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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

O COLAR DO MESTRE INSTALADO

Em 06/07/2018 o Respeitável Irmão Willian Gonçalves de Castro, Loja Célula Mater da Nacionalidade, 2.791, Rito Adonhiramita, sem mencionar a Obediência, Oriente de São Vicente, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte questão:

COLAR DO MESTRE INSTALADO

Estou procurando estudos que esclareça o uso do colar para mestres instalados e estou com dificuldades. O Irmão tem alguma indicação literária ou texto que justifique ou não o uso do colar pelo Mestre Instalado?

COMENTÁRIOS:

Nunca é demais lembrar que Instalação é ato litúrgico original da Maçonaria britânica, ou seja, de trabalhos e rituais oriundos da Maçonaria anglo-saxônica. 

Em se tratando de originalidade, Ritos de vertente francesa não possuem - ou pelo menos não deveriam possuir - essa cerimônia, sobretudo quando copiada da Maçonaria Inglesa. De modo geral, na França, Instalação simplesmente significa posse.

No Brasil o costume generalizado (para todos os ritos) de se instalar nos moldes ingleses adveio desde a cisão que ocorrera em 1927 no Supremo Conselho do GOB e que, por extensão fatalmente atingiu o simbolismo, dando por conta dessa dissidência origem a uma nova Obediência brasileira composta por Grandes Lojas Estaduais.

VENERÁVEL
Sacramentada essa Obediência, Mário Marinho Béhring, o seu criador, buscou para ela reconhecimento na Maçonaria norte-americana, mais especificamente na Grande Loja de Nova York que, de certo modo praticava (e ainda pratica) uma maçonaria com fortes ligações anglo-saxônicas oriundas da Grande Loja dos Antigos de 1751 da Inglaterra. Assim o costume de Instalação à moda inglesa acabou aportando também nas Grandes Lojas Estaduais brasileiras.

Mais tarde, já no ano de 1968, através de Álvaro Palmeira e, posteriormente Moacir Arbex Dinamarco, também o Grande Oriente do Brasil passaria a praticar Instalação à moda das Grandes Lojas brasileiras adotando para tal um único ritual que fora criado e adaptado para todos os ritos da sua constelação. 

EX-VENERÁVEL
Esse ritual, criado para o GOB, é de autoria do Irmão Nicola Aslan, obreiro esse egresso na época das Grandes Lojas brasileiras. Como ritual único, sua liturgia acabou trazendo inúmeras contradições nas práticas ritualísticas, pois é amplamente conhecido que cada Rito possui particularidades inseparáveis da sua doutrina iniciática - esse ritual prevaleceu no GOB até aproximadamente 2009 quando surgiu outro em seu lugar com o objetivo de separar a liturgia da Instalação por rito, mas que, por se conservar num único volume, acabou trazendo ainda mais conflito e dificuldade operacional.

Dito isso, desde 1927 com o aparecimento da Instalação generalizada no Brasil, inúmeras adequações apareceriam para se ajustar aos ritos por aqui praticados. É o caso, por exemplo, das diferenças comuns entre as alfaias maçônicas - aventais, punhos, colares e joias. Provavelmente, é devido a isso que poucas explicações sobre os adereços do Mestre Instalado são encontradas.

Nesse sentido vou deixar aqui alguns aspectos que podem auxiliar nas pesquisas sobre o assunto.

Sobre isso, constata-se que o Venerável Mestre é um Mestre Maçom que foi instalado na cadeira da Loja para exercer, pelo tempo regimental, o veneralato da Loja. Cumprido o seu tempo ele é então o Ex-Venerável Mestre, também por aqui conhecido como um Mestre Instalado. Podendo ser o Mestre Instalado “mais recente” quando se tratar daquele que acabou de deixar o cargo de Venerável. 
EX-VENERÁVEL

Por influência dos costumes britânicos, donde é oriunda a Instalação, algumas Obediências brasileiras tratam o seu Ex-Venerável mais recente por “Past Master” – título não comum à Maçonaria latina.

Na realidade, na Inglaterra o “Past Master” é simplesmente aquele que já exerceu o veneralato, enquanto que o mais recente é conhecido como “Immediate Past Master”. 

No trato de alfaias e adereços, especificamente no que diz respeito à joia distintiva do Venerável Mestre, ela é um Esquadro de ramos desiguais, não importando pertença ela à vertente inglesa ou francesa de Maçonaria. O que pode nesse particular se diferenciar entre as vertentes e os seus respectivos ritos e rituais é apenas o tamanho, e às vezes também a cor da joia, já o seu significado é o mesmo – o Esquadro, dentre outros, é um emblema operativo que se adequa ao significado simbólico daquele que é o dirigente do canteiro de obras. Destaque-se que na vertente inglesa a joia do Venerável Mestre é sempre prateada e um pouco maior do que aquela utilizada pela vertente francesa. Por sua vez, essa joia nos ritos originários da França é de tamanho um pouco menor, podendo ser, conforme o rito, de matiz prateada ou dourada.

Já em se tratando da joia dos Ex-Veneráveis, sejam eles imediatos ou não, existem nelas diferenças conforme as duas vertentes maçônicas. 

Em geral na Inglaterra, o “Past Master” traz consigo a joia distintiva na cor prata composta por um Esquadro que traz presa na sua parte interna (entre os ramos do Esquadro) a representação pictográfica da 47ª Proposição de Euclides, igualmente conhecida por Teorema de Pitágoras. 

Já na vertente francesa, geralmente o Ex-Venerável traz uma joia representada pelo conjunto de um Esquadro e Compasso sobrepostos, tendo ao centro a figura de um Sol, ou às vezes o Olho Onividente. O Compasso é demonstrado nesse conjunto com suas pontas dispostas sobre um arco graduado de 1/8 de círculo, o que lhe dá a abertura de 45º já que o círculo tem 360º. Quanto à cor da joia, conforme o rito ela pode se prateada ou dourada. Quanto ao significado simbólico, igualmente à joia do Venerável, a dos Ex-Veneráveis, também possui elo direto com o período operativo medieval e o ofício dos construtores da pedra. 

Especulativamente as joias trazem também alegorias esotéricas plausíveis às interpretações doutrinárias dos ritos e vertentes que tanto podem ser no conjunto completo, ou distintamente a cada um dos símbolos que compõe o emblema.

No tocante ao colar, ele serve propriamente como um aparelho utilizado para suportar pendurada a joia distintiva. O mesmo é adornado geralmente com motivos maçônicos, sendo nele muito comuns emblemas relacionados à Acácia assim como ao Delta Radiante, esse último mais comum à Maçonaria francesa.

AVENTAIS, COLARES E JOIAS
Quanto ao matiz do colar, ele pode variar de acordo com o rito, podendo ser azul celeste ou escuro, ou ainda encarnado. Os adornos que vão nele bordados são de cor prateada ou dourada.

Outros aspectos pertinentes à simbologia dos colares dos Mestres Instalados da Maçonaria brasileira devem ser amiúde pesquisados em fontes que estejam de acordo com o rito praticado. 

Resumindo, um Mestre Instalado, enquanto Venerável usa colar e joia pertinente ao seu cargo. Deixando o veneralato ele continua ser um Mestre Instalado, portanto permanece usando o colar, porém com a joia pertinente ao Ex-Venerável.

Sugiro para começar os estudos a obra intitulada Manual do Mestre Instalado, José Castellani, Editora Maçônica A Trolha, Londrina, 1999.

Por fim, devo alertar que não se podem tomar procedimentos maçônicos como iguais na universalidade na Sublime Instituição. Ao longo dos anos, houve inserções e enxertos, sobretudo ao gosto latino. Nesse sentido, é bom que se diga que inúmeras acomodações e “jeitinhos” acabaram por se tornar consuetudinárias. Assim, no tocante à veracidade dos fatos, tudo isso deve ser levado em consideração. Nada está pronto, tudo depende da perspicácia do pesquisador ao garimpar as fontes primárias. Quem pesquisa para a história, simplesmente relata os fatos como eles primariamente se apresentam. 

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

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