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quarta-feira, 24 de novembro de 2021

AVENTAL PELO AVESSO

AVENTAL PELO AVESSO
(republicação)

O Respeitável Irmão Paulo A. Valduga, Mestre Instalado da Loja Luz Invisível, Grande Oriente do Rio Grande do Sul, REAA, Oriente de São Borja, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a seguinte questão: paulovalduga@gmail.com

Gostaria de ter um esclarecimento lógico sobre uma determinada prática utilizada por algumas Potências no REAA por ocasião da sessão de Exaltação: Por que os aventais são virados pelo lado avesso, quando não colocados nas costas (na bunda melhor dizendo)? No GORGS esta prática foi abolida, ainda bem, mas verificamos em outras Obediências; como os nossos aventais de MM tem o forro vermelho, os Irmãos ficam parecidos, quando colocam nas costas, com aqueles macacos africanos que tem a bunda vermelha! Alguns sábios Irmãos dizem que se trata de uma sessão Fúnebre, mas toda sessão em Câmara do Meio, mesmo Econômica, ou Ordinária relembra ou remete a isso; outros, quiçá místicos, dizem que é em respeito ao Mestre Hiram! Como sou um "peludo" não encontro uma explicação que possa me levar a uma conclusão satisfatória.

CONSIDERAÇÕES:

Esclarecimento lógico para o uso do avental na Exaltação pelo lado avesso realmente não existe. Pior ainda é quando colocado pelo avesso e virado para trás (sobre as nádegas).

À bem da verdade ainda existem rituais do REAA no Brasil que apregoam o seu uso pelo lado avesso até um determinado momento durante a cerimônia de Exaltação. Sem dúvida essa é uma atitude equivocada, porém estando tais rituais em vigência, a ordem é cumprir o que está escrito.

Dentre outros, esse costume fora adquirido à época das extintas Lojas Capitulares que englobavam no Rito Escocês, desde os graus simbólicos até o grau máximo Capitular, ou Grau 18. Neste grau (18) o avental possui dois lados sendo que na parte interna há também um símbolo, o que faz que em determinado momento da cerimônia, ele seja usado também pelo outro lado (só que nesse caso não é o avesso). 

Certamente, a imaginação latina atingiu em cheio o avental simbólico do Mestre, isso porque resolveram forrar o avental de preto em alusão a um pretenso “luto” – tudo na mais pura fantasia, pois em termos de simbolismo, aventais são simplesmente usados na forma normal, com seus bordados e símbolos de maneira natural. 

Para se engrossar o caldo, existe ainda o uso de muitos aventais simbólicos escoceses de Mestre na cor azul (deveria ser vermelho). Dado o fato de que em qualquer circunstância o avental do Mestre verdadeiramente deva ser usado pelo seu lado direito, a cor do forro (avesso) é o que menos aqui importa.

Embora dito isso, alguns ainda “acham” que o forro deve ser preto por representar luto e aí - como a boca se entorta conforme o uso do cachimbo – arrumou-se um simbolismo para o “coruscante” equívoco.

Posso afirmar que essa enxertia não é coisa da atualidade, já que esse costume vem sendo praticado de há muito tempo, principalmente por aqueles que pensam que todos os rituais superados do passado são os verdadeiramente corretos, não importando se neles existe, ou não, tradição pura e autêntica.

Talvez por não se encontrar uma explicação lógica para essa atitude, ficou fácil se associar esse costume com a Câmara do Meio, onde ela tradicionalmente denota o luto e o pesar pela perda do Mestre, porém a decoração da Loja de Mestre é que denota essa dor da perda e não o avental pelo avesso do Mestre. 

Ainda mais grave é a invenção daquele avental forrado de preto com o emblema distintivo do crâneo e das tíbias cruzadas o que leva a um dos símbolos mais importantes da Maçonaria, como é o caso do avental, a se parecer mais com uma bandeira de um navio pirata quando usado pelo avesso.

Como bem diz o Irmão, Câmara do Meio é a Loja de Mestre não importando estar ela em trabalho ordinário (econômico) ou magno.

Agora, avental pelo avesso (sem uma explicação lógica) e ainda sobre as nádegas!

Parafraseando meu saudoso Irmão José Castellani, quando usava um termo produzido por Eça de Queirós ao rebater os achismos – “é mesmo d’escrachar”.

Finalizando, quero aqui ratificar que os meus conceitos não têm o desiderato de se insurgir contra rituais legalmente aprovados e em vigência, nem mesmo desrespeitá-los, sejam eles inclusive de outros Ritos. A questão aqui é apenas e tão somente de “lógica”. Aos contestadores, “sou todo ouvido”.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 653, Florianópolis (SC) 10 de Junho de 2012.

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