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sábado, 10 de abril de 2021

EGRÉGORA

EGRÉGORA
(republicação)

Questão que faz o Respeitável Irmão Nelson Carlos Sabel, Mestre Maçom da Loja Fraternidade e Justiça, 70, REAA, Grande Loja de Santa Catarina, Oriente de Blumenau, Estado de Santa Catarina.
nelson@saxonia.com.br

Inicialmente, meus cumprimentos pelo seu amplo conhecimento de Maçonaria e pela forma didática e profunda com que o expõe e esclarece àqueles que formulam suas dúvidas.

Há muitas dúvidas sobre a Egrégora dos Irmãos para adentrar no Templo para iniciar os Trabalhos Maçônicos. Gostaria de saber a ordem de posicionamento de entrada no Templo, bem como a ordem de saída após o término dos trabalhos, considerando, para isto, o Grau e o Cargo exercido pelo Obreiro. Por favor, esta minha dúvida refere-se ao Rito Escocês Antigo e Aceito da Grande Loja de Santa Catarina.

RESPOSTA:

Em linhas gerais existem três principais correntes na Moderna Maçonaria – a autêntica, a mística e a oculta.

Nessa linha de raciocínio a partir do século XVIII diversas manifestações do pensamento humano passaram a tomar parte da Sublime Instituição através dos conhecidos ritos maçônicos.

Na pura Maçonaria, ou Maçonaria Operativa, esses conceitos místicos e ocultos não possuíam guarida salvo as opiniões da religião-estado da época vastamente divulgada pela Igreja Católica (teísmo).

Já no primeiro quartel dos anos mil e setecentos, após ter a Maçonaria passada pela transição operativo-especulativa (documentalmente em 1.600), surgiria a Primeira Grande Loja em Londres (1.717) que inauguraria o primeiro sistema obediencial no mundo.

Basicamente a partir daí duas vertentes maçônicas se firmariam e dariam um norte para o sistema doutrinário especulativo maçônico. Um deles o inglês e o outro o francês.

A Maçonaria Inglesa procurou manter ao longo dos anos a tradição antiga, mesmo eivada de certa religiosidade haurida dos canteiros medievais.

Por outro lado, a Francesa absorveu características em alguns dos seus ritos um cunho místico e às vezes oculto, embora o florescimento dessa maçonaria esteja em grande parte ligada ao século das luzes e mais particularmente ao deísmo.

No desenrolar da história da Maçonaria Especulativa, sobretudo em solo francês, místicos, ocultistas, herméticos (do Hermetismo), cabalistas, pitagóricos, rosa-cruzes, dentre outros, viriam povoar com as suas ideias as lides maçônicas por conta de inúmeros ritos praticados e a propalada liberdade de pensamento e expressão.

É bem verdade que a grande maioria desses ritos é inexistente na atualidade, não obstante muitos desses costumes ainda prevalecerem por certa enxertia e o achar bonito.

Por conta dessas inserções é que viriam aparecer os cursos ocultistas e místicos ao bom gosto daqueles que os têm por regra e crendice.

Já a corrente autêntica não leva em conta essas afirmativas, senão aquelas reveladas pela prova documental e acadêmica.

Dadas essas considerações esse conceito de “egrégora” é encontrado na maçonaria acrescentado pelos ocultistas que, segundo eles, se traduzem como imagens astrais, ou entidades ocultas resultante da força de pensamento grupal.

Dentre outras explicações inerentes do ocultismo essa coletividade de pensamento reunida em um local emite fortes vibrações, cujo resultado é o de que um ser ganhará vida, ficando animado de uma força boa ou má conforme o gênero dos pensamentos enunciados.

Em uma análise mais profunda, não encontramos essas dissertações na Maçonaria autêntica, ficando esses conceitos mais de cunho pessoal e não universalmente aceitos.

Independente da Obediência em que se pratique o Rito Escocês Antigo e Aceito, fato que se apresenta às vezes com sutis diferenças e em outras com visível contradição, a história do rito em questão, considerada a sua pureza, está muito longe, no meu entender, de assumir facetas ocultistas, muito embora alguns autores queiram assim considerar evocando, por exemplo, a similaridade da disposição das Luzes, Dignidades e Oficiais com a árvore da vida, com o Adam Cadmon da cabala (tradição hebraica), etc.

Ainda outros fazem a presunção de um elo oculto com o acendimento das luzes, evocações astrais, magnetismo das espadas, ordem de entrada e saída do Templo, etc., etc.

Como faço parte da corrente autêntica, respeito essas posições, todavia longe está a minha concordância pela falta de compreensão.

Acredito-me que pela história da nossa Ordem, há o império primaz da razão e a grande arte está em se conviver com Irmãos de todos os credos em perfeita harmonia, desde que para tal não haja o proselitismo doutrinário desta ou daquela crença, dessa ou daquela religião, posto que o maior objetivo na Sublime Instituição seja aquela de construir um Templo à Virtude dentro de um canteiro simbólico (Loja), cuja boa geometria esteja em que cada um procure o consolo na sua crença e religião de forma velada e particular, trazendo para dentro da Oficina o amor, à vontade e a inteligência para que os maçons irmanados ponham em exercício a salutar prática da virtude.

Finalizando, devo salientar que não estou desprezando qualquer corrente de pensamento na Maçonaria, a despeito de que a minha visão tem sido nos meus vinte e cinco anos de pesquisa apontada para a autenticidade.

Ser autêntico não é o mesmo que ser um herético, ou mesmo um agnóstico. Da mesma forma também não é do meu feitio me insurgir contra esse ou aquele ritual legalmente aprovado. Interpretá-los talvez seja o “x” da questão.

Assim pelo meu modesto conhecimento, peço desculpas por não ter lhe fornecido uma resposta ampla, objetiva e talvez satisfatória, razão pela qual, como já foi dito anteriormente, eu não domino a área do ocultismo.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukrm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 400 Florianópolis (SC) 05 de outubro de 2011

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