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domingo, 7 de abril de 2024

ESTRELAS E CIRCULAÇÃO

(republicação)
O Respeitável Irmão Marcelo Tietböhl Guazzelli, sem declinar o nome da Loja, Rito e Obediência, apresenta a questão seguinte:
mguazzelli@agrale.com.br

Lendo há pouco o JB News 992, deparei-me com um texto sobre o Tronco de Solidariedade. Resumindo a parte que interessa nessa mensagem reproduzo abaixo: 

“A circulação ritualística da bolsa de solidariedade obedece ao formato de duas estrelas de seis pontas, que por sua vez são compostas cada uma por dois triângulos um dentro do outro, em posição invertida”. “A marcha inicia no ocidente, entre colunas, em direção ao oriente. O irmão hospitaleiro coloca a bolsa colada a sua cintura, ao lado esquerdo do corpo e inicia a marcha. Sem olhar para o que é depositado na bolsa vai passando por todos os obreiros em loja. O venerável mestre, primeiro vigilante e segundo vigilante definem o primeiro triângulo; orador, secretário e guarda do templo definem o segundo triângulo, o que resulta na primeira estrela; depois passa pelos oficiais e obreiros do oriente, pelos mestres e oficiais da coluna do sul e pelos mestres e oficiais da coluna do norte, definindo o terceiro triângulo; companheiros, aprendizes e o cobridor externo formam o quarto triângulo e completam a segunda estrela. E por fim, o cobridor externo segura a bolsa, e o próprio hospitaleiro deposita seu óbolo na bolsa, retoma a bolsa, lacra-a e conclui o giro da bolsa postando-se entre colunas. Comunica ao venerável mestre que a tarefa está cumprida e recebe instruções do que deve fazer em seguida”. 

Pois bem. Como fica a primeira estrela se o Primeiro Vigilante estiver na Coluna do Norte? (estou falando de uma loja do REAA do GORGS). Saindo do Venerável, o Mestre de Cerimônias vai até ele e, seguindo o sentido horário, cruza pela frente do Oriente para chegar ao Segundo Vigilante na Coluna do Sul. A linha imaginária vira um “nó” e o triângulo não existe. Ou essa estrela é apenas simbólica ou me parece que não há muita lógica. A lógica no meu ponto de vista é seguir a hierarquia dentro da lógica. O que lhe parece?

Considerações:

Sem qualquer intenção de crítica ou contestação, eu não compactuo com opiniões de formação de estrelas relacionadas às circulações em Loja. 

Primeiro porque nos ritos de vertente latina (francesa) e, nesse particular o Rito Escocês Antigo e Aceito, a única estrela abordada na sua doutrina é a Hominal, ou Pitagórica representada pela Estrela Flamejante (cinco pontas) que é objeto de estudo do Grau de Companheiro como Luz intermediária. 

Segundo, porque estrela de seis pontas é alegoria simbólica do Craft inglês e nos Trabalhos ingleses não existe circulação de bolsas. 

Terceiro é a carência de um bom exercício de imaginação na interligação de cargos e o desenho, pelo menos lógico, de uma estrela. 

Quarto é que dos diversos ritos existentes, nem sempre a localização topográfica dos cargos, coincidem uns com os outros. 

À bem da verdade o primeiro conjunto de circulação resume-se às Luzes da Loja, às Dignidades do Orador e Secretário e por fim ao Cobridor, ou Cobridores conforme o caso. 

Essa regra é apenas e tão somente aplicada aos cargos principais e nela inclui-se o do Cobridor pela sua importância na constituição de uma Loja (uso, costume e tradição). 

Assim, nesses primeiros cargos fica difícil se ordenar o símbolo de uma estrela. Mesmo levando-se em conta na disposição das Luzes da Loja conforme os rituais do da COMAB do estado do Rio Grande do Sul que ainda mantém esses cargos posicionados conforme as extintas Lojas Capitulares. 

Essa constituição vem apenas reforçar a desigualdade de posição em Loja que se contrapõe à tese estelar generalizada não se levando em conta outros rituais e ritos. 

Muito mais contraditória é a referência a outras estrelas formadas além dos primeiros cargos. Sem qualquer conotação mística ou oculta, a primeira fase da circulação simplesmente obedece à importância dos seis primeiros cargos (às vezes sete dependendo da presença do Guarda Externo). 

Composta essa primeira etapa, são abordados os do Oriente, os Mestres do Sul, os Mestres do Norte, Companheiros e Aprendizes. 

O próprio oficial circulante longe de qualquer hierarquia é o último a depositar a proposta ou o óbolo. 

É bem verdade que esse conceito de formação de estrela povoa o imaginário maçônico de há muito tempo já inserido na própria França por escritores de feição mística e oculta. 

Deixo aqui os meus respeitos a esses pensadores, todavia não me atenho às convicções contrárias à autenticidade. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.072 - Florianópolis (SC) – sábado, 10 de agosto de 2013

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