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segunda-feira, 19 de março de 2018

O COMPANHEIRO MAÇOM

O COMPANHEIRO MAÇOM
Ir∴  Joel Oliveira Dutra - C∴M∴ 

Doutrinariamente, o grau de Companheiro é o mais legítimo grau maçônico, por mostrar o obreiro já totalmente formado e aperfeiçoado, profissionalmente. Historicamente, é o grau mais importante da Franco-Maçonaria, pois sempre representou o ápice da escalada profissional, nas confrarias de artesãos ligados à arte de construir, as quais floresceram na Idade Média e viriam a ser conhecidas, nos tempos mais recentes, sob o rótulo de "Maçonaria Operativa", ou "Maçonaria de Ofício".

Na realidade, antes do século XVIII havia apenas dois graus reconhecidos na Franco-Maçonaria: Aprendiz e Companheiro. Na época anterior ao desenvolvimento da Maçonaria dos Aceitos, ou Especulativa, o Companheiro era um Aprendiz, que havia servido o tempo necessário como tal e havia sido reconhecido como um oficial, um trabalhador qualificado, autorizado a praticar seu ofício. O grau de Mestre Maçom só surgiria em 1723 — depois da criação, em 1717, da Primeira Grande Loja, em Londres — e só seria implantado a partir de 1738. Por isso, o grau de Companheiro foi sempre o sustentáculo profissional e doutrinário dos círculos maçônicos, não se justificando a pouca relevância que alguns maçons dão a ele, considerando-o um simples grau intermediário. Autores existem, inclusive, que afirmam que na fase de transição da Maçonaria, ele era o único grau, do qual se destacaram, para baixo, o grau de Aprendiz, e, para cima, o de Mestre. Na realidade, não pode ser considerado um maçom completo aquele que não conhecer, profundamente, o grau de Companheiro. 

É importante salientar que muitos dos símbolos do grau de Companheiro Maçom - os quais tanto excitam a mente de ocultistas - foram a ele acrescentados já na fase da Maçonaria dos Aceitos, pêlos adeptos da alquimia oculta, da magia, da cabala, da astrologia e do rosacrucianismo , já que os obreiros medievais, os verdadeiros operários da construção, nunca adotaram tais símbolos, limitando-se às lendas e aos mitos profissionais. Eram, inclusive, adversários das organizações ocultistas, combatidas pela Igreja, à qual eles eram profundamente ligados, pois dela haviam haurido a arte de construir e mereciam toda a proteção que só o clero católico poderia dar, numa época em que o poder maior era o eclesiástico. 

Com o incremento do processo de aceitação, a partir dos primeiros anos do século XVII, as portas das Lojas dos franco-maçons foram sendo abertas não só aos intelectuais e espíritos lúcidos, que foram responsáveis pelo renascimento europeu, mas, também, a todos os agrupamentos místicos e às seitas existentes na época. Isso iria provocar uma verdadeira revolução nas corporações de ofício e iria começar a delinear a ritualística especulativa do grau, baseada em símbolos místicos e nas doutrinas ocultistas, principalmente na Cabala e na Alquimia Oculta. 

Há que se dizer ainda que alguns estudiosos dos rituais referem que há um certo grau de humilhação no grau, porque além de enfeitado com dissertações profanas, é ridículo o fato de separar-se os Aprendizes e dar-se ares de mistérios à elevação para, afinal, desvendar algumas noções absolutamente elementares sobre o mecanismo dos sentidos. A humilhação residiria exatamente no fato de entrar o segundo grau da maçonaria 'em concorrência com a escola primária'. 

O Aprendiz nasce, o Companheiro cresce. O Grau de Aprendiz vem consagrado ao desenvolvimento dos princípios fundamentais de sociedade e ao ensinamento de suas leis e costumes. O aprendizado maçônico equivale à infância, vez que o Iniciado é nova criatura que fatalmente progride no seu crescimento simbólico através do trabalho, da ciência e da virtude. O ensino do primeiro grau é o da purificação, eliminando da natureza tudo quanto possa induzir às ações irrefletidas e egoístas. 

Percorrido o caminho do aprendizado, surge a oportunidade de o iniciado encontrar o conhecimento, de adquirir o desenvolvimento mental (dominar a mente inferior) que não só o preservará das más ações mas lhe prescreverá uma definida conduta de ações altruístas. Assim, quando da elevação, o aprendiz recebe instruções sobre os cinco sentidos, uma etapa física, pois o corpo nada vale por si mesmo senão unicamente como veículo dos sentidos por cujo meio o homem adquire o necessário conhecimento do mundo físico para dirigir suas ações; aprende também que deve conhecer as artes, modo para entender que toda obra verdadeira há de ser bela. Recebe ainda instruções sobre as ciências da natureza, para que compreenda que toda a sua obra necessita de ordem e equilíbrio, atributos encontrados nas ciências, onde então reconhecerá sua natureza superior que o conduzirá ao mais elevado ideal da vida: servir. 

O Companheiro aprende ainda que o Templo representa o Homem; que Salomão significa o Sol, Júpiter, Amon; que as Duas Colunas representam o Homem e a Mulher, sendo o princípio Gerador a Coluna Branca, o "J", e o princípio Destruidor, aquele que exige a destruição do Germe na Matriz para atrair a reprodução e a geração, sendo a Coluna negra "B". 

O duplo princípio, macho e fêmea, criador e destruidor, luz e trevas, está representado igualmente pelo Pavimento Mosaico de quadrados negros e brancos; pelo Compasso; pelo Esquadro, símbolo da terra, e Isis, da Mulher. O produto sendo a Estrela Flamejante, com o IOD em seu centro, outra vez o princípio Gerador se perpetuando através das gerações (G). 

Com tais instruções, estará, enfim, apto ao crescimento e ao trabalho. Crescimento espiritual, rumo ao conhecimento da realidade não palpável, a realidade não ilusória (a material), que tanto confunde o profano e o faz trilhar por caminhos tortuosos, longe da verdadeira senda que conduz à luz. 

BIBLIOGRAFIA: 

- "Cartilha do Grau de Companheiro", José Castellani, Editora A Trolha, 1998; 
- "Rito Escocês Antigo e Aceito", Rizzardo da Camino, Editora Madras; 
- "A vida oculta na maçonaria", C. W. Eeadbeater, Editora Biblioteca Maçónica; 
- "A simbologia maçônica", Jules Boucher, Editora Pensamento. 
- páginas da internet



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