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segunda-feira, 14 de outubro de 2024

A CORDA DE NÓS NO PAINEL - REAA

(republicação)
Em 17/06/2018 o Respeitável Irmão Zanetti, Loja D. Pedro II, REAA, GOB PR, Oriente de Guaratuba, Estado do Paraná, solicita esclarecimento para o seguinte:

A CORDA DE NÓS NO PAINEL

Foi nos questionado por um Aprendiz com relação ao painel do grau.

Por que a corda de 81 Nós é representada por sete. Qual o significado de ser sete? 

Aguardamos ajuda do querido Irmão, pois nas consultas que fizemos nos trouxeram mais duvidas pelas diversas interpretações dadas nos trabalhos.

CONSIDERAÇÕES:

Segue abaixo um trecho do livro de minha autoria Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom, Editora Maçônica A Trolha, 2007, Londrina – Pr, página 99 e seguintes. Esse livro, além do seu conteúdo sobre a história da Maçonaria, eu nele produzi uma boa parte que aborda a simbologia dos Painéis da Loja de Aprendiz relativos ao REAA e ao Craft Inglês, conhecido como Rito de York.

Nesse sentido vou destacar por grifo a parte onde há referência a respeito da Corda e o Painel, destacando que na sequência ainda farei mais alguns comentários a respeito. 

A CORDA, OS LAÇOS E AS BORLAS – Nas Lojas escocesas é encontrada no alto das paredes, próxima ao teto e acima das Colunas Zodiacais. 

Possuindo o número de oitenta e um nós com o nó central situado sobre o trono e acima do Delta na parede oriental (Retábulo do Oriente), a partir dele estende-se em ambos os lados até o Ocidente terminando em borlas nas laterais da porta de entrada da Loja - partindo do nó central, a Corda possui quarenta nós de cada lado.

No Painel da Loja de Aprendiz ela está representada por uma corda que contém sete nós e acompanha a parte oriental, setentrional e meridional do Painel em cujas pontas pendem duas Borlas. É a representação sintética da Corda de Oitenta e Um Nós que, a despeito do espaço, não poderia ali ser representada em toda a sua extensão, portanto, os sete nós concebidos no painel são representativos daqueles que se apresentam na corda completa colocada nas Lojas Escocesas.

Quanto a sua origem, ela advém dos canteiros medievais, onde a mesma circundava o local da obra e era presa por argolas de ferro em pequenos postes no intuito de estabelecer os limites do canteiro. Junto à sua entrada, a corda interrompida era fixada em dois postes maiores.

Do ponto de vista simbólico, no escocesismo, o conjunto da corda, dos nós e das borlas contém uma gama de significados. O nó central localizado acima do Delta representa o número um, a unidade indivisível, o símbolo do “Criador ou o Princípio e Fundamento do Universo”. Os quarenta nós de cada lado, extraindo-se o nó central, representam o número da penitência e da expectativa (quarenta foram os dias do dilúvio, quarenta anos passou Moisés no Sinai, quarenta dias durou o jejum de “Jesus”). O número oitenta e um alude ao quadrado de nove, que, por sua vez, é o quadrado de três, número considerado perfeito como unidade ternária e de alto valor místico entre todas as antigas civilizações (aplicação da Geometria).

Quando tomada por uma interpretação esotérica, a Corda simboliza a união fraternal e espiritual entre todos os maçons espalhados pela face da Terra. Alude a uma mesma comunhão de ideias e objetivos da Maçonaria – as fibras unidas umas às outras constituem a solidez da corda – interpretação análoga ao feixe de Esopo.

Pela sua abertura junto à porta de entrada da Loja donde pendem as duas Borlas, significa o dinamismo da Ordem Maçônica e o seu sentido progressista de estar aberta às novas ideias que possam contribuir para a evolução humana e para o progresso geral da ciência e da humanidade.

Quanto à exegese simbólica dos nós, ou laços, esses possuem o significado da ligação e do enlace entre os Obreiros em qualquer parte do mundo, cujo vínculo encontra-se no compromisso da aliança que os liga. Revelada principalmente pela virtude do amor e da fraternidade.

Como eu escrevi no meu livro mencionado acima, a Corda no Painel representa aquela de 81 Nós que circunda a sala da Loja. Como no Painel o espaço é restrito, provavelmente o artista ao pintar o Painel, acabou optando por representa-la com apenas sete nós - também conhecidos como “laços do amor”. 

Na realidade a interpretação do símbolo é a mesma já que um representa o outro. A diferença é a de que no Painel o número de nós está abreviado.

Assim, independente do número de nós que vai ao Painel, o importante é que o nó central, pelo seu significado simbólico conforme descrito no trecho do livro acima, coincida sempre como o centro e ao alto do quadro.

Vale a pena comentar que ao longo da história da Maçonaria Especulativa, os Painéis, desde quando saíram diretamente no chão das tabernas dos maçons antigos (eram riscados com giz e carvão) e passaram para tapetes e quadros, muitos deles acabariam aparecendo com gravuras diversas. 

Em particular sobre a corda e os nós no Painel, nunca houve um número exato na sua representação – alguns com a corda desenhada com três nós, outros com cinco e outros ainda com sete. Obviamente que com o passar dos tempos as Obediências, através dos seus ritos, acabariam dando uniformidade aos símbolos. Desse modo a Corda de Nós no Painel do REAA acabou se consolidando, na sua grande maioria, representada com sete nós.

A despeito desses comentários, a preferência pelo número “sete” tem sido muito comum na Maçonaria, destacando-se que ele representa o “shabat”, ou o Dia da Criação. Nesse particular, esotericamente o número “sete” está presente na simbologia maçônica como elemento da Obra e a sua criação, nesse caso, a criação relacionada à construção de um novo Homem. 

O maçom, ao atingir o final da sua senda iniciática terá percorrido simbolicamente longos sete anos, entretanto ao concluir essa jornada o Mestre verá que ainda precisa aplicar os seus conhecimentos, o que em síntese significa que a sua jornada continua além dos sete anos.

Maiores detalhes bibliográficos sugiro consultar o livro “Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom” da minha autoria, assim como recomendo consulta no Blog do Pedro Juk em http://pedro-juk.blogspot.com.br

P.S. 1 – Procuro buscar exegese do modo mais racional possível. Muitos comentários hauridos da imaginação de alguns autores podem ser encontrados. Assim deixo ao leitor a opção de escolha.

P.S. 2 – Pode existir variação no símbolo dependendo do Rito. Objetivamente essas considerações se enquadram principalmente para o REAA.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

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