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terça-feira, 27 de junho de 2023

MARCHA DO APRENDIZ NO RITO ADONHIRAMITA

(republicação)
Em 05/12/2017 o Respeitável Irmão Luís Torres, sem mencionar o nome da Loja e do Oriente, Rito Adonhiramita, GLESP, Estado de São Paulo formula a seguinte questão:

MARCHA DO APRENDIZ – RITO ADONHIRAMITA.

Lendo algumas matérias que assinou, gostaria de consulta-lo se há alguma informação nova sobre a Marcha do Aprendiz do Rito Adonhiramita – em caso positivo - onde posso encontra-la. O Ritual não é conclusivo, apenas fala de passos, que hoje são interpretados de formas diversas – inclusive a de arrasta-los (que eu não concordo). Estou buscando fundamentos para fazer uma boa prancha sobre o assunto. Se tiver algum material para me enviar, ou mesmo tiver notícia sobre algum Ritual que esclareça a questão, por favor, me avise que tentarei adquiri-lo.

CONSIDERAÇÕES:

Em regra geral as Marchas (passos) nos ritos que as possuem determinam simbolicamente o início do caminho do Aprendiz em direção à Luz – das trevas da ignorância à Luz do esclarecimento.

O que ocorre, entretanto, é que os Ritos possuem suas particularidades doutrinárias e ao mesmo tempo históricas. No caso do Rito Adonhiramita, além dele estar voltado para o conceito metafísico-filosófico do ser humano, ele é também oriundo da corrente teísta de Maçonaria, muito embora ele seja um rito nascido no século XVIII na França.

No caso especialmente da Marcha do Aprendiz no Rito, alguns autores divulgam que ela é executada de forma invertida em relação ao REAA, o que não é verdade, pois isso não pode ser tratado como inversão, senão como uma característica Adonhiramita que provavelmente tenha surgido na época pela tentativa de resguardar os segredos que vinham sendo comumente revelados os jornais semanais sob o título de “revelações maçônicas”. Com essa atitude muitos procedimentos ritualísticos acabaram sendo invertidos em relação a outros na intenção de confundir os bisbilhoteiros do mundo profano.

Assim, a Marcha de Aprendiz do Rito Adonhiramita é sempre executada com o p∴ d∴ à frente, formando a cada um dos t∴ pp∴ uma esq∴. Essa característica a difere do escocesismo que executa a Marcha sempre com o p∴ e∴. Note que isso não é “inversão”, mas característica do Rito.

No que diz respeito ao significado básico dessa alegoria, o mesmo está na retidão (esq∴) associada ao caráter do maçom, pois os t∴ grandes p∴ pela esq∴ têm o desiderato de ensinar ao Aprendiz o caminho que ele deve seguir na Ordem. 

Essa é uma ideia representativa e significa o zelo no caminho percorrido e que será avaliado pelo seu instrutor. Tudo se resume na esq∴ por ser ela o grande símbolo da vereda dos justos.

Ainda os t∴ pp∴, eles revelam o princípio da retomada do caminho após a Iniciação. Nesse particular o maçom revela nos seus primeiros passos a alegoria da sua infância.

Quanto à expressão “arrastar os pés”, eu posso lhe afirmar que bons e verdadeiros rituais não mencionam essa prática, simplesmente porque ela não existe, senão como fruto de imaginação de fantasistas que adoram rechear rituais com as suas “brilhantes ideias”.

A rigor, simplesmente a cada p∴ avança-se por primeiro o p∴ d∴ apontado para frente, unindo-se em seguida o outro p∴ na forma de costume. Originalmente não existe o arrastar de pés nesse movimento.
Dada à característica espiritualizada do Rito Adonhiramita, muitos outros conceitos podem se apresentar na sua doutrina. A questão talvez seja a de separar o joio do trigo.

O verdadeiro Rito Adonhiramita foi construído com três graus simbólicos e mais nove graus ditos superiores, o que lhe deu a originalidade de doze graus. 

A posteriori, segundo alguns autores, em homenagem a Frederico, o Grande, o superado Ragon acabou vendo nele mais um grau pertinente, o que acabou se consolidando como um Rito de treze graus. 

Para piorar as coisas, infelizmente aqui no Brasil, já no final do século XX, alguns rituais Adonhiramitas acintosamente apareceram e foram aprovados com trinta e três graus à moda do escocesismo e sob a justificativa capenga de que o acréscimo de mais graus fortaleceria a prática do Rito. 

Dados esses comentários e concluindo, sugiro ao Irmão que consulte a obra de Gilvan Barbosa que trata da Coletânea Preciosa do Rito Adonhiramita aqui no Brasil. Veja também os rituais Adonhiramitas do Grande Oriente Independente do Estado de Santa Catarina (COMAB) que sem dúvida tem sido por aqui os mais próximos da originalidade. Recomendo o livro Passos de Um Aprendiz Adonhiramita de Amauri de Souza, Editora Maçônica A Trolha, 2016, dentre outros.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

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