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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

QUESTÕES NO GRAU 2

QUESTÕES NO GRAU 2
(republicação)

Um Respeitável Irmão que pede para omitir o seu nome, REAA, GOB, Oriente de São Paulo, Estado de São Paulo, apresenta a questão seguinte:

Meu Irmão, não é consulta. Mesmo se tratando do REAA tenho para mim que o Maçom, neste Rito, somente deve se ajoelhar uma vez, isto por ocasião da sua Iniciação. Depois de iniciado todo juramento deve ser realizado em pé. Maçom nunca deve se ajoelhar porque está nascendo para uma nova vida e recebendo a Luz. Na elevação o Painel do Grau nota-se que ao ter em sua mão a Régua de 24 Polegadas o Irmão esta com a camisa sem descobrir o ombro esquerdo. Aliás, este procedimento era do Ritual adotado pelo GOB no ano de 1.977 – ritual elaborado por Varolli. Ora, despojar das joias e ter descoberto o ombro esquerdo era somente na Iniciação porque para demonstrar ao Neófito que estava sendo despojado de suas riquezas profanas. Quando Castellani elaborou os rituais houve mudança.

CONSIDERAÇÕES:

Na questão da genuflexão – Na prática do Rito Escocês Antigo e Aceito em particular na Iniciação o iniciando, apoia o joelho esquerdo no chão em respeito ao momento solene e a sua obrigação diante seu Livro da Lei moral que em linhas gerais representa e é o código ético despido das feições religiosas. 

O joelho esquerdo no Rito também alude ao lado da senda percorrida (lado norte) pelo Obreiro no Grau de Aprendiz. Na Elevação como também existe a obrigação, ou o juramento, que alude o compromisso em manter os segredos do Grau, cujo compromisso o protagonista continua a prestar diante do seu Livro da Lei moral, o joelho direito alude à senda por ele percorrida (lado sul).

Do mesmo modo acontece com a Exaltação e o compromisso assumido, todavia a genuflexão com os dois joelhos que em linhas gerais indica a plenitude e o domínio amplo dos espaços do canteiro (Loja).

Na questão das alegorias – Embora a clássica posição alegórica do Aprendiz este se associa ao princípio da jornada. Para os outros dois Graus, a alegoria representa a evolução do Obreiro. No Companheiro que possui a pragmática da juventude, ação e trabalho esta representa e ciclo simbolizado por mais instrumentos de trabalho, enquanto que a do Mestre evoca a última etapa da vida – a experiência, o pensamento e a avaliação da obra executada.

Assim as alegorias representativas dos três Graus não são necessariamente propostas que se associem diretamente com a Obrigação (juramento), o que faz entender que entre estas e as respectivas genuflexões não exista uma mera associação.

Na questão do ombro esquerdo desnudo – Existe uma falsa associação de que esse ato seja a representação única para indicar o despojo dos metais. Essa alegoria possui outros predicados e não pode ser interpretada de modo unilateral. 

Primeiro é que o despojo dos metais é regra simbólica para todos os Graus simbólicos – para o Aprendiz representa o momento que ele acabou de se despojar, enquanto que para os outros dois Graus subsequentes representa essa aplicação na vida – o Maçom terá como regra, independente do seu Grau, a virtude de se despir das “vaidades”. 

Segundo indica também a pureza no ato simbólico da Obrigação (juramento), a colocação do Compasso no peito desnudo do protagonista implica que entre o instrumento da justa medida e o coração do mesmo não deva existir qualquer obstáculo - daí o peito esquerdo desnudo.

No momento do juramento o Aprendiz tem um Compasso aberto até 45º com uma ponta apoiada sobre o coração (lado esquerdo); o Companheiro com o mesmo procedimento terá o compasso aberto até 90º, enquanto que o Mestre o terá apoiado com as duas pontas sobre a região cordial. Esses formatos assumidos pelo instrumento da justa medida aludem ao simbolismo da evolução e do aperfeiçoamento. 

O Aprendiz ainda limitado tem nessa ocasião uma baliza estabelecida. O Companheiro a terá, mesmo instituída, de maneira ampliada. Já o Mestre possui o domínio completo e pode manusear o instrumento até o último limite do seu alcance – o Mestre é a justa medida.

É oportuno salientar que no Ritual de Companheiro do GOB – REAA existe uma falha de procedimento que está agora sendo corrigida através de provimento. Está faltando à orientação do apoio do Compasso no peito do protagonista no momento do juramento. Infelizmente existe a carência de se compreender que o Segundo Grau historicamente é o Grau mais genuíno da Maçonaria e não apenas um Grau intermediário (sic).

Finalizando, essas são as orientações que o Rito Escocês vislumbra na sua doutrina iniciática. Sem qualquer contestação ao excelente e saudoso Irmão Theobaldo Varoli Filho que indubitavelmente fora um dos maiores conhecedores de Maçonaria que pude apreciar, eu creio que houve uma generalização doutrinária naquela oportunidade. 

Entretanto a pluralidade de ritos e trabalhos maçônicos a partir da Moderna Maçonaria (Século XVIII), destacando-se as suas duas vertentes principais (a latina e a inglesa), cada uma delas possui o seu arcabouço doutrinário próprio e distinto, sobressaindo-se ainda a tradição, a cultura e o costume inerente a um rito, ou trabalho em particular.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.232 Florianópolis (SC), quinta-feira, 16 de janeiro de 2014.

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