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segunda-feira, 9 de maio de 2011

BEM-VINDO À MAÇONARIA - 3ª PARTE

Valdemar Sansão

Em Maçonaria ninguém poderá esgotar um assunto, porque a cada minuto que passa a nossa mente concebe novas definições para os mesmos símbolos.

a) AS TRÊS VIAGENS E OS QUATRO ELEMENTOS

Segundo o rito antigo, diz Ragon, o aspirante viajava pelos subterrâneos e não pelo templo. No fim de suas caminhadas, ele encontrava a seguinte inscrição:

“Quem quer que tenha feito essas viagens, sozinho e sem medo, será purificado pelo fogo, pela água e pelo ar e, tendo podido vencer o terror da morte, com a alma preparada para receber a luz, terá o direito de sair do seio da terra e de ser admitido à revelação dos grandes mistérios”.

“Ele tinha o direito de voltar sobre seus passos, se lhe faltasse coragem para ir mais longe”.

O primeiro elemento é a Terra, o domínio subterrâneo onde se desenvolvem os germes e as sementes. Ela é representada pela Câmara de Reflexões onde está encerrado o Recipiendário. A primeira viagem refere-se ao Ar, a segunda à Água, a terceira ao Fogo.

As purificações que acompanham tais viagens lembram que o homem nunca é suficientemente puro para chegar ao templo da filosofia.

Já, de acordo com Wirth, o simbolismo dessas três viagens: “A primeira viagem é o emblema da vida humana. O tumulto das paixões, o choque dos interesses diversos, a dificuldade dos empreendimentos, os obstáculos que os concorrentes interessados em nos prejudicar e sempre dispostos a nos desencorajar multiplicam sob nossos passos, tudo isso é figurado pela irregularidade do caminho que o Recipiendário percorreu e pelo ruído que se fez a seu redor”.

“Para desenvolver ao Recipiendário sua segurança, submetem-no à purificação pela Água. Trata-se de uma espécie de batismo filosófico, que lava de toda impureza... ao ruído ensurdecedor da primeira viagem seguiu-se um tinido de armas, emblema dos combates que o homem constantemente é forçado a travar”. 

“Para contemplar a verdade que se esconde dentro dele mesmo, o Iniciado deve saltar um tríplice cinturão de fogo. É a prova do Fogo... O iniciado permanece no meio das chamas (paixões ambientes) sem ser queimado, mas ele se deixa penetrar pelo calor benfazejo que dele emana”.

Gravura do Ir.’. “Chico Laranjeira” da Loja
“Arautos do Pogresso” Recife/PE

Acrescentamos que, aos quatro elementos, costuma-se fazer corresponder os quatro períodos da vida humana: infância, adolescência, idade madura e velhice. Poderíamos ainda fazê-los corresponder aos quatro pontos cardeais, às quatro estações, às quatro idades do Mundo: idade do ouro, da prata, do bronze e do ferro, etc. Todas essas comparações são bastante banais e quase não ajudam para a compreensão dos símbolos.

Pode-se admitir – sem grandes dificuldades – que o homem se compõe não só de um corpo e de uma alma, mas de quatro partes distintas, às quais daremos seus nomes latinos: Spiritus, Animus, Mens, Corpus. A cada uma dessas partes faremos corresponder um dos elementos na seguinte ordem: Fogo, Água, Ar, Terra.

b) DEUS, O GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO

A noção do Grande Arquiteto do Universo, na Maçonaria, é ao mesmo tempo mais ampla e mais limitada que a do Deus das diferentes religiões. (Note-se que não suprimimos a palavra “Deus”, mas que lhe acrescentamos o epíteto de “Grande Arquiteto do Universo”).

A Franco-Maçonaria, desde sua origem, adotou a expressão “O Grande Arquiteto do Universo”, mostrando assim a sua concepção da divindade em suas relações com o mundo e com o homem.

O Grande Arquiteto do Universo simboliza o princípio reitor (aquele que rege) da Maçonaria e do Universo. Trabalhar para a glória do Grande Arquiteto do Universo, isso pode significar, ad libitum (à escolha, à vontade): ou trabalhar sob o signo de Deus; ou, ainda, trabalhar de acordo com o princípio reitor que orienta para o Progresso a evolução do mundo e da humanidade.

O primeiro artigo das Obrigações de um Franco-Maçom, de Anderson, foi redigido nestes termos: “Um Maçom é obrigado, por sua condição, a obedecer à lei moral; e se ele compreende bem a Arte, nunca será um ateu estúpido, nem um libertino irreligioso”. Mais embora, nos tempos antigos, os Maçons fossem considerados, em cada país, como pertencente à religião, fosse qual fosse, desse país ou dessa nação, considera-se agora mais a propósito deixar a cada um suas opiniões particulares, isto é, que sejam pessoas de bem e leais, em outras palavras, homens honrados e probos, sejam quais forem as denominações ou crenças que possam diferenciá-los. A Maçonaria torna-se, assim o centro da União e o meio de assegurar uma fiel amizade entre pessoas que, de outra forma, continuariam perpetuamente afastadas uma das outras.

c) LIVRE E DE BONS COSTUMES

Para que um candidato seja admitido à iniciação, a Maçonaria exige que ele seja “livre e de bons costumes”.

A segunda parte esteve sempre e continua ainda em pleno vigor, porém a primeira sofreu modificações no decorrer dos séculos, desde os da Maçonaria operativa. Existindo os servos, durante a Idade média, todas as corporações exigiam que o candidato a aprendiz para qualquer Oficio tivesse “nascido livre”, visto que, como servo ou escravo, ele não era dono de si mesmo. No entanto, quando a escravidão foi suprimida na Grã-Bretanha, a Grande Loja da Inglaterra teve de modificar os seus estatutos, substituindo a expressão “nascido Livre” pela de “homem livre”.

d) MORAL MAÇÔNICA

Moral – Conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.

A Moral está na base da Maçonaria, em sua história, em suas leis, em todo o seu desenvolvimento. É a razão de ser e o principal objetivo da Instituição que, sem ela, não se poderia manter. Esse objetivo é mesmo assinalado na primeira linha do primeiro artigo dos “Deveres de um Maçom”, nas “Constituições” Maçônicas, desde 1723: “Um Maçom é obrigado pela sua dependência (à Ordem) a obedecer à Lei moral...”. Assim, a Moral maçônica é a moral solidarista (que tem responsabilidade recíproca).

e) O BEM E O MAL

A Maçonaria procura fazer penetrar na consciência dos Maçons a seguinte fórmula: fazes tudo o que pode contribuir para a felicidade da Humanidade; abstenha-se de fazer tudo o que pode causar prejuízo ou pena à Humanidade. A Maçonaria ensina aos seus adeptos: fazes parte da Humanidade, a sua (dela) prosperidade é a tua prosperidade: o seu sofrimento é o teu sofrimento; o que é bom ou mau para ela o é igualmente para ti; a Humanidade florescente é o teu Paraíso; a Humanidade perecendo é o teu inferno. O Bem é o que, sendo generalizado, criaria à espécie humana condições de existência mais favoráveis à sua felicidade. O Mal é o contrário.

A literatura maçônica, em geral, tem intenção de colocar informações à disposição dos Irmãos, procurando incentivar o exercício de pensar, concentrar e meditar, a fim de formar juízo de valores e criar decisões individuais a partir dos dados recebidos para serem trabalhados segundo os seus conceitos e orientados pelo bom senso que sempre deve prevalecer nas conclusões.

Fontes consultadas:

- “A Simbólica Maçônica” – Jules Boucher;

- “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia” – Nicola Aslan;

- Ritual do Aprendiz Maçom – GLESP;

- “O DESPERTAR PARA A VIDA MAÇÔNICA” Valdemar Sansão (aguardando publicação)

Fonte: JBNews - Informativo nº 254 - 09.05.2011

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