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quinta-feira, 11 de outubro de 2018

MARCHA DO GRAU ALTERADA - REAA

Em 23/07/2018 o Respeitável Irmão Carlos Alberto B. Santiago, Loja Liberdade, 01, REAA, GLEB, sem mencionar o nome do Oriente, Estado da Bahia, apresenta, através da Revista Maçônica A Trolha, a seguinte questão:

A MARCHA DO GRAU ALTERADA

Há 3 anos a Grande Loja fez algumas mudanças no Ritual, principalmente no grau de Companheiro Maçom.

Foram alterados os Passos de Companheiro; em vez de c∴ como havia sendo ensinado, passaram a divulgar que são d∴, apenas os d∴ últimos, que se deslocam lateralmente.

Os t∴ anteriores são considerados parte da Marcha, pois dizem que há diferença entre Passos e Marcha.

Assim afirmam que os Passos são os d∴, os que se deslocam lateralmente e a Marcha os c∴ pp∴, incluindo assim os de Aprendiz.

A minha pergunta é:
a) Qual a origem dos Passos de Companheiro?
b) Eles são 2 como adotado pela GL∴ ou 5 como aprendemos há mais de 30 anos?

No caso do Grau 3, Mestre Maçom a mesma alteração foi feita, adotaram somente os pp∴ sobre o Esq∴, ignorando os 5 dados anteriormente.

Por favor, os prezados Irmãos poderiam esclarecer esta dúvida?

Tenho vários livros dessa editora e em nenhum consta uma informação que possa dirimir essa dúvida.

CONSIDERAÇÕES:

O que eu posso dizer é que é mesmo lamentável o que os inventores impõem à ritualística maçônica. Simplesmente por não conhecerem a sua história, ficam então a arrumar desculpas como essa da Marcha ser diferente da dos Passos.

Ora, em Maçonaria, especificamente quando nos referimos aos passos de um grau, marcha é seu sinônimo, pois os passos (no plural) compreendem a marcha. Assim tanto faz definir o ato completo como “marcha” ou “passos”, já que ambos compreendem um mesmo conjunto de formalidade ritualística.

Mesmo no Dicionário Aurélio (versão eletrônica) isso pode ser comprovado. Nele a palavra passo significa o ato de andar; andamento; marcha (o grifo é meu), enquanto que a palavra marcha, nele designa modo de andar; andadura, passo (o grifo é meu).

A despeito desses comentários, os “entendidos” antes de procurar conjecturas temerárias precisavam conhecer a origem dos passos, ou marcha no REAA∴. Para tal deveriam consultar os primeiros rituais simbólicos do Rito em questão – a partir de 1804 – quando então existia apenas uma única marcha composta por “oito passos normais”. Eram, no princípio, passos únicos que serviam os três graus.

Posteriormente, com o aprimoramento e a evolução dos rituais ao longo do século XIX e a separação doutrinária dos graus, houve a divisão dos oito passos de outrora, sendo que a partir daí, cada Marcha (conjunto de passos) corresponde à idade simbólica do maçom - t∴ pp∴ igual a t∴ aa∴ para o Aprendiz, c∴ pp∴ igual a c∴ aa∴ para o Companheiro e o∴  pp∴ para os s∴ aa∴ e m∴ do Mestre.

Doutrinariamente a Marcha segue a seguinte explicação: 

O Aprendiz - Em linha reta, acompanha a vereda dos justos ao executar a Marcha sobre o eixo longitudinal do templo. A interseção das linhas oblíquas do Pavimento Mosaico orienta a posição dos pés a cada passo dados na forma de costume. Vindo do Ocidente para o Oriente, simbolicamente o Aprendiz não pode se desviar do rumo já que pela sua pouca idade (apenas t∴ aa∴), sem referência e pouca instrução, um eventual desvio faria com que ele acabasse se perdendo. 

O Companheiro - Não sem antes ter tido passado pela senda do Aprendiz (escalada iniciática), ele rompe a sua Marcha como Aprendiz (revivendo o aprendizado) e em seguida dá obliquamente um passo como que a se afastar do eixo determinado. Para concluir ele dá mais um passo de retorno ao eixo. Do mesmo modo, o cruzamento das linhas oblíquas do Pavimento distribuem os passos da sua jornada. Em síntese, os c∴ pp∴  correspondem a sua idade simbólica e a evolução de conhecimento adquirido durante o seu aprimoramento na Arte. Graças a isso é que se diz que o Companheiro, mesmo se desviando do eixo (passo oblíquo), tem capacidade de retomar ao rumo. 

O Mestre - Como senhor de todos os quadrantes da Loja ele revive toda a jornada dos dois graus anteriores. Primeiro executa todos os passos que compõem a Marcha do Companheiro, iniciando pelos do Aprendiz. Em seguida soma a eles mais t∴ longos pp∴ oblíquos à direita, à esquerda e ao centro (ponto pedest∴) como que se deslocasse por sobre um esq∴. Assim, somando-se os c∴ pp∴ anteriores aos t∴ últimos pp∴ encontra-se o total dos o∴ pp∴ de outrora. De qualquer maneira, a Marcha do Mestre também lembra a sua idade, s∴ a∴ e m∴, já que para se chegar ao o∴ é preciso primeiro se passar pelo s∴ (s∴ alude à criação). Na realidade, o Mestre renascido não estaciona no número s∴. Esotericamente, sua Marcha revive toda a escalada iniciática - os c∴ primeiros dados sobre o Pavimento (material) e os t∴ outros de modo elevado sobre o esq∴ (espiritual). Os três últimos passos do Mestre simbolizam a alegoria da Natureza e o movimento do Sol em sua eclíptica com os solstícios e os equinócios. Nesse teatro, a Natureza morre no inverno (a Terra fica viúva do Sol) para renascer na primavera. Como as Marchas representam a senda iniciática, os passos por sua vez vão se somando respectivamente a partir do Primeiro Grau. 

Obviamente esse é apenas um resumo, pois muitos outros aspectos se incluem à rica alegoria que envolve as Marchas no REAA∴, entretanto, em nome do sigilo exigido no trato com as coisas maçônicas, esse não é espaço apropriado para se aprofundar nessa questão.

Dando por concluído, a origem da Marcha (Passos) advém de uma forma especulativa de reconhecimento iniciático e que ao mesmo tempo, conforme o Rito, expressa lições para o aperfeiçoamento do maçom. Propriamente nos três graus simbólicos do REAA∴ a Marcha se constitui por t∴, c∴ e o∴ passos respectivamente. Não existe Marcha isolada por grau conforme o Irmão comenta na questão. Por ser também uma forma de telhamento, independente do grau simbólico, ela sempre se inicia pelos t∴ pp∴ do Aprendiz. No REAA∴ a sua raiz advém dos seus primeiros rituais simbólicos que apareceram na França a partir do início do século XIX.

P. S. – No trato dessa questão abordou-se apenas o número de pp∴ Sinais e outras particularidades que envolvem a forma de se executar a Marcha não foram aqui comentados.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

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