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quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

O TOPO DAS COLUNAS NORTE E SUL

O TOPO DAS COLUNAS NORTE E SUL
(republicação)

O Respeitável Irmão Ismael Ramos Gomes, Mestre Maçom da Loja Templários da Nova Era, 91 – Rito Escocês Antigo e Aceito, sem declinar o nome da Obediência, Oriente de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, apresenta a seguinte questão: 
ismaelrg@brturbo.com.br 

“Aproveitando o assunto comentado pelo Irmão e reforçado pelo Irmão Domingos, gostaria de saber a opinião do nosso Ilustre Irmão Pedro Juk o seguinte: O Venerável Mestre numa Sessão de Iniciação diz para o Mestre de Cerimônias encaminhar os neófitos para o Topo da Coluna do Norte. Afinal, onde é o topo da Coluna do Norte? Fica próximo ao Primeiro Vigilante ou ao Tesoureiro?”

CONSIDERAÇÕES:

Antes de fazer uma rápida descrição da topografia de um Templo Maçônico (Sala da Loja), se faz necessário compreender que existem diferenças que definem o arcabouço doutrinário da Sublime Instituição – sistemas, Inglês e Francês.

Sob essa ótica, as considerações que seguem abordam a regra doutrinária francesa e, por assim ser, do Rito Escocês Antigo e Aceito em particular (o Rito Escocês é de origem francesa – apesar do nome). 

A topografia de uma Loja Simbólica do Rito em questão segue algumas particularidades em consonância com as Leis Imutáveis da Natureza e representa em primeira análise um canteiro de obras definido topograficamente como uma seção do globo terrestre sobre Equador (linha imaginária que divide a Terra em duas meias-esferas), cuja orientação longitudinal do espaço é o movimento aparente do Sol, de Leste para o Oeste, ou Oriente ao Ocidente. 

Conforme esses quadrantes geográficos, para a sua orientação, o elemento Homem posicionado sobre o Equador do Templo (eixo) e de frente para o Oriente, terá a sua direita o Sul (meridião) e à sua esquerda o Norte (setentrião).

Dadas essas aparências o Templo fica então dividido de acordo com essa orientação geográfica em Oriente, Ocidente, Norte e Sul, ou Meio-Dia. 

Antes de dar sequência ao breve arrazoado segue a definição de “topo” no idioma vernáculo:
“Topo – substantivo masculino, designa a parte mais elevada; sumidade, cimo, tope. Fim, extremidade, ponta. O mais alto grau, ou degrau concebível, ou que se possa alcançar” – dentre outros, in Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 
Tomadas essas considerações que exaram a definição do vocábulo “topo”, se faz mister o entendimento de onde estão situadas as Colunas do Norte e do Sul na Loja do simbolismo escocês. 

A primeira, na sua largura, abrange todo o espaço limitado pela parede ocidental (ocaso) e a balaustrada do Oriente (nascente, ou levante), enquanto que e sua profundidade compreende o espaço limitado pelo eixo (equador) e a parede boreal (norte). 

A segunda (Coluna do Sul) possui largura também definida pelo sítio compreendido da balaustrada do Oriente até parede ocidental e a sua profundidade delimitada a partir do Equador até a parede austral (sul, ou meio-dia).  Ao bem da verdade essa é a divisão igualitária do espaço ocidental da Sala da Loja.

Tomando-se como base linha imaginária que divide a Loja no sentido longitudinal, a esquerda de quem entra estará a Coluna do Norte e à sua direita a do Sul. Ainda, como elementos distintivos e não menos importantes, as Colunas Vestibulares, ou Solsticiais (B e J), marcam a passagem dos trópicos de Câncer ao Norte e Capricórnio ao Sul. 

Esse conjunto composto pelas Colunas Vestibulares e o Equador definem os Solstícios de verão e inverno (João, o Batista e o Evangelista) assim como os Equinócios, ou meias estações (primavera e outono). 

Esses elementos são cruciais para o bom entendimento da Lenda de Hiram e a Marcha do Mestre que, em primeira análise, reproduzem o movimento aparente do Sol (solstícios e equinócios) e dá origem na definição figurada de Meio-Dia para o quadrante Sul. 

Voltando a resenha sobre a localização do topo das Colunas do Norte e do Sul, essa extremidade é aquela que ao Norte está situada do ponto de vista do observador posicionado sobre o eixo do Templo e de frente para o quadrante boreal (norte) visualiza como limite final toda a parede entre o Ocidente e a balaustrada do Oriente, local onde se encontram o banco dos Aprendizes e as seis primeiras Colunas Zodiacais atinentes às constelações de Aries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem. 

Da mesma forma, porém agora, o observante sobre o eixo e de frente para o Sul, visualizará como limite final de observação a parede entre a balaustrada do Oriente e o Ocidente, lugar onde tomam assento os Companheiros e se localizam as outras seis Colunas Zodiacais concernentes às constelações de Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. Por esse feitio denominam-se como “topo” das Colunas do Norte e do Sul ambas as paredes laterais do Templo, cada qual correspondente ao seu quadrante, entre o limite frontal do Oriente e a parede ocidental.  Ainda ilustrando no tocante ao topo do Norte, este não é apenas o espaço próximo ao lado esquerdo do Primeiro Vigilante ou aquele imediatamente atrás do Tesoureiro, porém toda a parede que vai deste até aquele ou vice-versa. Assim também no Sul é toda a parede que vai de trás do Chanceler até a direita do Mestre de Harmonia, ou vice-versa, por exemplo. 

Outra regra para as Colunas do Norte e do Sul é que as suas bases imaginárias correspondem ao eixo do Templo, ou Equador e a sua extremidade final (topo) são às bases das paredes laterais correspondentes. 

É desse corolário alegórico que em Maçonaria se define o termo “entre Colunas” o que significa aquele que está entre as Colunas do Norte e do Sul, isto é, em qualquer lugar no Ocidente em que se estiver posicionado sobre o eixo longitudinal do Templo, e não apenas entre as Colunas Solsticiais (B e J) como muitos equivocadamente assim definem a posição, até porque em se tratando das Colunas B e J elas são “vestibulares” e ocupam corretamente no Rito Escocês lugar no vestíbulo que é o Átrio da Loja, junto à porta de entrada, isto é, pelo lado de fora. 

Finalizado, é no Topo da Coluna do Norte que sentam os Aprendizes e destes, o recém-iniciado deve tomar assento próximo ao primeiro Vigilante, não pelo “topo” que é como visto toda a parede Norte, entretanto é no Topo dessa Coluna que estão situadas as Colunas Zodiacais, cujas três primeiras representam a estação da Primavera, ou o renascimento para a Luz, daí o recém-iniciado é ali colocado para simbolizar essa primeira estação da vida (início da jornada).

Afinal, primeiro vem à flor para que depois possa aparecer o fruto. 

Movimentos contrários à Lei Natural implicam em retrocesso e nos parece não ser essa a proposta da Moderna Maçonaria. A alegoria da Marcha da Luz é essencialmente produzida pelo movimento dextrogiro. 

Agora partir do topo da Coluna, porém do ponto próximo à balaustrada é equívoco dos mais sérios, já que isso produziria um efeito contrário e sinistrocêntrico, ou colocaria o fruto na frente da flor, já que o Aprendiz que procura a Luz, inadvertidamente estaria se deslocando em sentido contrário – da Luz para as trevas. 

É sempre bom lembrar que cada Coluna Zodiacal colocada no topo das Colunas Norte e Sul representa, em grupo de três em três um ciclo para ser percorrido na alegoria da transformação. 

Enfim, depois da primavera vem o verão e após este o outono e por fim o inverno.

O oposto desse teatro natural perfeito é inexistente, já que o verão nunca vem antes da primavera e, de frente para a Luz os ponteiros do relógio marcam inexoravelmente a passagem da vida – do Meio-Dia à Meia-Noite. 

O Ancião brilha pela sabedoria adquirida ao longo dos tempos, enquanto que o jovem perseverante busca um dia alcança-la, porém também um dia dirá: “essa idade não me agrada...”

P.S. – Apenas a título de referência. No sistema inglês de Maçonaria não existe a alegoria das Colunas Zodiacais e nem se dá muito ênfase Colunas do Norte e do Sul. Nesse sistema os Aprendizes sentam no Norte, porém não no chamado “topo”. Eles tomam assento na primeira fileira do Norte e aí sim, próximos ao Oriente (nos trabalhos Ingleses não existe a tal balaustrada nem o Oriente mais alto), já que na alegoria inglesa era no canto nordeste do canteiro que ficava a pedra angular, base inicial para a demarcação da Obra, daí se dar mais destaque à 47ª Proposição de Euclides (Teorema de Pitágoras), muito comum nas joia distintiva do “Past Master” inglês, equivocadamente usada por ex-Veneráveis do Rito Escocês no Brasil, inclusive adotando de forma também enganosa o próprio título – o de “Past Master”

T.F.A.
PEDRO JUK jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 372 Florianópolis (SC) – quinta-feira, 04 de setembro de 2011.

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