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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

A LINHA DO EQUADOR

A LINHA DO EQUADOR
(republicação)

Questão apresentada pelo Respeitável Irmão Aristides Prado, Loja Dario Veloso, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná.

Caro Irmão Pedro Juk. Ao cumprimentá-lo pelas sábias respostas que muito nos ensina, gostaria de saber o que representa a Linha do Equador na Maçonaria?

CONSIDERAÇÕES:

Em linhas gerais o espaço delimitado para os trabalhos cobertos na Maçonaria, alegoria essa herdada dos canteiros de trabalho operativo medieval compreende em termos especulativos uma relação simbólica de que a Loja representa um segmento retangular de parte da face da terra, sobre a linha do equador, cujo comprimento é de Leste – Oeste e a sua largura Norte – Sul. Nesse sentido as dimensões topográficas do Templo são orientadas pelos quadrantes terrestres em cuja entrada se faz pelo Ocidente.

Nos parâmetros simbólicos da evolução iniciática, normalmente relacionados aos ciclos da Natureza e a sua relação à posição no Sol, o costume maçônico determina esses quadrantes como Oriente, Ocidente, Norte e Sul, ou Meio-Dia.

O equador é uma linha imaginária que tem a função de dividir geograficamente o globo terrestre em duas meias esferas (hemisférios) e assim, na Maçonaria, também representa a divisão da Loja em dois espaços distintos que são rotulados como as Colunas do Norte e do Sul (Meio-Dia).

Da mesma forma que no planeta Terra, na Loja ela é uma linha abstrata, ou imaginária e está situada, partindo do meio da porta de entrada do Templo até o Oriente.

Nesse conjunto emblemático, particularmente no escocesismo, aparecem também as doze Colunas Zodiacais que representam, em primeira análise, os ciclos da Natureza.

Destas, seis se localizam no Topo da Coluna do Norte e as outras seis no Topo da Coluna do Sul. As seis do Norte, em dois grupos de três, partindo do Ocidente até a grade do Oriente, representam as estações da Primavera e do Verão, enquanto que as outras seis, no Sul, partindo da grade do Oriente em direção ao Ocidente, do mesmo modo em grupos de três, representam o Outono e o Inverno.

É importante salientar que essa alegoria da Natureza é entendida simbolicamente sob o ponto de vista do hemisfério Norte (onde nasceu a Maçonaria).

De maneira orientativa para o aprendizado, essas etapas representam o movimento aparente do Sol sob a observação da terra, muito embora se saiba cientificamente que é a terra que se movimenta (translação) em torno do astro rei e a sua inclinação, em relação ao plano de órbita, pelo maior ou menor afastamento do Sol, produzem as estações do ano.

Ainda em relação a esse movimento simbólico na Maçonaria, existem as duas Colunas Vestibulares que, dentre outras, simbolizam, conforme o rito, a passagem dos trópicos de Câncer ao Norte e Capricórnio ao Sul, cuja revolução anual aparente do Sol acontece dentro desse espaço e determina os períodos solsticiais como maior afastamento do equador terrestre e os equinociais como distância eqüidistante ou a passagem do astro rei sobre o equador.

Os períodos solsticiais (entre 21 e 24 de junho e 24 a 27 de dezembro) dariam, por influência da Igreja, a denominação dos Santos padroeiros da Maçonaria – João, o Batista e João, o Evangelista.

Toda essa alegoria simbólica, em Maçonaria, está relacionada ao renascimento e a morte da Natureza,
conjugada assim ao aprimoramento do Homem que, na Moderna Maçonaria, representa a matéria prima da construção. 

Do ponto de vista iniciático, como a Natureza, o iniciado morre para renascer, o que produz um sentido de renovação e que tem por parâmetro de passagem uma linha imaginária que, tal como a Lei Natural, produz os ciclos de renovação agregado as lições de filosofia, de ética e de moral.

Assim, de forma sistemática e simbólica, o equador marca as fazes de iluminação dos quadrantes do canteiro, norteando a cada espaço um ciclo de aprimoramento (ver as janelas no painel do grau de Aprendiz e Companheiro no Rito Escocês Antigo e Aceito – a marcha aparente do Sol).

Finalizando, devo alertar que esse sistema alegórico e emblemático não é uma constante em todo o arcabouço doutrinário maçônico dado a pluralidade de ritos que compõem a Maçonaria. 

Embora o objetivo seja um só, o de se aprimorar o Homem, muitos sistemas estão ligados a influências culturais pela universalidade da Ordem.

Entretanto, a despeito de existência ou não das Colunas Zodiacais, da grade do Oriente, ou da posição da porta de entrada, da inversão das Colunas Vestibulares, etc., todo o espaço de trabalho (a Loja) é sempre orientado pelos quadrantes terrestres, daí, a presença abstrata do equador ser inquestionável em todos os Templos, independente do rito, ou do trabalho praticado.

Melhores esclarecimentos sobre o tema serão também encontrados no livro “Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom” de minha autoria, Editora A Trolha, Londrina, dezembro de 2.007; “INBRAPEM, Vol. 4”, p|gina 77 – E o Topo da Coluna do Norte, Conclusões? Autor Pedro Juk, Editora A Trolha, Londrina, Novembro de 2007; “A Trolha – Coletânea 6”, p|gina 97 – Abóbada do Templo Maçônico – Rito Escocês Antigo e Aceito, de minha autoria, Editora A Trolha, Londrina, setembro de 2.003; “Rito Escocês Antigo e Aceito – História Doutrina e Prática”, autor José Castellani, Editora A Trolha, Londrina, várias edições. Nessas obras e artigos, não só pelo tema em si, será encontrada uma vasta bibliografia para pesquisa.

T.F.A.
Pedro Juk
jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 389 Florianópolis (SC) – 24 de setembro de 2011

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