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domingo, 26 de setembro de 2021

APELIDO EM LOJA

APELIDO EM LOJA
(republicação)

Questão apresentada pelo Irmão Aprendiz Celso Mendes de Oliveira Junior, Rito Escocês Antigo e Aceito, sem declinar o nome da Loja, Obediência e Oriente.
celso.mendes.junior@hotmail.com

Eu gostaria de saber se é permitido chamar um irmão por pseudônimo “apelido” dentro de Loja durante uma seção Ritualística? Faço essa pergunta, pois cometo essa gafe constantemente. Já procurei em vários lugares não acho nada escrito sobre o assunto, já perguntei para vários Mestres Maçons e Mestres Instalados e tive varias opiniões diferentes, algumas se baseando no Rito Adonhiramita que não é o meu rito. Sei que é até uma impertinência de minha parte esta incomodando o Poderoso Irmão sobre um assunto tão banal, mas essa duvida não sai da minha cabeça, poderia me ajudar?

CONSIDERAÇÕES:

Não existe regra para tal na Maçonaria, entretanto a questão me parece ser de bom senso. Em uma Instituição que tem como mote principal promover a reconstrução do Homem fazendo dele a matéria prima para edificação de um Templo à Virtude Universal, questões como as de “apelido” não se coadunam muito bem com o objetivo.

Penso que seria muito mais prático e elegante durante os trabalhos de uma Loja que os seus componentes fossem tratados pelos seus nomes de registro, pois quando um Irmão foi anteriormente proposto e iniciado, provavelmente nos formulários, publicações, comunicações e outros afins sempre estiveram presentes o seu nome de batismo, nunca um apelido.

Assim, de acordo com a razão, fator preponderante da Sublime Instituição, caberia melhor que todos fossem tratados pelo seu verdadeiro nome.

Na questão do Rito Adonhiramita, alguns rituais em vigor ainda preveem o estilo de um nome adotivo para o Obreiro, não apelido. Esse costume advém dos primórdios do Rito que em não raras vezes teve os seus praticantes e as suas respectivas Lojas, envolvidos em movimentos libertários no final do Século XVIII e começo do Século XIX.

É o caso, por exemplo, da Independência do Brasil, quando os seus baluartes adotavam nomes de personagens históricos - D. Pedro I adotara naquela oportunidade o nome de Guatimozim. No Brasil, inclusive obreiros do Rito Moderno, ou Francês na época, costumeiramente também adotavam essa prática (o procedimento não é autêntico no Rito Moderno)(1).

A verdadeira razão desse procedimento do passado, despido de ilações místicas e ocultas, era por uma questão de “segurança”, pois se porventura um livro da Loja contento assinaturas dos seus integrantes caísse nas mãos das autoridades contrárias ao movimento libertário, à troca de nomes previa dificultar a identificação dos oponentes.

Obviamente que os tempos mudaram e esses movimentos hoje fazem parte do passado. Entretanto, alguns rituais Adonhiramitas em vigor de algumas Obediências brasileiras rememoram esse costume, muito embora em algumas oportunidades com justificativas que não cabem aqui qualquer comentário.

Assim, no caso do Rito Escocês Antigo e Aceito essa prática de substituição de nome simbólico, não faz parte da sua tradição e não está nele previsto.

Agora, quanto aos “apelidos”, estes se distanciam ainda mais da prática salutar de qualquer Rito, até porque mesmo em se tratando do Rito Adonhiramita, por exemplo, a adoção de um nome não pode ser tratada como “apelido”, senão como uma tradição, uso e costume – no Rito Adonhiramita adotam-se “nomes simbólicos” que normalmente se referem a grandes personagens da história universal – isso não é apelido.

Finalizando, deixo aqui a ratificação que muitas práticas ritualísticas são características próprias de um rito em particular, assim penso que ninguém está autorizado apenas por “achar bonito”, enxertar práticas inexistentes em ritos que não há possuem. 

Dessa forma não vai aqui qualquer crítica ou desrespeito a tradição particular de cada rito e nem mesmo contra o escrito legal em vigência. A questão aqui é apenas e tão somente a de justificar um procedimento ou costume.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 584, Florianópolis (SC) 04 de Abril de 2012.  

(1) A Maçonaria regular no Brasil (1.800) começou com a prática do o Rito Moderno, ou Francês e o Rito Adonhiramita. O Rito Escocês Antigo e Aceito somente seria introduzido anos mais tarde.

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