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domingo, 24 de janeiro de 2016

O ORADOR

O ORADOR
Klebber S Nascimento
Tempo de Estudos Maçônicos

O Orador da Loja não é, como muitos pensam, um fazedor de discursos, ao contrário. Ele deve ser, comedido no falar e só "fazer as brilhantes peças de Arquitetura" nas ocasiões apropriadas, abstendo-se, em sessões ordinárias, de revelar uma erudição que não trará nenhum proveito para os que, após várias horas de trabalho, precisam ouvir informações objetivas e não discursos retóricos que, ao final e ao cabo, nada dizem.

O Orador fala, sempre, no final das discussões, sobre qualquer proposta, dando o seu PARECER LEGAL, isto é, dizendo se a proposição está ou não enquadrada, nas nossas leis. Tem, aí, de ter um elevado espírito maçônico, pois, mesmo que ele seja contra a matéria em discussão, deve opinar tão somente quanto à sua legalidade.

Quando o Orador pretende participar da discussão, no mérito, deve informar ao Venerável que deseja falar como Obreiro e não como Orador, dará a sua opinião pessoal e nada falará sobre o aspecto legal da proposta. Nas conclusões, porém, se limitará a dizer da ou não da matéria ou pauta, ocasião em que demonstrará sua isenção, pois pode ter sido contra a proposta mas considerá-la "legal" para efeito de prosseguimento da discussão.


É no mínimo indelicado o Orador que se vale do seu cargo e do fato de não poder ser aparteado nas suas conclusões, para dizer o que bem quer e entende.

A serenidade, como já se disse, é condição indispensável ao Orador. Na ata, quando for o caso, ele pedirá que conste a sua discordância quanto à legalidade de uma proposição, para posterior exame do assunto. Mas de forma delicada e não ditatorial.

Ao falar, o Orador deve ser objetivo. Não deve procurar "palavras bonitas" que nem sempre são 
conhecidas de todos, mas fazer suas conclusões de forma clara.

Ao término dos trabalhos, quando lhe é dada a palavra para dizer quanto à legalidade dos mesmos, ele saudará os visitantes de forma breve e dirá se os trabalhos foram legais ou, caso assim não o considere pedirá que conste na ata a sua discordância quanto a este ou aquele ponto, sem ofender a quem quer que seja, ditando, de preferência, para o Irmão Secretário, os pontos que deseja destacar.

As orações em solenidade ou "festas brancas" devem ser breves e previamente elaboradas. Mesmo que o Orador prefira falar sem ler, deve ter suas anotações, pois só o que é mais desmerecedor de um Orador que não sabe do que está falando é o fato de ele não saber como terminar sua fala. A brevidade do discurso, incisivo e claro, dá muito mais prazer aos ouvintes do que um monte de palavras "difíceis" e geralmente de péssimo gosto.

Modernamente, não se usa mais os "discursos empolados". Fala-se com naturalidade, como se fosse uma conversação em voz alta, evitando-se os elogios fartos, por mais que os mereça o elogiado. Também não se atacam, com adjetivos ruins, as pessoas. Aborda-se o fato atacado, dentro do princípio de que devemos ser contra as ideias e não contra as pessoas, apresentando-se desculpas (também não excessivas) pela discordância, de modo a se manter a paz e a harmonia. É desagradável um Orador -e aqui é qualquer orador e não só o da Loja - deixar transparecer, no seu discurso, sentimentos inferiores, de inveja, mágoa ou semelhante.

A fala deve ser nítida, em voz alta - embora sem gritaria – e clara.

Os vocativos devem ser corretos ou, então, genéricos. Se não se sabe certo o nome de uma autoridade presente, ou o cargo exato que ocupa na hierarquia maçônica ou profana, deve-se procurar obter tal informação antes da fala, Se isso não for possível, faz-se uma saudação de forma genérica: "Autoridades que nos honram com suas agradáveis presenças nesta noite", por exemplo.

O mesmo ocorre quanto à precedência. Se não se sabe qual a autoridade mais importante, é preferível saudar a todos genericamente a correr o risco de saudar um menos graduado antes do de maior posição hierárquica.

O Orador tem o direito de falar sentado. Nas solenidades recomenda-se, porém, que fale de pé, em homenagem aos visitantes. Ele não precisa, nunca, de autorização, para "falar à vontade". Deve fazê-lo automaticamente. Da mesma forma que se recomenda evitar palavras "bonitas", aconselha-se a evitar as citações estrangeiras.

Sendo diversificado o grau de instrução dos Maçons, uma citação estrangeira de nada ajudará os menos cultos e, ao contrário, deixá-los-á numa situação de inferioridade que não se admite na Maçonaria. Como, em tudo, na Ordem, o bom Orador é aquele que fala com o coração, sendo a boca mero canal transmissor de ideias.

Regra básica para um bom discurso: -10 a 15 minutos nomáximo.

Recomendações práticas:
- Não fale com a "barriga vazia"; alimente-se primeiro; isto é, prepare-se.
- Olhe o auditório de frente, distribuindo o olhar em torno.
- Pronuncie as palavras por inteiro, sem "comer" os "esses" e os "erres".
- Estude

Fonte: JBNEWS, 1126

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