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sábado, 24 de junho de 2017
O MAÇOM E O ‘SUPER-HOMEM’ DE NIETZSCHE
O MAÇOM E O ‘SUPER-HOMEM’ DE
NIETZSCHE
“assim falou Zaratustra”
Irm. Ubyrajara de Souza Filho
A maçonaria não é religião. A
crença no Grande Arquiteto do Universo na maçonaria é uma realidade filosófica,
e não dogmática, traduz uma ideia de entidade dinâmica, um foco social que
evolui enquanto se mescla a moralidade e as necessidades da época, moldando e
guiando o maçom em seu processo evolutivo de construção de um novo homem. Para
a maçonaria a ideia de Deus resulta da
consciência, e as exteriorizações do seu culto não passam de um sentimento
íntimo que se pode traduzir das mais
diversas maneiras. Ao mesmo tempo, a maçonaria não se prende a um determinado
sistema filosófico porque isso seria tirar de seus adeptos a liberdade de
interpretação de seus símbolos, alegorias e mitos, os obrigando a seguir um
determinado caminho, o que seria negar a sua própria pregação de liberdade de
pensamento.
Utilizando o pensamento de
Nietzsche, em sua obra “Assim falou Zaratustra”, podemos deduzir que
objetivando não criar sectarismo, a maçonaria apresenta como verdade provisória,
ao seu recém-iniciado, ainda fortemente influenciado por suas convicções
religiosas pré-concebidas e mistificadas ao longo dos anos, a crença no Grande
Arquiteto do Universo como sinônimo de Deus “das religiões”, crença que ele
deverá corrigir aos poucos, à medida que ele sobe os degraus da escada da
sabedoria, e deverá, gradativamente, “matar esse Deus”, convertendo-o para o
Deus “nas religiões”, até chegar, no último grau, ao descobrimento de seu “deus
interior” - o conhecimento de si mesmo e de sua Essência – transmutando-o em um
‘homem superior’, perfeitamente identificável com o “Übermensch”, o
“super-homem”.
A “morte de Deus”, segundo
Nietzsche, representa a desconstrução do padrão de Deus que a metafísica
clássica ocidental construiu: o de ser absoluto e supremo. Esse conceito de
Deus deveria morrer na consciência do ser humano enquanto mantenedor do sistema
tradicional de valores morais e éticos. Como resultado disso, alguém deveria
ocupar o seu lugar – o próprio homem, pelo seu autoconhecimento. Entretanto,
Nietzsche, entendia que a proclamação da “morte de Deus”, desestabilizaria
emocionalmente o homem arraigado em suas crenças metafísicas, pois ela acentua
a natureza do medo e da dramaticidade existencial, uma vez que pensar na
ausência de Deus assinalaria o declínio da esperança e o estabelecimento da
incerteza. O anúncio da “morte de Deus”, portanto, não se trata de propagar
ideias anti-teístas. Não pretende ser a disseminação do ateísmo. Mas em erigir
um novo conceito sobre o homem e sobre Deus.
Assim, Nietzsche observa que a
“morte de Deus” é um acontecimento cultural e existencial. Significa, em outras
palavras, matar o “dogma”, o “fanatismo”, o “conformismo”, a “superstição” e o
“medo” é desenvolver-se pelo “autoconhecimento” e não aceitar mais a imposição
de regras sedimentadas e impostas, que impossibilitam a superação e a
auto-afirmação do ser humano que luta incansavelmente para libertar-se desses
‘vícios’ e elevar-se em sua saga existencialista.
Para Nietzsche, o homem deveria
ele mesmo conduzir os seus próprios desígnios. Cabe somente a ele fazer as suas
escolhas. E, acima de tudo, optar por uma delas, certa ou errada. Os valores
arcaicos devem ceder espaço ao surgimento de novos valores. Não mais centrados
em afirmações religiosas ou metafísicas, mas em sentenças redigidas pelo
próprio homem, transmutado em um Übermensch, (literalmente “homem superior” ou
“super-homem”). Concretamente existencialista, que não promete a felicidade e
gozos na vida futura, transcendental.
Nietzsche em sua obra apresenta
um paradigma de humanidade que extingue e supera pelo autoconhecimento o modelo
da religião piedosa dos fracos e oprimidos que se encaixa perfeitamente a
proposta utópica da maçonaria de criar uma humanidade mais feliz através de
“homens superiores”, livres de vícios, superstições e preconceitos.
Fantástico esse texto, Bem objetivo.
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