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terça-feira, 23 de maio de 2017

O JURAMENTO E ALTAR SAGRADO

O JURAMENTO E ALTAR SAGRADO

Para enfrentar o tema, temos que definir o que é juramento e o que é o Altar onde se jura. Podemos fazer uma analogia grosseira com um contrato. Um contrato sempre é bilateral, isto é, tem duas partes, o sujeito ativo e o sujeito passivo, e é a manifestação DA vontade não viciada de ambos, exteriorizando, a intenção DA realização de um negócio, que gera um compromisso, onde OS interesses se cruzam: um de vender e outro de comprar.

No direito Romano o termo “pacta servanda” é o que designa a responsabilidade contratual, ou por outras palavras, informa que o contrato faz Lei entre as partes e só poderá ser alterado, com a autorização de ambas as partes. O altar dos juramentos é o lado visível, de um outro lado invisível, onde celebramos um contrato espiritual com Deus, por assim dizer, comprometendo-nos, em presença de testemunhas, em não profanar as instruções, rituais, sinais e etc., neste ponto já podemos visualizar a bilateralidade do juramento. O altar é equivalente às ermidas sagradas das religiões, e seu significado primitivo e contemporâneo é uma estrada já pavimentada pelos antigos caminhantes, que conduz a transcendência subjetiva, que leva o viajante à realidade ou Deus e a obra de Deus que é o mundo, através do despertar espiritual ou consciência de si mesmo ou ainda a consciência DA alma, progressivamente. A legalidade que buscamos no altar é espiritual e a importância do juramento advém dos cânones sagrados, deixados por mentes superiores, para a humanidade, como fossem um holofote, iluminando uma platéia escura.


Um juramento é muito mais importante que um contrato, sem, todavia perder seu caráter formal, legal, vinculante e bilateral, FORMAL porque exigem certos ritos, LEGAL porque são baseados em cânones sagrados e na tradição e VINCULANTE, porque comprometem e vinculam, mas OS vínculos aqui, transcendem o mundo físico, pois além de envolver conscientemente um compromisso físico, envolve um compromisso mental, psíquico e espiritual, estabelecendo um vinculo definitivo e envolvente que não pode ser rompido, pois sendo BILATERAL, compromete o próprio Senhor do Universo, respeitosamente designado aqui, com muita justiça, como Supremo Arquiteto do Universo. Mesmo porque, esta escrito, que o que ligarmos, na terra, será ligado no céu, e o que desligarmos na terra, será desligado no céu, compreendendo-se a princípio, que este céu, pode ser, a mente do homem singular e coletivo, para depois haver um transbordamento para a mente Cósmica. Este é o principal fundamento bíblico-legal e espiritual do juramento. Quando Jesus disse: “amigo, com um beijo atraiçoas o filho do Homem”, Judas caiu em si, acordou de seu sono, dormia no ego e acordou no EU desperto, só então viu o que fez, e não teve mais Paz, a vaidade, o egoísmo e a ambição exarcebados de seu ego, lhe custou à vida, tirada por suas próprias mãos, dado o desgosto que lhe sobreveio e com o qual não podia conviver.

A traição e o perjúrio podem levar, o que não é raro, ao que assim se comporta, a um grau de arrependimento e sofrimento tamanho, que, não diferente de Judas, muitos acabam direta ou indireta, preferindo de livre consciência e por si mesmos, à morte, à vida, tamanha a vergonha DA desonra, e a impossibilidade de conviver com a mesma, ou de perdoar a si próprio, mesmo obtendo-se o perdão do ofendido. Sabendo disso o rei dos Mestres, instruiu o homem ordinário a não jurar. 

No livro de Thiago em 5-12, lemos: “Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro [juramento]; seja, porém, o vosso sim, sim, e o vosso não, não, para não cairdes em condenação.” Efetivamente, advertiu Jesus, como vimos acima, que um juramento não deve ser quebrado, se feito, instruindo inclusive a todos para que não jurem, para não caírem em condenação, se quebrado o juramento, não condenem a is mesmos, como aconteceu com Judas.

Extrai-se do texto e DA conjuntura das escrituras, que queria exprimir o Mestre, que é mais fácil não jurar do que jurar, pois o juramento, se quebrado, pode levar a condenação. Jesus mais do que ninguém, sabia do que estava falando, sabia que um juramento envolve leis naturais e espirituais ou psíquicas, que pouco conhecemos, por isso, instruiu para o não jurar. A instrução de Jesus, conforme a letra e a hermenêutica bíblica, de acordo com a lógica do novo testamento e sua conjuntura, sintonizadas no velho testamento, não é uma proibição, é antes uma advertência seríssima, uma exortação e um grave alerta sobre a importância espiritual ou mental, do juramento: como um sinal de transito, numa estrada perigosa.

Conhecendo antecipadamente, OS reflexos e conseqüências graves, se quebrado. Judas Scariotes, apesar de homem de personalidade forte, com excelente formação educacional e moral, tendo estudado nas melhores escolas, Rico de nascença, criado sob o regime DA lei mosaica, escolhido de Jesus, quebrou o juramento e traiu o maior dos Mestres. Porque o fez? Por designo Cósmico? Por ambição pessoal, já que lucrou 30 moedas de prata? Por motivos políticos? Por afastar-se dos irmãos? Por possuir uma imaginação descontrolada? Porque se permitiu cair em tentação? Ao certo não sabemos! Mas sabemos que não pôde conviver, com a sua traição, já que o assassinato de Jesus, estava tramado e seria simplesmente uma questão de dias. E mais, Não foi ele, Judas que o matou.

Existem estudiosos que dão a entender, que Judas não tinha a intenção de trair Jesus, mas sim de precipitar os acontecimentos, na intenção de ver Jesus defender-se no Sinédrio, com obras milagrosas e tornar-se reconhecido em definitivo como o tão esperado Messias ou mesmo o Rei do povo hebreu. Porém os fatos não se realizaram conforme seus planos, Jesus deixou-se sacrificar, em cumprimento aos designos Cósmicos. De toda forma, tendo usado seu livre arbítrio, precipitando os fatos, baseado num plano, sonho ou delírio, sempre IMPRUDENTE do ego, e não do Eu, Judas, com a escolha errada, deixando-se dominar pelo ego e não pelo EU, traiu de fato Jesus e, não suportou o fato desonroso e altamente humilhante de não ter ouvido seu Eu verdadeiro e usado da VIRTUDE DA PRUDÊNCIA, principalmente por isso suicidou-se, não podia superar ou conviver com sua desonrosa covardia – pelo que consta, tentou em vão perdoar-se, devolvendo inclusive, as 30 moedas, mas não conseguiu.

Pessoas existem, que ficam doentes e até não raro, vêem a falecer, por doenças psicossomáticas ou até, suicidam-se, por contratos celebrados no mundo profano. Sabemos que um juramento é muito mais que um contrato profano. Jesus, como sempre estava certo, é mais fácil, não jurar do que jurar. Como legislador que foi, Jesus , não proibiu o juramento, senão o teria expressamente feito. Para não fiquem dúvidas no espírito dos irmãos maçons, que aceitam o cristianismo, como é o meu caso, sobre a questão do juramento e a legitimidade de seu uso, aqui, como juramento maçônico – a própria igreja Católica, em seu catecismo permite o juramento declarando: “Não jurar nem pelo Criador, nem pela criatura, se não for com verdade, necessidade e reverência”.

Na verdade, irmãos, o Nosso Senhor Jesus Cristo, confirmou sob juramento o seu testemunho supremo, isto é, o testemunho de sua Filiação Divina, quando o Sumo Sacerdote o conjurou a responder “pelo Deus vivo” (Mt 26,63). Por isso a Igreja declara ser lícito o juramento em assuntos de grande relevância. Daí a licitude bíblica dos juramentos: a bandeira, dos juramentos de formatura, de investidura em cargos públicos, o que não exclui o tradicional juramento maçônico. Tal prática é comum no Ocidente.

Ele – Jesus - instruiu, alertou e advertiu, que é melhor não jurar, porque sabia que a juridicidade do juramento não é da legislação profana, mas sim da lei natural transcendente, conforme vimos acima. A natureza do juramento é sempre subjetiva e espiritual. O juramento maçônico é perfeitamente fundamentado no direito natural, sendo absolutamente legítimo, em nada ilícito, em nada conflitante com a Bíblia, ou com qualquer outro livro considerado santo ou sagrado.

Na mesma ordem e para finalizar, a maçonaria é uma instituição que não conflita com qualquer sistema filosófico, místico, espiritual, religioso, psicológico, sociológico ou legal, fundamentados na razão e aceitos modernamente, como dignos ou mesmo razoáveis.

Usamos a régua maçônica avaliamos o lado negativo do juramento, que não deve ser desprezado. E se existe um lado negativo, haverá de existir um lado positivo, a régua maçônica assim nos diz, ela continua infinitamente para frente. Conforme vimos, a maçonaria é uma instituição perfeitamente licita e limpa, sendo uma das melhores, mais antigas e belas construções do cenário social, por conseqüência é uma das melhores obras humanas, para o exclusivo benefício da humanidade. A régua maçônica mostra-nos ainda um lado que nos leva a amizade, a paz e a prosperidade, por outras palavras, ao sucesso, ao bem estar, ao progresso, a proteção, a felicidade e porque não, até a iluminação se assim o quisermos.

Devemos procurar descobrir o lado positivo do juramento maçônico, isso exige esforço, construindo o templo interior, compenetrando-nos no estudo, e ao mesmo tempo, captando o espírito maçônico, transformando-nos pelo SABER – estudando sempre ; OUSANDO pelo FAZER o possível - o bem a nós mesmos e ao próximo; e CALANDO-NOS - quanto aos nossos segredos, tornamo-nos verdadeiramente, em benfeitores de nos mesmos, de nossas famílias, de nossos irmãos e de nossas cidades e países, sabendo separar o possível do impossível, e o primeiro passo desse caminho é envidar esforços sérios, seguidos de mais esforços, para vivermos no Eu e não no ego, só assim poderemos então ser dignos do “nomem” filhos da luz.

Bibliografia:
Bíblia Sagrada – Tradução do padre João Ferreira D”Almeida
Biblia Sagrada – Versão Ave Maria
Catecismo Católico
"O Quarto Caminho", P. D. Ouspenski – Ed. Pensamento
"Glossário Teosófico", Helena Blavatski – Ed. Pensamento
"O Drama Milenar do Cristo e Anticristo", Humberto Rohdem- Ed. Alvorada
"A Mensagem Viva do Cristo", Humberto Rohden – Ed. Alvorada
Código Civil Brasileiro – Atual – ed. Saraiva
"Vocabulário Jurídico", Placido e Silva – ed. Forense
"Valores Humanos Num Mundo em Mutação", Daisaku Ikeda e Bryan Wilson - Record
"O Buda Vivo", Daisaku Ikeda – ed. Record
"A Vida de Maomé" – Círculo do Livro

MIGUEL AMADOR
M.'.M.'., Loja Rui Barbosa 3419 - Sinop/MT, Brasil

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