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sexta-feira, 27 de setembro de 2024

JOELHO DIREITO E ESQUERDO

(republicação)
O Irmão Lázaro Antônio Alves, Aprendiz Maçom da Loja Estrela da Harmonia, 2.868, REAA, GOB-SC, Oriente de Criciúma, Estado de Santa Catarina apresenta as questões seguintes: 
lazalves@yahoo.com.br 

Estou pesquisando sobre a ritualística – “momentos de se ajoelhar e seus significados mais profundos". De principio são: 

1. Do Juramento: No Altar dos Juramentos onde se ajoelha sobre o joelho direito, colocando a m∴d∴ sobre o L∴L∴ e com a m∴e∴ encosta no p∴ a p∴ de um c∴ aberto em 45 graus. Qual o significado desta Ritualística? 

2. Momento da Sagração; O Neófito, acompanhado pelo Experto, pelo Mestre de Cerimônias, aproxima-se do Altar dos Juramentos dando o p∴ r∴ da F∴, ajoelhando-se sobre o j∴ d∴ colocando a mão direita sobre Livro da Lei e com a m∴ e∴ , a p∴ do c∴ sobre o p∴, com a outra p∴ voltada para cima. Qual o significado desta Ritualística? 

3. Após ser reconhecido como maçom, pelos sinais, palavras e toques, o Experto faz com que ele comece a desbastar a P∴B∴, ajoelhando-se de forma diferente. Qual o significado desta Ritualística?

Se em determinados momentos ajoelha-se com o d∴ e outrora com a e∴, tendo alternância também com a posição dos braços, como posso através do R∴E∴A∴A∴ trabalhar com entendimento profundo.

CONSIDERAÇÕES:

Antes das considerações propriamente ditas devo comentar o seguinte: No ritual em vigência de Aprendiz, REAA, edição 2009 no tocante à questão 01, falta nele à indicação de que o Compasso estará aberto em 45 graus. Ainda nessa questão está escrito que o Candidato se ajoelha com o joelho esquerdo (página 131). 

Em relação à questão 02 no ritual em vigência (página 135) não indica que o Neófito vá acompanhado pelo Experto, senão apenas conduzido pelo Mestre de Cerimônias. Também não está escrito que ele se aproxima do Altar dando o Passo Regular da Franco-Maçonaria, assim como o Neófito não segura o Compasso com a mão esquerda. 

Na questão 03 o ritual também não exara que seja o Experto que conduz o novo Aprendiz até o Primeiro Vigilante para trabalhar na P∴B∴, senão o Mestre de Cerimônias como condutor (páginas 138 e 139). 

A questão do joelho direito ou esquerdo – há um equívoco no Ritual no tocante a constituição do Aprendiz (consagração página 135). Onde está escrito joelho direito, leia-se joelho esquerdo. Provavelmente erro de digitação e será indicado nos provimentos para correção dos rituais. 

A questão do Compasso na mão esquerda – esse procedimento só existe no ato do Juramento, nunca na Constituição do Aprendiz (Consagração). O que falta no ritual em questão é acrescentar no Juramento (página 131) que o Compasso deva ser aberto com 45 graus. De fato falta essa orientação. Essa também fará parte dos provimentos para correção dos rituais. 

Na questão do primeiro trabalho na P∴B∴ o ritual efetivamente aponta o Mestre de Cerimônias como condutor. O Aprendiz trabalha apoiando o joelho esquerdo no chão. A alegoria do Aprendiz mostra essa posição de trabalho. EXPLICAÇÕES: o joelho esquerdo apoiado no solo durante o Juramento denota o lado esquerdo que ele toma assento e trabalha (aprende) – Coluna do Norte. Assim também o faz na sua consagração quando ele é constituído Aprendiz Maçom. 

No Juramento o Candidato (joelho esquerdo apoiado no chão) tem na mão esquerda o Compasso aberto em 45 graus simbolizando nesse ato a primeira etapa iniciática. O Compasso é de domínio do Mestre e ele é quem determina a abertura do Compasso como instrumento de precisão e da justa medida objetivando pautar a conduta do Iniciado. 

A ponta apoiada no peito sugere o compromisso de se ater aos ensinamentos de aperfeiçoamento daquele que ainda está em estado bruto da matéria. O estado ainda imperfeito denota apenas do domínio de uma das hastes na colocação sobre um ponto simbólico de onde demandam os sentimentos da obrigação assumida (figuradamente o coração). 

Em linhas gerais o domínio completo (das duas hastes) do Compasso somente será alcançado na plenitude maçônica – Grau de Mestre. Como o Aprendiz serve ao seu Mestre esse último regula as ações do Compasso (com 45º) para que o Aprendiz pouse uma das pontas sobre o coração como depositário das emoções, virtudes e compromisso assumido daquele que doravante integrará os canteiros de aperfeiçoamento humano (as Lojas Maçônicas). 

A mão direita sobre as Três Grandes Luzes Emblemáticas (Livro da Lei, Esquadro e o Compasso) denota a credibilidade sobre a obrigação assumida, cujo Livro é o da Lei Moral e os instrumentos imprescindíveis que só se apresentam unidos em Loja simbolizam, dentre outros, um código de ética e moral maçônica. O Juramento é prestado imediatamente antes de o Candidato passar pela alegoria do recebimento da Luz. 

Na Consagração do Aprendiz (joelho esquerdo apoiado no chão), ato geralmente executado após o recebimento da Luz, é o procedimento de se constituir o Neófito como Aprendiz Maçom. Essa oportunidade não pode ser considerada como Juramento, senão uma constituição. 

Nesse sentido o Neófito respeitosamente se posiciona no Altar sem a necessidade de ter na mão esquerda o Compasso aberto como aquela postura do Juramento. Já a mão direita, novamente e pelo cunho moral e ético do momento, vai sobre as Três Grandes Luzes Emblemáticas. 

Ratificando, Consagração, apesar de um procedimento bastante parecido não é sinônimo de Juramento – no primeiro o Neófito (consagrado) é constituído e passa a ser um Aprendiz Maçom, enquanto que no Juramento ele (ainda candidato) toma a sua obrigação e recebe a Luz, agora como Neófito (néo=novo; phytos=planta). 

Somente após o Neófito estiver consagrado Aprendiz é que ele é revestido com o Avental. A sequência do ato – Candidato, Neófito, Aprendiz Maçom. 

O primeiro trabalho na Pedra Bruta – significa o ponto de partida de aperfeiçoamento interior – ver a clássica alegoria do Aprendiz. Com o joelho esquerdo apoiado no chão o agora Aprendiz que fora conduzido pelo Mestre de Cerimônias, pratica o trabalho na forma clássica com o Maço e o Cinzel. 

A alegoria significa o desbaste interior, cuja antiga matéria prima operativa – a pedra calcária – na Maçonaria Especulativa é o próprio Homem. Cabe aqui uma consideração, porém sob a égide da ilustração do que deveria ser esse procedimento, não se inferindo sob qualquer hipótese contra o ritual em vigência que deve ser rigorosamente cumprido como está escrito. 

O costume atual deixa muito a desejar no seu objetivo. Tradicionalmente para o primeiro trabalho, o Mestre de Cerimônias deveria conduzir o novo Aprendiz até o Segundo Vigilante para que antes o ensinasse a executar a Marcha do Grau. Ato seguido o Segundo Vigilante e o novo Aprendiz, conduzidos pelo Mestre de Cerimônias seguiriam até a Pedra Bruta no Norte e lá, auxiliado pelo guia, o Segundo Vigilante ensinaria a prática ao Aprendiz recém-iniciado. Cumprida a obrigação todos retornariam até o lugar do Segundo Vigilante que anunciaria estar o intento consignado. 

Tradicionalmente, sempre foi o Segundo Vigilante o instrutor dos Aprendizes, independente de que o primeiro ocupe a Coluna do Sul e os segundos ocupem o Norte. É essa a razão pela qual no próprio ritual em vigência o Segundo Vigilante instrui os Aprendizes e o Primeiro os Companheiros. 

Reitero, esse costume nada tem a ver com a posição dos Vigilantes e dos Aprendizes e Companheiros em Loja no Rito Escocês Antigo e Aceito. 

Infelizmente, ao longo dos tempos, muitos ritualistas, dentre outros seguiram paulatinamente procedimentos equivocados que acabariam por se tornarem consuetudinários, contudo sem explicação como é o tópico hora apresentado. 

Cada procedimento ritualístico maçônico possui uma finalidade que se conclui com o objetivo alcançado. Uma das conclusões equivocadas e sem sustentação é a de que os Vigilantes são donos das Colunas do Norte e do Sul, entretanto aos olhos iniciáticos os fatos não são tão simples assim (eles são auxiliares do Venerável). 

Esse mosaico carece de uma observação profundamente acurada, às vezes na propriedade do Rito e às vezes na Maçonaria como um todo, lembrando sempre que um Rito maçônico não é a Maçonaria de modo geral, porém os Ritos e Trabalhos são dela partes integrantes. 

Existem ritualistas e ritualistas. Uns de raro conhecimento da cultura maçônica se preocupam em saber a causa das práticas, outros, entretanto, são meros copistas de rituais ultrapassados. A questão é a de sempre se saber a razão das diversas práticas maçônicas sob o pondo de vista acadêmico e nunca por uma simples cópia, ou aquela de se achar bonito.

Para encerrar faço um pequeno comentário sobre sua citação em uma das questões no tocante ao Passo Regular da Franco-Maçonaria. Esse não é procedimento do Rito Escocês pela sua vertente de origem francesa. 

O termo em questão pertence ao Craft, vertente inglesa da Sublime Instituição. Os ingleses comunicam os segredos do Grau por três passos – o primeiro passo regular é para o Aprendiz, o segundo para o Companheiro e o terceiro para o Mestre. 

Na Maçonaria inglesa não existe a prática de “marcha” como na Maçonaria francesa. O que verdadeiramente existe na Inglaterra são as representações de passos simbólicos; para o Companheiro a Escada em Caracol e para o Mestre uma representação que é aproximadamente igual à Marcha do Mestre na França, porém essa última na Inglaterra não é tratada como “marcha”. 

Geralmente no Craft (na Maçonaria Inglesa não é costume se chamar Rito, senão Trabalho – o working) em cada evolução o que se faz se aproximando do pedestal do Mestre por um passo na Iniciação, dois passos para a Passagem e três passos para a Elevação (Iniciação, Passagem e Elevação são como se denominam no Craft). 

Ainda na Inglaterra não existe Altar do Venerável bem como Altar dos Juramentos, senão um banco de se ajoelhar. É diante do pedestal do Mestre da Loja que o protagonista se aproxima pelo Passo Regular da Maçonaria para prestar a sua “Obrigação” e receber os segredos do Grau. 

Note assim como um procedimento tradicional de um Rito, não possui qualquer razão existencial em outro costume. O belíssimo Rito Escocês Antigo e Aceito, por exemplo, e que é de origem francesa, geralmente é o que mais sofre com o costume da “enxertia”, o que faz dele figuradamente ser cognominado como uma “verdadeira colcha de retalhos”. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.157 – Florianópolis(SC) –sábado, 02 de novembro de 2013

Um comentário:

  1. Meus queridos e amados IIrs.'., vos saúdo por 3x3. Sei que a matéria é antiga, mas não poderia deixar de fazer um comentário. O Irmão Lázaro Antônio Alves na ocasião A.'.M.'. bem cita uma diferença entre as posições do joelho. Não sei se ritualisticamente correto ou não, mas simbolicamente há sim uma diferença. Quando ajoelhado com o joelho direito significa posição de juramento e com o joelho esquerdo, é posição de trabalho. Isso em diversos ritos, não necessariamente maçônicos. Espero ter ajudado. Deixo um TFA.

    José A. Furquim M.'.M.'.

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