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domingo, 7 de maio de 2017

A CARIDADE MAÇÔNICA

A CARIDADE MAÇÔNICA
Ir.'. Antônio Mantovani Filho

Quando éramos estudante (faz tanto tempo), nosso professor de Filosofia sempre dizia: “Não adianta os senhores criarem teorias recheadas de palavras difíceis ou pensamento profundamente elaborados: a Verdade encontra-se na simplicidade”. Somente hoje entendemos a beleza desta afirmação!

A Maçonaria é uma criação tão perfeita que somente podemos compreendê-la se não quisermos complicar seu significado. Por outras palavras: não devemos dar a esta sublime entidade conotações que somente a desvirtuam.

Em minha Loja-mãe determinado irmão afirmou várias vezes: “Maçonaria, para mim, é uma religião!”. E queria convencer a todos disto, até que, num determinado dia, após ofender um irmão sem qualquer motivo aparente, jogou o Avental no chão e retirou-se para nunca mais voltar. Mas, que religião é esta que permite a ofensa gratuita? Somente porque nossa sociedade assenta-se nos pilares da Fraternidade, do Perdão e do Amor Fraterno devemos considerá-la uma religião?


Há muitos anos, quando representamos nossa Oficina na Soberana Assembléia, umr irmão Deputado, apresentou maravilhosa explanação a respeito de “Maçonaria e Política” terminando por exortar as Lojas para que voltasse a ser uma entidade política como no passado. Sendo orador nato, suas palavras vibrantes faziam os ideais aflorarem, entretanto uma dúvida nos acometeu: será a Maçonaria uma entidade politico-partidária? Alguma vez, em sua história, as leis maçônicas estruturaram uma sociedade político-partidária? Deveriamos chamá-la de Partido Maçônico?

Recentemente, um irmão a quem respeitamos muito solicitou seu Quite Placet, pois estaria insatisfeito em virtude da nossa Loja não promover nenhuma campanha beneficente, nenhuma distribuição de cestas básicas, e nem mostra para os profanos os trabalhos sociais que foram criados ou as entidades sociais presididas por Maçons.

Oh! Grande Arquiteto do Universo! Como é difícil entender o seu seja a Maçonaria!

Para tanto, devo ficar lendo Rituais e Leis? Devo pesquisar sua história? É necessário pensar alguns meses na imensa biblioteca do Xico Trolha? Ou devo seguir aquele ensinamento de meu professor e procurar a Verdade na simplicidade?

Há alguns anos, após escrevermos um opúsculo sobre as primeiras instruções aos Aprendizes-Maçons, procuramos algum tema para escrever novo livro, pois nosso geriatra Irmão Maurílio José Pinto nos cobra atividades intelectuais para podermos envelhecer com padrão de vida.

Discorrermos sobre ritualística ou liturgia, nem pensar: de maneira alguma temos a pretensão de nos ombrearmos com os luminares Xico Trolha, José Castellani e tantos outros pesquisadores!

Devassar a história maçônica? Sabemos que não somos historiadores e não temos capacidade. Optamos, então, por um campo que conhecemos e estudamos há muitas décadas: a Filosofia. Isto, porque a Constituição de todas as Potências afirma peremptoriamente:a Maçonaria é uma escola de Moral!

Se é uma escola deve ensinar. E se deve ensinar princípios morais, é porque colima a reforma espiritual do homem de modo que ele interaja na sociedade em que vive não só através do trabalho comunitário mas, principalmente, através do exemplo. Não é função da maçonaria promover campanhas sociais, mas ensinar aos seus adeptos que eles devem, em sua vida profana, ser os criadores de campanhas beneficentes.

Também não é função de nossa sociedade promover debates políticos ou lutar por conquistas sociais, mas criar fomentadores de mudanças sociais que promovam a Igualdade de oportunidades entre os homens e a aplicação da Justiça. É por isto que não concordamos ser a Maçonaria uma entidade filantrópica ou progressista.

Os clubes de serviço são inumeráveis, as entidades de voluntários estão presentes em todos os hospitais, creches, Apaes e asilos. Desta formas, a Maçonaria como entidade social torna-se desnecessária. Mas o que falta no mundo são líderes imbuídos de sentimentos espirituais, desligados dos interesses materiais, que se proponham lutar por uma sociedade mais justa.

Nossa Sublime Ordem é uma instituição que surgiu em 1356, calcada em Verdades morais e religiosas de luminares do passado, com a finalidade de proteger seus afiliados e familiares. Numa época em que “o homem era o lobo do homem”, a necessidade de se unir para proteção mutua deu ensejo à formação das sociedades de trabalhadores. Sociedades fechadas dentro das quais se praticava a solidariedade com base no amor fraterno.

Porém, em sua Perfeição, a Maçonaria sabe que os homens são muito diferentes entre si, e que é mais eficaz tornar cada adepto num líder que crie seu grupo de trabalho no mundo profano, do que constituir um grupo de trabalho formado por Maçons.

Por outras palavras: a função primordial da Maçonaria é selecionar e educar homens probos, ensinando-lhes os princípios de moral e amor fraterno, para que eles possam agir no mundo profano como condutores de homens, como Mestres das Verdades Eternas.

E, por entender a Maçonaria dentro destes parâmetros, é que dou plena e total razão ao pensamento do querido e sempre presente Irmão Xico Trolha: cabe à Maçonaria preparar moralmente homens para atuar no mundo profano visando a construção de uma sociedade mais humana e justa, principalmente através do exemplo mas, ao mesmo tempo, devem os Maçons unirem-se cada vez mais para mútua ajuda e proteção.

Por outras palavras, o Tronco de Beneficência se constitui num aprendizado e numa necessidade: é uma escola que ensina aos Maçons praticar a Caridade dentro de sua casa, com seus irmãos, para depois aplicar seus ensinamentos entre os profanos, ao mesmo tempo em que, segundo a tradição, serve para suprir as carências da família maçônica, mormente das cunhadas viúvas e dos sobrinhos órfãos. Jamais, de maneira alguma, a Maçonaria é uma entidade filantrópica profana ou uma agremiação política! Muito menos se constitui numa religião.

Fonte: JB News – Informativo nr. 2.103

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