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sábado, 23 de março de 2024

RITUALÍSTICA

(republicação)
O Respeitável Irmão Hiroshi Murakami, Loja Antonio Vieira de Macedo, REAA, GOB, Oriente de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, questiona resposta apresentada sobre a verificação dos presentes em Loja de Companheiro quando da abertura dos trabalhos.
hiroshi.himura@gmail.com

Acho que o assunto abordado tem equivoco de ambas as partes. Senão Vejamos: Fala do Venerável Mestre - Em pé e à Ordem, meus Irmãos (isso quer dizer todos) Aí vem a observação - Todos nas colunas e no Oriente levantam-se, ficam à Ordem e voltam-se para o Oriente (isso é para que ninguém a não ser os Vigilantes vejam o que ocorre no momento do telhamento - caso contrário quem estiver a ser telhado poderá copiar de quem está sendo telhado) essa é a única razão para que se virem de costas ou seja todos voltados para o Oriente. Os Vigilantes percorrem as Colunas (colunas só existem no Oriente) O Ritual é claro. Não dá todas as explicações mas é claro.

Considerações:

Meu Irmão. Vou tentar mais uma vez esclarecer. O verdadeiro equívoco está no Ritual onde na página 29 está escrito que “Todos nas Colunas e no Oriente levantam-se (...)”. No Oriente não existe telhamento em nenhum dos graus simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito. 

Há que se notar que no texto explicativo seguinte é exarado que os Vigilantes percorrem as suas Colunas. Ainda no mesmo explicativo: “Os Oficiais da Loja não serão examinados assim como os que se encontram no Oriente”. 

Dando sequência, já na página 30 o Venerável proclama: “Eu respondo pelos do Oriente. Sentai-vos”. Assim se a questão for contradição e equívoco como ficaríamos: apenas os do Ocidente devem sentar? E os do Oriente? Permanecem em pé? 

Vamos às explicações: Sabemos perfeitamente que os Irmãos das Colunas se voltam para o Oriente para que ninguém possa ver o que se passa na sua retaguarda. Todavia esse procedimento somente é executado no Ocidente (Colunas do Norte e do Sul) tendo como protagonistas os Vigilantes e aqueles que não exercem cargo, pois os que exercem ofício são Mestres. 

Assim, em primeira análise, seria redundante examiná-los, pois o Mestre de Cerimônias ao compor a Loja tem esse cuidado. Agora no Oriente, todos os que ali ocupam lugar, são também necessariamente Mestres de tal maneira que o Venerável em qualquer grau simbólico sempre proclama que responde pelos ali presentes. 

Se no Oriente só existem Mestres, o que deveria ser ocultado destes no telhamento? Remeto o Irmão ao ritual do Grau de Mestre para observar que ali os procedimentos já estão de acordo. Ninguém se vira para a parede Oriental no Oriente da Loja, dado que nesse espaço em Loja aberta e em qualquer grau simbólico não existe telhamento e, por conseguinte, nada nesse particular é vedado ao Mestre que atingiu a plenitude maçônica - como dito, em qualquer grau, e isso se aplica obviamente para o de Companheiro. 

O equívoco mesmo é o do ritual em questão e não vejo nele tanta clareza, pois manda todo mundo ficar em pé e posteriormente exara que uma parte tome assento novamente. E a outra? 

Essa “estória” de se ficar de costas para o Ocidente no quadrante oriental é prática equivocada de mistura de procedimentos com outros Ritos e Trabalhos que não possuem Oriente elevado. O próprio Rito Escocês nos seus rituais primitivos não possuíam oriente elevado, senão após a criação das Lojas Capitulares no início do Século XIX. 

Essas Lojas seriam posteriormente extintas, todavia deixaram como marca o Oriente elevado no simbolismo, constatando-se a partir de então esses procedimentos altamente contraditórios. 

Ao longo dos tempos esse erro crasso acabou por ser consuetudinário no Rito, porém aos olhos da razão ele jamais deveria ser considerado como “evolução de rituais” – tese que alguns ainda teimam em defender. 

Ora, o ato de evoluir merece uma justificativa clara e acadêmica, nunca embasada em certos rituais ultrapassados e sem qualquer merecimento de crédito. 

Ritos e Trabalhos (Craft) que não possuem o Oriente elevado e dividido por balaustrada, têm como Oriente apenas a parede de fundo e onde toma na cátedra por três degraus assento o Venerável, ou Mestre da Loja, bem como aqueles que simetricamente ao seu lado direito e esquerdo, porém abaixo do sólio, ali tem direito de permanecer. 

No exercício e prática desses costumes é que, exceto os encostados na parede Oriental, todos se voltam para o Leste nas oportunidades de telhamento.

Agora, geralmente ritos que possuem orientes elevados e demarcados pela balaustrada, como é o caso consuetudinário do simbolismo escocês, existe diferença de procedimentos, pois nesse limite existem apenas e tão somente Mestres Maçons. 

Ainda na questão o ritual Companheiro abordado, que justificativa seria aquela de que apenas os Vigilantes possam vislumbrar o que acontece? Teriam eles um posto mais elevado do que o Venerável? Penso que também há num equívoco, se não um erro de digitação, quando o Irmão afirma em seu escrito que “Colunas só existem no Oriente” (sic). Colunas do Norte e do Sul são partes representativas espaciais do Ocidente. 

Finalizando. O que merece e certamente será arrumado é o Ritual adequando-se à essência do Rito. A prática em questão é do Rito Escocês Antigo e Aceito e nunca produto de enxertia de outros procedimentos que não digam a ele respeito. 

Sabemos perfeitamente que a Maçonaria é composta por Ritos e Trabalhos do Craft, todavia cada costume possui o seu arcabouço doutrinário, litúrgico e ritualístico, desde que conferido o discernimento de que mistura de procedimentos não é evolução dos rituais. Um rito é uma parte integrante da Maçonaria Universal. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.060 - Florianópolis (SC) – segunda-feira, 29 de julho de 2013

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