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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

DEUS E A INTELIGÊNCIA

DEUS E A INTELIGÊNCIA
(Desconheço o autor)

Observando as várias instruções inseridas no Ritual de Aprendiz, verificamos que algumas instruções, pelos ensinamentos focalizados, abrangendo princípios filosóficos e teológicos, são de vital importância ao desenvolvimento intelectual do maçom.

Notamos, aprioristicamente, que os assuntos ali abordados, têm como escopo: Deus, inteligência, verdade, moral, liberdade, mistério e obscuridade. Desses, os temas mais evidenciados são, precisamente, Deus e inteligência. Com o primeiro, nós estabelecemos critérios para chegar a uma verdade: Deus; e, através da aceitação de Deus, o que a filosofia denomina Absoluto, nós chegaremos à inteligência, em sua situação mais pura e completa: a Quintessência.

A inteligência, a estudamos dentro do aspecto racional e lógico. O Absoluto, que para nós representa o Grande Arquiteto do Universo, o conhecemos por meio do estudo metafísico e teológico. Em verdade, os dois temas - inteligência e verdade - contêm todos os demais.

Sendo o homem o único animal dotado de razão para compreender e distinguir as coisas, através de sua livre escolha, poder de opção e vontade, a ele coube aquilo que denominamos de inteligência.

Inteligência, etimologicamente, significa ler dentro, entender as coisas por meio de todos os aspectos, intrínsecos e extrínsecos, e através de forças endógenas e exógenas, estabelecendo critérios de dúvida e de certeza.

Sendo racionalidade, sinônimo de lógica, o homem, por intermédio de seu raciocínio, de seu pensar, tem condições de estabelecer conceitos, juízos e, assim, chegar a uma conclusão. O problema da razão, ao ser discutido, associamos, de pronto, ao conceito de liberdade, que somente o homem, principalmente maçom, não pode viver escravizado; pior, ainda, se essa escravidão se refere às paixões e preconceitos, próprios do homem profano.

Não se admite, outrossim, um maçom, ou qualquer ser humano, que, espontaneamente, queira estar privado da liberdade, o mais valioso dom que possuímos. Uma ética maçônica é inconcebível, se aquele que a defende não consegue livrar-se do jugo das paixões. Quem, voluntariamente, abdica de sua liberdade, não está em condições de pertencer à Arte Real, merecendo o repúdio dos demais.

O homem, através de sua razão, compreende e age com acerto, em relação à realidade; raciocina, discursivamente, combinando conceitos e proposições. É, portanto, pela razão, que tem condições de observar a inevitável co-existência dos contrários, distinguindo o bem do mal e o falso do verdadeiro. O conhecimento racional é natural, em oposição ao conhecimento revelado, sendo este último, objeto de fé.

Kant distingue a razão especulativa, ou teórica (razão plural), da razão prática. A primeira, só é essencial o conhecimento de fenômenos, escapando-lhe o conhecimento; ao passo que, aquele conhecimento, vedado à razão especulativa, deve ser admitido com um "a priori" pela razão prática, como conhecimento da essência da liberdade.

Razão e liberdade estão, uma para a outra, em íntima tensão dialética: implicam-se e, também, exigem-se, reciprocamente. Se a liberdade é condição primordial para a realização do ser do homem, é, por outro lado, a razão que ilumina e lhe imprime significado e valor. O homem, tão somente o homem, esse ser racional, tem condições de estabelecer conceitos, juízo e raciocínio e, desse modo, estabelecer critérios aceitos e estabelecidos à existência de uma verdade. Não é sem razão que o Primeiro Vig∴, ao ser indagado, pelo V∴M∴, acerca do que há de comum entre os dois, responde: "A existência de uma verdade". Verdade essa que, para nós maçons, é Deus, o Grande Arquiteto do Universo.

Todos os problemas, ao serem examinados, relativos à origem, à possibilidade, ao alcance, às formas e à essência do conhecimento humano, objetivam, em última instância, o problema da verdade. Isso não só no ato do próprio pensar, quanto no agir, tanto no conhecimento vulgar, como na ciência e na filosofia. Aparece, contudo, como problema preliminar à própria verdade, o problema dos critérios que possam certificar a certeza e a verdade. Daí, então, a inteligência do homem para distinguir o bem do mal, o certo do errado.

Cumpre-nos, pois, antes de mais nada indagar: que é a verdade ? Dentre os conceitos mais simples que conhecemos, é aquele que identifica na relação de conformidade entre um juízo e a situação objetiva, a que o juízo se refere. Quando afirmamos: naquela fazenda há muitos animais, referimo-nos a uma determinada fazenda, à qual relacionamos a existência de muitos animais. Quando a relação enunciada pelo juízo corresponde à relação existente, em situação objetiva, admitimos que o conhecimento é verdadeiro.

A verdade se estabelece, sempre, como relação entre uma enunciação conceitual e uma situação externa à mesma. Este é o conceito material da verdade, pois o seu conteúdo é algo objetivo e independente do próprio pensamento. Por esse motivo, nós o chamamos de conceito transcendente da verdade. Há um outro conceito formal ou imanente que significa, como verdade, a conformidade do pensamento, consigo mesmo. Trata-se, então, do próprio juízo enunciado, em si mesmo, que é coisa diversa da verdade. O juízo pode ter validade lógica e não ser verdadeiro, do ponto de vista material. A validade lógica depende, unicamente, da obediência às leis lógicas do pensamento. Se, por exemplo, afirmamos: "todos os homens que habitam este País, são americanos; ora José reside no País; logo, José é americano". O juízo é, logicamente, verdadeiro, podendo, entretanto, não expressar a verdade, uma vez que José, mesmo residindo naquele País, na realidade, não é americano. Se a verdade consiste na relação entre um juízo e determinado objeto, ou situação objetiva, não há senão uma verdade. Assim, a relação é, ou não é, verdadeira.

A verdade, relativamente aos diversos setores da realidade em que se situam os diferentes objetos, isto é, os objetos reais e os objetos ideais, não significa que haja uma verdade em relação a cada setor. Significa, tão-somente, que a relação é peculiar e própria a um determinado campo de objetos, mas a verdadeira será, sempre, a conformidade do juízo, com a situação objetiva a que ele se aplicar. Do mesmo modo, não se pode falar em graus da verdade. A verdade é sempre absoluta, existe ou não existe. São coisas diversas: a verdade e o conhecimento vago, ou preciso, sobre determinado fato ou situação objetiva.

Não obstante a imprecisão do conhecimento, a relação estabelecida entre o juízo e o objeto, pode ser verdadeira, como pode ser falso o conhecimento, inobstante o rigor e a exatidão dos fatos ou dados recolhidos pelo observador.

O critério, para se concluir pela existência da verdade, é o da evidência. A verdade é algo que se impõe, ou imediatamente ao sujeito, pela intuição, ou que surge ao termo do raciocínio discursivo, isto é, depois da análise e demonstração exaustiva. Afinal, será sempre a evidência, a sua característica fundamental, para que se tenha a certeza de que o juízo em que a verdade se expressa, é verdadeiro.

Para nós, maçons, a verdade primordial é Deus, a quem denominamos de Grande Arquiteto do Universo, como já nos referimos, alhures. Um maçom não fará semelhança alguma de Deus, o Todo Poderoso, com falsos deuses pagãos, personagens da mitologia, como Zeus ou Júpiter e demais figuras greco-romanas, porque fazer-lhes cultos é uma idolatria. O maçom autêntico e verdadeiro, aquele que confia no Deus vivo, não o morto, ou o morto-vivo, jamais será um idólatra.

Outra maneira de entendermos, ou compreendermos a Deus é através da Bíblia, dos Livros Sagrados, onde encontramos vasto manancial de ensinamentos, sobre a origem da vida, as leis, a morte etc. A Bíblia, se não quisermos ser ignorantes e admiti-la como um Livro Sagrado, um livro composto de vários livros, onde a revelação se faz presente, em quase sua totalidade, jamais deixaríamos de admitir que se trata de um livro histórico.

A história não pode ser mentirosa, havendo incerteza ou dúvida, não é história e sim, um engodo, uma falácia. Certeza absoluta, temos de que tudo que é enganoso é quimérico, tem pouca duração e só consegue iludir por tempo muito curto e limitado.

Deus, portanto, é o Ser Supremo em que se alicerçam as mais diferentes religiões e cuja denominação, varia em cada povo, seita ou instituição. A Maçonaria o designa sob o nome de Grande Arquiteto do Universo, o Grande Geômetra, o Altíssimo. Em linguagem bem maçônica, o imortal Pitágoras, assim o definiu: "Deus é a ordem e a harmonia, graças à qual, existe e conserva-se o Universo" Deus é uno, nunca está, como pensam alguns, fora do mundo, senão no próprio mundo, amando-nos, protegendo-nos e livrando-nos da morte eterna, porque Deus é a alma de tudo. Deus é aquele que é: Onisciente, Onipotente e Onipresente. Dizem que Deus é God, Gott, Gut, isto é, um ser bom, bondoso, benévolo - eles têm razão - porque Tu és a essência de toda a bondade.

Dizem os homens, que és o Grande El, Alah, Iluh, que quer dizer: "o Senhor, o Chefe - e proferem uma verdade, porque és o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, porque só Tu mesmo és Deus. A Maçonaria recebe, em suas colunas, homens dotados de muita inteligência, sábios nas suas decisões, porque têm Deus nos seus corações, fonte de infinita bondade e misericórdia, de onde provém todo entendimento e toda inteligência.

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