Rui Bandeira
Normalmente colocadas sobre os capitéis das duas colunas que marcam a entrada do Templo - do espaço onde ocorre uma sessão ritual maçónica - estão seis romãs, três sobre cada um dos capitéis.
Normalmente colocadas sobre os capitéis das duas colunas que marcam a entrada do Templo - do espaço onde ocorre uma sessão ritual maçónica - estão seis romãs, três sobre cada um dos capitéis.
Este número já é uma simplificação. O
Templo de Salomão (que muitos dos símbolos maçónicos evocam) teria
representadas, sobre as suas colunas de entrada nada mais, nada menos do que
quatrocentas romãs! Com efeito, pode ler-se no segundo livro dos Reis, capítulo
7, versículos 18 a 20: "Fez
também romãs em duas fileiras por cima de uma das obras de rede para cobrir o
capitel no alto da coluna; o mesmo fez com o outro capitel. Os capitéis que
estavam no alto das colunas eram de obra de lírios, como na Sala do Trono, e de
quatro côvados. Perto do bojo, próximo à obra de rede, os capitéis que estavam
no alto das duas colunas tinham duzentas romãs, dispostas em fileiras em redor,
sobre um e outro capitel."
E, no segundo livro de
Crónicas, capítulo 4, versículo 13, encontramos: "Há quatrocentas romãs para
as duas redes, isto é, duas fileiras de romãs para cada rede, para cobrirem os
dois globos dos capitéis que estavam no alto da coluna."
Para além da representação simbólica de
elemento decorativo do Templo de Salomão, as romãs simbolizam a união entre os
maçons, a igualdade essencial de todos combinada com a individualidade de cada
um.
A observação do fruto elucida-nos
rapidamente da razão de ser destas representações simbólicas. Uma romã tem uma
casca dura e resistente, que representa o espaço físico da Loja: uma e outro
abrigam as infrutescências (os obreiros), mantendo-os a coberto de elementos
exteriores (pragas; profanos). As infrutescências (as "sementes",
"bagas" ou "grãos") representam os obreiros da Loja. Tal
como as infrutescências da romã são todas diferentes umas das outras, havendo
leves variações de formato e de tamanho, também os obreiros de uma Loja mantêm
a sua individualidade própria. Mas, se comermos as infrutescências da romã,
verificamos que todas elas têm exatamente o mesmo sabor, o mesmo grau de doçura
em função do amadurecimento do fruto, independentemente da forma e do tamanho
delas.
Assim também os obreiros de uma Loja,
pese embora as inevitáveis diferenças decorrentes da sua individualidade, estão
unidos na mesma essencial igualdade.
Tal como as bagas de uma romã estão
unidas por uma pele branca, que torna difícil e trabalhoso a sua separação,
assim também os obreiros de uma Loja se unem por laços de fraternidade,
auxiliando-se mutuamente nas adversidades, cooperando nos seus estudos ou
projetos.
Os grãos da romã estão firmemente
unidos e apertados uns contra os outros. Se abstrairmos da cor granada (romã em
castelhano), assemelham-se a um favo de mel, lembrando as abelhas, que, tal
como os maçons, trabalham incessantemente, aquelas colhendo o néctar nos campos
para fabricar o mel, estes recolhendo da Loja e de seus Irmãos os ensinamentos,
os exemplos, que lhes são úteis para o sempre desejado aperfeiçoamento pessoal.
Enquanto que na Maçonaria latina e no
Rito Escocês Antigo e Aceite se utiliza a simbologia da romã, ela não é usada
na Maçonaria anglossaxónica, no Rito de York ou no Ritual de Emulação. Estes,
pelo contrário, utilizam o símbolo da colmeia.
Uns e outros procuram enfatizar o
mesmo: a união entre os maçons. Mas uns fazem-no com recurso à romã, outros
através da colmeia.
A meu ver, esta diferença é
essencialmente cultural. A sociedade latina, mediterrânica é essencialmente
gregária. O gregarismo meridional acentua a importância do estar
junto, sendo essa união que gera a força
grupal que protege o indivíduo e potencia as suas capacidades. Já as sociedades
anglossaxónicas e nórdicas privilegiam a iniciativa, a ação e, assim, enfatizam
a organização da
colmeia como forma de potenciar as capacidades de cada abelha para o bem comum.
Os símbolos maçónicos não nascem do
nada e não são interpretados no limbo. Resultam das sociedades onde os maçons
se inserem. Esta diferenciação é exemplo disso, na minha ótica.
Fonte: A Partir a Pedra
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