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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

EX-VENERÁVEL DONO DA LOJA

EX-VENERÁVEL DONO DA LOJA
Autor: Hercule Spoladore
Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”- Londrina–PR.

É uma situação que ocorre com frequência na Maçonaria brasileira e quiçá na mundial. O que vem a ser esta situação?

Simplesmente, conforme o titulo do trabalho já sugere, é um Irmão que exerceu sua gestão como venerável de uma loja e que seu desempenho pode ter sido muito bom ou  muito mau, mas seu mandato se esgotou, e ele esquecendo que já passou o seu momento como principal gestor da loja e que deveria ficar quieto no seu canto, insiste em se intrometer nos trabalhos da nova liderança que democraticamente surgiu na sua loja através do voto.

Apegado ao poder, chega aos limites da hipocrisia que como se sabe é o ato de fingir qualidades, ideias ou sentimentos que em realidade ele não teme isso às vezes se torna uma verdade para ele ainda que falsa, um verdadeiro sofisma, e ele acreditando ser o que sabe tudo, que sabe mais que os outros, em fim é o dono da verdade.


Ele não sabe se conter, não consegue ficar sem dar palpites, ou dar ordens ao novo venerável, ou criticar o novo líder, não somando as suas forças com as da nova gestão, pelo contrário, atrapalhando-a. Se o novo venerável não for um líder pragmático, pulso forte, que não saiba se impor, ficará a mercê do antecessor, não podendo exercer a sua gestão a contento como planejou.

Todavia, numa loja democrática, não faltarão Irmãos que com coerência e bom senso,tomarão partido do novo líder e os mais habilidosos, chegam ao ex e com muito jeito, com parcimônia tentam faze-lo compreender a nova situação, o que às vezes não conseguem havendo até em certos casos uma cisão na loja. Muitas novas lojas foram fundadas por ex-veneráveis que não souberam respeitar a nova liderança. Este é um fato inconteste.

Este apego ao poder é algo que o ex-veneráveis às vezes não pode se controlar, porque ele não estava preparado quando exerceu seu mandato para um dia deixa-lo. Como só acontece nos regimes democráticos e uma loja maçônica não tem dono justamente por ser uma democracia. Ele se achou venerável, e não entendeu que apenas estava venerável. Acha que continua venerável.

Este tema abre um leque mais profundo em relação a analise do poder nas lojas e como ele é manipulado.

Este tipo de dono da loja não é o pior entrave para uma loja. O pior ex-venerável é aquele tipo de irmão matreiro, político, de fala mansa,que sorri para todo mundo, abraça a todos três vezes e que se derrete em falsos elogios aos Irmãos do quadro e procede assim porque é uma das suas estratégias para se manter no poder eternamente. Ele se vale de bonecos ou títeres para cobrir uma gestão que por imposições das constituições das potências ele não pode se reeleger mais de uma ou duas vezes.Em seguida ele volta gloriosamente na próxima. Mas durante a gestão de seu preposto, quem dirigirá a loja de fato, será ele. Não de direito, mas de fato.Ele tomará todas as decisões e o venerável de plantão cumprirá rigorosamente o que o seu chefe determinar.  Geralmente ele tem o seu grupo, formado por comparsas que são coniventes que antecipadamente já decidiu quem será o venerável para os próximos seis ou oito anos, mas sempre ele voltando após as gestões de seus substitutos arranjados ou então apenas preferirá ser o chefe por trás, nos bastidores, mandando em tudo e por muito tempo.

No fundo a sede de poder, nada mais que uma auto afirmação, insegurança, incapacidade de ser transparente com seus semelhantes e com o meio em que vive vaidoso mentiroso geralmente tendo uma visão unilateral dos processos de interação entres os Irmãos,tornando sua personalidade a de um verdadeiro psicopata social. Não sabe mais discernir os seus limites. Não tem sentimentos. Chega a ser uma doença um desvio de personalidade, e de comportamento.

Isto não é bazofia ou piada. Isto realmente acontece na Maçonaria brasileira num índice maior do que se pode imaginar, mas não como rotina. Infelizmente esta situação vem ocorrendo e muitos irmãos fingem não vê-la ou senti-la, porque os membros das lojas com exceção de verdadeiros maçons agem passivamente como cordeiros, esquecendo que uma loja aberta em sessão é uma tribuna livre onde ideias são criadas, sonhos são idealizados que podem mover o mundo, um verdadeiro laboratório social que pode mudar tudo para melhor e por isso todos os problemas devem ser discutidos e todos devem participar.

Mas é bom que se frise que a maioria dos ex-veneráveis não se enquadram nesta descrição. Existem ainda muitos bons maçons na Ordem. Felizmente a maioria. São. Irmãos excelentes, preparados, humildes, sabem qual é o seu lugar dentro de uma loja,bons conselheiros, conhecem o peso de uma malhete, porque já o manejaram quando foram veneráveis.  Aprenderam mais ouvir que falar.

A Maçonaria valoriza a Dialética, que é a arte do dialogo, ou a discussão, como força de argumentação permite que se contrariem ideias, que elas sejam discutidas em todos os sentidos e que dessa situação nasça um ideia concreta, inteligente,e perfeita, uma verdadeira síntese de tudo o que foi tratado, desde que venha em favor da Ordem e da humanidade. Ela prega a igualdade e a liberdade de pensamento entre seus adeptos.

Esta situação de dono de loja é uma das causas maiores do afastamento de muitos honrados irmãos da Ordem. Se um irmão, sem medo, com coragem falar em nome da democracia e dos verdadeiros princípios da Ordem, e isto ferir os desígnios destes déspotas, este será marcado, perseguido e descriminado.

Considerando-se que temos cerca de seis ou sete mil lojas no Brasil, imagine-se o numero de Irmãos que agem desta forma, considerando-se que a natureza humana é complexa e estranha, que muitos homens possuem a síndrome do poder em função de seu DNA animalesco onde um quer ser o dominante sobre o outro, ou sobre os outros. Geralmente estas pessoas são inseguras, não são felizes, não estão de bem com a vida e esta forma de querer exercer um suposto poder sobre os outros é sua maneira de tentar equilibrar seus próprios defeitos.

A síndrome do poder também chamado de síndrome do pequeno poder é uma atitude de autoritarismo por parte de um individuo que recebeu um poder e tenta usa-lo de forma absoluta e imperativa sem se preocupar com os problemas dicotomizados que possa vir a ocasionar. A síndrome do pequeno poder pode se tornar uma patologia, quando se torna crônico. Existem aqueles Irmãos que mesmo longe do poder pensam que o possui. Quando a realidade lhe é mostrada, entram em depressão.

Mas a Maçonaria prega justamente o contrário. Ela é democrática. Quando se fala em vencer as paixões significa que o maçom deve fazer prevalecer em seu consciente racional sobre as programações erradas de seu subconsciente, ou seja, sobre a parte ruim que o ser humano tem dentro de si. Segundo São Francisco de Assis, é o “burro” ou a “besta”que o ser humano carrega dentro de sua consciência. Uma das condições mais exigidas pelos princípios maçônicos é justamente você fazer prevalecer seu lado bom, vencendo o seu lado mau.

A condição para um irmão ser venerável em primeiro lugar é que ele tenha merecimentos pessoais e que tenha um conhecimento profundo da ciência maçônica em todos os seus segmentos, tais como história da Ordem, ritualística, simbologia, administração, legislação e justiça sendo tudo isso associado à sua capacidade de liderança.

Evidentemente a Maçonaria terá que renovar seus líderes, para que novas ideias, novos postulados, novos rumos e até novos paradigmas sejam estudados, adotados e postos em ação.

Todavia correrá o famoso risco: VOCÊ QUER CONHECER UM MAÇOM? DÊ-LHE PODER.

Por fim, enfatiza-se que este trabalho foi escrito para uma minoria de Irmãos, que são gananciosos do poder. Ressalve-se aqueles Irmãos ex-veneráveis pessoas intocáveis que não se enquadram neste contexto. Felizmente, a maioria. Estes são os sustentáculos da Ordem.

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