita aos homens e às mulheres cabem funções consideradas menores, mas, que no fundo, com certeza, são mais importantes, como é o trabalho voluntário em creches e a ajuda ao próximo.

A exceção seria a clausura das cozinhas dos templos, onde elas preparam o jantar de seus maridos, tios, cunhados, que, incrível, costumam sair dos rituais com um apetite quase inexplicável.

Existem milhares de maçons no mundo inteiro e realmente a chamada ao engajamento no atual momento político do Brasil não é nada demais para uma ordem que se diz fraterna e bastante preocupada com o próximo.

De fato, esta postura, que confesso tenho dúvidas sobre a sua prática, deveria por uma questão lógica fazer parte do dia-a-dia maçônico.

Afinal o país precisa de homens sábios e grandes pensadores que colaborem com boa parte da população que vive, embora o governo federal tente camuflar, numa situação de miséria quase absoluta.

Sinceramente gostaria de ver os maçons em ação e não me venham dizer que isto acontece no âmbito das fraternidades.

Em minha experiência pessoal, tanto pelo olhar de meus 8 anos quanto o de agora na maturidade dos 47, não presenciei a tal mão amiga estendida entre eles próprios, que se dizem "irmãos".

Ao contrário, o que vi e ouvi ao longo dos anos em que estou de uma forma ou de outra envolvida com eles foi um profundo desrespeito entre os próprios membros.

Mesquinharias em processos eleitorais, tal qual a sociedade do lado de fora dos templos assiste nos pleitos políticos, e um profundo desprezo aos irmãos, principalmente quando eles passam por dificuldades pessoais ou financeiras.

Quando se trata de festa podes contar com um maçom; quando o tema é problema - raríssimas são as exceções - nem tente um telefonema.

A decepção é muito grande e uma contradição enorme surge em contraponto ao discurso da dita irmandade.

Historicamente, voltando ao manifesto, a maçonaria já foi atuante em questões políticas.

Agiu em algumas revoluções burguesas que levaram à independência de alguns países.

Quem sabe um chamamento agora possa até fazer efeito.

O manifesto se reporta ao "caráter político da instituição" e na missão por um mundo melhor.

Conclama os maçons até a corajosa filiação partidária em defesa da ética e da dignidade, apregoa que eles atuem para que o povo tenha acesso à saúde, educação e emprego.

Sinceramente, gostaria de acreditar que isto seja possível, que os maçons saiam de seus templos permeados de segredos, revigorados e acordados para a realidade.

Por enquanto, na volta ao meu olhar de 8 anos e no de agora, só vejo interesses pessoais e um amontoado de sessões secretas que mais parecem o Senado da República, que tenta usar da artimanha do silêncio na votação para salvar um tipo como o Renan Calheiros.

Ah! Me veio à cabeça em tempo: será que o Renan é maçom?

Deixa para lá.

*jornalista em Cuiabá e diretora de Redação de A Gazeta

Fonte: JBNews - Informativo nº 217 - 02.04.2011

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