Ir∴ Marco Antônio Nunes
M∴M∴ ARBLS Fraternidade Catarinense Nr. 09 - GOSC
O que seria um Mestre Aprendiz? Um Companheiro exaltado há pouco sem as devidas instruções do grau de mestre?
Ou seria um Mestre na eterna busca pelo conhecimento, não se satisfazendo nunca com o que já aprendeu, considerando-se, portanto, um sempre aprendiz?
Leio em todas as definições, seja qual for a bibliografia, inclusive nos rituais, que o Mestre é o seu próprio mestre, aperfeiçoando-se, doando-se para os seus irmãos, colocando sua inteligência e sua vontade à serviço, não só da coletividade maçônica, mas e principalmente à coletividade que o abriga. Ser perfeito nas mínimas realizações e servir de referência e exemplo em tudo com que se envolve.
Do latim “MAGISTER” significa diretor, chefe, derivativo da palavra “MAGIS” que quer dizer “maior que todos”, mais sábio, o mais justo, aquele que mais se aproxima da perfeição.
Vou além, recorrendo a fragmentos do que li a aprendi sobre o Mestre, citando o que Forestier esclarece em obra, cujo título não lembro, onde ele se manifesta sobre a razão pela qual o termo serviu, a partir de 1735, para designar não mais uma função, mas uma dignidade para tornar-se a denominação de um terceiro grau na Maçonaria. Lembrando que o título de mestre era usado entre os que trabalhavam na pedra para distinguir o companheiro encarregado da direção do canteiro de obras, sendo que a Maçonaria Especulativa atribuía ao companheiro que presidia as assembléias de uma loja, que seria denominado posteriormente Venerável Mestre.
De qualquer forma, para chegarmos onde desejo, a denominação de Mestre que passou a se constituir num terceiro grau, nasceu mais no desejo de se fazer uma escolha entre os membros das associações que se faziam cada vez mais numerosos e que se constituíam em elites e em lideranças, do que propriamente os mais sábios ou experientes. Pelo menos é esta a impressão que os escritos nos passam.
Desejo aqui enfatizar alguns conceitos, reportando-me ao mais antigo documento maçônico que se tem conhecimento que é o Regius Poem, ou Poema Régius, também conhecido como Manuscrito Halliwell, respeitando autores que consideram como mais antiga a Carta de Bolonha, mas esta não é a questão. O que desejo é extrair as idéias contidas nos quinze artigos do Poema que se referem diretamente ao mestre, com destaque aos termos diretamente relacionados. Aconselho a leitura do Poema como um todo. Leiam a sinopse que faço dos artigos e tirem suas conclusões:
O Mestre deve ser firme, sincero e verdadeiro para que se possa confiar inteiramente nele. Deve comparecer sempre aos encontros e compromissos, sendo pontual e sempre pronto a atuar, agindo com prontidão e regularidade.
Com relação aos seus subordinados, ele não deve assumir compromisso com um aprendiz se não tiver a certeza de poder conduzi-lo ou instruí-lo durante o tempo necessário para que este seja considerado apto a desenvolver seu ofício e jamais encará-lo como de sua propriedade ou desviando-o para afazeres outros que não os determinados para o seu crescimento. Saber escolher seu aprendiz para que ele tenha real aptidão para o trabalho e jamais ser negligente na escolha a ponto de admitir alguém que não reúna condições de cumprir condições mínimas de aprendizado e trabalho. Promovê-lo somente quando suas aptidões e tempo de experiências forem realmente comprovados jamais acobertando fraquezas, negligências ou vícios. Ter a devida sabedoria e firmeza para substituir aqueles considerados incapazes por outro mais competente, preservando, acima de tudo, a continuidade da sua obra a bom termo.
Nenhum Mestre deve se colocar em posição superior a outro Mestre, mas trabalhar e agir em conjunto. Como Maçom, jamais poderá assumir o trabalho de outro, a menos que haja ameaça à continuidade ou a integridade da obra, enfatizando-se que sempre seria melhor se a obra fosse concluída por aquele que a iniciou desde as suas fundações.
Muitos dos artigos são repetitivos e redundantes, principalmente do décimo segundo ao décimo quarto, reproduzindo a relação do Mestre com o Aprendiz, cujos principais itens foram devidamente reproduzidos.
O décimo primeiro diz que nenhum Maçom deve trabalhar durante a noite, isto é, fora do seu horário normal de trabalho, a não ser que utilize esse tempo para estudar e se aperfeiçoar. Mas o artigo décimo quinto e último, faço questão de reproduzi-lo na íntegra:
“O MESTRE não deve ter para com os outros homens Um comportamento hipócrita, Nem seguir os Companheiros no caminho do erro, Qualquer que seja o benefício que possa ter. Ele nunca deverá fazer um falso juramento e Com amor deverá preocupar-se com sua alma, Sob pena de trazer para o ofício a vergonha e para si a repreensão.”
Os termos fazem referência direta à Maçonaria de Ofício, mas basta um pouco de imaginação para incorporarmos as idéias ao nosso dia-a-dia contemporâneo e no quanto estamos distanciados das concepções da época em que foram escritas em 1390.
Moral da história? Conclusões? Deixo-as ao livre arbítrio de quem acompanhou esta leitura. Mas é minha obrigação explicar o que seria um Mestre Aprendiz na minha concepção. É a resposta à pergunta do segundo parágrafo deste texto. É aquele Mestre que não se sinta uma pedra totalmente desbastada, que persiga os ditames escritos nesse Poema Régius, revestindo-se do verdadeiro avental de um mestre que tenha sentimentos de que o seu verdadeiro avental, jamais teve a sua abeta abaixada desde o momento em que foi considerado apto à sua elevação a companheiro.
Constatamos uma realidade muito cruel, quando convivemos com uma maioria ausente e descompromissada de Mestres que abandonam as colunas, seus compromissos e, o que é bem mais grave, esquecendo-se completamente os seus juramentos feitos com a mão sobre o Livro Sagrado. Além de mencionar os que se fazem presentes, quer no oriente, quer no ocidente, mas completamente ausentes nos seus objetivos e nas suas intenções.
Louvo e aplaudo as exceções que mantém a Maçonaria como um caminho a seguir.
Fonte: JBNews - Informativo nº 291 - 15.06.2011
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