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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

FRANQUEZA E MODERAÇÃO; HUMILDADE E ACEITAÇÃO

FRANQUEZA E MODERAÇÃO; HUMILDADE E ACEITAÇÃO
Raimundo Corado
Loja: União e Trabalho Mimosense 3170

Nos dias atuais, ao menos até onde minha visão alcança, venho notando uma certa decadência no campo da UNIÃO MAÇÔNICA tanto em Loja quanto fora dela, ainda que em ambientes maçônicos.
Usam-se termos extremamente inadequados com referencia a certos irmãos, que, de certa forma, um dia o aceitamos e juramos ajuda-los naquilo que pudéssemos, sob pena de nos tornarmos desgraçados, pois ao maçom não é dado o direito de desperdiçar uma oportunidade de ser útil.

São fatos como estes e outros, que atualmente estão prestes a mudar o conceito da Ordem, ao menos na prática, arremessando-a, por conta de certo número de seus membros, rumo a uma HIPOCRISIA SEM TAMANHO.

Se não hipocrisia, o que então?


Alega-se que em maçonaria tem-se a obrigação de buscar a verdade e de usar a franqueza, ainda que as verdades doam em quem as ouve. É bem verdade. Porém, onde fica a moderação do homem maçom? Ainda que com profanos, temos que ser moderados. Com nossos irmãos então, dose dobrada. Não temos o direito de levar a verdade pela primeira vez, em forma de punição ou de autoridade sobre ninguém. Ser franco é preciso. Ser moderado é obrigatório.

Será que irá chegar o tempo em que a LENDA HIRÂMICA deverá ser inserida nos rituais de aprendiz? Este será um remédio muito caro para tão pequeno mal. Basta que usemos adequadamente os ensinamentos dos Rituais e Leis.

Será que um maçom tem o direito de tratar a outro na forma em que atualmente presenciamos? Entendo que nem é preciso mencionar termos que estamos careca de ver e ouvir, tanto fora de Loja quanto, em escala menor, dentro delas.

É inconcebível que irmãos vivam, convivam e laborem em uma mesma Oficina, sem que um não dirija a palavra ao outro e vice-versa. Pior ainda é presenciar irmão cumprimentando outro e este virar-lhe as costas como que a repugna-lo.

Onde fica a aplicação da verdade. Pra quê fugir? A escola maçônica, a mais eficiente das escolas, nos ensina que devemos encarar nossos problemas de frente e com sinceridade acima de tudo. Lave a roupa. Ouça, pense, fale e depois saia mais leve.

Será que não existe algo de errado nisso tudo? É a hipocrisia invadindo os Templos por intermédio de irmãos despreparados sequer para viver, quanto mais para ser maçom. Resta ver onde tudo isto começa.

Más, feliz ou infelizmente, isto tem uma origem. O desfecho disto está relacionado à falta de estudo e ensinamento naquele período chamado TEMPO DE ESTUDOS.

Um trabalho aqui, outro ali, e nada de ensinamento à luz do ritual ou melhores fontes de pesquisas que possam de certa forma enriquecer a loja em aprendizado.

Em muitos casos, tudo começa assim: Indica-se determinado profano pura e simplesmente porque é amigo de um daqueles irmãos mais próximos do Venerável, tem bom poder aquisitivo e não se tem noticia de débitos dele na cidade nem responde a processos Judiciais, o que lhe dá a aquisição de certidões negativas. Isto só não basta.

Até ai, ainda que fuja muito aos nossos conceitos, vamos fazer de conta que toleramos e sigamos em frente. Quem já não viu isto em sua Loja? Raras exceções.

Vem então a fase da aprovação do nome. Ai, por estarmos acomodados por demais, nada sabemos ou não nos esforçamos em saber sobre o pretenso candidato. Assim sendo, nada se diz a respeito do profano, pois não se quer correr o risco de ser mal interpretado sobre o assunto, o que ocorre com constância.

Daí, o nome do profano é aprovado e é-lhe enviada uma proposta de admissão.

Em casos assim, no outro dia a proposta retorna já devidamente preenchida, devido quem sabe, a compromissos outros. E tem mais: uma vez aprovado o nome, ainda antes de ser elaborado um processo, já tem profano comprando terno.

A consciência do Venerável deveria de prevalecer neste momento, pois nesta fase do processo é que a Ordem exige dos dirigentes de loja um critério de seleção impecável. Nunca pensar que o bom Venerável é aquele que mais iniciações faz. Uma pena.

Nesta fase o Venerável deverá, quando da distribuição das SINDICANCIAS, escolher Mestres Capacitados e não seus afilhados, dentre os muitos que a Loja possui, sem fazer-lhe nenhum pedido, a não ser que seja para que envide esforços no sentido de trazer o que de melhor a Loja espera dele, afinal, ele, o Sindicante, neste ato irá representar toda a Loja, e, quem sabe, a Ordem. Más ao que sabemos, ainda que a loja conte com Mestres preparados, quando a coisa toma rumos fora da lei, estes não são convocados para tal mister, pois serão escolhidos aqueles que se prestam ao papel de MASSA DE MANOBRA. Faz-se hoje em dia, sindicâncias até mesmo por telefonema.

Atropelam-se todos os parágrafos, letras, incisos e artigos de nossa legislação, em nome do crescimento desordenado por meio de iniciações precoces, abortando-se maçons, visando em muitos casos, simplesmente o valor da JOIA. Procedimentos assim somente servem para empalidecerem os processos de admissão, dando margem a trabalhos como este, que pode, quem sabe, ferir a alguns Veneráveis de loja. A esses peço aqui minhas desculpas. De uma coisa tenhamos certeza: Se não houver, em escala superior, quem dê apoio a aberrações desta natureza, nem omissão no seio da própria Loja que assim procede, certamente a Loja e a Ordem crescerão com qualidade.

O pior nisso tudo é que atualmente SINDICANTE COMPROMETIDO COM A ORDEM é algo que está em extinção, pois os Mestres de hoje, com as devidas exceções, é claro, são frutos de aprendizes e companheiros altamente despreparados, por não receberem ensinamentos sequer de ordem moral, dos seus mestres.

Assim, avolumam-se os erros neste sentido de forma tal, que, quando cometem erros considerados inaceitáveis pela legislação, saem pela tangente sob alegação de que “EU NÃO SABIA”. Esquecem-se que ainda na Câmara das Reflexões, lhe foram apresentados alguns dos DEVERES do homem e conseqüentemente, no transcurso da iniciação, os DEVERES do maçom. Em momento nenhum, a não ser após receber o Ritual, o maçom recém iniciado ouve falar em DIREITOS. No entanto, mesmo não lhe tendo sido apresentado nenhum DIREITO, lhe é dada a oportunidade de desistir do ingresso e ele permanece no propósito de Entrar para a maçonaria.

Porque então, depois que entra, ainda que não cumpra nenhum dos deveres aos quais jurou, cobra todos os DIREITOS que tomou conhecimento após a leitura do ritual?
A franqueza entre irmãos é de fundamental importância, todavia, devemos usa-la de forma moderada,

pois assim estaremos dando margem para que o nosso irmão que está do outro lado possa nos retribuir tal franqueza com humildade e a aceitação.

Assim, comprovado fica que se cumprirmos os nossos deveres, obteremos alguns direitos, pois o direito de ter uma idéia aceitada depende da forma em que a apresentamos ao nosso semelhante. Enfim, se de um lado houver a FRANQUEZA MODERADA e do outro a HUMILDADE e a ACEITAÇÃO, certamente existirá o diálogo sadio e dali nascerá o entendimento que deve imperar em toda a família maçônica.

Oriente de Barreiras, 05 de março de 2003. Era Vulgar.

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