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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

DÚVIDAS

DÚVIDAS
(republicação)

Recebi de um Respeitável Irmão as questões que seguem: 1) Na página 42 (da circulação) – “Na circulação deve seguir a ordem: Ven∴, 1º e 2º VVig∴, Orad∴, Secr∴, CCobr∴” Deve-se entender que a coleta será dos dois Cobridores, ou foi erro de digitação? 2) Na página 54 no item 2.3 Leitura e Destino do Expediente; Após a leitura do mesmo quem recolhe e encaminha ao Venerável Mestre? Justificativa!

CONSIDERAÇÕES:

1 – Se foi erro de digitação ou não eu não posso lhe afirmar, entretanto o procedimento está equivocado. Na abordagem que se refere à circulação pelo respectivo Oficial é apenas o Cobridor Interno. A explicação para tal está em que uma Loja será aberta no mínimo com sete Mestres – Venerável, Vigilantes, Orador, Secretário, Cobridor Interno e o Mestre de Cerimônias.

2 – Em qualquer situação que demande encaminhamento ao Venerável, o Mestre de Cerimônias (sem portar o bastão) é o responsável pela missão. Alguns Veneráveis ainda confundem e atribuem esse ofício ao Primeiro Diácono. 

Nesse sentido cabe então uma explicação. Os Diáconos estão presentes no Rito Escocês simbolicamente como transmissores de ordens que se fazem presentes na Moderna Maçonaria revivendo os canteiros operativos que transmitiam ao Mestre da Obra as ações de esquadrejamento, nivelamento e aprumada da obra. Daí existir a transmissão da Palavra, entre o Mestre (Venerável) e os Vigilantes (auxiliares) que simboliza esse antigo costume operativo. 

Em resumo isso significa que antes de começar os trabalhos no canteiro os auxiliares (wardens – zeladores) marcavam os cantos da construção.

Perfeitamente adequada à ação, eles comunicavam ao Mestre por intermédio de um mensageiro, que tudo estava pronto para o início dos trabalhos – origem do termo “Justo e Perfeito”. Assim estando nos conformes, o Mestre determinava o início laboral. Cumprida a etapa, os auxiliares verificavam a qualidade produtiva e informavam ao Mestre que tudo estava correto (Justo e Perfeito) e, por assim ser, os trabalhos eram encerrados e os Obreiros eram despedidos contentes e satisfeitos.

Essas etapas construtivas geralmente eram iniciadas, medidas e encerradas por ocasião dos solstícios e em algumas situações dos períodos equinociais. A ponte entre o Mestre da Obra e os seus auxiliares imediatos (hoje os Vigilantes) era feita através desses mensageiros que, posteriormente e por influência da Igreja, assumiriam o título de Diáconos na Maçonaria.

O Rito Escocês pelo seu caráter “Antigo” como componente do seu título distintivo, embora de vertente francesa, revive essa prática através da transmissão da Palavra Sagrada de modo especulativo, já que literalmente os Vigilantes não nivelam nem aprumam a construção, todavia verificam a qualidade correta da palavra transmitida que, estando esta de acordo, declaram que tudo está “Justo e Perfeito”, tanto para abrir os trabalhos simbólicos quanto para encerrá-los. 

Note que inclusive que quem fecha a Loja é o Primeiro Vigilante. Também há que se notar que a origem das respectivas joias – o Nível e o Prumo – aludem às antigas práticas operativas. É nesse sentido que os Diáconos são os mensageiros e, no Rito em questão, têm apenas essa função específica.

É também oportuno salientar que a grande maioria dos ritos de vertente francesa possui nos seus quadros de Oficiais o Mestre de Cerimônias, enquanto que o Craft (inglês), apesar da existência da figura do Diretor de Cerimonial, este não tem a mesma função daquela prevista nos trabalhos originários na França. 

Os Diáconos, por exemplo, nos Trabalhos Ingleses assumem inúmeras funções, sobretudo nas oportunidades iniciáticas do Franco-Maçônico básico, enquanto que na vertente latina muitas dessas atribuições são relegadas ao Mestre de Cerimônias e Expertos (estes últimos também inexistentes no costume inglês).

Assim, pela característica do simbolismo escocês oriunda do primeiro ritual elaborado em 1.804 na França por maçons procedentes das Lojas Azuis norte-americanas que praticavam o costume “antigo” (desconhecido na França) influenciaria diretamente um rito de vertente latina, cujas acomodações ritualísticas viriam se consolidar paulatinamente nos anos seguintes. 

Nesse contexto, o Rito Escocês traria na sua também vertente anglo-saxônica a disposição do Segundo Vigilante ao Meio-Dia e a inclusão dos Diáconos como mensageiros e integrantes da alegoria da transmissão da Palavra, inclusive permanecendo a dialética antiga (hoje existente no ritual) como modo de preservar a tradição e não especificamente da sua prática literal.

Não está aqui se afirmando que no Craft existe a transmissão da Palavra, porém a existência do cargo de Diácono que tem função diferenciada daquele que porventura venha existir em algum rito latino.

Ao longo dos tempos muitos ritualistas elaboraram rituais sem se aperceber a existência “palpável” das duas vertentes maçônicas principais – a inglesa e a francesa. Nesse particular houve a generalização de atos e ações que, embora muitas vezes presentes nas duas vertentes, não seriam devidamente explicadas. Nesse mesmo contexto, muitos outros acabariam também por enxertar procedimentos e símbolos que não se coadunam com o arcabouço doutrinário relacionado à sua tradição.

Finalizando essa questão, embora de modo abreviado, o Mestre de Cerimônias é o serviçal direto do Venerável, enquanto que os Diáconos (embora a dialética preservada) se fazem presentes no Rito apenas como parte integrante da transmissão da Palavra que objetiva rememorar uma ação operativa que possui alto significado simbólico na Moderna Maçonaria, particularmente ao Rito Escocês Antigo e Aceito.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.225 Florianópolis (SC), quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

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