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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

DIFERENCIAÇÃO ENTRE "A SALA DOS PASSOS PERDIDOS", O "ÁTRIO" E O "TEMPLO"

DIFERENCIAÇÃO ENTRE "A SALA DOS PASSOS PERDIDOS", O "ÁTRIO" E O "TEMPLO"
Ir∴ Paulo Roberto

Quem conhece um Templo Maçônico sabe muito perfeitamente que este é constituído por três partes físicas, ou seja, “A Sala dos Passos Perdidos”, “O Átrio” e o próprio “Templo”, onde se realizam os diversos cerimoniais que diferem entre si, através dos Ritos e Graus trabalhados por cada Loja e Obediência Maçônica.

Conquanto, ainda, esta necessidade não encontre um percentual de 100 % (unanimidade), talvez por uma deficiência de construção ou por falta de recursos financeiros, uma grande parte dos Templos Maçônicos ainda suprime o Átrio. Ao mencionarmos a palavra Templo, temos que nos lembrar da construção em si, quando o Templo no real sentido da palavra, deve ser o local onde se desenvolve, liturgicamente, o Ritual. É a Oficina da Loja. É o local de trabalho – o verdadeiro desbastar da irracionalidade que cada ser possui.

O trabalho é totalmente constituído por atos simbólicos, embora, todos os presentes, se encontrem cingidos com o Avental de seus respectivos Ritos e Graus. O Avental geralmente se apresenta em quatro modalidades: o do Aprendiz, o do Companheiro, o do Mestre e o do Venerável Mestre, sendo que este origina um outro tipo de indumentária, a de Mestre Instalado. Cada qual, possuindo seus próprios caracteres e diferenciados matizes de cores.

Convém observar que infelizmente nem todo Templo Maçônico, tal como já foi citado, possui Átrio, o que muito dificulta o desenrolar das atividades consideradas de cunho esotérico. Mas mesmo assim, falaremos um pouco sobre esse espaço físico tão importante para o desenvolvimento das atividades maçônicas. Enfim, Átrio ou Vestíbulo é a antecâmara que dá acesso ao Templo, onde, segundo alguns autores maçônicos, deveriam estar colocadas as duas principais Colunas, denominadas por esses escritores como “Colunas de Salomão”, com a nomenclatura simplificada de “J” e “B”.

Observemos que talvez exista em nosso país algum Templo que possua em seu Átrio essas Colunas; porém, sabemos ser difícil, uma vez que, as Colunas, de uma forma genérica estão colocadas, na parte interna do referido Templo, em paralelismo com o Trono do 1º Vigilante, isso se referindo ao Rito Escocês Antigo e Aceito – R∴E∴A∴A∴, que é o mais difundido em nosso território. Erroneamente, é lembrado por alguns, que o Átrio é a área em forma de quadrilongo existente entre as citadas Colunas e a Porta de Entrada e Saída do respectivo Templo, chegando até, algumas Lojas, a colocarem três tipos de cortinados visando uma completa separação desses espaços.

Se dissermos que nossos Templos tentam ser uma cópia fiel do Grande Templo de Salomão, pode ser um grande exagero; apenas, a Maçonaria procura construir os seus espaços, à “semelhança”, da obra imortalizada pelo inigualável monarca, contudo suprindo-o de símbolos modernizados para que sejam interpretados em consonância com a prática da atual filosofia Maçônica. Tudo o que faz recordar a liturgia empreendida pelos hebreus, foi suprimido e isto é perfeitamente compreensível, porque outra é a liturgia e a finalidade da Maçonaria.

Simplificando, sabemos que uma Loja geralmente é composta por dois salões e uma sala intermediária, sem haver um critério pré-estabelecido, ficando a construção ao capricho de cada administração condicionado ao poder econômico vigente da Oficina.

Inicialmente, temos a Sala dos Passos Perdidos, onde a Irmandade se reúne, sem qualquer tipo de preocupação. Chega, cumprimenta a todos, reata as conversações anteriormente interrompidas, dá conta dos acontecimentos da semana, toma cafezinho, brinca, trata de negócios, o Irmão Tesoureiro faz as devidas cobranças, é assinado o Livro de Presença, enfim, em muito lembra, uma reunião tipicamente social. Aos poucos, no ambiente agradável de verdadeira amizade, o Mestre de Cerimônias distribui paramentos e joias, e começa a preparação para o Cortejo de ingresso ao Templo. As Lojas geralmente reúnem-se semanalmente, obedecendo assim, de forma embora simbólica, a fase lunar, pois de sete em sete dias, nosso satélite natural muda de aspecto e posição.

Não existe possibilidade de se obedecer fielmente a essas fases, porque, as Lojas se reúnem em conformidade com as condições impostas pelos vários interesses de cada um de seus Membros, ou nas cidades maiores, para que mais de uma Loja possa se reunir em dia preestabelecido. Nas capitais, onde, geralmente, cinco ou mais Oficinas se reúnem dando origem às Fundações que as congregam, os horários deverão ser bem estudados para dar oportunidade a que todas possam encetar seus trabalhos, ora à noite, ou à tarde e às vezes, nos dias de Domingo pelo período matutino. No interior dos Estados, nas cidades menores, onde apenas existe uma Loja, os trabalhos por ela executados deveriam obedecer rigorosamente às distintas fases lunares que compreendem: Lua Nova, Quarto Crescente, Lua Cheia e Quarto Minguante.

Indubitavelmente, os dias de reunião não seriam fixos, mas móveis o que não causaria nenhum tipo de transtorno, pois haveria a confecção de um calendário para orientar os Membros do Quadro. Mas...

O efeito produzido pela fase lunar é de todos conhecido; como influencia na agricultura, obviamente essa influência deverá ser sentida no homem e em seus trabalhos, incluindo-se os relativos à Maçonaria. É a parte astronômica da Arte Real, que a observa, sem, contudo cultuá-la, haja vista que ornam os Templos, o Sol e a Lua. Infelizmente não sendo o objetivo de nossa compilação nos deter nesta matéria, apenas sugerimos aos que porventura se interessarem pelo assunto em pauta que até procurem informar-se a respeito.

Retornando, frisamos que a Sala dos Passos Perdidos apresenta caracteres próprios, de molde a que, um profano verifique tratar-se de uma sala “diferenciada” dos ambientes tidos como comuns, encontrados nos lugares públicos. Nas paredes, quadros alegóricos; estátuas, avisos, retratos de personalidades, quer maçônicas quer históricas, de filósofos, ou heróis, galeria de Ex-Veneráveis, enfim, uma antessala profusamente ornamentada; mesas, cadeiras, poltronas, para emprestar à mesma um aspecto acolhedor; cortinados, lustres, tapetes com a finalidade de enriquecê-la. Assim sendo, é formado um ambiente adequado e que conduza a um “bem estar”, um refúgio onde verdadeiros amigos deverão se abraçar.

Uma vez que todos estejam devidamente aparamentados ou revestidos com as suas insígnias, são convidados pelo Mestre de Cerimônias, para ingressarem no Átrio. Este ingresso deve acontecer de forma silenciosa; cessam as conversas, os comentários; cada qual se coloca em seu respectivo lugar, sendo que os Aprendizes Maçons deverão estar nas proximidades da Entrada do Templo e os mais “graduados”, perto da porta de entrada do recinto.

Faz-se silêncio completo. Convindo a luz ser amenizada. Surge “ao longe”, um hino, uma melodia. O Mestre de Cerimônias faz uma rápida preleção, para conduzir o pensamento de todos ao fim colimado. É a preparação para o ingresso no Templo!

Nesse momento cabe uma observação: o Irmão não somente ingressará no Templo da sua Loja, conduzido pelos seus próprios passos, como “ingressará”, no seu “Templo Interior”, no verdadeiro “Templo de Dentro”, o do seu espírito, o da sua alma, o do seu “Infinito”. Pois, sendo o verdadeiro objetivo da Maçonaria, fazer com que o “homem se descubra”, o seu primeiro passo deverá ser o de “ingressar” em si mesmo, para o derradeiro encontro entre o “ego” e o “Eu”. É a parte considerada esotérica e mística, que acontece, justamente dentro do ambiente do Átrio; daí a grande relevância desse momento.

Se a Sala dos Passos Perdidos tem tudo a ver com o “Consciente”, ainda um tanto ocupado pelos problemas apresentados pelo mundo profano, ou seja, “de fora”, o Átrio deverá representar o “Subconsciente”, ocupado, apenas, pelos problemas de “dentro”, na preparação para o encontro com o “hiperconsciente”, ou seja, o “Espírito”. Esta conscientização de colocação dentro do Átrio deve ser despertada pelo Venerável Mestre que deverá determinar ao seu Orador que instrua a todos, para a viabilidade de poder o Quadro, ingressar no Templo, devidamente preparado. Ninguém em Loja poderá assumir qualquer trabalho sem uma prévia preparação; esta até poderá ser rápida ou... demandar um longo período de aprendizado, dependendo do interesse de cada um.

Sabe-se que um profissional no exercício da medicina, além de cursar as bases de sua preparação intelectual, após alfabetizar-se, gradativamente, deverá assumir novos esforços até ingressar na Universidade e graduar-se; preparado para a profissão que tão bem escolheu, poderá desempenhá-la a contento. De idêntica maneira é o conhecimento maçônico; primeiramente como Aprendiz Maçom, e assim sucessivamente até alcançar o Mestrado; estará nos preparatórios até que se lhe dê a oportunidade de ingressar nos Graus ditos Filosóficos. Depois de uma paciente e longa escalada, deverá atingir o conhecimento pleno e só assim, poderá “compreender” o que hoje lhe são conhecidas como “meias-palavras”, e mistérios. No fundo, inexiste o segredo propriamente dito; o que há é a falta de capacidade para entender a Filosofia Maçônica no seu todo, talvez por isso convenha considerarmo-nos como “Eternos Aprendizes”.

O Mestre de Cerimônias quando prepara o ingresso no Templo, o deve executar como se estivesse dirigindo uma prece; cada Irmão passa do estado consciente, através da meditação, a fazer parte de um todo homogêneo, marchando silencioso, ingressando no Templo, atravessando as Colunas e penetrando em um Mundo Novo, místico, simbólico, onde deverá encontrar-se a “si mesmo” e achar de forma real o seu “verdadeiro Irmão”, que se desnuda totalmente e se revela com o amor fraternal que açambarca a todo grupo, qual Cadeia cujos elos se fundem em uma única simbologia. Assim preparados, existe possibilidade de compreender o Ritual e o seu digno desenvolvimento; o homem receberá a “carga positiva”, a “Egrégora”, que deverá sustentá-lo por mais sete dias, tornando-o um “vencedor” nas suas atividades profanas e na sua “missão” social.

Enfim, ao adentrar no Templo, o Maçom ingressará no “Sanctus Sanctorum” (O “Santo dos Santos”) de seu próprio Templo onde deverá encontrar o “Espírito” a quem denomina e respeita – o “Grande Arquiteto do Universo”.

A importância cabida ao Átrio exsurge do relato bíblico; vemos no Livro do Êxodo 27-9:19, que diz: 

“Farás também o Átrio do Tabernáculo; para um lado, isto é, para o lado meridional que olha para o sul o Átrio terá cortinas de linho fino retorcido de cem cúbitos (0,5 m) de comprimento; as suas Colunas serão vinte, todas feitas de cobre; os ganchos das Colunas e as vergas (ficam na parte de cima de toda porta, janela ou qualquer outra abertura) serão de prata.

Igualmente para o lado do norte ao comprido haverá cortinas de cem cúbicos de comprimento, serão vinte as suas Colunas, e vinte as suas bases, todas feitas de cobre; os ganchos das Colunas e as vergas serão de prata. Para a largura do Átrio ao lado do ocidente haverá cortinas de cinquenta cúbitos, as Colunas serão dez e as suas bases dez.

A largura do Átrio ao lado oriental que olha para o nascente será de cinquenta cúbitos.

As cortinas para um lado da entrada serão de quinze cúbitos; as suas Colunas serão três e as suas bases três. Para a entrada do Átrio haverá um anteparo de vinte cúbitos, de estofo azul, púrpura, escarlate e linho fino retorcido, obra de bordador; as suas Colunas serão quatro e as suas bases quatro. Todas as Colunas ao redor do Átrio terão vergas de prata; os seus ganchos serão de prata, e as suas bases de cobre.

Todos os utensílios do Tabernáculo em todo o seu serviço, e todos os seus pregos e todos os pregos do Átrio, serão de cobre.”.

Nesse Átrio, havia, portanto, aproximadamente, cinquenta metros por vinte e cinco, compreendendo uma sala com uma área útil de mil duzentos e cinquenta metros quadrados! O número de Colunas era de cinquenta e quatro, assim distribuídas: lateralmente na parte longitudinal, vinte de cada lado; na parte do poente que era a entrada para o Templo apenas, quatro Colunas, pois devia ser reservado espaço para a porta de entrada. Na parte do nascente, dez Colunas.

A sala tinha cinco metros de altura, e não são dadas as medidas das bases e das Colunas.

É por isso que damos bastante importância ao Átrio; se houve de parte de Jeová, tanta preocupação e detalhes, significava que no Átrio deveria processar-se cerimonial adequado à preparação para o ingresso no Tabernáculo.

O que chama muita atenção é que no Átrio não havia nada que fosse confeccionado em ouro. Simplicidade requerida por “Elevados Princípios?”

Ir.'. Paulo Roberto -
M.'. I.'. da Loja Pitágoras nr. 15
Grande Secretário Adjunto Guarda-Selos da GLSC 
prp.ephraim58@terra.com.br


Fonte: JB News – Informativo nr. 2.072

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