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quarta-feira, 8 de novembro de 2023

REVOLUÇÕES E A MAÇONARIA

REVOLUÇÕES E A MAÇONARIA
(Verdades ou Fantasias?)

Ir∴ Antonio Carlos de Souza Godoi – M∴M∴ - CIM 13.635
ARLS Nove de Abril de Mogi Guaçu, 515 – M. Guaçu, SP – Glesp - Tel. (019) 3569-0484 e 9227-0627


Traduzido livremente de fragmentos da Letra “R” incompleta de uma antiga Enciclopédia Maçônica inglesa, sem identificação de ano de publicação ou autoria, por Antonio Carlos de Souza Godoi, M:.M:. da ARLS Nove de Abril de Mogi Guaçu, 515 – M. Guaçu, SP – Glesp

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Não obstante uma das Antigas Obrigações dos Maçons, igualmente observada nos dias de hoje, impusesse lealdade ao Rei, têm persistido por muitos anos os esforços por parte de escritores, tanto dentro quanto fora da Fraternidade, de pintá-la como uma conspiração política ou mesmo um agente revolucionário. As estórias assumiram muitas formas, com as do continente europeu tomando a forma de romances, altamente imaginativos e inconsistentes com alguns sendo propaganda fantástica ou, obviamente, contrários à Maçonaria.

Aqueles que foram trazidos à superfície por Maçons têm sido menos bizarros e mais o produto de pessoas mal orientadas e excessivamente zelosas procurando atirar a Fraternidade para um papel heróico ou patriótico, dando-lhe um lugar na história, e melhorando sua posição. Na verdade, a melhor forma de melhorar a posição da Sociedade é simplesmente contar a verdade sobre a mesma!

As fábulas tiveram início tempos atrás, na metade do Século XVII, dando a Cromwell o crédito de iniciador da Sociedade para ajudá-lo em sua luta contra Charles I (Carlos I), embora posteriormente surja a estória de que a Maçonaria foi tornada a ferramenta da Casa de Stuart e, novamente, que ela passou a lisonjear a Casa de Hanover mesmo antes de parar de trabalhar para os Stuarts!

Nos Estados Unidos, a tendência de Maçons patriotas foi dobrada na exibição de seu amor pelo país tentando elevar a reputação da Ordem fazendo dela autora e diretora da Revolução Americana. Quando Bernard Faÿ escreveu “Revolução e Maçonaria” (Revolution and Freemasonry) em Boston, 1935, baseando sua estória parcialmente em escritos e oratória americanos e creditando a Maçonaria como instigadora tanto da Revolução Americana quanto da Francesa, muitos foram eletrizados, mas sua alegria foi de curta duração, visto que logo se descobriu que Faÿ estava a serviço do General Von Ludendorff e de Hitler, os quais estavam fazendo de sua inimizade pelos judeus e Maçons seu principal lance para a conquista nazista do mundo. Depois da II Guerra Mundial, Faÿ foi condenado por uma Corte francesa por ter sido colaborador dos nazistas e uma ferramenta do governo de Vichy, sendo sentenciado a um longo tempo de prisão. Um dos escritores maçônicos mais volúveis então esfolou Faÿ por ter obtido incorretamente acesso a uma das maiores Bibliotecas maçônicas nos Estados Unidos, onde ele tirou diretamente da literatura e oratória maçônicas americanas aquilo que após a II Guerra Mundial foi considerado depreciativo para a Fraternidade!

Em alguns países latinos, e muito geralmente nos países da América Latina, os Maçons (freqüentemente pertencentes ao Rito Escocês) eram republicanos e, por conseqüência, inclinaram-se pela revolução, contra ditadores e aventureiros que tinham, de tempos em tempos, se apossado do governo de seus países e fizeram farsas das constituições modeladas sobre a dos Estados Unidos e possuídas por praticamente todas as pequenas nações. Mas isso não quer dizer que Lojas ou mesmo Corpos do Rito Escocês, que com freqüência discutem assuntos políticos ou religiosos, se engajem ou possam se engajar em uma revolução. Na verdade, a própria existência de “Triângulos” em muitos países latino- americanos nas Américas do Sul e Central, que são aberta e inquestionavelmente Corpos políticos compostos na maior parte, se não totalmente, de Maçons, parece indicar que as Lojas maçônicas e outros Corpos se mantiveram indiferentes.

Porém aqueles que escrevem ou falam com loquacidade sobre idéias maçônicas políticas e revolucionárias parecem se esquecer que atualmente há Maçons numerosos o suficiente para exercer grande influência seja nas urnas ou empunhando uma metralhadora, e alguns, também, deliberadamente parece, ignoram o fato de que todo governo que tentou suprimir ou expulsar ou banir a Maçonaria ou os Maçons durante os três últimos Séculos fez isso fácil, rápida e eficazmente. Quem é que jamais ouviu sobre algum motim ou rebelião da Maçonaria mesmo contra a Polícia de alguma cidade? Através da Europa uma vez e mais outra e outra, Lojas cerraram suas portas por causa de um Edito Real e com a mesma rapidez as reabriram com a remoção da restrição. Onde tais proibições foram impostas meio a contragosto ou para mostrar uma resposta formal a alguma exigência da Igreja Romana e não foram postas em prática rigidamente, os Maçons mantiveram suas atividades “sub rosa” (sob a Rosa), mas a idéia de exércitos, amotinados e bandos de capa-e-espada maçônicos, é absurda demais para mentes adultas.

Os principais temas que têm caracterizado a literatura sobre o assunto são a teoria de Cromwell, a teoria Jacobita, a teoria de Hanover, estórias da Revolução Americana, e da Revolução Francesa. 

(a) A Teoria de Cromwell. Em 1746, o Abade Larudan (Abbé Larudan), um inimigo da Maçonaria, publicou a obra “Os Maçons Esmagados” (Les Franc-Maçons Ecrasés), um trabalho que em vista dos fatos conhecidos, parece agora ter sido o produto de uma mente extenuada. Ele afirmou que, em 1648, Cromwell, em um jantar ao qual compareceram Parlamentaristas, Presbiterianos, e Independentes, de início indicou sua intenção de formar uma sociedade que posteriormente se tornou conhecida como Maçons Livres. Depois de manter seus confidentes em suspense por alguns dias, Cromwell conduziu seus hóspedes a uma sala escura na qual ele presumia estar em comunicação com o mundo espiritual e explicou seu propósito de formar uma sociedade para encorajar a adoração da Divindade e restaurar a paz. Ele indicou um Mestre, dois Vigilantes, um Secretário e um Orador e conduziu os visitantes a outra sala onde eles viram uma pintura das ruínas do Templo de Salomão. Foram então, vendados e conduzidos a outra sala e investidos nos segredos, após o que Cromwell proferiu um discurso sobre religião e política, com o qual fez com que ficassem tão impressionados que se juntaram ao exército de Cromwell, formando um Corpo ostensivamente baseado no amor de Deus, liberdade, e igualdade entre os Homens, mas na verdade dedicado ao estabelecimento da Comunidade Britânica. A Ordem foi dividida em três Graus com uma lenda “Hirâmica”, de certa forma diversa daquela posteriormente adotada, com a morte de Hiram representando a perda da liberdade, e a confusão entre os operários e o povo quando reduzidos à escravidão. Larudan caiu no poço que esperava a maioria dos fabricantes de teorias bizarras sobre a Maçonaria, com sua própria ignorância sobre o assunto levando ao anacronismo evidente. O Diário de Elias Ashmole mostra que ele e outros foram feitos Maçons em uma Loja inglesa, em 1646, dois anos antes da fictícia criação de Cromwell da Sociedade e os registros de Lojas na Escócia mostram que elas existiam quase meio século antes de 1646. Dos três graus e, particularmente, da lenda de Hiram nada se ouviu até que mais 65 anos tivessem se passado depois que Cromwell foi citado como as tendo instituído.

(b) “A Teoria Jacobita está amplamente explicada em qualquer boa enciclopédia maçônica sob o título “A MAÇONARIA STUART – THE STUART MASONRY).

(c) “A Teoria de Hanover”. Exatamente na mesma época em que os Maçons supostamente estariam conspirando para restaurar a Casa de Stuart no Trono Inglês, eles estavam, de acordo com uma teoria diferente, patrocinando abertamente a Casa de Hanover, representada por George I (1714-1727) e George II (1727-1760) e estavam em adulação à dinastia reinante para evidenciar sua oposição aos Stuarts depostos. A única circunstância sobre a qual esse tema é baseado parece ser a de que a Grande Loja, começando com o Duque de Montagu como Grão-Mestre em 1721, sempre escolheu seus Grão-Mestres dentre a nobreza. Isso passou por cima do fato, todavia, de que em menos de dois anos a Grande Loja colocou na Cadeira o instável Duque de Wharton, que pode ter sido um Jacobita, um Hanoveriano, e um Papista, certamente não conhecido por causa de sua imobilidade na adesão ao que quer que fosse. De fato, ele ganhou aquele posto por uma espécie de rebelião contra o Duque de Montagu e o sucedeu por causa do caráter generoso deste.

A idéia do favor real e patrocínio da Sociedade era mais antiga que a própria Grande Loja. As Lendas Góticas (Gothic Legends), por mais de dois séculos tinham relatado como Nimrod, Rei da Babilônia, Salomão, Charles Martel (Carlos Martelo), Athelstan, e o Real Edwin haviam estimado os Maçons e lhes dado Obrigações. O Dr. Anderson, nas Constituições de 1723 e também nas de 1738, ampliou o tema e acrescentou muitos nomes reais e imperiais, de modo que a Ordem se tornou a Arte Real (Royal Art). Elos ainda mais próximos foram soldados entre a Maçonaria e a realeza em países onde não havia a Casa de Hanover. Duques reais chefiaram a Grande Loja e o Grande Oriente da França, Frederico o Grande (Frederich the Great) fundou a Grande Loja da Prússia por meio de Edito Real, os Reis da Suécia e da Dinamarca se tornaram Grão-Mestres hereditários das Grandes Lojas naqueles países, e a mesma doutrina prevaleceu em teoria na Real Ordem da Escócia. A Dinastia dos Hanover parece não ter exercido influência digna de nota sobre a Maçonaria inglesa.

(d) “A Revolução Americana”. A Revolução Americana está longe o bastante no passado para permitir que se digam muitas coisas sobre ela sem o temor de que possa haver contradições, de modo que tem havido uma marcada tendência entre os escritores de trabalhos populares sobre a Maçonaria de deixar a impressão de que as Lojas coloniais eram canteiros de revolta. Embora não afirmado expressamente, é dada a impressão que a Guerra foi lutada grandemente por Maçons de um lado e não-Maçons de outro. É significativo que a Guerra Civil Americana, um holocausto imensamente maior e que surgiu de sentimentos fundamentalmente iguais àqueles que deram lugar à Revolução, isto é, que os poderes e limitações constitucionais haviam sido excedidos até que os laços de consangüinidade fossem cortados e a revolta se tornou justificada, não tenha produzido tal literatura – escassamente, quando muito uma alusão a ela. Poucas grinaldas de flores foram colocadas por escritores ou oradores maçônicos sobre os túmulos dos Maçons que tomaram parte na Secessão e muito poucas nos túmulos daqueles que a derrotaram. Tem havido pouco esforço para mostrar que aqueles grandes Homens que vestiam o uniforme cinza (N.T.: Confederados) eram Maçons. Se a revolta contra o que se considera tirania é uma virtude maçônica, seu brilho não deve ser esmaecido por falha do empreendimento.

O fato é que, em todas as guerras dos últimos dois séculos entre nações ocidentais, Maçons têm lutado em ambos os lados, alguns a favor e outros contra o Rei, alguns a favor e outros contra a liberação, alguns a
 favor e outros contra a secessão, e alguns contra todas as outras coisas pelas quais as guerras supostamente devam ser travadas. Pais, filhos, irmãos, tios, sobrinhos e primos freqüentemente lutam sob diferentes padrões, e a explicação de suas diferentes preferências é tão clara quanto a explicação do por que, afinal, os Homens travam guerras! Antes da Revolução, alguns Maçons eram legalistas e outros eram patriotas. Eles foram divididos assim como se dividiram as famílias. Em geral, as classes mais abastadas eram leais ao Rei ao passo que, a classe média e a baixa, os fazendeiros, mecânicos e trabalhadores, eram a espinha dorsal da revolta. O mesmo tem sido verdadeiro geralmente em qualquer lugar: os que estão bem não têm desejo de mudar os que têm pouco têm mais chances de ganhar do que de perder. É provável que a maioria dos Maçons das Colônias era a favor da Revolução, não porque fossem Maçons, porém mais em razão de serem de uma classe menos abastada. Muitos Maçons proeminentes estavam em boa situação e eram Tories (leais ao Rei).


Sir John Johnson, Grão-Mestre Provincial de Nova York, fugiu do país ao irromper da Guerra assim como o fizeram o Mestre, o Segundo Vigilante e também o Secretário da Loja de São Patrício (Saint Patrick ́s
Lodge) de Nova York. Sir John mais tarde comandou as forças do Rei no oeste do Estado de Nova York, e ele e Guy Johnson, antigo Mestre da Loja de São Patrício, lutaram junto às forças reais durante toda a Guerra. O Coronel Walter Butler era um Maçom no exército de Johnson e Joseph Brant, um índio civilizado e Maçom, prestou assistência na manutenção de uma aliança entre os ingleses e os índios.

Em Filadélfia, o Segundo Vigilante e o Secretário da Loja Nº 3 (Antigos) foram para o lado dos ingleses e o Mestre daquela Loja era suspeito de nutrir sentimentos iguais. William Allen, Grão-Mestre Provincial da Pensilvania (Modernos), colocou-se sob a proteção de Lorde Howe e esforçou-se para formar um regimento para o exército inglês. Edward Shippen da Loja Nº 1 (Modernos) em Filadélfia, Juiz Supremo do Estado, era um Tory proeminente e sogro de Benedict Arnold. O Capitão William Cunningham, um Maçom do exército de Howe foi importante instrumento no salvamento de um pouco das propriedades da Loja Nº 2 em Filadélfia depois que o Palácio Maçônico foi saqueado.

Em Princeton, New Jersey, o Capitão William Leslie, um Maçom do exército de Howe foi morto em combate e enterrado com honras maçônicas e militares por Maçons americanos.

No Sul, havia Egerton Leigh, Grão-Mestre Provincial da Carolina do Sul, que fugiu para os ingleses a fim de pedir-lhes proteção. No primeiro ataque a Charleston, Carolina do Sul, em 1776, a frota inglesa foi comandada pelo Almirante Parker, um Maçom. Em Camden, também na Carolina do Sul, os ingleses amargaram duas retumbantes derrotas perante os Coloniais, uma em 16 de Agosto de 1780 e outra em 25 de Abril de 1781. O Conde de Moira, posteriormente Lorde Hastings, um dos mais amados e mais valorosos Maçons da Inglaterra, e em seguida Grão-Mestre em Exercício da Grande Loja da Inglaterra de 1790 a 1812 e Grão-Mestre da Escócia em 1806, liderou uma ala do exército de Cornwallis na primeira batalha e estava em comando único na segunda.

No irromper da Guerra, havia para cima de 100 Lojas nas Colônias, mas, de todas essas, A Loja de Santo André (Saint Andrew ́s Lodge) em Boston é a única que deixou registros de sentimentos revolucionários. Embora sempre haja a possibilidade de se distinguir entre uma Loja e seus membros, essa Loja tinha tantos excepcionais e dedicados patriotas que pode ser citada como sendo praticamente patriótica e revolucionária. Na ausência de melhor autoridade do que qualquer uma até aqui apresentada, devemos concluir que a vasta maioria das Lojas Coloniais aderiu à lei maçônica que desaprovava a participação em brigas sobre “Nações ou Política de Estado” e “Complôs e Conspirações”. Havia muitos “Tories” (leais ao Rei) e “Legalistas” influentes na Fraternidade. Jeremy Gridley, um membro da Primeira Loja de Boston e Grão-Mestre Provincial dos Modernos também era Procurador Geral para a Colônia e venceu, em nome da Coroa, o célebre caso relativo a mandados de assistência (N.T.:Pesquisar em “Warrants” em uma boa enciclopédia maçônica). Porém James Otis, um membro da mesma Loja, imortalizou seu nome neste lado do Atlântico por sua coragem e capacidade ao argüir o caso pelos cidadãos e desafiando a validade do ato do Parlamento instituindo tais mandados. Em 1775, Richard Gridley, um membro da Segunda Loja de Boston e irmão de sangue de Jeremy, que morreu em 1767, foi o engenheiro sob as ordens de Washington encarregado do entrincheiramento ao redor de Boston e quem assentou as armas que puseram os ingleses para fora da cidade. De outro lado, Thomas Brown, Secretário tanto da Primeira quanto da Segunda Loja, era um Tory e fugiu para Halifax, na Nova Escócia, junto com a evacuação de Boston pelos ingleses. John Rowe, que sucedeu Gridley como Grão-Mestre Provincial, era um dos mais ricos mercadores da cidade e, não fosse ele um Tory, era tão tíbio que incorreu no desagrado popular. Ele desaprovou atos como a famosa Festa do Chá de Boston (Boston Tea Party) assim como também o fizeram Benjamim Franklin e John Adams, este último não sendo Maçom.

Até onde conhecemos, não havia Tories na Loja de Santo André (Saint Andrew ́s Lodge), mas havia sim um número de excepcionais patriotas: o Dr. Joseph Warren, que foi Grão-Mestre Provincial da Grande Loja Provincial patenteada pela Escócia e morto na batalha de Bunker Hill em 17 de Junho de 1775; Paul Revere; John Hancock, primeiro a assinar a Declaração da Independência; John Rowe o mais novo e sobrinho de John Rowe dos Modernos; Jonathan W. Edes e o Coronel Henry Purkett, um dos “índios” que tomou parte na Festa do Chá de Boston conforme se afirma que teria sido dito por John Rowe o mais novo. Os Filhos da Liberdade se reuniam na mesma Taverna, O Dragão Verde, e evidentemente estavam lá por licença da Loja visto que ela havia comprado a Taverna em 1764, estando em primeiro lugar dentre as Lojas que possuíam seus próprios quartéis. As Atas da Loja de Santo André mostram que a Reunião Anual no Dia de Santo André, 30 de Novembro de 1773, teve que ser adiada por falta de presença, porque “consignatários do chá tomaram o tempo dos Irmãos”. Na reunião da noite seguinte, 16 de Dezembro de 1773, apenas 5 membros compareceram, sendo a véspera da Festa do Chá de Boston e, no rodapé da curta Ata daquela noite, alguém preencheu o restante da página com grandes “T ́s” maiúsculos em formato arabesco, embora certos investigadores declarem que isso não foi feito pelo Secretário mas por algum outro bastante tempo depois. Que a Festa do Chá de Boston foi consideravelmente exagerada do ponto de vista maçônico está demonstrado por uma anotação no Diário de John Rowe, Grão-Mestre Provincial da Grande Loja Moderna em Boston, em 16 de Dezembro de 1773, que diz: “Um certo número de pessoas apareceu trajando roupagem indígena e abordou os três navios da Hall Bruce & Coffin, abriu as escotilhas, içou o chá e o lançou nas águas do porto o que, creio eu, poderia ter sido evitado. Eu lamento sinceramente esse acontecimento. Diz-se que quase 2.000 pessoas estiveram presentes neste caso.” Todo o corpo da Loja de Santo André não poderia ter fornecido mais que dois ou três por cento daquela multidão. (N.T:. Consultar REVOLUÇÃO AMERICANA; LOJA DE SANTO ANDRÉ – American Revolution; Saint Andrew ́s Lodge).

Conforme a Revolução seguiu avante, tornou-se mais e mais desconfortável ser um Tory ou mesmo permanecer neutro. Todas as Lojas foram feridas pela Guerra, mas o efeito sobre as Lojas Modernas foi de modo bem geral, fatal, e mesmo o mais antigo estabelecimento daquele ramo na América, em Boston, adormeceu e só veio a ser resgatado por uma fusão com o Corpo rival então chefiado por Joseph Webb, em 1792.

(Uma lista considerável de Maçons que estiveram engajados na causa colonial, de Washington e Franklin através de todas as patentes, está no artigo sobre a REVOLUÇÃO AMERICANA. Para uma consulta sobre a mais célebre Loja militar colonial, ver LOJA UNIÃO AMERICANA (AMERICAN UNION LODGE). Sobre os efeitos da Revolução sobre os estabelecimentos Modernos e Antigos consultar “INFLUÊNCIAS MODERNAS E ANTIGAS NA AMÉRICA – AMERICA, MODERN AND ANCIENT INFLUENCES IN; ver também “SIGNATÁRIOS DA DECLARAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA; SIGNATÁRIOS DA CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS – SIGNERS OF THE DECLARATION OF INDEPENDENCE; SIGNERS OF THE CONSTITUTION OF THE UNITED STATES).

(e) Revolução Francesa. A afirmação de que a Maçonaria promoveu ou ajudou a promover a Revolução Francesa pode ser atribuída a escritores românticos e com um propósito. Lojas francesas, especialmente aquelas de Paris, eram geralmente aristocráticas, sendo Grão-Mestre do Grande Oriente nenhum outro senão o Duque de Orléans, um membro da Família Real que, com o intuito de aplacar a ralé, renunciou à Ordem e adotou a alcunha de Égalité (Igualdade), mas acabou sendo executado do mesmo jeito. A mortalidade entre as Lojas maçônicas de Paris foi alta durante o Reinado do Terror. Depois da Revolução, é bem verdade que a Maçonaria francesa adulou primeiro uma depois outra figura política ou militar, especialmente Napoleão, e mudava de tom conforme os azares da fortuna daquela trágica figura também mudavam – o que era freqüente. Então a França toda foi freqüentemente republicana e a Maçonaria francesa seguiu a maré dominante de modo que algumas declarações são encontradas, feitas naqueles tempos (Século XIX) para o efeito de que o mote da Fraternidade fosse o mesmo que o da nação: Liberdade, Igualdade e FraternidadeLiberty, Equality and Fraternity. (Para saber mais consultar REVOLUÇÃO FRANCESA – FRENCH REVOLUTION).

Fonte: JBNews - Informativo nº 223 - 08.04.2011

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