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quinta-feira, 17 de setembro de 2020

TOPO DA COLUNA DO NORTE

TOPO DA COLUNA DO NORTE 
(republicaçào)

Em 08/03/2016 o Respeitável Irmão Roberto Ney Lusvarghi, Primeiro Vigilante da Loja Luz e Progresso, 189, REAA, GLMMG, Oriente de Araxá, Estado de Minas Gerais, faz o seguinte pedido:
rnlusvarghi@gmail.com 


Eu gostaria de apresentar um trabalho sobre o porquê que o neófito é convidado a tomar assento no ''Topo da Coluna do Norte''. Para nós, o tema é obscuro e com diversas interpretações, porém, lendo sua Peça de Arquitetura no Informativo JB News no 372, encontrei algumas explicações muito interessantes e resolvi escrever para o Irmão estudioso. Irmão Pedro, eu gostaria de conseguir visualizar melhor a geometria do templo como você descreve, para entendê-la. Seria possível você fazer um esboço? Teria o Irmão literatura sobre o riquíssimo tema para recomendar-nos? 

CONSIDERAÇÕES:

Uma das primeiras providências que o estudante de maçonaria deve tomar ao se enveredar pelo campo da pesquisa acadêmica é se desvencilhar do conceito anacrônico de que a Sala da Loja, ou Templo Maçônico é cópia estereotipada ou mesmo um arquétipo do Templo de Jerusalém - para alguns, o de Salomão. 

A segunda providência imprescindível é não ficar imaginando que no mundo inteiro um Templo do Rito Escocês Antigo e Aceito é componente único da Maçonaria Universal. Ledo engano. Explico: as decorações, costumes culturais, vertentes maçônicas (inglesa e francesa), aspectos doutrinários, etc., relacionados ao Templo fazem com que a elaboração do espaço como um todo, sofra distinções que podem ser gritantes e outras até mesmos sutis entre os Ritos e Trabalhos maçônicos. 

Isso implica em não se adotar a ideia de que tudo igual na Sublime Instituição. 

Dados esses iniciais comentários, o que será aqui tratado, ainda que de modo superficial, será relativo apenas ao simbolismo do Rito Escocês Antigo e Aceito que, como filho espiritual da França, portanto de concepção deísta, o mesmo também possui no seu relicário cultural e doutrinário inegável influência da vertente anglo-saxônica maçônica (teísta) – essa história pode ser comprovada em fonte de pesquisa fidedigna junto ao Grande Oriente da França in Origens do Escocesismo e o Primeiro Ritual Simbólico e os vários escritos e fragmentos relacionados ao final do Século XVIII e o primeiro quartel do XIX (1.804). 

Desse modo, longe de se comprar a ideia de que o Templo do Rito Escocês é modelo do Templo de Jerusalém, o recinto da Loja nada mais é do que a reprodução em forma de um quadrilongo representado por um segmento do mundo em que vivemos e localizado sobre o equador terrestre. 

Esse segmento representativo denominado Loja ou Templo é orientado longitudinalmente do Oriente para o Ocidente cuja linha imaginária central (equador) divide o espaço na sua largura tal qual a Terra o é, em dois hemisférios - o do Norte e o do Sul. 

Assim esse recinto ocupado pela Loja, ou Templo Maçônico, simboliza na verdade uma parcela do solo terrestre limitado por quatro paredes, donde numa delas, a correspondente ao Ocidente, situa-se ao seu centro à porta de entrada, em cujo meio exato passa o equador do Templo. 

Esse quadrilongo segmentar da sala da Loja é alegoricamente assim dividido e orientado: um quadrado para o Oriente, um e meio para o Ocidente e meio quadrado para o Átrio. Conjuminadas essas divisões institui-se o quadrilongo aludido (note que a figura retangular envolve inclusive o Átrio). 

Dadas essas considerações, tome-se o exemplo de alguém que partindo do Átrio, ao ingressar na Loja, vê à sua esquerda um ambiente cujo comprimento consiste desde a parede ocidental (incluída a metade da porta de entrada) até a linha divisória com o Oriente, tendo a sua largura a partir do equador imaginário até a parede Norte. A esse espaço dá-se o nome de Coluna do Norte. 

Da mesma posição de ingresso, porém agora à sua direita, ao mesmo espaço, entretanto com a sua largura que vai do equador até a parede Sul, dá-se o nome de Coluna do Sul. 

Prosseguindo: junto à porta de entrada pelo seu lado externo - no vestíbulo ou átrio - estarão posicionadas as duas Colunas vestibulares; a do lado esquerdo é B∴ e a da direita, J∴. Essas duas Colunas são conhecidas como pilares solsticiais porque marcam a passagem imaginária sobre a Terra, no mesmo sentido do equador, dos Trópicos de Câncer ao Norte e Capricórnio ao Sul. É entre os Trópicos que no sítio espacial, sob o ponto de vista da Terra, vislumbra-se a revolução anual do Sol e onde ocorrem os solstícios e equinócios (pontos astronômicos que marcam as quatro estações do ano sobre os hemisférios terrestres). 

Por tudo o que foi até aqui comentado, não é de se estranhar essas relações astronômicas, já que o REAA∴, por ser de doutrina hermética e deísta na sua origem, menciona o teatro da Natureza relacionando-o com os ciclos de aperfeiçoamento humano. 

Continuando. Ao forro (teto) que cobre todo esse espaço limitado pelas paredes Norte, Sul, Oriental e Ocidental dá-se o nome de Abóbada Celeste que, no Rito mencionado, nada mais é do que a representação do firmamento decorado com astros e estrelas relativos ao ponto de vista a partir do hemisfério Norte da Terra (foi na meia-esfera norte que nasceu a Maçonaria à época dos canteiros medievais). 

Quanto à concepção do termo “topo da coluna” relacionado ao limite do espaço da Loja no que se refere ao Norte, ele nada mais é do que do ponto de vista mais distante daquele que estiver posicionado sobre o equador do Templo no centro do Ocidente e de frente para o Norte, olha para toda a extensão da parede setentrional. Assim, o Topo da Coluna do Norte é toda a parede mencionada com os seguintes limites: do canto com a parede ocidental até a grade (balaústre) do Oriente. É no topo da Coluna do Norte onde se localizam as seis primeiras Colunas Zodiacais - de Áries até Virgem. 

O mesmo ocorre para aquele que se posicionar sobre o equador do Templo, entretanto agora voltado para o Sul. Nesse caso ele vê o Topo da Coluna do Sul, cuja extensão vai da balaustrada do Oriente até o canto com a parede ocidental. No topo da Coluna do Sul é onde se localizam as outras seis Colunas Zodiacais restantes – de Libra, ou Balança até Peixes. 

Em resumo esse é o espaço ocupado pelo Templo no REAA.'.. Na estrutura doutrinária do Rito ele é cósmico e está associado ao movimento aparente anual do Sol e as estações do ano. Sob o ponto de vista autêntico, o Templo é o espaço da Loja onde os obreiros desenvolvem o trabalho de aperfeiçoamento especulativo na Moderna Maçonaria, não obstante reviverem simbolicamente o ofício dos artífices operativos da cantaria da pedra calcária no período medieval da História da Arte Real. 

Ao Templo, ou Loja dá-se o nome de Oficina. No caso da Maçonaria, o substantivo Templo nada tem a ver com espaço religioso. Seguem anexas outras peças de arquitetura de minha lauda que podem auxiliá-lo a compreender o tema. 

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com 
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.186 – Florianópolis (SC) – segunda-feira, 26 de setembro de 2016

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