Páginas

terça-feira, 25 de setembro de 2018

TEMPLO E CÂMARA DO MEIO

TEMPLO E CÂMARA DO MEIO
(republicação)

O Respeitável Irmão Carlos Roberto Martins, Mestre Instalado, Secretário Estadual Adjunto para o Rito de York (Trabalho de Emulação) GOEG – GOB, Oriente de Goiânia, Estado de Goiás, formula as questões seguintes:
spencierecarlos@hotmail.com

Ha uns três ou mais anos quando o Irmão aqui esteve nos dando a honra de ser o palestrante e ter participado de um seminário e também de uma iniciação na Loja Estrela da Serrinha, onde também trabalhamos como "Experto". O respeitável Irmão solicitou minha participação em vários exemplos e demonstrações durante as perguntas, depois do SEMINÁRIO no domingo antes do nosso almoço, o convidei a conhecer no Templo do Rito de York (Emulação) e lá conversamos muito e até disse-lhe a seguinte frase "COLOCAI VOSSO PÉ ESQUERDO NO SENTIDO TRANSVERSAL DA LOJA E VOSSO PÉ DIREITO NO SENTIDO LONGITUDINAL E PRESTAI ATENÇÃO AO V.M∴, faço estas citações que guardo na memória com muito carinho e orgulho de poder ter tido a oportunidade única e pessoal de conversar com o Irmão. Mas vamos a minha pergunta: Estamos em Goiás mais especificamente em Goiânia na sede do GOEG, construindo uma CAMARA DO MEIO, ou seja, um Templo somente para o Grau 3 (três). Em função de praticarmos no Brasil todos os Ritos, pergunto:

1 - Câmara do Meio há divisão com BALUSTRADA no R.E.A.A?

2 – Por que em nossa concepção a forma de caminhar em todos os Ritos do Ocidente para o Oriente e a mesma, linguagem York (Emulação).

3 - O Templo é construído em um só piso e/ou se e obrigatório à colocação de degraus como adaptações, de acordo com alguns Ritos.

Sugestão: e se o Respeitável Irmão puder, envie-nos fotos ou orientações que facilitem a utilização e adaptações na construção do Templo para que todos os "Ritos" o utilizem.

CONSIDERAÇÕES:

Antes das considerações propriamente ditas, devo salientar que em se tratando de Rito Escocês Antigo e Aceito e os Trabalhos de Emulação (chamado de York no GOB), são distintos quanto à sua vertente. O Rito Escocês é filho espiritual da França e o Craft onde pertence o Trabalho de Emulação é de vertente inglesa. O objetivo maçônico é o mesmo – aprimorar o Homem, todavia as concepções doutrinárias se diferem entre ambos.

1 – No Rito Escocês ainda existe a divisão haurida desde as extintas Lojas Capitulares. Em princípio não havia essa divisão, entretanto para conciliação com o Capítulo no primeiro quartel do Século XIX elevou-se o Oriente e consequentemente o mesmo acabou sendo limitado pela conhecida “balaustrada”. Por motivos históricos houve tempo por volta de 1.810 em que o Grande Oriente da França “encampou” os graus escoceses até o Grau 18, sendo que o presidente do Capítulo (Athersata - governador) era também o Venerável do simbolismo – daí as Lojas Capitulares.

Por fim as coisas voltaram aos seus lugares e o Grande Oriente passou autenticamente a governar os três Graus Simbólicos e o Segundo Supremo Conselho readquiriu o governo dos outros Graus acima do simbolismo.

Infelizmente, mesmo assim, o Grande Oriente da França continuou permitindo a permanência da divisão do Oriente, bem como a sua elevação no simbolismo. Assim o costume acabou virando consuetudinário no simbolismo escocês, embora contrário ao que apregoava o primeiro ritual datado de 1.804.

Atualmente esse costume está enraizado nos Graus Simbólicos do Rito Escocês e dificilmente será extirpado, sobretudo aqui no Brasil.

Desse modo devo lhe responder que no Rito Escocês o piso do Oriente continua a possuir nível elevado, bem como a existência da balaustrada demarcatória conforme os atuais rituais em vigência e legalmente aprovados.

Já no sistema inglês (Craft) dos Trabalhos de Emulação não existe divisão do Oriente e nem mesmo este é elevado. Eleva-se por três degraus tão-somente o trono ocupado pelo Mestre da Loja (Venerável) e considera-se Oriente apenas a parede oriental e, por extensão, os lugares imediatamente colocados à sua frente.

2 – No Trabalho de Emulação não existe circulação, senão algumas perambulações por ocasião das cerimônias de Iniciação, Passagem e Elevação ou nas oportunidades em que se executam as procissões. A perambulação geralmente é feita de modo a se esquadrejar os cantos da Sala da Loja tendo como referência os cantos do Tapete Quadriculado. Nos outros procedimentos desse sistema não existe regra de ingresso e saída do Oriente já que entre ele e o Ocidente não existe separação.

Ao contrário, no simbolismo do Rito Escocês existe a obrigatoriedade da realização do giro horário no Ocidente quando se passa de uma para outra Coluna. Nessa concepção o Obreiro ingressa no Oriente passando obrigatoriamente pela Coluna do Norte e ao ingressar no quadrante oriental o faz pelo lado nordeste da sua entrada junto à balaustrada. 

Em retirada do Oriente o Obreiro o faz pelo lado sudeste junto à balaustrada, se deslocando em seguida pela Coluna do Sul. No Oriente não existe circulação.

Como se pode notar existe uma diferença significativa entre as duas vertentes maçônicas, por conseguinte também nesse particular – circulação e perambulação.

3 – Diferente do Craft, para o Rito Escocês como dito anteriormente, é obrigatório o desnível entre o Oriente e o Ocidente.

No tocante as adaptações topográficas entre uma Loja do Rito Escocês e a dos Trabalhos de Emulação, em linhas gerais há que se prever pelo menos o seguinte:

a) No Trabalho de Emulação não existe desnível do piso, talvez, dependendo do espaço, a Sala da Loja possa ocupar o recinto ocidental, colocando-se uma cortina azul para “esconder” o Oriente da Loja escocesa.

b) Nesse caso as mesas e os tablados devem ser móveis, para que se possa montar, por exemplo, a cátedra do Venerável com três degraus no ambiente ocidental.

c) O pedestal do 1º Vigilante no Craft fica no extremo do Ocidente, porém de frente para o pedestal ocupado pelo Venerável, enquanto que no Rito Escocês a mesa fica no lado noroeste de frente para a parede oriental.

d) Ainda sobre os Vigilantes, diferente do Rito Escocês, no Craft não existem degraus de acesso às respectivas cadeiras.

e) A mesa do Secretário, que geralmente fica junto com o Tesoureiro, se localiza no lado norte, porém de frente para o pedestal do Segundo Vigilante que fica no Sul ao meio-dia.

f) O lugar do Painel do Grau da Loja escocesa que fica no centro do Ocidente se diferencia do lugar da Tábua de Delinear inglesa – próxima ao lugar do Primeiro Vigilante e do Segundo Diácono.

g) A porta de entrada da Loja nos Trabalhos de Emulação se localiza na parede norte, mais precisamente no lado noroeste, enquanto que no Rito Escocês ela se acha no centro da parede ocidental.

h) Não existe Altar dos Juramentos no sistema inglês. Estes são tomados junto ao pedestal do Venerável onde fica o Livro da Lei Sagrada, porém há o banco de se ajoelhar.

i) O piso do Ocidente no Rito Escocês é inteiramente quadriculado de modo oblíquo, já nos Trabalhos de Emulação existe um tapete central quadriculado (xadrez).

Estas então são alguns tópicos que demandam de objetivas adaptações entre um e outro sistema maçônico. Se o espaço agregar essa disposição é possível atender aos procedimentos ritualísticos distintos.

Sugiro ao Irmão que faça uma melhor observação comparando os rituais em vigência, já que eles devem ser rigorosamente cumpridos e as adaptações somente serão aceitas se estas não ferirem os procedimentos distintos dos mesmos.

Finalizando, ainda algumas observações:

a) Craft é como se denomina o sistema inglês de Maçonaria. 

b) Na Inglaterra não se admitem ritos, senão “trabalhos”.

c) A referência aqui feita aos “Trabalhos de Emulação” é a mesma sobre a prática do Rito de York que, embora equivocada, assim se denomina no Brasil.

d) Rito Escocês Antigo e Aceito é filho espiritual da França, portanto faz parte da vertente latina da Maçonaria.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.227 Florianópolis (SC), sábado, 11 de janeiro de 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário