John Theophilus Desaguliers, o
Pai da Maçonaria Especulativa
Introdução
“Na atualidade, o nome Desaguliers é familiar apenas para poucos maçons. Mas eles deveriam saber que a ele, talvez mais do que qualquer outro homem, devemos a existência atual da Maçonaria como uma instituição viva, …. E a quem, talvez, mais do que qualquer outra pessoa, a atual Grande Loja da Inglaterra deve a sua existência. (Albert G. Mackey).
“Ele pegou uma antiga ordem que estava morrendo e deu uma filosofia que lhe era muito própria e peculiar. Ele acrescentou um toque de ciência, um conceito prático do Grande Arquiteto e Organizador do Mundo. Ele soprou uma oração e nasceu a maçonaria especulativa” (George E. Maine – Grande Orador da Grande Loja de Washington em 1939).
No ano de 2000, em um artigo sobre “as dez teorias propostas sobre a origem da maçonaria”, da Ars Quatuor Coronatorum, encontramos a citação abaixo, sobre “A teoria das origens rosacruzes” de A. Cosby F. Jackson:
Jackson propôs que duas fraternidades, a Maçonaria especulativa e o Rosacrucianismo, foram lançadas com poucos anos de diferença por homens de qualidades intelectuais semelhantes. Ambos teriam começado no século XVII com propósitos parecidos, o auto aperfeiçoamento e o misticismo religioso. O Rosacrucianismo espalhou-se rapidamente com idéias da alquimia, enquanto a Maçonaria tinha um atrativo diferente, e consequentemente se desenvolveu mais lentamente.
Introdução
“Na atualidade, o nome Desaguliers é familiar apenas para poucos maçons. Mas eles deveriam saber que a ele, talvez mais do que qualquer outro homem, devemos a existência atual da Maçonaria como uma instituição viva, …. E a quem, talvez, mais do que qualquer outra pessoa, a atual Grande Loja da Inglaterra deve a sua existência. (Albert G. Mackey).
“Ele pegou uma antiga ordem que estava morrendo e deu uma filosofia que lhe era muito própria e peculiar. Ele acrescentou um toque de ciência, um conceito prático do Grande Arquiteto e Organizador do Mundo. Ele soprou uma oração e nasceu a maçonaria especulativa” (George E. Maine – Grande Orador da Grande Loja de Washington em 1939).
No ano de 2000, em um artigo sobre “as dez teorias propostas sobre a origem da maçonaria”, da Ars Quatuor Coronatorum, encontramos a citação abaixo, sobre “A teoria das origens rosacruzes” de A. Cosby F. Jackson:
Jackson propôs que duas fraternidades, a Maçonaria especulativa e o Rosacrucianismo, foram lançadas com poucos anos de diferença por homens de qualidades intelectuais semelhantes. Ambos teriam começado no século XVII com propósitos parecidos, o auto aperfeiçoamento e o misticismo religioso. O Rosacrucianismo espalhou-se rapidamente com idéias da alquimia, enquanto a Maçonaria tinha um atrativo diferente, e consequentemente se desenvolveu mais lentamente.
Havia apenas dois vínculos
plausíveis:
A importância da piedade cristã e
auto aperfeiçoamento.
Os membros das duas convicções poderiam estar envolvidos com a recém-fundada Royal Society, que fora estabelecida por senhores cultos.
A pesquisa
Os membros das duas convicções poderiam estar envolvidos com a recém-fundada Royal Society, que fora estabelecida por senhores cultos.
A pesquisa
Neste texto vamos examinar a
criação da Maçonaria que conhecemos, especialmente o seu principal fundador,
Rev. Dr. John Theophilus Desaguliers.
Ao fazê-lo, chegamos à conclusão
de que, em vez de reviver fielmente os segredos e mistérios de pedreiros
medievais e operativos, Desaguliers e seus associados criaram uma nova
instituição (com alguns elementos antigos, reais ou imaginários, contudo, eles
eram bem diferentes dos empregados pelos operativos).
Nesta nova instituição, eles
conseguiram inserir em quatro ou mais lojas de Londres, e estes perpetuaram,
alguns usos e costumes remanescentes dos maçons (pedreiros) artesãos.
A Grande Loja de Londres foi
criada em 1717. No primeiro ano, o Grão-Mestre foi Anthony Sayer, que não fez
nada para o desenvolvimento da ordem. No ano seguinte, o segundo Grão-Mestre,
George Payne, provou ser um administrador competente mas não excepcional. Até
que em 1719, momento que a Grande Loja enfraquecia, foi reavivada pela
liderança de John Theophilus Desaguliers depois de ser eleito como o terceiro
Grão-Mestre.
Sua visão extraordinária
transformou o que tinha sido até então, pouco mais do que uma combinação de
clubes de bebedores, com uma instituição nobre e da moda, eminentemente
preparada para o aparecimento do Século das Luzes, ou mais conhecido como o
Iluminismo.
Todos os Grãos Mestre
subsequentes foram patronos “só de nome”, de nascimento aristocrata ou real,
cuja rotina de trabalho era depositada no Deputy (ou Adjunto), posição ocupada
por Desaguliers por três vezes.
Desaguliers é considerado
unanimemente como o criador da primeira Grande Loja.
No livro “The Royal Masonic
Cyclopaedia” de 1987, o autor Kenneth Mackenzie nos diz: “Por seu ardor
despertou as energias dos maçons de seu tempo, e depois da conferência
preliminar com o velho Christopher Wren (talvez apócrifa), reuniu quatro lojas
em Londres em 1717, quando a Grande Loja foi formada. Sob Dr. Desaguliers, o
Ofício cresceu rapidamente em força, número, respeitabilidade e influência,
muitos nobres participaram das cerimônias e posteriormente como oficiais”.
Outro ponto sobre o qual o Dr. Desaguliers
tinha muito interesse foi a coleta de documentos antigos relativos ao Ofício
(Craft) e a isso se deve a preservação das “Obrigações dos maçons” e a
preparação do Regulamento Geral.
Em suas Constituições de 1723,
James Anderson dá o crédito a seu mentor, de ter auxiliado no trabalho,
provavelmente exagerando o papel de Desaguliers para dar brilho ao que era
essencialmente o trabalho do próprio Anderson, e assim conseguiu a aprovação da
Constituição pela Grande Loja.
Referindo-se novamente ao livro
de Kenneth Mackenzie:
“Depois de se retirar do cargo em
1720, ele (Desaguliers) foi nominado por três vezes como Grão-Mestre Adjunto
(Deputy ou Vice Grão-Mestre): em 1723, pelo Duque de Wharton; Em junho do mesmo
ano, pelo Conde de Dalkeith; Em 1725, por Lord Paisley; E durante este período
de serviço ele fez muitas coisas para o benefício do Ofício, entre outros,
iniciando o esquema de caridade que foi posteriormente desenvolvido no que é
hoje conhecido na Grande Loja da Inglaterra como o Fundo de Benevolência.
Durante este período, ele visitou
lojas operativas em Edimburgo. (Este ponto é tão interessante que será
explorado em uma próxima matéria do blog O Prumo de Hiram)
Em seguida, ele viajou para a
Holanda e foi mestre de uma loja especialmente reunida para iniciar o Duque de
Lorena, mais tarde Grão Duque da Toscana e imperador da Alemanha. Ele também
iniciou o príncipe de Gales em Kew em uma loja formada especialmente para este
propósito.
Através da força de sua própria
personalidade, ele atraiu a sua nova instituição, homens importantes na
Inglaterra, a realeza, os nobres, a elite, a as grandes mentes.
Devido a pureza de seus
princípios e a importância desses primeiros líderes reunidos por Desaguliers, a
maçonaria desde estes dias, é uma coisa viva, pulsando com o melhor que há em
cada homem. Alguns escritores afirmam que Desaguliers “foi quem escreveu a
maioria de seus rituais”.
E no relato de Mackey
(Encyclopedia of Freemasonry):
Dr. Oliver em “Os Princípios
Peculiares do Ofício”, diz:
“Seu desempenho (Desaguliers)
poderia ter contribuído para o benefício de toda a comunidade, se tivesse sido
encaminhado em uma certa direção desde a saída de Sir Christopher Wren”.
Podemos supor que Desaguliers
tentou redirecioná-los para um direcionamento totalmente novo (a influência de
Wren é duvidosa e provavelmente foi invocada para legitimar as inovações de
Desaguliers).
Em “The Ritual of the Operative
Freemasons” (Carr), ficamos surpresos pela falta de semelhança entre o sistema
de guildas de Londres, de sete graus, e os atuais três graus da Maçonaria
simbólica.
A palavra de cada um dos
primeiros graus é totalmente diferente (não apenas transposta como aconteceu
depois) do que é utilizado na moderna maçonaria especulativa e os pilares que
são tão proeminentes em graus especulativos tinha um significado muito
diferente entre os operativos.
Além disso, como afirma Bernard E.
Jones em “Freemasons Guide and Compendium”, observamos que entre os maçons
especulativos não há registros de um terceiro grau ou a lenda de Hiram até
cerca de 1726, quando aparece, e não se assemelha a nada praticado entre os
pedreiros operativos.
O que Desaguliers teria em mente
ao criar a Maçonaria que nos é familiar?
A pergunta nos leva a tentar
entender como era este irmão.
Desaguliers era um cientista de
renome, amigo íntimo de Sir Isaac Newton (Presidente da Royal Society de 1703
até sua morte em 1727) e Desaguliers era um Companheiro desta sociedade.
Tal influência se reflete nos
rituais da Maçonaria, com a ênfase nos “Mistérios ocultos da natureza e
ciência”, as “Sete Artes Liberais e Ciências” e seu discurso por um “avanço
diário no conhecimento maçônico” e como os escritores Hamill e Gilbert nos diz
em “The First Grand Lodge”:
“Parece haver pouca dúvida de que
a quantidade de Companheiros da Royal Society, que se tornaram maçons, foi
devido à influência do exemplo de Desaguliers e certamente não foi por acaso
que, pelo menos, 12 dos Grãos Mestres foram Companheiros da Royal Society ao
longo dos 20 anos após Desaguliers.
Na verdade, a ideia de que a
Maçonaria especulativa foi o produto da Royal Society é uma das teorias mais
plausíveis sobre as origens da maçonaria, que citada por Mackey em “The History
of Freemasonry”. No entanto, apesar da prevalência da moda do Rosacrucianismo
no início do século XVIII, quando a alquimia era considerada uma ciência e da
influência que o Rosacrucianismo pode ter exercido tanto na Royal Society
quanto na Maçonaria, a última conexão e direta entre os dois parece estar
ausente por um motivo a se observar: enquanto que os aspectos práticos do
Ofício dos operativos podem ter dado origem a algum interesse entre os membros
da Royal Society, há muito pouco sobre a maçonaria especulativa que explique o
motivo deles, como entusiastas da ciência, gostariam de ter sido envolvidos em
sua criação.
Voltando ao Desaguliers,
encontramos um outro aspecto deste maçom, que nos leva a considerar uma nova
teoria: Ele foi um huguenote, que é o nome dado aos protestantes franceses
durante as guerras religiosas na França.
Quando Desaguliers tinha dois
anos de idade, seu pai que era Reverendo, foi para a Inglaterra dentro de um
tonel de vinho para escapar da perseguição na França. Todos os clérigos
protestantes foram forçados a deixar a França, enquanto que outros protestantes
foram obrigados a ficar (muitos escaparam). Na Inglaterra, Desaguliers também
se tornou um clérigo protestante (embora um ministro anglicano).
Um grande número de huguenotes
eram artesãos e por causa do preconceito religioso eram bem-vindos na maioria
dos países onde eles se refugiaram. Um outro número de huguenotes foram
entusiastas cientistas.
Na Academia Real de Ciências da
França pode ser lido (Instituto e Museu de História da Ciência): “A Academia
declinou após a revogação do Édito de Nantes (1685), quando muitos cientistas
huguenotes deixaram a França”.
Não é de se estranhar, então, que
a Royal Society de Londres floresceu atraindo membros huguenotes, como
Desaguliers, conforme afirma Neville Barker Cryer, em “Huguenot Freemasons”, de
1995.
Eu sugiro que está aqui, entre os
huguenotes e ilustres protestantes, o grão da verdade na teoria das origens da
Royal Society e onde a Maçonaria especulativa pode ser encontrada.
Margaret Kilner, no livro “The
Huguenot Heritage”, falando da capela Huguenot de Leicester Square, nos diz:
“Junto a capela se encontra a
residência de Sir Isaac Newton (1642-1727) mais conhecido como o maior
cientista do seu tempo….. Parece que sua proximidade com a capela, lhe permitiu
oferecer o andar térreo de sua residência como um lugar de culto para os refugiados
franceses. Muitos Huguenotes rezavam ali”.
Em uma publicação intitulada
“Huguenot freemasons”, apresentado a “Huguenot Lodge” de Londres, o Rev.
Neville Barrer Cryer disse:
“…. Nada menos do que um quarto
de todos os nomes registrados dos Stewards da Grande Loja são reconhecidos em
sua origem Huguenot mas e aqueles cujos nomes foram prontamente anglicanizados?
Os huguenotes seguem as doutrinas
de João Calvino. Os Calvinistas que falavam Inglês, tal como os huguenotes e
valões, emigraram para a Inglaterra, os covenanters escoceses, os puritanos
ingleses, etc, entusiasticamente aderiram à Bíblia de Genebra, mesmo depois que
foi imposto o uso da versão autorizada do rei James.
Valões foram um povo de origem
germânica e céltica que habitavam a região da Valônia, na atual Bélgica.
Covenanters eram membros de um movimento religioso nascido dentro do
presbiterianismo na história da Escócia. Puritanos eram membros de grupos
calvinistas rígidos de costumes.
Em outra publicação, Cryer prova
que o Volume da Lei Sagrada em uso na primeira Grande Loja foi uma Bíblia de
Genebra.
Aliás, a ligação entre os
huguenotes e covenanters foi particularmente forte devido à “Auld Alliance”
(Antiga Aliança) entre os franceses e escoceses, contra o inimigo comum, o
Inglês.
Na sequência da Reforma e,
especialmente, no contexto da perseguição dos huguenotes (por exemplo, o
massacre do Dia de São Bartolomeu) esse aspecto da vida de Desaguliers pode ter
sido influenciado pela insistência sobre a tolerância, especialmente em matéria
de religião, como apresentado na Primeira Grande Loja.
Nesta conjuntura, eu acho que
temos que manter em mente que os temas comuns entre os protestantes, incluíam
traduções da Bíblia e restauração dos mistérios da igreja primitiva (por
exemplo, o gnosticismo) acusando Roma de os ter desprezado. As traduções da
Bíblia agora estão disponíveis, mas e sobre os mistérios?
Igrejas protestantes e seus
cerimoniais ainda são mais inflexíveis do que os dos católicos. Para os
mistérios, eu sugiro que você estude o rosacrucianismo como um braço mais ou
menos separado da Reforma.
Agora vamos voltar ao protegido
de Desaguliers, o Rev. Dr. James Anderson (1648-1746), o criador das
Constituições da Maçonaria. Sua fama tem se mostrado muito duradoura entre os
maçons e podemos surpreender ao dizer que ele não era um clérigo ortodoxo, mas
um membro da Igreja Reformada Escocesa, presbiteriana, que tinha suas raízes
calvinistas e nos covenanters.
Além disso, apesar de ser um
pastor presbiteriano, ele assumiu a concessão de uma capela em Swallow Street,
Piccadilly, pertencente a uma congregação de protestantes franceses, onde o Pai
de Desaguliers tinha sido pastor e alguns pesquisadores acreditam que suas
constituições são o produto do saber, seguindo o exemplo de seu amigo e mentor,
Desaguliers, para criar a Maçonaria especulativa moderna.
Também a essa luz, pode ser
refletida a irritação dos maçons britânicos, decido a proliferação de graus na
França, em comparação ao seu, “básico, puro e inalterável” Ofício, atravessando
o canal.
Conclusão
Podemos observar que a maçonaria
especulativa, apesar de ter origem na Inglaterra, teve uma influência francesa
desde a concepção e talvez os franceses simplesmente conheceram a instituição
pela retidão que tinha, e posteriormente introduziram suas ideias desenvolvidas
em alegorias e símbolos.
Bibliografia:
The Ritual of the Operative
Freemasons – Thomas Carr
The Geneva Bible and its
Contribution to the Development of English Ritual – Neville Barker Cryer
The First Grand Lodge – Robert
Gilbert e Jonh Hamill – acesso em março 2017
http://www.mastermason.com/3rdnorthern/MasonicHistoryfiles/firstgl.htm
Huguenot Freemasons – Neville
Barker Cryer
The Huguenot Heritage – Margaret
Kilner – acesso em março de 2017 – http://ensignmessage.com/articles/the-huguenot-heritage/
The Royal Masonic Cyclopaedia –
Kenneth Mackenzie
Encyclopedia of Freemasonry and
its Kindred Sciences Comprising the Whole Range of Arts, Sciences and
Literature as Connected with the Institution – Albert Gallatin Mackey
The History of Freemasonry –
Albert Gallatin Mackey
Desaguliers and the March of
Militant Masonry – George Maine – acesso em março de 2017 –
https://archive.org/stream/Desaguliers_And_The_March_Of_Militant_Masonry_-_G._E._Maine/Desaguliers_And_The_March_Of_Militant_Masonry_-_G._E._Maine_djvu.txt
The Royal Society Tercentenary –
Alexander Piatigorsky
Fonte: www.oprumodehiram.com.br
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