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quinta-feira, 9 de novembro de 2023

A GRANDE ESPERANÇA OU GRITO DE REVOLTA

Arnaldo Faria M∴ I∴ 
Grão Mestre Adj∴ de Honra do GOSP
Loja L´Aquila Romana – 3365 GOSP/GOB
Procede de tal modo que o exemplo do teu ato possa ser erigido como norma de âmbito universal. (KANT)
Maçonicamente define-se a moral individual, em nove prescrições: honestidade, dedicação, lealdade, energia, prudência, civilidade, perseverança, zelo e gratidão. E a moral social também se firma em outros nove ditames: obediência a Leis, a prática da Justiça, o espírito de Solidariedade, a defesa da Liberdade, a coadjuvação para o Bem Estar Social, a efetiva obrigação do Trabalho, o amor à Família, a fidelidade e devotamento à Pátria e a categoria máxima é a crença em Deus. Crer em Deus livremente, como o conforme a consciência: o Deus Providência, o Ser Supremo, o Altíssimo, o Princípio Criador... o Deus que não está no éter cósmico, no imperscrutável do Espaço e do Tempo, mas dentro de nós mesmos; e O sentimos quando espontaneamente enlevados nós nos arrebatamos com a verdade, que é a luz, nos fascinamos com o Bem, que é virtude e nos sublimamos com o Belo, que é Amor, - as três excelsas inspirações dos nossos Templos. Como compensação a observância de seus deveres, o maçom defende a fruição dos direitos, proclamados pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em 10 de Dezembro de 1948. “A Declaração dos Direitos do Homem”, é um documento maçônico, pela inteligência que o vivifica e pela maioria dos que o subscreveram. Basta atentar para o artigo 1º. “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Todos são dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com o espírito da fraternidade. A Famosa Declaração pode ser assim condensada:
“Os direitos do homem como individuo tem fundamento natural; o direito à vida, para si e para a sua família e desdobram-se em sete preceitos: Saúde, Alimentação, Teto, Vestuário, Educação, Segurança e Descanso. Como cidadão, cabem-lhes os seguintes sete essenciais direitos: à igualdade perante a lei e a proteção; a inviolabilidade do lar e o respeito à honra e à reputação pessoal; à propriedade, à liberdade de manifestação de pensamento, consciência e religião; à liberdade de reunião, associação, locomoção e residência; à possuir um nacionalidade e a tomar parte no governo do país, direta ou indiretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos”.
Por aí se vê que a formação do homem moral constitui o mago objetivo da Maçonaria. Isto porque a finalidade da Ordem é o aperfeiçoamento da vida. E, a vida repele as destruições atômicas, tóxicas, ou outra forma de violência, além da escravidão ideológica. Tudo isso é aqui lembrado para acentuar a posição dos maçons nesta encruzilhada da história pátria.

Várias crises assolam o Brasil, acorrentado ao desenvolvimento, mas a maior delas é a crise moral. Já foi proclamado na cidade de Santos em maio de 1965, iniciando a campanha contra o abastardamento do caráter nacional, que na época teve grande repercussão na imprensa e no público. 

Na mesma linha de pensamento, o governo estabeleceu depois, o ensino moral e cívico nas escolas do país e mais tarde o próprio ministro do planejamento, citando um reitor da universidade norte americana, afirmou “fundamentalmente o desenvolvimento é uma questão de caráter, e que um país subdesenvolvido, permanece nessa condição, não porque lhe faltam recursos naturais, mas porque há nele um vicio básico na estrutura de caráter”.

O Problema essencial no Brasil, e também em quase todos os países, é a má formação do caráter nacional.

Já Protágoras (481 – 411 AC), na antiga Grécia, que afirmou pela primeira vez que “o homem é a medida de todas as coisas”. Esta sentença permanece intacta até hoje, nem sequer se abalou com o aparecimento, séculos depois, do conceito Marxista de que a natureza do homem só é mudada pela transformação das estruturas econômicas – sociais do meio em que se vive. Em verdade, nada se fará de duradouro e de efetivo na edificação de uma nova ordem social e política, se não lhe computar os erros e os vícios que lhe desvirtuaram o reto comportamento.

O Brasil não pode mais ser o “gigante enfermo da América Latina”, a GRANDE ESPERANÇA” é a revitalização do caráter do homem que vive no Brasil, nacional ou alienígena. Recuperá-lo cívica e moralmente, contra a corrupção e a subversão, a especulação e ganância, o favoritivismo e a incapacidade. O padrão moral de nossos maiores, deve ser restaurado, com o ressurgimento da dignidade e da decência da vida particular, na vida profissional e na vida pública, nesta sobretudo, na política e na administração. A grande meta é sem dúvida, o homem no seu espírito, a pureza não é uma ficção de novelista, mas uma força motora. É inumana e falsa a trilogia contemporânea: sexo, violência e dinheiro. No Brasil há de se fazer uma renovação moral e espiritual, criar-se uma nova consciência, uma era de cobrança e grandeza, de probidade e de fé, de austeridade e confiança, de dignidade e otimismo, nos destinos da Grande Pátria. Integra de caráter, nobreza de coração e principalmente acendrado espírito Público.

Os países subdesenvolvidos e muito pobres, na classificação do Banco Mundial, somam mais de noventa (90), num total de cento e trinta (130). Eles constituem os países inermes do capitalismo internacional, que não tem pátria. País subdesenvolvido quer dizer: país em que a ignorância, a fome e a doença campeiam soberanamente, acrescida de dois outros flagelos: a exploração demográfica e a instabilidade política. País subdesenvolvido, quer dizer, país que não alcança a democracia autentica, porque está desnaturada pelo voto emocional, pela demagogia e pela corrupção. E, sobretudo neste estado de inferioridade, campeia o demônio poliforme da crise moral.

Há nos países subdesenvolvidos e muito pobres mais de um bilhão de crianças desamparadas. O Brasil queira ou não é um país subdesenvolvido ou pobre, em que, em cada cem (100) habitantes, noventa (90) não recolhem imposto de renda, apenas a região Rio - São Paulo, que produz setenta por cento (70%) da renda nacional, apresenta uma renda anual per capitã aceitável, para os padrões internacionais, enquanto que o resto do país está na faixa de pobreza ou miserabilidade. O Brasil precisa romper as correntes que o prende ao subdesenvolvimento, mas somente às custas de seu próprio esforço. 

O auxilio estrangeiro raramente é construtivo; geralmente é predatório ou neocolonizador, o capitalismo internacional, apátrida, não age contra si mesmo, se o Brasil esperar por auxilio estrangeiro para se emancipar, é seguro que jamais conseguirá. Nunca houve e nem haverá desenvolvimento nacional controlado por monopólio ou organismos internacionais.

A história nos ensina que só há dois processos de auto-libertação para os países subdesenvolvidos; o compulsório e o violento, que é liberticida inexorável, como foi feito na União Soviética, impondo-se à ferro e fogo a mudança social de 1917, a qual depois de setenta (70) anos, foi recusada pelo próprio povo, ou processo gradualista, evolutivo e humano, dentro dos padrões democráticos, com a mobilização de todos os recursos nacionais, inclusive a formação de uma frente interna, sólida e coesa, como ocorreu em vários dos atuais países desenvolvidos e industrializados, por isso mesmo ricos. Este é o rumo certo, porque a liberdade deve ser sempre companheira do progresso, todos os recursos hão de ser empregados, sobretudo na educação, da escola primária até a faculdade, pois a educação é indispensável fator de mudanças sociais. Façam-se a ampliação e a democratização das oportunidades em todos os níveis e suprima-se o drama da juventude sem o acesso a educação, nenhum país pode crescer sem o desenvolvimento da ciência e da técnica, acentue-se que a competição entre os países desenvolvidos, hoje se trava propriamente nas universidades, reformar nossa universidade é uma exigência de redenção brasileira. A outra exigência é a implantação efetiva das reformas estruturais, sobretudo a agrária e é indispensável a criação de uma classe média rural, para melhorar a produtividade da terra e a elevação do nível de vida da nossa hinterlândia.

Um governo firme do Brasil, terá que contar com o apoio de todos os que nele vivem, para a grande obra de emancipação da Pátria, uma facção de brasileiros e alienígenas, decerto atenderá ao primeiro chamamento, outra facção, depois de esclarecida, somar-se a à primeira e o restante, a terceira facção há de ser compelida, por tratar-se de maus cidadãos, aqueles que colocam seus interesses particulares acima dos interesses da nação, aqueles que criam instituições assistenciais fantasmas com o único fim de só receberem verbas do governo, aqueles que depositam milhões de dólares em bancos estrangeiros, sonegando dessa forma a economia, aqueles que tem devolutos os seus latifúndios, aqueles que fazem da industria e do comércio fonte de especulação, aqueles que sonegam impostos e praticam o contrabando, superior a vários milhões de Reais, esta última facção desnacionalizada e quase sempre inconversível, que deverá ser constrangida à bem proceder, são os galhos sem frutos da arvore Brasil, roubando-lhe ainda a seiva da vida. Se contra ela, a lei for omissa ou revelar-se inoperante, crie-se o instrumento adequado ao resguardo do interesse nacional, que não deve e não pode ser sabotado.

Determine o governo uns rumos firmes e certos, adaptados à era moderna, às exigências socioeconômicas da civilização industrial, seja ele o exemplo permanente de descontínuo da nacionalidade, em todos os níveis para exigir da nação o mesmo comportamento. É necessário conferir ao Brasil um ideal, sobretudo porque é um país jovem, com 65 milhões de jovens entre 15 e 25 anos, é preciso unir todo o povo, em torno de objetivos comuns, criar riquezas, fonte do bem estar social, porque só a riqueza é divisível e criar uma nova Pátria. Para isso temos que queimar num fogo inextinguível o restolho de todos os flagelos que deturpam o caráter nacional, a decadência geral dos costumes, o estelionato do sentido cívico, o afrouxamento dos laços da família, a crise de autoridade, a falta de espírito público, a improbidade em todas as suas formas, a escassa cooperação e desentendimentos do cidadão com o governo, a freqüente omissão e desídia do governo, em desfavor ao povo, como se fossem incompatíveis seus interesses, o preito aos aspectos artificiosos, materialistas e inumanos da civilização contemporânea, inclusive o desprezo pelo resguardo do pudor feminino, o favoritismo o compadrio e o tráfico de influencias, a demagogia, a mentira, a impostura, a irresponsabilidade, a prática do esnobismo, o aplauso à mediocridade, a instigação do imediatismo, a ânsia do sucesso rápido, a indisciplina, a brutalidade de comportamento, a primazia do egoísmo, a facilidade com que se mata e com que se calunia, a falsificação de medicamentos e de alimentos, as vantagens ilícitas e os privilégio de várias classes políticas, industriais, comerciais e latifundiárias, as greves políticas e a autonomia de ganhar mais produzindo menos, a redução do tempo para a aposentadoria no serviço público, quando se verifica que a média de vida cresce no país, a presença do poder econômico nos pleitos eleitorais, a especulação dos negócios e a ganância dos lucros extraordinários, a evasão de rendas, a sonegação de impostos e a isenção de direitos, as subvenções para entidades fictícias, o contrabando imenso e multiforme, como carne, grãos e outros alimentos, ouro (70% da produção), pedras preciosas e semi-preciosas, sendo que até navios carregados desaparecem em meio da rota e jamais chegam a porto conhecido, contrabando esse que dá uma sangria anual ao Tesouro Nacional de bilhões de dólares.

Temos ainda mais: alíquotas de rendas federais para centenas de serviços municipais, que nunca são executados, ou mesmo para municípios fantasmas, a tramóia, a vida comum de grupos econômicos nacionais e estrangeiros, a infidelidade à Pátria pela fidelidade ao interesse e disciplinas aos interesses estrangeiros.

Em fim, é necessário mudar-se muito do que aí está, para que nossos pósteros tenham uma vida digna de um ser humano e que tenhamos um Brasil amado por todos os brasileiros e respeitado no conceito universal.

Lutar para conseguirmos realizar o que aqui ficou dito é o grande imperativo e só assim poderemos ver atingido a nossa GRANDE ESPERANÇA, ou o nosso GRITO DE REVOLTA.

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