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segunda-feira, 22 de novembro de 2021

POSIÇÃO DOS PÉS

POSIÇÃO DOS PÉS
(republicação)

Questões que faz o Irmão Gustavo Giacomini, Aprendiz Maçom da Loja Arte Real Palhocense, nº 51, REAA, Grande Loja de Santa Catarina, Oriente de Palhoça, Estado de Santa Catarina.
gustavodgiacomini@hotmail.com

Em primeiro lugar, gostaria de parabenizá-lo pela coluna no JB News, sempre tão informativa, em especial aos Aprendizes, que como no meu caso, estão sempre em busca de conhecimento Maçônico. Se me permite, gostaria de fazer duas perguntas: 

1. Tenho reparado nos Irmãos de minha Oficina e em algumas Lojas que visitei (todas trabalham no REA∴A) no que se refere ao posicionamento dos pés na esquadria quando ficamos em Pé e à Ordem. Alguns colocam o pé esquerdo na frente, formando os 90º com o pé direto voltado para a direita (como num "L"). Outros o fazem com os pés em "V", ou seja, com o vértice no meio e abrindo 45º para cada lado. E reparo isso especialmente na abertura do Livro da Lei, quando os Diáconos se posicionam nos vértices do Altar dos Juramentos, onde alguns Irmãos viram o corpo para a direita, mantendo o pé esquerdo para frente, em direção ao Oriente. Se a posição dos pés é uma alusão ao Esquadro em cima do Livro da Lei ou na Joia do Venerável Mestre, estou certo em acreditar que o "V" é o mais correto?

2. Na circulação da Bolsa de Propostas e Informações ou no Tronco de Solidariedade, existe alguma regra sobre o que fazer antes e depois de colocar a mão na Bolsa? (Cito como exemplos: apoiar a mão sobre o coração antes de depositar; dar um toque na mão do Hospitaleiro ao tirar a mão; retirar a mão aberta, etc.).

CONSIDERAÇÕES:

Quanto à posição dos pés. Essa é uma questão que vem sendo praticada de maneira equivocada por uma grande parte dos maçons brasileiros no tocante ao Rito Escocês Antigo e Aceito. A falta de percepção de uma grande parte de ritualistas brasileiros tem feito com que seja copiada de um para outro ritual essa anomalia. O que fazer se muitos dos rituais em vigência das nossas Obediências ainda passam essa informação em caráter oficial? O jeito é ficar batendo incansavelmente na mesma tecla até que quem sabe um dia as coisas sejam colocadas no seu devido lugar. Isso para não se dizer que à “luz do arrepio” alguns Irmãos não querem nem mesmo ouvir essa arguição, embora muitos destes ainda componham o Sinal Penal sem nem mesmo formar a esquadria com os pés – é pelo tamanho do barulho que se sabe que a carroça está vazia.

No Rito Escocês Antigo e Aceito que possui o Pavimento Mosaico de maneira oblíqua, os pés devem formar a esquadria de tal maneira que as plantas dos pés fiquem orientadas no mesmo sentido oblíquo do pavimento e os calcanhares coincidam com a intersecção dessas linhas oblíquas. Cada quadrado em diagonal do piso representaria na execução da Marcha uma orientação para os passos. Em consequência dessa particularidade o Obreiro estando à Ordem assumiria essa posição aproximada sem que nessa oportunidade obviamente precisasse coincidir a posição dos pés e calcanhares com as linhas oblíquas do pavimento, porém os pés estariam unidos pelos calcanhares e os pés representariam os ramos do esquadro. 

Já a posição de se estar com o pé esquerdo apontado para frente não é prática tradicional do Rito Escocês Antigo e Aceito, embora, como dito, uma grande maioria dos nossos Irmãos ainda assim procedam.

Ah! Antes que haja alguma contestação no ângulo de noventa graus, devo dizer que os pés abertos e unidos pelos calcanhares a quarenta e cinco graus cada um de um eixo imaginário, a sua soma é igual à esquadria (90º).

Já no tocante ao Esquadro posicionado sobre o Livro da Lei, embora a posição coincida com o formato do passo verdadeiro do Rito em questão, nada tem a ver com ele, sendo, portanto apenas uma coincidência. O Esquadro sobre o Livro da Lei é sim um dos componentes das Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria que, diga-se de passagem, conforme o Rito nem sempre tem os seus ramos voltados para o Oriente, ou nem mesmo é posicionado sobre o Livro aberto. 

Quanto ao Esquadro, ou a Joia do Venerável Mestre possuir elo com a posição dos pés, essa suposição é completamente falaz e não merece nem comentário.

Quanto à colocação da proposta ou do óbolo. Todo obreiro o faz indistintamente se vai depositar ou não. Sentado, coloca a mão direita fechada na bolsa, ou saco, oferecido pelo Oficial circulante e retira-a em seguida aberta. Apenas isso.

No rito Escocês Antigo e Aceito não se leva a mão na direção do coração, nem se faz sinal, ou qualquer outra atitude para o evento. O único Obreiro que deposita o óbolo, ou a proposta em pé é o Mestre de Cerimônias, ou o Hospitaleiro quanto estiver cumprindo a sua obrigação de ofício.

A colocação da mão fechada e a sua retirada aberta, principalmente no caso da coleta do óbolo, está ligada a discrição de que na apuração do produto, ninguém saiba quem deu mais, menos, ou não pode dar nada, assim como denota a evidente clareza de que de dentro do receptáculo, nada foi retirado.

Aliás, esse costume praticado pelos ritos de origem francesa (como é o caso do Rito Escocês), teve sua origem no personagem denominado Hospitalário, comum nas igrejas francesas que, ao final da missa, ficava na porta do templo religioso portando uma grande bolsa a tiracolo da direita para a esquerda onde os fiéis depositavam ajuda aos necessitados. 

Esse costume acabou influenciando as Lojas que adotaram a chamada “bolsa” ou “saco”, porém seguro com as duas mãos no lado esquerdo do quadril em alusão simbólica àquela usada pelo hospitalário da igreja. No costume maçônico, também pegou carona o mesmo receptáculo para as propostas e informações.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 649, Florianópolis (SC) 06 de Junho de 2012

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