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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

OS TRIÂNGULOS NAS COLUNAS ZODIACAIS

OS TRIÂNGULOS NAS COLUNAS ZODIACAIS
(republicação)

Questão apresentada pelo Irmão André Luiz A. Pinto, Companheiro Maçom da Loja Luz, Liberdade e Fraternidade, 114, sem declinar o nome do Rito e da Obediência, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná.
andreluizamancio@yahoo.com.br

Em nossa Loja estamos passando por algumas situações em que os trabalhos deveriam ser lidos como regra de conduta, mas infelizmente acho que isto não seria possível. Tenho esperança de que encontraremos o melhor caminho a ser seguido. 

O que me faz entrar em contato com o Irmão é a necessidade de esclarecer uma dúvida. Em Loja, quando da apresentação de um trabalho de Aprendiz, fomos surpreendidos com a pergunta: por que sobre as colunas zodiacais os triângulos são invertidos, um para cima e outro para baixo? Não houve uma resposta satisfatória já que ninguém falou com muita certeza. Estou pesquisando, mas ainda não logrei êxito na busca da resposta. Já enviei alguns emails buscando esta resposta, mas também não recebi retorno. O Irmão poderia ajudar-me ou indicar alguma obra que pudesse fazer esta pesquisa?

COMENTÁRIO: 

Tenho tratado exaustivamente do simbolismo das Colunas Zodiacais, próprias do Rito Escocês Antigo e Aceito. Em resumo as doze Colunas dispostas em grupos de seis em cada uma das paredes Norte e Sul (topos) representam a senda iniciática do maçom.

Divididas em grupos de três elas representam a partir do canto norte no Ocidente a Primavera (as três primeiras) e o Verão (as outras três). Já na parede Sul, partindo da grade do Oriente o primeiro grupo de três representa o Outono, enquanto que o último grupo, o Inverno. Essa alegoria reportada à Lei da Natureza sugere as etapas da vida do iniciado – infância, adolescência (Aprendiz), juventude (Companheiro) e maturidade (Mestre). 

Esses ciclos naturais se reportam ao ponto de vista do Hemisfério Norte do globo terrestre, cujo alinhamento com as constelações em numero de doze determina a faixa do zodíaco. O primeiro ciclo que principia em março parte do equinócio de primavera, enquanto que o segundo se inicia em junho no solstício de verão. Assim segue o terceiro ciclo que se inicia em setembro no equinócio de outono e por fim o quarto ciclo que começa no solstício de inverno. 

Essa é na verdade a alegoria do renascimento e morte da Natureza. Nesse ínterim a Maçonaria francesa associa alegoricamente a interpretação da morte e o renascimento do Iniciado (Lenda do Terceiro Grau).

Resumos à parte formou-se o conceito duodenário zodiacal na Maçonaria que, diga-se de passagem, nada tem a ver com as previsões e adivinhações do horóscopo. Nesta alegoria maçônica o espaço de um ano sugere uma espécie de protótipo dos ciclos naturais que emblematicamente se liga às fases da vida humana assim como àquelas inerentes à Iniciação. 

Quanto aos triângulos estes estão dispostos com associação às constelações (signos) e os ciclos naturais terrenos. Os cultos solares são à base das principais religiões terrenas. Assim ainda existe o misticismo dessa ligação com os quatro Elementos Alquímicos da Antiguidade – Terra, Ar, Água e Fogo. As provas da Iniciação no Rito Escocês possuem elo com os Elementos. A prova da Terra (Câmara de Reflexão), a prova do Ar (Primeira Viagem), prova da Água (Segunda Viagem) e a prova do Fogo (Terceira Viagem). 

Em sendo as doze Colunas a representação desses ciclos iniciáticos seguem algumas concepções para cada um desses alinhamentos, porém senão antes especificar que os triângulos como símbolos alquímicos com ápice apontado para cima representam o Fogo e o Ar, enquanto que os apontados para baixo representam a Terra e a Água. 

Colunas Zodiacais localizadas na parede Norte (sentido de leitura – do extremo Ocidente para a grade do Oriente):

1 – Constelação de Áries (Primavera), Fogo (ápice para cima). Nesse sentido se trata do fogo que constrói no interior, cujo estímulo se traduz no crescimento e no desenvolvimento. Afastado pelas trevas do inverno, este revive na primavera provocando o reavivamento da Natureza (ressurreição). O Equinócio e a passagem do Sol para o hemisfério norte. Os dias são iguais às noites na sua duração. Simboliza o ardor iniciático em direção à Iniciação.

2 – Constelação de Touro (Primavera), Terra (ápice para baixo). Implica na matéria receptiva da luz solar, cujo efeito é a fecundação. Os dias começam prevalecer mais que as noites. Esse conceito se coaduna com preparação interior. Simboliza que o recipiendário, posteriormente a uma criteriosa preparação será admitido nas provas.

3 – Constelação de Gêmeos (Primavera), Ar (ápice para cima). A Terra já fecundada pelo fogo se apresenta com vitalidade construtiva no elemento etéreo. Sublime e puro acentua a sublimação da Natureza. As noites se encurtam ainda mais e os dias aumentam em sua intensidade. Simboliza o Neófito que recebe a Luz. 

4 – Constelação de Câncer (Verão), Água (ápice para baixo). A Natureza atinge a plenitude. Estação em que a força e a robustez da vegetação são resplandecentes, porém não há ainda propriedade para a colheita, pois os frutos estão por enquanto verdes. Solstício de Verão (João, o Batista) - os dias são longos em sua duração. Implica que o iniciado busca a judiciosa instrução e assimila os ensinamentos iniciático adquiridos.

5 - Constelação de Leão (Verão), Fogo (ápice para cima). A ação tórrida do fogo exterior intervém para ressecar e matar a constituição aquosa. Os frutos começam a amadurecer. Os dias são ainda longos prevalecendo à intensidade da Luz. Simboliza o Iniciado que começa adquirir a capacidade do julgamento das ações e ideias que porventura puderem seduzi-lo. 

6 – Constelação de Virgem (Verão), Terra (ápice para baixo). A substância fecundada como esposa fertilizada pelo Fogo. A colheita está madura no momento em que o calor é agora menos tórrido. Os dias começam a encurtar para se aproximar do equilíbrio. É final de verão e aproxima-se a próxima estação. Simboliza o Iniciado que agora reúne os materiais e ferramentas. Do desbaste e preparação, aproxima-se o momento da elevação da Obra.

Fica aqui a observação sobre Câncer. Este símbolo está situado no Norte e também corresponde a Coluna Solsticial “B” que marca a passagem do Trópico de Câncer como limite astronômico boreal da revolução anual do Sol. Daí Câncer estará sempre no Norte. 

Colunas Zodiacais localizadas na parede Sul (sentido de leitura - da grade do Oriente para o extremo do Ocidente):

1 – Constelação de Libra, ou Balança (Outono), Ar (ápice para cima). É o equilíbrio das forças naturais construtoras e destrutivas. O fruto no ponto máximo da colheita e do sabor. Equinócio de Outono e os dias e noites são iguais em sua duração. O Sol se prepara para passar para o outro hemisfério. Simboliza agora o Companheiro e a juventude no estado máximo da atividade. A obra começa a ser elevada. A juventude, a ação e o trabalho são as pragmáticas do Grau. O trabalho começa ao Meio-Dia (puberdade).

2 – Constelação de Escorpião (Outono), Água (ápice para baixo). O aproveitamento do fruto e a preparação da semente que se apronta para morrer. Significa a base da construção vital e a combinação do elemento primário. O Sol se precipita para o outro hemisfério e as noites começam a prevalecer sobre os dias na sua duração. Simboliza um grau de maior de experiência, porém o Mestre é ferido de morte. O iniciado mata o iniciador.

3 – Constelação de Sagitário (Outono), Fogo (ápice para cima). A Natureza moribunda pela existência de pouca Luz assume um aspecto desolador e destaca o espírito do cadáver do Mestre. É o fim do outono que inexoravelmente encontrará a estação das trevas. Simboliza que o Companheiro se despede da juventude para ingressar na maturidade - “Eis que chegarão os dias em que tu dirás: essa idade não me agrada”. 

4 – Constelação de Capricórnio (Inverno), Terra (ápice para baixo). A Natureza está morta. Nada mais vive. Os frondosos ramos verdes agora exibem os galhos desnudos. A substância terrena, embora inerte e passiva, permanece no aguardo de uma renovação e fecundação. A Terra fica viúva do Sol que atingiu o seu ápice no deslocamento para o outro hemisfério (há a prevalência das trevas – dias curtos e noites longas). É o solstício de inverno obedecendo a Lei Natural de morrer para renascer (João, o Evangelista). A semente que morreu, no futuro certamente produzirá bons frutos. Simboliza a idade madura e o Mestre. O túmulo é descoberto na certeza de que a semente (Sabedoria) um dia reviverá da escuridão – Natalis Invicti Solis.

5 – Constelação de Aquário (Inverno), Ar (ápice para cima). Na terra adormecida os elementos constitutivos da Natureza começam a se preparar para a nova geração que se aproxima. O Sol reinicia sua jornada de retorno e as noites começam a se encurtar. Simboliza que a vitalidade inerte começa a acordar. O cadáver do Mestre é desenterrado e uma cadeia de esforços é formada para ressuscitá-lo. 

6 – Constelação de Peixes (Inverno), Água (ápice para baixo). O inverno chega ao seu fim. A neve se derrete impregnando o solo de fluídos imprescindíveis para a renovação e revitalização da Natureza. Os dias aumentam na sua duração anunciando a nova estação que virá com a passagem de retorno do Sol pelo equador. A época da ressurreição se avizinha. Enfim a Natureza reviverá pelos bens (frutos e sementes) produzidos pelas estações. Simboliza que o Mestre é levantado e revivido. Assim se despede o “caos”, pois a ressurreição traz consigo a Palavra Perdida.

Fica aqui outra observação, agora sobre Capricórnio. Este símbolo está situado no Sul e também corresponde a Coluna Solsticial “J” que marca a passagem do Trópico de Capricórnio como limite astronômico austral na revolução anual do Sol. Daí Capricórnio estará sempre no Sul.

Esse é um resumo da contingência iniciática do Rito Escocês Antigo e Aceito no tocante às doze Colunas Zodiacais. É dentro desse princípio iniciático que se configura muito a disposição de certos elementos na Sala da Loja. Um deles, por exemplo, é à disposição das três luzes sobre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre e das três sobre cada mesa dos Vigilantes. Em contraposição as Colunas Zodiacais em número de doze, as luzes são apenas nove, o que implica na falta de três. Essa contraposição está nos meses de inverno que simbolicamente possuem pouca, ou quase nada de luz. Daí na chave da iniciação (Exaltação), a Lenda no sistema latino apregoa lições de moral, ética e sociabilidade em um teatro que tem como elemento principal a busca da Luz. Assim se pode compreender que a Terra fica viúva do Sol uma vez a cada ciclo completo (ano). Os Maçons, tomados no canteiro de aperfeiçoamento como elementos integrantes da Mãe Natureza, ao investiga-la são também conhecidos como os “Filhos da Viúva”. A verdadeira eternidade está na semente plantada, ou a obra deixada.

Estas certamente permanecerão para sempre na mente dos pósteros. Só não me aprofundo mais no tema, por duas simples razões: uma pela falta de espaço e outra devida os puristas de plantão que certamente me crucificariam - se ainda assim não me crucificarem - por revelar segredos (argh!) que só dizem respeito aos Mestres. Durma-se com um barulho desses!

Finalizando, devo aqui ratificar que toda essa conotação representativa às estações do ano como base doutrinária está relegada à meia esfera norte do planeta Terra. Isso é de assaz importância para a compreensão do Rito em questão que nasceu no hemisfério boreal. Inversões de colunas, bancos, lugares, etc., como vislumbram alguns tratadistas, nada mais é do que um mero desconhecimento da doutrina do Rito Escocês. É sempre bom lembrar que vivemos em uma sociedade iniciática simbólica que aperfeiçoa e investiga a Verdade, porém nunca com elucubrações tendenciosas que possam suprir as crenças pessoais, sejam elas, místicas, ocultas ou religiosas.

E.T. – Essas considerações se destacam na vertente francesa da Maçonaria (deísta). Aspectos doutrinários da vertente inglesa não tratam desses conceitos, embora o objetivo da Sublime Instituição seja apenas e tão somente um só independente da vertente a que pertença: Nas Lojas (Oficinas) por seus métodos particulares (ritos, ou trabalhos), ou pelas ilhargas culturais, objetiva-se forjar e aperfeiçoar um novo Homem que, tal qual a Natureza, morre para renascer. Já dizia o Irmão Voltaire, Iniciado já com seus oitenta anos, quando se referiu à Natureza: “Para esse relógio, certamente há de existir um relojoeiro”.

T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 550, Florianópolis (SC) 29 de fevereiro de 2012.

2 comentários:

  1. Ar e Fogo têm o ápice dos triângulos para cima, mas no do Ar há uma reta . O mesmo acontece com Terra e água que têm os ápices para baixo. Grato.

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  2. O conjunto Coluna e "triângulos zodiacais" chama-se PANtáculo e não PENtáculo. Grato

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