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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

QUAL O SIGNIFICADO DO ESQUADRO ESTAR ENTRELAÇADO COM O COMPASSO

QUAL O SIGNIFICADO DO ESQUADRO ESTAR ENTRELAÇADO COM O COMPASSO
Irineu Antonio Bertan Junior – C.´.M.´. - Loja Justiça de Cambé 

SÍMBOLOGIA DO ESQUADRO, COMPASSO E DELES ENTRALAÇADOS
A Maçonaria é “um sistema de moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos” (GOB, 2009). Símbolo é “um objeto físico a que se dá uma significação abstrata” (Houaiss, 2009). Goethe1 dizia que “o simbolismo transforma os fenômenos visíveis numa ideia”. Por exemplo, chama-se “Grande Oriente” a alusão ao ponto onde nasce o sol, donde vem a Luz. E “Luz” tem um sentido metafórico, significando Sabedoria.

Acontece situação análoga com as palavras “compasso” e “esquadro”.

Compasso é o símbolo do espírito, significando tudo àquilo que não seja matéria: pensamento, raciocínio, sabedoria, etc. Obviamente, aos crentes, espírito tem também um significado transcendente. O compasso traça círculos perfeitos, sendo esse ato de traçar, um símbolo da busca da perfeição. O círculo traçado pelo compasso delimita espaços, portanto esse círculo simboliza limites, comedimento, moderação, continência, virtude da prudência. Dentro desse círculo o maçom não pode errar. De maneira absoluta, onde não há nenhum erro é o ponto central do círculo, a Origem.

Esquadro é o símbolo da ação do homem sobre a matéria. Simboliza a boa ação, a retidão, a equidade, a justiça, a moralidade.

O compasso e o esquadro se completam. Símbolo maçônico muito antigo, provavelmente, antes do século XV. São as principais ferramentas de uso de maçons de ofício (pedreiros e construtores) e simbolizam as principais ferramentas dos maçons “livres e aceitos” (maçons modernos, os construtores sociais).

O Esquadro e o Compasso, unidos em Loja, são partes integrantes da tríade representativa das Três Grandes Luzes Emblemáticas (vertente maçônica francesa), ou as Três Luzes Maiores (vertente maçônica inglesa). Diferem-se conforme o sistema apenas no nome, já que a sua composição para a Moderna Maçonaria se faz universalmente pelos dois instrumentos citados mais o Livro da Lei.

Genuinamente a disposição do Esquadro e do Compasso sobre o Livro da Lei representa, dentre outros, o Grau de trabalho da Loja e, por extensão simboliza particularmente cada Grau simbólico – os ramos do Esquadro sobre as hastes do Compasso representa o Primeiro Grau, um ramo do Esquadro entrelaçado com uma haste do Compasso simula o Segundo Grau e por fim as hastes do Compasso sobre os ramos do Esquadro concebe o Terceiro Grau.

Não existe qualquer outra representação composta apenas por esses dois instrumentos simbólicos que possa conceber um Grau maçônico.

O significado generalizado dessa composição esotérica maçônica é aquela referendada à materialidade e à espiritualidade – a matéria para o Esquadro e o espírito para o Compasso. À medida que o Obreiro evolui no Canteiro (Loja) os instrumentos vão se alterando na sua disposição, o que em linhas gerais significa a prevalência do espírito sobre a matéria (aperfeiçoamento).

No sentido figurado a disposição dos instrumentos significa o progresso do Obreiro na sua construção interior. Na medida em que o Obreiro evolui no Canteiro ele muda de grau até chegar ao mestrado.

Na vertente maçônica francesa, como é o caso do Rito Escocês Antigo e Aceito, essa evolução é acompanhada também pelo acendimento de mais Luzes litúrgicas – três para o Aprendiz, cinco para o Companheiro e nove para o Mestre – daí o título de Luzes da Loja para o Venerável e os Vigilantes e de Luzes Emblemáticas para a tríade composta pelo Esquadro, Compasso e Livro da Lei.

Na vertente inglesa essa tríade emblemática é conhecida como as Três Luzes Maiores enquanto que o grupo Venerável Mestre/Vigilantes é conhecido como as Três Luzes Menores – o Sol para governar o dia, a Lua para dirigir a noite e o Venerável para conduzir a Loja.

A letra “G” não compõe a Tríade Emblemática sobre o Altar, todavia em conjunto com o Esquadro e o Compasso é um símbolo bastante conhecido que identifica a Maçonaria e o Maçom. A Maçonaria pelo conjunto, enquanto que o grau do Maçom pela disposição dos instrumentos.

A letra “G” independente de estar ou não com o Esquadro e o Compasso é um dos símbolos mais autênticos e antigos da Maçonaria. Como símbolo operativo significa Geometria que é uma das ciências aplicadas para a edificação perfeita da Obra. Como símbolo especulativo é a Geometria aplicada no aperfeiçoamento interior do Homem. Essa ciência (Geometria) se serve da retidão do Esquadro (cantos perfeitos) e da justa medida do Compasso na constituição da Obra perfeita elevada e exaltada para que perdure pela eternidade (a transformação da Pedra Bruta em Cúbica).

Não há qualquer fato histórico que tenha alterado esse conjunto simbólico, inclusive a hipótese de se diferenciar pela disposição conforme esse ou aquele Rito. O que tradicionalmente se diferencia conforme o arranjo do Esquadro e do Compasso é o grau simbólico, não o Rito, já que universalmente a Maçonaria tradicional (simbólica, ou azul) é composta única e exclusivamente por três graus.

A Maçonaria (na escola autêntica) possui documentalmente aproximadamente oitocentos anos de história e é originária dos Canteiros Medievais na Europa. Esse percurso se divide primeiro no período Operativo. A partir de 1.600 gradativamente ela se transforma em Especulativa.

Em 1.717, ainda no período Especulativo é inaugurado o primeiro sistema Obediencial com a fundação da Primeira Grande Loja em Londres, aparecendo então a partir daí a Moderna Maçonaria.
Assim Maçonaria Especulativa na história acadêmica não significa indistintamente Maçonaria Moderna, entretanto ela – a Moderna - é Especulativa por excelência.

Esse comentário se faz porque na abordagem do tema relativo às posições assumidas pelo Esquadro e pelo Compasso, faz-se referência também ao Grau de Mestre.

Para ilustrar a pretensa “antiguidade” do símbolo, destaca-se que o Mestre como Grau somente apareceria na Inglaterra entre os anos de 1.723 e 1.724, ou seja, na Moderna Maçonaria. O Mestre Operativo não era Grau, já que à época existiam apenas duas classes de trabalhadores.

Ainda podemos relembrar que são 5 (cinco) os elementos do traçado e do controle do Grau de Aprendiz ao Grau de Companheiro: 1- A Régua de 24 polegadas, 2- O Fio de Prumo, 3- O Nível, 4- O Esquadro e 5 - O Compasso.

Sem régua nenhuma ordem e nenhuma estrutura são possíveis. 

As 24 polegadas significam o dever de viver em harmonia com as 24 divisões do ciclo solar quotidiano e, desta forma, possibilitar a integração nos ritmos da grande ordem cósmica. A régua é o símbolo das medidas e precisões indispensáveis a toda a forma de construção. A régua graduada lembra a cada um a fuga do tempo e a imperiosa necessidade de um criterioso emprego de todas as horas, de modo a assegurar a conclusão da obra empreendida.

O fio de prumo é o símbolo da pesquisa em profundidade, da verdade, do equilíbrio. Simboliza o trabalho no canteiro pela força em potência que ele possui na sua extremidade orientada para a terra. O equilíbrio mostrado pelo fio de prumo traça a direção a seguir, a retidão e a profundidade que reside em nós. Significa que o Maçom deve possuir retidão de julgamento. O fio faz a ligação entre o céu e a terra, ele une simbolicamente o alto e o baixo, o zênite e o nadir. Colocado na mesa do Segundo Vigilante, indica a marcha do trabalho a seguir, a introspecção e a descida em si necessárias para corrigir.

O nível assegura a horizontalidade, sendo um instrumento de precisão para a procura da estabilidade e o equilíbrio. Estabelece que dois pontos de uma mesma superfície se encontram à mesma altura, o que significa que a verificação da horizontal se opera graças à vertical. A linha vertical representa o princípio ativo e a linha horizontal o princípio passivo. Permite-nos encontrar a medida do quotidiano, o justo equilíbrio, a união perfeita da vertical e da horizontal. Indica-nos o dever espiritual de elevação e de benevolente compaixão para com o próximo.Para alguns autores, como Ragon, simboliza a igualdade social, base do direito natural. O nível é atributo do Primeiro Vigilante. Quando o Aprendiz se torna Companheiro, diz-se que passou da perpendicular ao nível.

No simbolismo cosmológico o esquadro é considerado como designado a terra, o espaço terrestre e, mais globalmente, a materialidade. O esquadro permite delimitar o espaço terrestre, dividindo-o em 4 regiões segundo as 4 direções do espaço. É formado por dois ramos em ângulo reto, surgindo como a reunião da vertical com a horizontal. Simboliza a estabilidade no esforço e o rigor, bem como a retidão na ação. Representa a substância e é o instrumento que harmoniza os contrários, sendo também definido como símbolo da equidade, da retidão e de equilíbrio.O esquadro do Venerável corresponde à união ou síntese do nível e da perpendicular, atributos respectivos dos dois Vigilantes.

No grau de Aprendiz, o esquadro está colocado sobre o compasso porque “a matéria domina ainda o espírito”.

No grau de Companheiro o esquadro e o compasso estão entrecruzados porque “o espírito e a matéria se equilibram”, e...

No grau de Mestre o esquadro é colocado debaixo do compasso porque “o espírito prevalece”.

A abertura do compasso varia consoante os graus: 30º no grau de Aprendiz, 45º no grau de Companheiro e 60º no grau de Mestre.

O compasso é um instrumento de medida, de comparação, de traçado e de relação das proporções. Simboliza o dinamismo construtor do pensamento, ou seja, a sua liberdade criadora, mas também a capacidade de invenção, de concepção e de realização do espírito. O compasso está associado ao círculo, ao céu e ao espírito, enquanto o esquadro está associado ao quadrado, à terra, à matéria.

Fonte: JB News – Informativo nr. 1.538 Florianópolis (SC) – domingo, 30 de novembro de 2014.

Um comentário:

  1. que Maravilha maçonaria é a perfeição como o supremo arquiteto do universo

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