TRONCO DE BENEFICÊNCIA
Quando da construção do Templo erguido por Salomão em Jerusalém, tinha-se por hábito guardar documentos da obra, bem como o salário dos construtores, classificados como Aprendizes e Companheiros, no interior das duas Colunas localizadas na entrada do Templo, que eram ocas. Os primeiros na Coluna B e os do Segundo Grau na Coluna J. Esse salário corresponde à jornada de trabalho, nem sempre era em moedas, pagava-se também em espécie, sendo o sal o mais valioso e procurado, daí deriva a palavra salário. Cultivando-se a "Arte Real" persistiu a tradição de premiar-se o trabalho dos Aprendizes e Companheiros com o conteúdo das Colunas e abastecer-se estas com as verbas necessárias e projetos. Por uma questão de ordem prática, não se podia transformar as Colunas em cofre, para que os donatários colocassem seus depósitos. Por esta razão, criou-se um reprodução das Colunas, em miniatura, que girava por entre as bancadas, recebendo as contribuições, a mão se introduzia pelo alto do capitel, que a ocultava, havendo uma fenda no cimo do fuste, para a passagem das ofertas. Outros recipientes tinham a forma da Coluna, àquela que os arquitetos denominavam "Tronco".
Naquela época, a função caritativa da Maçonaria se tornou tão destacada, que a Ordem passou a ser identificada filantrópica, se ouvia falar que a imagem da Maçonaria era Fraternidade e Caridade. Assim, a antiga coleta que se fazia entre os sacerdotes foi estendida aos associados, passando a ser destinada às obras piedosas da corporação ou da Loja. Isso chegou a influir na denominação do "Tronco", que passou a ser chamado de "Tronco da Beneficência" ou de "solidariedade" e em alguns Ritos "Tronco da Viúva", em razão da palavra viúva exprimir todos os desvalidos da sorte. O "Tronco" gira seguindo o curso dos astros. A circulação ritualística forma uma estrela de seis pontas (Escudo de David, Selo de Salomão ou Hexagrama Mágico). O simbolismo desta circulação, sintetizada na estrela de seis pontas, representa as duas naturezas humanas: "Masculina" e "Feminina", que se interpenetram e se harmonizam, conservando, porém, cada uma, sua própria individualidade. O giro é suspenso entre Colunas – não é o Tronco que fica suspenso, mas sim o giro, que aguarda instruções.
No Brasil, o "Tronco de Solidariedade" é revestido de especial importância, há muito que os Regulamentos Gerais da Ordem somente consideram válida uma Sessão, se nela circulou o "Tronco" (exceção feita somente as Sessões onde estão presentes profanos, como no caso de datas festivas, cívicas, brancas, fúnebres, etc.). È lição antiga que na oferta, "a esquerda ignore o que faz a direita", (Mateus 6:3), justamente essa modéstia é uma das explicações do legendário segredo maçônico. Resultado do "Tronco", o irmão hospitaleiro vai ao Altar do Tesoureiro e confere o produto do Tronco. O venerável anuncia em voz alta a quantia arrecadada, cujo valor fica sob a guarda do irmão tesoureiro e creditado à Hospitalaria.
O 'Tronco de Solidariedade" é de fundamental importância, pois, o socorro aos necessitados depende da consciência de cada irmão. É sempre bom lembrar que cada um tijolo se une a outros tijolos e, juntos, erguem uma casa. Uma brasa se une a outras brasas e, juntas, mantêm o fogo aceso. Uma mão se une a outras mãos e, juntas, executam o serviço. Um passo se une a outros passos e, juntos, chegam ao destino. Por isso que juntos somos capazes de realizar.
Ir∴ Oswaldo Generoso Dias - Oriente de São João Evangelista - MG - Revista A Trolha fev/99
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