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quinta-feira, 28 de abril de 2016

EGRÉGORA

EGRÉGORA
(do grego egregorein / erregorot) velar / velador – aquele que vela por outrem

Esta palavra não é encontrada na totalidade dos dicionários da língua portuguesa. Apenas no dicionário LAROUSSE, edição de dez volumes, em francês, aparece o verbete, explicado em cinco insignificantes linhas, sem mais esclarecimentos, referindo-se a um grupo de anjos que juraram velar sobre o Monte de Hermon até pudessem possuir as filhas dos homens, lenda relatada no Livro de Enoch (apócrifo do Século II A.C.).

Pesquisas feitas em torno do assunto, revelaram a existência de três livros de Enoch. A versão Greco-Etíope não menciona a palavra em seu texto. A versão em eslavo antigo nada acrescenta, apenas adapta a palavra grega para o eslavo: egrigori. O Livro de Enoch em hebreu ou judeu – moderno menos ainda se preocupa em explicar ou atribuir um significado aceitável ao conceito “Egregoros”.

Em nenhuma outra obra arcaica conhecida há qualquer outra referência à expressão, o que nos leva a crer que EGRÉGORA é um mero neologismo decorrente da pressa dos autores antigos, que simplesmente transcreveram uma expressão arcaica, atribuindo-lhe, apressadamente, uma origem bíblica.


Certos estavam os cultores da língua em não aceitarem essa pretendida origem, ignorando-a ao elaborarem os seus dicionários. Dessa maneira, a palavra EGRÉGORA, rejeitada pelos acadêmicos, que não a reconhecem, desprezada pela igreja, por estar incluída em textos apócrifos e repudiada pelos mais competentes pesquisadores, não seria mais do que uma cogitação, um termo indefinível, uma impossibilidade... Entretanto, a Egrégora existe!

ESTANISLAS GUAÏTA, homem do século 19, fundador da ORDEM CABALISTA DA ROSA CRUZ em 1888, registrou a idéia de que a Egrégora seria uma entidade oculta, um ente coletivo, uma espécie de força proveniente da aura de um grupo ou de uma coletividade humana, surgida de uma reunião cuja finalidade seria produzir fenômenos de ocultismo.

Esta definição implica em uma incursão pelos domínios do mistério e da magia. Talvez estes sejam os terrenos onde passamos buscar o entendimento do conceito.

Antes de tudo, é necessário partir do postulado da existência da Egrégora e dar como aceitável a definição de GUAÏTA.

Daí tentaremos explicar o inexplicável, mostrar o invisível, qualificar o intemporal.

A Egrégora é inexplicável!

Acreditemos que toda a manifestação do pensamento de um indivíduo tem a possibilidade de ser percebida por outro.

A respeito de fé, na Maçonaria, JACQUES CURCHOD escreveu: ”Já que o pensamento é uma ação, dele resulta uma reação que será o produto ou o resultado provocado pelo pensamento”. Se um grupo de pessoas estiver predisposto a aceitar certa idéia, isso ocorrerá. Se esse grupo sentir que, pensando em uníssono, alguma coisa se modifica, algo de diferente acontece no ambiente, estará ocorrendo uma forma de Egrégora.

A Egrégora é invisível

Os sentimentos também o são, entretanto, são percebidos pelas pessoas às quais estão dirigidos. No caso da Egrégora, ela é o produto de uma operação espontânea: uma matriz de pensamento repetida por cada indivíduo, lançada em uma direção definida e multiplicada pela concentração dos seus próximos, em busca de um objetivo comum.

A Egrégora é intemporal

A Egrégora é um produto do pensamento. O pensamento é intemporal. O tempo não lhe opõe limitações, pelo contrário, apenas contribui para ampliar a sua intensidade, aumentando o seu vigor.

É quase impossível perceber a Egrégora na sua fase existencial pura. Entretanto, os fenômenos dela decorrentes são tangíveis e visíveis a todos, podendo ser benéficos ou maléficos.

Como a maioria dos fenômenos naturais ou sobrenaturais, a Egrégora segue a teoria dos contrários: branco/preto; amor/ódio. Por isso, pode a Egrégora ser de dois gêneros: um de aspecto quantitativamente positivo e outro, negativo.

Necessário é que observemos, ainda que com pesar, que os fenômenos resultantes do gênero “positivo” apresentam-se normalmente cercados de muita discrição – vide as boas ações – os criados pelo gênero negativo são, muito freqüentemente, espetaculares e dramáticos.

Fica muito difícil referirmo-nos a exemplos precisos no mundo que nos cerca, nas submetemos à sagacidade do leitor alguns exemplos, suscetíveis de poderem fazer crer em uma Egrégora.

- o povo judeu, reunido e conduzido por Moisés, em busca da Terra Prometida;
- o Cristianismo, seu surgimento, seu mártir, sua ascensão, suas guerras;
- os Cavaleiros Templários e sua história;
- os ROSA – CRUZES e seu esoterismo (posteriormente ligados à Maçonaria);
- o nazismo e seus horrores;
- as lutas sangrentas entre povos ou etnias, dos quais a história da humanidade está cheia;
- as revoluções e guerras, passadas e presentes;
- mais contemporâneas, tragédias ocorridas em estádios de futebol, onde a fúria de multidões causou mortos e feridos.

A lista não esgota o assunto. Os elementos que possam permitir a detecção da existência da Egrégora são extremamente subjetivos.

Pode-se, entretanto, estabelecer um axioma: liberar pensamentos onde o contexto equivale a um julgamento sobre eventos de uma certa amplitude e suscetíveis de criar uma explosão de sentimentos, poderá aumentar uma Egrégora.

Muito salutar será que se evite qualquer julgamento precoce, baseado em impulso provocado por leitura ou por recebimento de informação incompleta.

Tal julgamento será necessariamente parcial.

Os princípios da Maçonaria constituem um auxílio para que se evite o surgimento de sentimentos impulsivos, pois preconizam, antes de tudo, a reflexão, antes de um julgamento importante.

A EGRÉGORA E A MAÇONARIA

“...cada loja, cada Obediência tem a sua Egrégora e a reunião dessas egrégoras forma a Egrégora Maçônica”. Com esta definição, JULES BOUCHER seguido por muitos outros, aceitam o postulado da existência de uma Egrégora criada pelos Maçons em suas reuniões e assembléias.

Apesar disso, é necessário reconhecer uma diferença essencial entre as Egrégoras espontâneas, incontroladas e as refletidas, voluntárias, das quais fazem parte as Egrégoras maçônicas.

Esta segunda categoria tem a particularidade de que os membros envolvidos estão conscientes de que participam da formação ou da evolução de uma Egrégora, eis que este é o seu objetivo.

Naturalmente, da mesma maneira que as espontâneas, as Egrégoras voluntárias podem ser definidas como positivas ou negativas, dependendo do sentimento que move o grupo que a gerou: o AMOR, para as positivas e o ÓDIO, para as negativas.

Mas, faz-se necessário respeitar certas condições para que ocorra o desenvolvimento e a evolução de uma Egrégora Maçônica.

Para tentar ilustrar esse fenômeno, tomaremos como exemplo uma Sessão de Iniciação, realizada em uma Loja qualquer, em qualquer parte do mundo:

Feliz, o Ir.´. se prepara.

Desde o café da manhã, busca impregnar-se de bons pensamentos, evocando os eventos de sua própria iniciação ou a de outros IIr.´., das quais tenha participado.

Ao longo do dia, seus pensamentos, de quando em vez, são conduzidos aos possíveis acontecimentos do importante evento maçônico.

De outras sessões, rememora cargas positivas de força espiritual, criando uma aura que aumenta à medida que o tempo passa, na expectativa do reencontro com outros IIr.´.

Na reunião da Sala dos PP.´. PP.´., cada Ir.´. comenta os acontecimentos do dia, trocam impressões sobre os recipiendários ou evocam as próprias iniciações – ocorridas há tanto tempo – e ainda, as experiências adquiridas.

Todos, de uma maneira ou outra, participam dessa entidade que busca seu equilíbrio apoiando-se sobre os pilares dos pensamentos emitidos por cada Ir\, até que chega o momento em que o M.´. CCer.´. os convida a se paramentarem, despojarem-se de metais, colocarem seus aventais, assim a fronteira entre o espírito e o corpo.

A entrada no Templo é anunciada. Impera o silêncio.

A concentração aumenta.

A coletividade fraterna abre-se amplamente às coisas do espírito.

Todos se concentram.

Forma-se o cortejo e entra-se no Templo.

Chega o momento mais importante: a Abertura dos Trabalhos.

O Venerável-Mestre dá o golpe de malhete. Inicia a sessão.

A Egrégora atinge seu apogeu, irradiando-se por todo o recinto, todos participando em comunhão.

Durante a sessão, a Egrégora evolui de acordo com a direção que dá o Venerável-mestre aos debates.

Durante estes, a Egrégora pode atingir tal intensidade, a ponto de se tornar palpável, marcando profundamente as pessoas.

Como o anúncio do fim dos trabalhos, a Sessão e a Egrégora sofrem uma interrupção provisória, até a próxima sessão, quando todo o processo volta a se repetir.

Impregnado, marcado, cada Ir.´. deixa o Templo levando consigo lembranças que servirão de escudo contra as adversidades do mundo profano.

Assim seria, se tudo corresse perfeitamente bem.

Lamentavelmente, isso não acontece sempre. Uma sessão e sua Egrégora podem ser prejudicadas por atitudes de certos IIr.´.

Com efeito, para que seja atingida a harmonia indispensável durante a Sessão e para que ocorra uma evolução benéfica da Egrégora, os três planos – físico, intelectual e espiritual – devem estar em perfeito equilíbrio.

Até o modo de vestir – de maneira mais berrante – de um Ir.´., pode prejudicar a Assembléia.

Atitudes ou gestos inconvenientes de um dos partícipes, podem prejudicar consideravelmente o seu desenvolvimento.

Este lado físico e visível das situações negativas pode – e deve – ser enfrentado e evitado pela ação pronta do Mestre de Cerimônias.

Mas, o perigo maior está em serem o intelecto e o espírito afetados, pois os danos – muito mais graves – serão pouco visíveis.

Talvez o fator negativo que mais afete intelectual e espiritualmente a harmonia dos trabalhos, seja a indiferença.

O ressentimento, a cólera, o ódio, são todos suscetíveis de serem modificados, transformados, trocados por ações que visem o restabelecimento do amor fraternal, característica primeira dos IIr.´. Maçons.

Ao contrário, a indiferença é um verdadeiro “buraco negro”, que aniquila os esforços, absorve os sentimentos, provocando um vazio insondável que traga os pedaços de uma Sessão fracassada, porque a indiferença de pensamento equivale ao nada absoluto.

A preparação anterior à Sessão é primordial. Paramentar-se, vestir-se, preocupar-se com a aparência física, é bom e necessário.

Mas, o essencial é que se consagre tempo e forças para abrir, despertar, aguçar o espírito, prepará-lo para o encontro com os demais IIr.´., permitindo oferecer e receber – enfim compartilhar – o alimento intelectual e espiritual preparado para a Sessão.

Dentre tudo o que foi dito, entretanto, o mais importante, o fundamental, é que ocorra a ABERTURA DO CORAÇÃO, fazendo-nos crer no AMOR FRATERNAL, na MAÇONARIA e na sua EGRÉGORA.

Essa EGRÉGORA, pelo amor que gera e a fortifica, poderá ser o instrumento de salvação do Mundo.

Um T.´.F.´.A.´.
Ir\ Ricardo Nascimento - M\M\
Loja Jacques de Molay
Loja Mestre Benjamin Franklin
http//jdmolay.vilabol.uol.com.br
http//mestre-benjamin-franklion.vilabol.uol.com.br
Porto Alegre – RS
Rito de York - Gorgs

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