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quinta-feira, 16 de julho de 2015

O PAVIMENTO MOSAICO

O PAVIMENTO MOSAICO E ALGUMAS QUESTÕES ENVOLVENDO A ETERNA DUALIDADE: O BEM E O MAL 
Ir.·. José Ronaldo Viega Alves Loja Saldanha Marinho, “A Fraterna” Oriente de S. do Livramento – RS. - Contato: ronaldoviega@hotmail.com 

“Mas eu continuava sob a maldição da minha dualidade de propósitos e logo que se desfez o primeiro impulso e penitência, a minha parte inferior começou a grunhir, exigindo sua satisfação.” („O Médico e o Monstro: o estranho caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde‟ - Robert Louis Stevenson

INTRODUÇÃO 
Assis Carvalho disse certa vez que há símbolos que marcam a sua presença entre os demais com uma força tal, que não há como descrevê-los em poucas linhas. O Pavimento Mosaico, ou Quadriculado, no REAA, é um desses símbolos, que vem suscitando ao longo do tempo inúmeras discussões. 

Algumas giram em torno da sua nomenclatura correta, outras se referem as suas origens, e outras, ainda, sobre o seu posicionamento e disposição na Loja: em diagonal ou tabuleiro de xadrez. No entanto, eu acho que a grande discussão mesmo, envolve as ligações todas que esse símbolo consegue sugerir, principalmente sobre a questão dos opostos, e dizendo isso, correndo riscos, ao levar em conta, as sábias considerações do saudoso Irmão Theobaldo Varoli quando assim se referiu aos símbolos maçônicos: 


“A Maçonaria autêntica jamais admitiu a interpretação licenciosa ou puramente subjetiva de qualquer símbolo por ela adotado. Diante de um símbolo, o Maçom não deve portar-se como um doente num consultório de psicanálise, como também não deve arrastar suas interpretações ao sabor de suas crenças pessoais.” 
Entre uma gama de significados que são atribuídos a esse que é um dos ornamentos da Loja, o Pavimento Mosaico tem na representatividade exposta dos seus ladrilhos pretos e brancos, a dualidade, a lei dos contrastes que são inerentes a nossa própria existência, o bem e o mal que irão permear os caminhos que escolhermos na vida, a luz e as trevas que sempre se farão presentes, as alegrias e as dores, mas, que também de forma paradoxal, digamos, podem encerrar a ideia de um delicado equilíbrio onde estão sustentadas as energias positivas e as negativas, as mesmas que conduzem a uma coesão das forças que regem o Universo. 

Com o propósito de entender um pouco mais dessa dualidade, da sua atuação, das suas influências em nosso meio, ou dos variados conceitos filosóficos ou religiosos que estão atrelados a ela, a exemplo do maniqueísmo e do livre-arbítrio, é que será desenvolvido o presente trabalho. Afinal, a presença de opostos e de contrastes, fazem parte da nossa vida, sendo que em algumas das etapas da mesma, são fundamentais para o nosso crescimento psíquico. 

SOBRE AS ORIGENS DO PAVIMENTO MOSAICO 
Parece não haver dúvidas, que a origem do Pavimento Mosaico é a Suméria, região da Mesopotâmia onde a religião um dia acabou adquirindo extrema importância, a ponto de tornar-se a base para toda religiosidade cósmica do mundo da Antiguidade e da mitologia Greco-Romana. 

De acordo com Castellani, o Pavimento Quadriculado, o mesmo que conhecemos por Pavimento Mosaico, e proveniente da Suméria, como é consenso, era composto de quadrados brancos e negros intercalados, para exatamente representar os opostos, onde, a ideia principal envolvia o dia e a noite, já que o culto era solar, e outras representações envolvendo dualidades como o bem e o mal, a virtude e o vício, o espírito e a matéria. 

Na Mesopotâmia, o pavimento era considerado terreno sagrado, sendo uma antecâmara dos santuários, portanto, somente percorrido pelo Sacerdote em dias importantes de cumprimento do calendário religioso. 

Importante salientar que nem todos os demais povos adotaram o pavimento, sendo que os hebreus não o utilizavam e ele não existia no Templo de Jerusalém. Houve autores que chegaram sim, a confundir o Pavimento Mosaico com o Santo dos Santos do Templo de Salomão. 

Na Ilha de Creta, Sir Arthur Evans, durante escavações arqueológicas, deparou-se com muitos fragmentos de pavimentos quadriculados usados nos palácios, que através das pesquisas revelaram-se elementos decorativos. 

Mosaicos estavam presentes na arte e na arquitetura romanas, em desenho e esculturas da China, Índia, Babilônia, Egito, etc. Além do mais, vários desses povos adotaram esse pavimento comprovadamente como elemento de decoração, sem qualquer conotação religiosa. 

A verdade é que, como disse Varoli, o simbolismo contido no contraste do preto e branco é peculiar à Maçonaria Especulativa, e é a partir daí que ele começa a ganhar sua importância dentro da nossa Simbologia. 

O Pavimento Quadriculado recebeu o nome de Pavimento Mosaico, em virtude da lenda existente, onde Moisés durante o êxodo, em determinada ocasião, teria assentado no chão do Tabernáculo (que era o templo portátil dos hebreus durante a sua peregrinação pelo deserto em direção à Palestina), pequenas pedras coloridas. 

Castellani falou também da etimologia da palavra, dizendo o seguinte: “o vocábulo mosaico quando usado como substantivo significa pavimento feito de pequenas pedras, ou de outras peças, que, pela disposição de suas cores, dão aparência de desenho; por outro lado, quando usado como adjetivo, ele é alusivo a Moisés e, por extensão ao Judaísmo e ao Hebraísmo. Na expressão Pavimento Mosaico, para mosaico é o adjetivo referente ao substantivo pavimento, sendo, portanto, alusiva a Moisés, realmente. O resto é invenção. Para evitar essas confusões e considerando-se que a origem do pavimento é sumeriana e não hebraica, é que é preferível denominar-se Pavimento Quadriculado a esse adorno do Templo maçônico, inclusive porque o termo já teve referências na literatura maçônica mundial (Checkered flooring).” 

O PAVIMENTO MOSAICO NA MAÇONARIA 
Na Maçonaria o Pavimento Mosaico, ou Quadriculado, não possui exatamente o significado de sagrado, a ponto de que seja proibido pisá-lo. E é bom que se diga aqui, que ele está na Loja, pelo fato de que a Loja é a representação do Universo, Universo onde nós pisamos e onde ao final das contas os contrastes existentes se harmonizam. Portanto, é para ser pisado, com respeito, é claro, e para ser lembrado também, que o homem muda parcialmente do branco para o preto e vice-versa, mas, que no fundo somos todos iguais. A questão é buscar uma harmonia, tal como a que existe no Universo. 

Com relação ao espaço que ele ocupa no Templo Maçônico, Castellani diz que ele recobre todo o solo do Templo e não somente a passagem entre as Colunas. Neste caso, a Orla Denteada é colocada bem junto ao rodapé para efeito de guarnição do pavimento. É dito também que este pavimento não possui a importância que alguns autores místicos quiseram atribuir-lhe, já que antigos rituais escoceses nem sequer o mencionam, o que vem demonstrar também uma finalidade decorativa, não tão essencial à Ritualística e à Simbologia maçônica. 

O Pavimento deve ser formado por quadrados brancos e negros em diagonal e não como é comumente usado, imitando um tabuleiro de xadrez. Aliás, neste presente trabalho, não me deterei nas incursões de Jules Boucher sobre o Pavimento Mosaico, até pelo fato de que ele faz comentários na sua obra clássica “A Simbólica Maçônica” do ponto de vista, no meu entender, de um tabuleiro de xadrez, além de que essa configuração atende em princípio, e mais especificamente, ao Rito Moderno ou Francês. 

Kennyo Ismail, faz o seguinte comentário: “Convencionou-se imaginar que o “Santo dos Santos” do Templo de Salomão”, por também ser um local de juízo, possuía um Pavimento Mosaico. Essa teoria não tem fundamento na Bíblia, onde, consta que todo o piso do Templo era de madeira de cedro, mas, é baseada em uma breve passagem do Talmud, que permite uma interpretação de que os lugares mais sagrados dos templos tinham o Pavimento Mosaico.” 

Importante, é também destacar, baseado nas considerações de K. Ismail, que até o final da Idade Média não se tinha conhecimento das cores dos antigos Pavimentos Mosaicos, e somente a partir do século XVI, quando o rei Henrique VIII determinou a confecção de uma bíblia em inglês, surgiu aquela que ficou conhecida como a “Bíblia de Genebra”, pelo fato de nessa cidade ter sido confeccionada. 

Essa versão trouxe muitas novidades em termos de ilustrações, e entre elas a do Templo de Salomão, onde o Pavimento Mosaico era composto de quadrados intercalados em preto e branco. Com certeza, o tipo de impressão na época era em preto e branco, mas, com o tempo essa visão do Pavimento acabou firmando-se. 

Quando surgiram os templos maçônicos, já inspirados no Templo de Salomão, esse foi o modelo adotado. No REAA, houve o entendimento de que todo o piso pertencente ao Templo de Salomão era um Pavimento Mosaico, isso baseado nas ilustrações medievais, mas, ainda assim, há algumas variações, pois, a perda do conhecimento da origem de tais símbolos no tempo, e mais a influência de outros Ritos, fizeram com que seja possível encontrar em alguns Templos do REAA no Brasil, Pavimentos Mosaicos restritos ao retângulo central e constituído também de Orla Dentada. 

Sem dúvida, devemos sempre levar em consideração que na Maçonaria, o Templo de Salomão, é apenas um grande símbolo e não a reprodução exata da obra do Rei Salomão. 

Na interpretação de Nicola Aslan, o Pavimento Mosaico tem um simbolismo muito extenso na Maçonaria, sendo o lugar onde ele vem representar “as classes, as opiniões e os sistemas religiosos que se confundem na Maçonaria, sendo o emblema da estreita união que deve existir entre todos os maçons, apesar das diferenças”. 

Como já foi possível avaliar até aqui, há uma variedade de interpretações e discussões girando em torno desse símbolo que é o Pavimento Mosaico na Maçonaria. Mas, será que ainda há outras interpretações? E assim sendo, o verdadeiro aprendizado não se dá quando podemos comparar os contrastes e as diferenças? 

O PAVIMENTO MOSAICO E A DUALIDADE 
Definamos dualidade: “é a propriedade ou caráter do que é duplo ou que contém em si duas naturezas, duas substâncias ou dois princípios. Por sua vez, dualismo é: um conceito da filosofia e teologia, que se baseia em dois princípios ou duas realidades opostas e que são irredutíveis entre si. 

De acordo com Raimundo D‟Elia Junior: “A batalha do preto com o branco, cientes que nenhum predomina no Mosaico Maçônico, está ligada à Iniciação, quando se permanece um período vendado e depois sem venda, fazendo com que a Luz recebida na Iniciação revele, pela retina, todas as magníficas cores contidas no arco-íris, desvendando assim o mistério da dualidade existente no ser humano, que o conduz para o bem ou para o mal. Portanto, simplesmente não existe meio termo entre o que é, e o que não é.”

Com relação aos preceitos do homem, e que podem ser positivos ou negativos, a ligação com o Pavimento mosaico se dará assim: as pedras brancas são os preceitos positivos e as pedras pretas serão os negativos. Complementando, e conforme o que dispôs Joaquim de Figueiredo em seu Dicionário de Maçonaria: “Reflete a polaridade positiva e negativa da natureza, e a dualidade do bem e do mal, por cujo labirinto deve o iniciado encaminhar-se oscilante ou decidido, mas sempre perigosamente, para a perfeição.” 

Devemos entender, ainda, que a disposição das cores preto e branco no Pavimento Mosaico, fazem lembrar-nos que os seres humanos mesmo sendo diferentes em raça, credo ou cor, são todos iguais perante o G.·.A.·.D.·.U.·.. 

E ainda arrematando com o próprio Raimundo D‟Elia Junior: “Para a Humanidade, lado a lado caminham o bem e o mal, a humildade e a vaidade, a busca por uma vida melhor e a ganância desenfreada, infelizmente, com base no custe o que custar, e de salve-se quem puder!” 

O PAVIMENTO MOSAICO E O LIVRE-ARBÍTRIO 
Vejamos algumas posições filosóficas sobre a questão envolvendo o livre-arbítrio. Para Espinosa e Nietzsche, o livre-arbítrio não existe, é uma ficção. Não dá para alguém pensar de modo isento, isento da própria maneira de ver o mundo e da própria história de vida. 

Erasmo de Roterdã escreveu uma obra chamada “Sobre o Livre-Arbítrio”, onde defendeu que se erramos, o fazemos por nossa própria opção. Martinho Lutero escreveu o “Servo-Arbítrio”, onde afirma que Ele tampouco é responsável pelo mal, e o mal deve ser imputado somente ao homem. Basicamente, retoma a questão da predestinação, que já havia sido exposta por Santo Agostinho, ou seja, Deus tudo sabe e tudo previu. 

A verdade mesmo, é que não lidamos com verdades absolutas. Como disse o teólogo Walter Chantry: “Apesar do grande louvor que é dado ao „livre-arbítrio‟, temos visto que a vontade do homem não é livre para escolher um curso contrário aos propósitos de Deus, nem é livre para agir em contrário a sua própria natureza moral. A sua vontade não determina os acontecimentos de sua vida, nem as circunstâncias dela. Escolhas éticas não são formadas por um mente neutra, são sempre ditadas pelo que constitui a sua personalidade.” Eu quero crer que a escolha certa efetuada pelo Maçom, a opção do Maçom, será o produto da sua transformação advinda da Iniciação, da sua renovação, do novo homem gestado a partir dali. Para o homem dominado pelas paixões, por seus instintos e vícios, não existe o livre-arbítrio, da forma, pelo menos, como existe para homem que é virtuoso. 

O PAVIMENTO MOSAICO E O MANIQUEÍSMO 
O que é o Maniqueísmo? É interpretado geralmente como sendo uma filosofia dualística que divide o mundo entre o Bem e o Mal. De um lado está a matéria, que é considerada má. O espírito é considerado bom. 

Pelo fato de possuir uma natureza igualitária, o Maniqueísmo atraiu muitos seguidores. Aqueles pertencentes às populações oprimidas estavam entre os seus seguidores. Entre os ensinamentos de Mani, o profeta persa que criou essa antiga religião, não existia prática discriminatória, não havia distinções entre etnias, pobres e ricos, ou entre educados e analfabetos. Com base em ensinamentos simples, que não requeriam aprendizados difíceis, o sábio utilizou-se de conceitos como a personificação da luz e da escuridão, assim como, de bem e do mal. 

Então, fundamentalmente, considera-se o Maniqueísmo como uma filosofia dualística, pelo fato, de fazer uma divisão do mundo entre dois princípios opostos que são o Bem e o Mal. 

Novamente, temos uma proximidade com a simbologia exposta no símbolo maçônico que é o Pavimento Mosaico. 

Ainda, o Zoroastrismo ou Masdeísmo, religião nascida na Pérsia, também diferenciou-se pelo monoteísmo e pelo dualismo cosmológico, ou o que pode ser entendido como uma batalha sendo travada no mundo entre as forças benignas e as malignas. 

O papel do bem, ensinava Zaratustra, o profeta persa fundador do Masdeísmo, não é apenas opor-se ao mal, mas também transformar o mal em bem. O homem é o único responsável pelas suas escolhas. 

Também ensinava que cabia a cada um lutar contra os maus pensamentos e as más ações, trabalho que jamais estaria concluído, pois, estaria sempre na dependência de um esforço diário e constante. 

Vejo aqui, uma semelhança com o desbastar da pedra bruta, que analogamente é um trabalho que exige o mesmo tipo de comprometimento.

Essas definições acabam ainda, encontrando consonância na Cabala, pois, de maneira semelhante podemos encontrar ecos nas palavras do Rav. Michael Laitman, quando se pronunciando sobre uma série de passos a serem cumpridos para chegarmos ao que ele chamou de admirável mundo novo, e que eu acrescento aqui, o mundo melhor que a Maçonaria e o Maçom de maneira similar almejam: “Em síntese, a crise não está realmente ocorrendo no exterior. Mesmo que certamente pareça ocupar um espaço físico, ela está acontecendo dentro de nós. A crise é luta titânica entre o bem (o altruísmo) e o mal (o egoísmo).“ O maniqueísmo clássico, remanescente, talvez, já não se sustente sozinho nos tempos em que vivemos, pois, muitos dogmas religiosos tem sido questionados com rigor, mas, e a luta maior hoje parece que é travada no íntimo de cada um dualisticamente entre o ter e o ser. 

O APRENDIZ, A PEDRA BRUTA E A QUESTÃO DO BEM E DO MAL 
A questão da edificação e do aprimoramento do ser humano, ou do homem-Maçom, no trabalho do Aprendiz desbastando a Pedra Bruta, deixa perceber de um ângulo iniciático, o que o pesquisador e Maçom Carlos Raposo chama de outro entendimento: Malho e Cinzel atuando em conformidade com o Princípio Hermético da Polaridade que diz que “tudo é duplo”. “Se uma forma de assimilação do Grau de Aprendiz o mostra trabalhando a Pedra Bruta, outro entendimento, de ordem ainda superior, nos fala que o Aprendiz, sendo a própria Pedra a ser desbastada, „sofrerá‟ ação do Grande Escultor, que fará uso dos elementos necessários à realização da Obra final. (...) no trabalho de lapidação da Pedra Bruta duas vontades parecem agir de modo concomitante: a primeira vontade seguirá os desígnios do Criador, que é soberana; a vontade secundária partiria da própria Pedra, ou do indivíduo a ser trabalhado, no caso, o Aprendiz. 

Em ambas possibilidades, intenta-se obter o produto final na forma de uma Pedra Justa e Perfeita. Ela é Justa, pois está adequada a Sua Obra, e é Perfeita, pois também está em conformidade com a Perfeição de Seu Plano Maior. 

O livre-arbítrio que, em princípio, parece dirigir a vontade do Aprendiz, nada mais é do que a faculdade que lhe dá a chance de estar em harmonia com a vontade Maior que o criou. Nesse caso, as duas vontades, sendo harmônicas, passam a ser uma única Vontade. 

Então, poderíamos entender o Bem como sendo a capacidade do Aprendiz de por a própria vontade em sintonia com a vontade Superior enquanto o Mal simplesmente representaria a opção contrária a esta.” 

CONCLUSÕES 
O pano de fundo para os conceitos aqui abordados são evidentemente a dualidade evidenciada no símbolo Maçônico que é o Pavimento Mosaico, a mesma dualidade que nos acompanha durante as nossas vidas, ainda como profanos e depois como Maçons, sobre as escolhas que temos de fazer. 

Não podemos esquecer em nenhum momento que ao fazermos as nossas escolhas, estamos lidando com as nossas concepções de mundo, de como vemos os outros seres humanos, de como nos relacionamos, e ainda considerando os nossos costumes. 

O Irmão João Ivo Girardi em seu Vade-Mécum maçônico, no verbete Pavimento de Mosaico da Maçonaria, reproduziu o que segue de uma das suas fontes: 

“5. Os Irmãos das Colunas observam frontalmente esse Pavimento para ter sempre presente o simbolismo do dualismo. O dualismo impõe uma escolha; não se pode abarcar ao mesmo tempo a presença e a ausência, o dia e a noite, enfim o dualismo está em toda parte. Fixando-se o pavimento, descobre-se que inexistem cores; o negro é a ausência absoluta de cor; o branco é a sua polarização (concentração de todas as cores); isso ensina que o maçom deve buscar o colorido além da fixação para o piso, mas erguer os olhos para contemplar a natureza colorida. O maçom atento, curioso e observador está sempre aprendendo, indo a sua Loja.” 
Devemos atentar também para o fato de que os símbolos maçônicos apontam para um objetivo que é comum a todos aos Maçons, pois, fazem lembrá-los constantemente do quanto devem estar voltados para o polimento da pedra bruta, e do quanto devem trabalhar dentro e fora das suas Lojas.

É dito a nós, Maçons do REAA, que é pelos ladrilhos do Pavimento Mosaico que regulamos os nossos passos, e aí se justifica a disposição desses ladrilhos em diagonal. Ainda conforme Aslan: “As pedras brancas e pretas do mosaico são ligadas por um cimento, Símbolo da união de todos os maçons do mundo, e invisível para o Profano, que só vê os ladrilhos, isto é, a “via larga”, a “via exotérica”. 

O Iniciado, ao contrário, segue uma via estreita, mais fina que o fio da navalha, é a “via esotérica”, que passa entre o branco e o preto e, portanto, não tem obstáculos em seu caminho.” 

Bem no início do trabalho, coloquei uma passagem do clássico do escritor inglês R. L. Stevenson, popularmente conhecido como “O Médico e o Monstro”, e que veio a ser depois, tema recorrente também do Cinema. 

A história é uma das minhas preferidas desde que eu era um garoto. É bem possível que as reverberações dessas leituras ou desses filmes tenham contribuído para a feitura deste trabalho, pois, visualizei no símbolo maçônico ora analisado e aqui abordado, toda a sua representação da dualidade, o dilema posto de escolher entre o certo e o errado, ou a velha luta entre as forças do o bem e as forças do mal... 

Mas, o tema é tão rico, tão metafísico, que mesmo fazendo a escolha que julgamos certa, ainda haveria a possibilidade de revê-la, isso mesmo, de outro ponto de vista, ou seja: quem me garante que a Natureza não tem um modo de funcionar onde a minha opção, a minha decisão, a minha escolha não a tenha contrariado? Ou que as grandes verdades do Universo muitas vezes são expressas somente através dos paradoxos? 

É deveras um tema muito provocante, e sem soluções cabais, por enquanto. Aliás, sobre as escolhas disse Sartre: “A escolha é possível num sentido, mas o que não é possível é não escolher.” 

Referências Bibliográficas Internet: “O Mito do Livre-Arbítrio” – Walter Chantry – Tradução de Wellington Ferreira – Editora Fiel
“Significado de Dualidade” – Disponível em: www.significados.com.br/dualidade/ Livros: Cadernos de Pesquisas – 19 – Editora Maçônica “A Trolha“ Ltda. – 2001 ASLAN, Nicola. “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. - 2012 CASTELLANI, José. “Consultório Maçônico – Cadernos de Estudos Maçônicos “- Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – 1990 e “Dicionário de Termos Maçônicos” – Ed. Maçônica “A Trolha” Ltda. – 1995 FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. “Dicionário de Maçonaria” Editora Pensamento D’ELIA JUNIOR, Raymundo. “Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz” – Madras Editora Ltda. 2010 LAITMAN, Michael. “A Revelação da Cabala” – Imago Editora - 2008 ISMAIL, Kennyo. “Desmistificando a Maçonaria” – Ed. Universo dos Livros – 2012 STEVENSON, Robert Louis. “O Médico e o Monstro: o estranho caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde” – Editora Clube o Livro Ltda. 1986 VAROLI FILHO, Theobaldo. “Curso de Maçonaria Simbólica” 1° Tomo (Aprendiz) - Editora “A Gazeta Maçônica” – (Não traz o ano da edição) Revistas: “Discutindo Filosofia” n° 10 / “Filosofia” n° 57/Grandes Temas do Conhecimento-Filosofia n° 4 e n° 16 “A Trolha” n° 20 e n° 155. “Sexto Sentido” Especial-Maçonaria n° 14

Fonte: JB News – Informativo nr. 1.149

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