Para enfrentar o tema, temos que
definir o que é juramento e o que é o Altar onde se jura. Podemos fazer uma
analogia grosseira com um contrato. Um contrato sempre é bilateral, isto é, tem
duas partes, o sujeito ativo e o sujeito passivo, e é a manifestação DA vontade
não viciada de ambos, exteriorizando, a intenção DA realização de um negócio,
que gera um compromisso, onde OS interesses se cruzam: um de vender e outro de
comprar.
No direito Romano o termo “pacta
servanda” é o que designa a responsabilidade contratual, ou por outras
palavras, informa que o contrato faz Lei entre as partes e só poderá ser
alterado, com a autorização de ambas as partes. O altar dos juramentos é o lado
visível, de um outro lado invisível, onde celebramos um contrato espiritual com
Deus, por assim dizer, comprometendo-nos, em presença de testemunhas, em não
profanar as instruções, rituais, sinais e etc., neste ponto já podemos
visualizar a bilateralidade do juramento. O altar é equivalente às ermidas
sagradas das religiões, e seu significado primitivo e contemporâneo é uma
estrada já pavimentada pelos antigos caminhantes, que conduz a transcendência
subjetiva, que leva o viajante à realidade ou Deus e a obra de Deus que é o
mundo, através do despertar espiritual ou consciência de si mesmo ou ainda a
consciência DA alma, progressivamente. A legalidade que buscamos no altar é
espiritual e a importância do juramento advém dos cânones sagrados, deixados
por mentes superiores, para a humanidade, como fossem um holofote, iluminando
uma platéia escura.
Um juramento é muito mais
importante que um contrato, sem, todavia perder seu caráter formal, legal,
vinculante e bilateral, FORMAL porque exigem certos ritos, LEGAL porque são
baseados em cânones sagrados e na tradição e VINCULANTE, porque comprometem e
vinculam, mas OS vínculos aqui, transcendem o mundo físico, pois além de
envolver conscientemente um compromisso físico, envolve um compromisso mental,
psíquico e espiritual, estabelecendo um vinculo definitivo e envolvente que não
pode ser rompido, pois sendo BILATERAL, compromete o próprio Senhor do
Universo, respeitosamente designado aqui, com muita justiça, como Supremo
Arquiteto do Universo. Mesmo porque, esta escrito, que o que ligarmos, na
terra, será ligado no céu, e o que desligarmos na terra, será desligado no céu,
compreendendo-se a princípio, que este céu, pode ser, a mente do homem singular
e coletivo, para depois haver um transbordamento para a mente Cósmica. Este é o
principal fundamento bíblico-legal e espiritual do juramento. Quando Jesus
disse: “amigo, com um beijo atraiçoas o filho do Homem”, Judas caiu em si,
acordou de seu sono, dormia no ego e acordou no EU desperto, só então viu o que
fez, e não teve mais Paz, a vaidade, o egoísmo e a ambição exarcebados de seu
ego, lhe custou à vida, tirada por suas próprias mãos, dado o desgosto que lhe
sobreveio e com o qual não podia conviver.
A traição e o perjúrio podem
levar, o que não é raro, ao que assim se comporta, a um grau de arrependimento
e sofrimento tamanho, que, não diferente de Judas, muitos acabam direta ou
indireta, preferindo de livre consciência e por si mesmos, à morte, à vida,
tamanha a vergonha DA desonra, e a impossibilidade de conviver com a mesma, ou
de perdoar a si próprio, mesmo obtendo-se o perdão do ofendido. Sabendo disso o
rei dos Mestres, instruiu o homem ordinário a não jurar.
No livro de Thiago em
5-12, lemos: “Mas, sobretudo, meus irmãos, não
jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro [juramento];
seja, porém, o vosso sim, sim, e o vosso não, não, para não cairdes em
condenação.” Efetivamente, advertiu Jesus, como vimos acima, que um juramento
não deve ser quebrado, se feito, instruindo inclusive a todos para que não
jurem, para não caírem em condenação, se quebrado o juramento, não condenem a
is mesmos, como aconteceu com Judas.
Extrai-se do texto e DA
conjuntura das escrituras, que queria exprimir o Mestre, que é mais fácil não
jurar do que jurar, pois o juramento, se quebrado, pode levar a condenação.
Jesus mais do que ninguém, sabia do que estava falando, sabia que um juramento
envolve leis naturais e espirituais ou psíquicas, que pouco conhecemos, por
isso, instruiu para o não jurar. A instrução de Jesus, conforme a letra e a
hermenêutica bíblica, de acordo com a lógica do novo testamento e sua
conjuntura, sintonizadas no velho testamento, não é uma proibição, é antes uma
advertência seríssima, uma exortação e um grave alerta sobre a importância
espiritual ou mental, do juramento: como um sinal de transito, numa estrada
perigosa.
Conhecendo antecipadamente, OS
reflexos e conseqüências graves, se quebrado. Judas Scariotes, apesar de homem
de personalidade forte, com excelente formação educacional e moral, tendo
estudado nas melhores escolas, Rico de nascença, criado sob o regime DA lei
mosaica, escolhido de Jesus, quebrou o juramento e traiu o maior dos Mestres.
Porque o fez? Por designo Cósmico? Por ambição pessoal, já que lucrou 30
moedas de prata? Por motivos políticos? Por afastar-se dos irmãos? Por possuir
uma imaginação descontrolada? Porque se permitiu cair em tentação? Ao certo
não sabemos! Mas sabemos que não pôde conviver, com a sua traição, já que o
assassinato de Jesus, estava tramado e seria simplesmente uma questão de dias.
E mais, Não foi ele, Judas que o matou.
Existem estudiosos que dão a
entender, que Judas não tinha a intenção de trair Jesus, mas sim de precipitar
os acontecimentos, na intenção de ver Jesus defender-se no Sinédrio, com obras
milagrosas e tornar-se reconhecido em definitivo como o tão esperado Messias ou
mesmo o Rei do povo hebreu. Porém os fatos não se realizaram conforme seus
planos, Jesus deixou-se sacrificar, em cumprimento aos designos Cósmicos. De
toda forma, tendo usado seu livre arbítrio, precipitando os fatos, baseado num
plano, sonho ou delírio, sempre IMPRUDENTE do ego, e não do Eu, Judas, com a
escolha errada, deixando-se dominar pelo ego e não pelo EU, traiu de fato Jesus
e, não suportou o fato desonroso e altamente humilhante de não ter ouvido seu
Eu verdadeiro e usado da VIRTUDE DA PRUDÊNCIA, principalmente por isso
suicidou-se, não podia superar ou conviver com sua desonrosa covardia – pelo
que consta, tentou em vão perdoar-se, devolvendo inclusive, as 30 moedas, mas
não conseguiu.
Pessoas existem, que ficam
doentes e até não raro, vêem a falecer, por doenças psicossomáticas ou até,
suicidam-se, por contratos celebrados no mundo profano. Sabemos que um
juramento é muito mais que um contrato profano. Jesus, como sempre estava
certo, é mais fácil, não jurar do que jurar. Como legislador que foi, Jesus ,
não proibiu o juramento, senão o teria expressamente feito. Para não fiquem
dúvidas no espírito dos irmãos maçons, que aceitam o cristianismo, como é o meu
caso, sobre a questão do juramento e a legitimidade de seu uso, aqui, como
juramento maçônico – a própria igreja Católica, em seu catecismo permite o
juramento declarando: “Não jurar nem pelo Criador, nem pela criatura, se não
for com verdade, necessidade e reverência”.
Na verdade, irmãos, o Nosso
Senhor Jesus Cristo, confirmou sob juramento o seu testemunho supremo, isto é,
o testemunho de sua Filiação Divina, quando o Sumo Sacerdote o conjurou a
responder “pelo Deus vivo” (Mt 26,63). Por isso a Igreja declara ser lícito o
juramento em assuntos de grande relevância. Daí a licitude bíblica dos
juramentos: a bandeira, dos juramentos de formatura, de investidura em cargos
públicos, o que não exclui o tradicional juramento maçônico. Tal prática é
comum no Ocidente.
Ele – Jesus - instruiu, alertou e
advertiu, que é melhor não jurar, porque sabia que a juridicidade do juramento
não é da legislação profana, mas sim da lei natural transcendente, conforme
vimos acima. A natureza do juramento é sempre subjetiva e espiritual. O juramento
maçônico é perfeitamente fundamentado no direito natural, sendo absolutamente
legítimo, em nada ilícito, em nada conflitante com a Bíblia, ou com qualquer
outro livro considerado santo ou sagrado.
Na mesma ordem e para finalizar,
a maçonaria é uma instituição que não conflita com qualquer sistema filosófico,
místico, espiritual, religioso, psicológico, sociológico ou legal,
fundamentados na razão e aceitos modernamente, como dignos ou mesmo razoáveis.
Usamos a régua maçônica avaliamos
o lado negativo do juramento, que não deve ser desprezado. E se existe um lado
negativo, haverá de existir um lado positivo, a régua maçônica assim nos diz,
ela continua infinitamente para frente. Conforme vimos, a maçonaria é uma
instituição perfeitamente licita e limpa, sendo uma das melhores, mais antigas
e belas construções do cenário social, por conseqüência é uma das melhores
obras humanas, para o exclusivo benefício da humanidade. A régua maçônica
mostra-nos ainda um lado que nos leva a amizade, a paz e a prosperidade, por
outras palavras, ao sucesso, ao bem estar, ao progresso, a proteção, a
felicidade e porque não, até a iluminação se assim o quisermos.
Devemos procurar descobrir o lado
positivo do juramento maçônico, isso exige esforço, construindo o templo
interior, compenetrando-nos no estudo, e ao mesmo tempo, captando o espírito
maçônico, transformando-nos pelo SABER – estudando sempre ; OUSANDO pelo FAZER
o possível - o bem a nós mesmos e ao próximo; e CALANDO-NOS - quanto aos nossos
segredos, tornamo-nos verdadeiramente, em benfeitores de nos mesmos, de
nossas famílias, de nossos irmãos e de nossas cidades e países, sabendo separar
o possível do impossível, e o primeiro passo desse caminho é envidar esforços
sérios, seguidos de mais esforços, para vivermos no Eu e não no ego, só assim
poderemos então ser dignos do “nomem” filhos da luz.
Bibliografia:
Bíblia Sagrada – Tradução do
padre João Ferreira D”Almeida
Biblia Sagrada – Versão Ave Maria
Catecismo Católico
"O Quarto Caminho", P.
D. Ouspenski – Ed. Pensamento
"Glossário Teosófico",
Helena Blavatski – Ed. Pensamento
"O Drama Milenar do Cristo e
Anticristo", Humberto Rohdem- Ed. Alvorada
"A Mensagem Viva do
Cristo", Humberto Rohden – Ed. Alvorada
Código Civil Brasileiro – Atual –
ed. Saraiva
"Vocabulário Jurídico",
Placido e Silva – ed. Forense
"Valores Humanos Num Mundo
em Mutação", Daisaku Ikeda e Bryan Wilson - Record
"O Buda Vivo", Daisaku
Ikeda – ed. Record
"A Vida de Maomé" –
Círculo do Livro
MIGUEL AMADOR
M.'.M.'., Loja Rui Barbosa 3419 -
Sinop/MT, Brasil
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