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terça-feira, 7 de setembro de 2021

DO MEIO-DIA À MEIA-NOITE

DO MEIO-DIA À MEIA-NOITE
(republicação)

O Respeitável Irmão Nilson Garcia, Mestre Instalado, Loja Estrela da Serrinha, GOB, Oriente de Goiânia, Estado de Goiás, apresenta a seguinte questão: 
nilson@higintel.com.br 

O que significa no Rito Escocês Antigo e Aceito o termo que se relaciona com o tempo de trabalho “do Meio-Dia à Meia-Noite”?

CONSIDERAÇÕES:

Existe uma definição clássica relacionada ao Meio-Dia como horário que alude ao ápice da Luz e a questão da “igualdade”, tomando-se em conta de que com o Sol a pino, ninguém faz sombra a ninguém, torna simbolicamente um momento propício para o início dos trabalhos justos e perfeitos. Daí a obrigação do Segundo Vigilante (nível = igualdade) observar a passagem do Sol no meridiano conforme a dialética de abertura dos trabalhos.

Por outro aspecto o tempo de trabalho que se refere ao período “Meio-Dia até à Meia-Noite” está relacionado diretamente à vida simbólica do Maçom e as suas obrigações morais, éticas e sociais como esteios da sua “obra” durante a vida. Em linhas gerais a alegoria do tempo está relacionada à juventude e a maturidade. 

O Companheiro cuja idade se reporta à fase da vida de ação e trabalho está apto para abrilhantar (Segundo Vigilante ao Meio-Dia - Irmãos que abrilhantais a Coluna do Sul...) e começar a “obra” em direção ao seu ápice, daí a juventude relacionada ao Meio-Dia.

Já a Meia-Noite alude ao final da vida quando o Mestre, entre o Esquadro e o Compasso, acaba e decora (Primeiro Vigilante no ocaso do Sol - Irmãos que decorais a Coluna do Norte...) a “obra”, ensina e expõe a sua experiência adquirida ao longo da vida. 

Em síntese esse tempo de trabalho implica que o Maçom, de acordo com a sua experiência, trabalha ao longo da vida compondo a arquitetura de acordo com os ensinamentos e aprendizado. 

É regra na doutrina maçônica – o Aprendiz, ainda ofuscado pela Luz faz uso da “Intuição”. O Companheiro no ápice da Luz tem por regra a “análise”. O Mestre, pela sua maturidade e idade avançada representa a “síntese” do conhecimento adquirido. A trilogia Intuição – Análise – Síntese está correlacionada diretamente aos três ciclos iniciáticos.

Cabe aqui ainda uma observação: Embora o termo Meia-Noite se comporte na doutrina como elemento de finalização, existe ainda o comportamento doutrinário de que a morte reconduz o corpo do Homem ao elemento “Terra”, todavia tal qual a Natureza, o conhecimento e a fé não morrem, porém renascem a cada fim do inverno. 

Prevalece não o abstrato, contudo, o concreto. Ou seja: a obra permanecerá para a posteridade, afinal o produto colheita será feita, conforme a semeadura.

Recomendo uma boa meditação e observação no conteúdo da Lenda de Hiran. Indubitavelmente nessa alegoria que encerra a Iniciação está a chave filosófica e doutrinária (Palavra Perdida).

Observar a Lenda com critério e razão significa entender o que fazemos no Canteiro, deixando de nos preocuparmos apenas com o teatro ritualístico que embora não menos importante, só se completa quando o Obreiro verdadeiramente souber o seu papel como integrante da Sublime Instituição. 

Afinal, como escrito no texto, a Meia-Noite está longe de ser o fim das “coisas”, pois quanto mais escura é a madrugada, mais perto está o raiar de um novo dia – isso também explica o testamento filosófico da Câmara de Reflexão, as Colunas Zodiacais e a aclamação Huzé como saudação à LUZ.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 561, Florianópolis (SC) 11 de Março de 2012.

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