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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

USO DA PALAVRA E QUESTÃO DE ORDEM

(republicação)
O Respeitável Irmão Carlos Negrão Pimenta, sem declinar o nome da Loja, Rito, Obediência, Oriente (Cidade) e Estado da Federação apresenta a seguinte questão:
carlosnpimenta@gmail.com 

Poderia por gentileza me ajudar na duvida sobre a utilização da palavra, "questão de ordem venerável". Obrigado! 

DIÁLOGO ENTE O IRMÃO PIMENTA E O LAURINDO ANTES DE ME QUESTIONAR. Bom dia irm∴ Laurindo, Você teria algo sobre como o Ven∴ deve proceder quando um irm∴ diz pela ordem querendo se pronunciar, pois, pelo que percebi eh errado o irm∴ pedir para o ven∴ a palavra, o correto seria voltar a palavra nas colunas através dos vigilantes. TFA. Fraternalmente, Carlos Negrão Pimenta. 

O correto é que a palavra não volte mais às colunas. Porém se um irmão pedi-la através do vigilante, compete ao Venerável, conceder ou não. Concedendo o irmão solicitante deverá ir ao Oriente e lá falar. Vi isso poucas vezes na minha Loja mãe, a Regeneração 3ª. Que tal você enviar essa questão ao Pedro Juk ? ele responderia com mais propriedade, e todos aprenderíamos. Abrç. Laurindo. Então na minha loja isso ocorre com frequência. O irmão diz pela ordem e já engata uma terceira sem mesmo ate esperar o venerável conceder ou não. Como isso não esta certo, achei interessante saber o proceder correto para não afetarmos a ritualística. Eu não conheço o irmão Pedro Juk, poderia por gentileza me passar o contato? Carlos Negrão Pimenta.

MINHAS CONSIDERAÇÕES:

No meu entendimento existem duas situações para serem abordadas. Uma é sobre a ação composta após ter circulado a palavra e algum Irmão que deseje se manifestar novamente. A outra é a do uso do termo “questão de ordem”. 

1. Retorno da palavra – havendo essa situação é prerrogativa do Venerável autorizar o retorno ou não. Nesse caso ele deve analisar bem a intenção para assim permitir. Optando pelo retorno, o Venerável o faz pelo giro completo (Sul, Norte e Oriente), não importando onde esteja situado o reclamante. O que desejar o retorno requer no Ocidente ao Vigilante da sua Coluna que por sua vez solicita ao Venerável. Se o solicitante estiver o Oriente, o faz diretamente ao Venerável. Sendo autorizado o retorno que impreterivelmente começa pela Coluna do Sul, o solicitante se pronuncia do seu lugar em Loja. É equivocado o ato de deslocamento para o Oriente se o suplicante estiver posicionado no Ocidente para fazer uso novamente da palavra. 

2. A expressão “questão de ordem” – Primeiro quanto ao seu significado: se porventura venha existir uma falha no andamento da sessão conforme o previsto no ritual, ou um assunto que não diga respeito à bem da Ordem ou do Quadro, assim como desrespeito às Leis, ou outra questão pertinente é o que se designa como “questão de ordem”. 

Segundo quanto ao procedimento: um Obreiro (Mestre Maçom) tem tradicionalmente o direito de alertar sobre o fato. Todavia essa não é uma atitude corriqueira, pois essa “questão de ordem” é ofício do Orador que é o fiscal da Lei. 

Embora não próprio, todavia possível de passar despercebido pelo próprio Orador, um Mestre Maçom pode pedir a questão de ordem para alertar sobre o mérito. Nesse caso, aquele que questiona pela ordem, o faz de acordo com o seu lugar em Loja - no Ocidente direto para o respectivo Vigilante que, por sua vez comunica imediatamente ao Venerável. Se o que alerta pela questão estiver no Oriente, este se dirige diretamente ao Venerável. 

Nesse caso não é uma questão de retorno da palavra, porém uma questão de ordem levantada pelo andamento correto dos trabalhos. Assim o que pede a “questão” fala imediatamente após ser autorizado, isto é, sem giro da palavra. Recomenda-se ao que levanta a “questão” tenha certeza do seu pedido, já que este se prende a legalidade e nunca para expor uma opinião pessoal ou outro assunto que dela não diga respeito. 

Ainda sobre o fato: em qualquer situação levantada pela “questão de ordem”, não sendo pelo próprio Orador, o Venerável deve submeter à apreciação sobre a “questão” ao Guarda da Lei. 

Dadas as considerações sobre a “questão de ordem” nunca é demais lembrar que essas ponderações são para aqueles ritos que possuem o cargo de Orador. Na hipótese de não existir o cargo conforme o costume de trabalho, por exemplo, o de Emulação (Craft) geralmente equivocadamente conhecido como York, a Obediência deve permitir a nomeação de um Mestre como representante do Ministério Público Maçônico para atender, dentre outros, situações como a da “questão de ordem” no teatro simbólico da Maçonaria brasileira. 

Não há como confundir, por exemplo, o Orador do Rito Escocês (origem francesa) com o Capelão do Trabalho de Emulação (Craft inglês) – a Maçonaria não é apenas um Rito, ou Trabalho, entretanto um sistema composto por inúmeros ritos, ou trabalhos, cujas particularidades estão atreladas geralmente à sua cultura e nascimento dentro das latitudes e longitudes terrestres. 

Não confundir “questão de ordem” com o ato de se “estar ritualisticamente à Ordem”. Ordem, questão de: substantivo feminino que dentre outras designa disposição metódica; arranjo de coisas segundo certas relações; regra ou lei estabelecida; lei, regulamento – in Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.148 – Florianópolis(SC) – quinta-feira, 24 de outubro de 2013

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