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sábado, 21 de maio de 2022

UM SÓ GOLPE DE MALHETE

UM SÓ GOLPE DE MALHETE
(republicação)

Em 23/08/2017 o Respeitável Irmão Antonio do Nascimento, Loja Acácia da Colina, Rito Brasileiro, sem mencionar o nome da Obediência, Oriente de Piracicaba, Estado de São Paulo, solicita o seguinte esclarecimento:

Recorro aos vastos conhecimentos maçônicos do estimado Irmão para tirar uma dúvida. Se uma Sessão de Finanças é aberta pelo Venerável Mestre com um só golpe de malhete, há necessidade de abrir o Livro da Lei? Bem sei que o saudoso Irmão Castellani defendia que qualquer sessão deve ser aberta ritualisticamente.

Eu tenho um entendimento sobre o referido assunto, mas não sei se está correto. Na minha maneira de ver, se toda a Abertura Ritualística foi suprimida (pelo golpe de malhete) não há necessidade de que seja aberto o Livro da Lei, uma vez que este procedimento está incluído na Abertura Ritualística da sessão. Procurei nos Consultórios Maçônicos do Irmão Castellani e nada encontrei a respeito.

Eu e alguns Irmãos trocamos ideias sobre essa questão, com entendimentos diferenciados (alguns concordam com a minha interpretação, outros não). Argumenta-se que o Livro da Lei deve sempre ser aberto, mesmo que a sessão tenha sido iniciada com um só golpe de malhete.

Entendo que a Sessão de Finanças é uma sessão estritamente administrativa e para reforçar o meu entendimento, tenho lembrado que nas sessões eleitorais o Livro da Lei não é aberto.

Desde já, agradeço a sua atenção e atendimento ao meu pedido.

CONSIDERAÇÕES:

Tudo vai depender do que exaram os regulamentos da Obediência. Como não existe essa informação na sua questão, vou seguir o exemplo do Grande Oriente do Brasil e o que prevê o seu Regulamento Geral da Federação nos Artigos 108 e 109. Nesses Artigos fica claro que a Sessão é Ordinária de Finanças no Grau de Aprendiz Maçom, portanto aberta ritualisticamente conforme o ritual do Rito praticado.

No rigor da lei e da tradição maçônica não existe nenhuma “sessão ritualística aberta com um só golpe de malhete”. O que se anuncia com um golpe de malhete é a Ordem do Dia de uma sessão regular onde serão tratados, nesse caso, somente assuntos pertinentes às finanças da Loja.

Outro importante aspecto que deve ser considerado a respeito, é que os assuntos votados na Ordem do Dia somente têm a chancela da legalidade se a Loja tiver sido regularmente aberta e, para tal, existe, conforme o Rito, uma liturgia específica que envolve a bateria do grau e a exposição das Três Grandes Luzes Emblemáticas (Livro da Lei, Esquadro e Compasso) como condição única para se abrir uma Loja.

Não menos importante ainda é a existência de um autêntico Landmark da Ordem (imemorial, espontâneo e universalmente aceito) que adverte que uma Loja somente seja aberta na presença das Três Grandes Luzes, ou Luzes Emblemáticas da Maçonaria.

Assim, independente do tipo de Sessão Maçônica (ordinária ou magna), se for realizada ritualisticamente em Loja aberta, não há como iniciar os seus trabalhos com um só golpe de malhete, já que para se abrir o Livro da Lei (condição sine qua non para se abrir a Loja) existe uma liturgia de abertura e nela se processam golpes de malhete para a abertura e o encerramento tantos quantos forem necessários pelo grau de trabalho.

Já que Sessão Eleitoral também foi mencionada na questão, vale a pena mencionar a título de exemplo que, no caso de eleição para Grão-Mestre, o Ritual de Mestre Maçom do REAA⸫ do GOB prevê uma Sessão Extraordinária, cuja mesma é sempre aberta e encerrada ritualisticamente, não existindo, portanto esse famigerado “um só golpe de malhete” para a abertura dos trabalhos.

Dados a todos esses comentários é que o saudoso Irmão José Castellani já nos alertava para esse equivoco quando afirmava que “não é maçônica uma sessão aberta com um só golpe de malhete”.

Agora, se existem Obediências com Regulamentos e/ou Decretos em vigência de Poderes constituídos que exaram métodos contrários ao que aqui foi comentado, há que se discutir então até que ponto isso é legal sob a égide da tradição maçônica.

Concluindo, salvo as Sessões Administrativas ou alguma outra determinação superior oriunda de um tribunal eleitoral, por exemplo, a única oportunidade em que um Venerável Mestre pode utilizar-se da prática de “um só golpe de malhete” numa sessão ritualística é para encerrá-la onde porventura o momento inevitavelmente requeira essa providência (sinistros, emergência médica, etc.).

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

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