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sábado, 21 de agosto de 2021

HISTÓRIA DE DUAS PRÁTICAS RITUALÍSTICAS NO REAA

HISTÓRIA DE DUAS PRÁTICAS RITUALÍSTICAS NO REAA
(republicação)

Em 18/05/2017 o Respeitável Irmão Weber Koiti Yagui, REAA, Loja Amor e Liberdade, GOB-PR, Oriente de Ivaiporã, Estado do Paraná, formula através do meu blog http://pedro-juk.blogspot.com.br, as questões seguintes:

1) Gostaria de saber qual a razão histórica para quando o Venerável pede para o 1º Vigilante “Podeis fechar a loja”?

2) Qual a história e a razão da liturgia da transmissão da Palavra e o porquê da sua existência?

CONSIDERAÇÕES:

Essas são reminiscências dos nossos ancestrais operativos que são lembradas na liturgia da Moderna Maçonaria dos Aceitos.

As duas questões podem ser respondidas de uma só vez, já que entre ambas existe relação.

A origem da Transmissão da Palavra como a prática aplicada na liturgia do simbolismo do REAA.'. relembra o Ofício no passado, e nela a demarcação, conferência, nivelamento e aprumada dos cantos da construção.

Sinteticamente o que se poderia comentar seria o seguinte:

Nos canteiros da Idade Média, durante o início da jornada de uma etapa de trabalho, o Mestre da Obra solicitava aos seus auxiliares imediatos, os antigos wardens (zeladores), atuais Vigilantes da Moderna Maçonaria, que antes de se dar início aos trabalhos no canteiro (hoje a Loja), os mesmos fizessem a verificação acurada dos cantos erguidos para o fechamento com qualidade das paredes conferindo neles a aprumada e o nivelamento. Munidos do nível e do prumo e auxiliados pelos antigos oficiais de chão mensageiros (hoje os Diáconos), eles então percorriam a imensidão da obra (construção de uma catedral, por exemplo) e faziam meticulosa conferência. Concluída esta e estando tudo nos conformes, os mensageiros eram enviados para comunicar ao Mestre da Obra que tudo estava “justo e perfeito”, oportunidade na qual o Mestre ordenava que imediatamente fossem iniciados os trabalhos.

Concluída aquela etapa da obra, o Mestre da Obra então determinava novamente aos seus auxiliares que os mesmos conferissem os trabalhos realizados, verificando se a sua qualidade estava a contento. Assim, munidos dos seus instrumentos de trabalho, novamente os wardens, auxiliados pelos oficiais de chão, conferiam o nivelamento e a aprumada das paredes que haviam sido construídas naquela fase. Em estando nela tudo a contento, o Mestre era informado que os trabalhos estavam “justos e perfeitos”. Ao receber essa afirmativa ele então declarava encerrada aquela etapa da obra e mandava o seu primeiro warden (hoje o Primeiro Vigilante) fechar a Loja, pagar os operários e despedi-los contentes e satisfeitos, não sem antes recomendar a todos o retorno ao canteiro depois de merecido descanso para dar início à outra etapa da obra.

Na verdade o canteiro de obras era fechado no solstício de inverno no hemisfério norte e assim permanecia por toda essa estação graças às dificuldades trazidas pelas intempéries tão comuns ao ciclo natural do inverno - excesso de frio, noites longas e dias curtos (a Terra fica viúva do Sol), levando-se em conta também os obstáculos operacionais comuns àquele período da história.

Há que se considerar igualmente que os nossos ancestrais construtores atuavam no hemisfério Norte, em cujas latitudes sempre ocorrem invernos rigorosos, a despeito de que foi principalmente nessa região que a Francomaçonaria floresceu.

Em síntese essa era uma pequena parte do teatro natural onde se desenvolviam os trabalhos nos canteiros de obras medievais, sendo também apropriado lembrar-se da complexidade que envolvia as construções de pedra no passado, principalmente em se tratando da edificação de igrejas, monastérios, obras públicas e catedrais.

Foi relembrando as práticas dessa época que a Moderna Maçonaria, especificamente o REAA.'. durante a evolução dos seus rituais desde meados do século XIX e início do XX, manteve essa tradição na sua liturgia, a despeito de que de modo especulativo os maçons da atualidade não trabalham mais literalmente na construção de catedrais, porém se dedicam, por um método de aperfeiçoamento moral, a construir simbolicamente um Templo à Virtude Universal.

Assim, simbolicamente a estrutura dialética do ritual através das suas práticas litúrgicas faz lembrar o passado distante, não mais literalmente aprumando e nivelando os cantos de uma construção, mas de modo prático, comparam aquelas atividades de antanho à transmissão atual de uma Palavra envolvendo os personagens do Venerável Mestre (o Mestre da Obra do passado), dos Vigilantes (os wardens do passado) e dos Diáconos (os antigos oficiais de chão). Toda essa alegoria representa o aprimoramento do Homem como um elemento primário apropriado para fazer parte da edificação simbólica. A Palavra estando correta e transmitida nos conformes, isto é justa e perfeita ao Meio-Dia o Venerável declara a Loja aberta. Do mesmo modo, ao final da jornada, estando tudo justo e perfeito, os trabalhos são encerrados à Meia-Noite e o Primeiro Vigilante declara a Loja fechada – observe o que exara o ritual: o Venerável abre a Loja e o Primeiro Vigilante a encerra.

Concluindo, não é por acaso que as joias dos Vigilantes se constituem pelo Nível e pelo Prumo respectivamente. Do mesmo modo essa também é a razão de existir a expressão maçônica: “justo e perfeito em ambas as Colunas” como condicionante para que os trabalhos da Loja possam ser abertos e encerrados regularmente.

T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

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