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quinta-feira, 12 de abril de 2018

O ELEITOR MAÇOM

O ELEITOR MAÇOM
Alim Rocha de Abreu – M∴ M∴ 

Todas as pessoas são essencialmente políticas, pois vivem em sociedade. A natureza, os hábitos, o fazer diário dos cidadãos os insere na complexa organização política representada pelo nosso viver. Saber administrar a sua vida, criando condições saudáveis de convivência harmoniosa com os seus semelhantes; trabalhar, divertir-se são alguns exemplos do cotidiano que tipificam essa política. As atitudes individuais e coletivas refletem os pormenores dessa cultura política. Está estampada nos desafios da vida, nas alegrias e tristezas inerentes a todo ser humano. O conceito de política, porém, em tempos de eleição, apresenta nuanças diferentes. Muitas das vezes dá lugar a paixões e comportamentos diversos, até distorcidos, suscitando por causa disso, discussões acaloradas e estéreis que têm servido apenas para desafogar as múltiplas frustrações de um povo sofrido. Como resultado de tamanha insatisfação resulta o sentimento do desalento, estado de ânimo presente de forma esmagadora na maioria da população brasileira.

Pode-se creditar o desgaste da política e políticos, sobretudo por conta da conduta de grande parte dos elementos eleitos, cidadãos nem sempre à altura da distinção que lhes é conferida pelo povo. O distanciamento entre os eleitores e a maioria dos eleitos se acentua tão logo o pleito esteja encerrado. Situação esdrúxula com viés circense, pois transforma o público-alvo em mercadoria descartável, cujo prazo de validade expira junto com o resultado das eleições. A partir daí a vontade real dos eleitores fica prejudicada. É coisa secundária no jogo político repleto de interesses, malícia e esperteza. Relega-se a coisa pública, ri-se com escárnio dos anseios populares. Além disso, as promessas de alguns candidatos – muitas delas, irreais – perdem-se nos imbróglios partidários e pretensões pessoais. 

A análise de um quadro tão pessimista, mas realista - frise-se - é necessária, mormente no período eleitoral quando, então, o cidadão comum é finalmente “lembrado, valorizado, bajulado” por força da obrigatória necessidade da caça aos votos. Desnecessário, desse modo, aprofundar análise sobre a descrença e o desalento presentes nos corações de toda a gente. Infrutífero seria lamentar o desinteresse e a desilusão estampados nas faces tristes de milhões e milhões de excluídos, dos incontáveis sem-terra, sem-casa, sem-saúde, sem-estudo. Indigna-nos falar das crianças desamparadas, ultrajadas, humilhadas em face da absurda precariedade de leis frágeis, ineficientes o bastante para não coibir a proliferação da pedofilia; fragilidade responsável por disseminar no seio familiar todo tipo de violência doméstica, praticada sob a tutela da paternidade irresponsável. Repugna-nos saber da existência do comércio de vidas humanas. Vide a criminosa venda de órgãos ocorrendo quase que impunemente, como reflexo do ineficaz sistema de saúde público vigente. 

A responsabilidade pela condução de nossas vidas pertence a todos. E à maçonaria, em particular, cabe uma imensa responsabilidade, para recrudescer os efeitos do viço impregnado nessa política assombrada por tantos descalabros. Sabemos, contudo, que é possível reverter esse dramático quadro, ainda que a mudança ocorra morosamente, mercê da arcaica concepção vigente no meio político brasileiro, onde ainda prevalece o ranço autoritário de um corporativismo já enraizado. Não podemos culpar somente ao gigantesco contingente de brasileiros despreparados, nem lhes denegar o ônus por conduzirem ao poder pessoas desqualificadas para o nobre cargo de legislar e governar. Cabe aos homens de bem descruzar os braços para o trabalho. Devemos nos fazer melhores; sermos multiplicadores da cultura maçônica também no âmbito da política, maneira coerente para colaborarmos eficientemente para a reversão desse cenário desolador.

A participação dos maçons nesse embate é imprescindível. Não devemos nos esquivar de assumirmos papel de destaque na condução dessa nau. O momento exige o comprometimento maior da organização maçônica. De tal modo é justificável e lícito incentivarmos a participação de maçons no processo eleitoral, apoiando-os, dando-lhes o prestígio do nosso voto, para contrapor aos desonestos, ajudando a inserir no meio político pessoas cujo perfil esteja dissociado das mazelas e erros. 

A prática de agir como maçom implica, dentre outras orientações, acreditar uns nos outros, fazendo-nos verdadeiramente irmãos. Confiar o voto a um bom e legítimo maçom sugere, por conseqüência, uma abismal responsabilidade do irmão agraciado. Afinal não se apregoa na Sublime Ordem a retidão de princípios como esteio de uma sociedade organizada? Não é por intermédio dos ensinamentos maçônicos que buscamos o aprimoramento moral para nos transformar em cidadãos melhores, úteis e dedicados? O candidato maçom merece dos seus pares, portanto, o firme apoio. Foi por apostar na integridade desses homens que os seus nomes foram acolhidos para compor o honrado elenco da maçonaria. A luz da Iniciação, que não se extingue no verdadeiro maçom, é um dom precioso; é uma força vigorosa que se ampara na retidão e na justiça; forte o bastante para nos fazer apostar na seriedade dos seus iniciados. O diferencial do homem honesto está no propósito do caráter, que supera quaisquer outros parâmetros, pragmáticos, programáticos ou partidários.

Uma grande nação se constrói com ordem e justiça, sem o quê não haverá progresso. Justifiquemos a esperança de dias melhores. Construamos um país melhor, mais justo, mais humano, oferecendo a perspectiva de uma luz no fim do túnel. Essa luz, com certeza, emana da Sublime Ordem maçônica. 

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