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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

SER OU ESTAR MAÇOM?

SER OU ESTAR MAÇOM?

Atualmente podemos afirmar que “Ser ou Estar alguma coisa” vem se tornando uma expressão bastante difundida; é utilizada para identificar se uma pessoa assumiu ou não posicionamento correto com respeito a qualquer organização da qual participa, como por exemplo, quando desempenha um cargo público ou legislativo, tal qual o de “Estar Ministro”, entre outros exemplos (sendo inclusive utilizado como personagens em programas humorísticos).


Absorvendo-se esse conceito e aplicando-o no seio de nossa fraternidade, percebemos que todos nós “Estamos Maçons” ao procedermos à nossa iniciação.”Estamos Maçons” ao freqüentarmos a Loja e pagarmos as suas mensalidades e taxas. “Estamos Maçons” quando participamos de uma atividade organizada pela Loja, atividade filantrópica, uma visita à outra Loja, ou, até mesmo, quando meditamos sobre o nosso papel e partimos em busca da ponderação interior à procura da verdade.

Mas o que é “Ser Maçom”? O Ser não pode ser considerado sinônimo do verbo Estar. A caracterização mais expressiva de estar é de um verbo que indica um certo estado. Portanto, há como que embutido em seu conteúdo uma certa passividade, enquanto o verbo ser é ativo, ou seja, representa ação, dinamismo.

“Ser Maçom” é um estado de espírito que caracteriza o indivíduo presente em todas as situações quando pode ajudar a cooperar para um mundo. “Ser Maçom” é compreender que por mais poderosas que sejam as forças externas, elas podem ser dominadas pela energia sediada em sua própria personalidade.

“Ser Maçom” é ter consciência de que sua presença discreta pode apoiar novos projetos úteis à comunidade e constituir-se num poderoso pilar de sustentação dos valores mais nobres do indivíduo.

“Ser Maçom” é ser o eterno estudante em busca do ensinamento diário, tirando de cada situação uma lição e aplicando com êxito os princípios adquiridos. Desenvolve, em toda oportunidade de sua intuição, sua força de vontade, sua capacidade de ouvir e entender os outros.

Temos que considerar que o “Ser Maçom” deve, como livre pensador, questionar o porquê de determinados acontecimentos entendendo e vivenciando, nos nossos ensinamentos, que palmilhamos lentamente com passos firmes para não tropeçarmos nos erros e nos vícios do passado, mesmo que em alguns momentos saiamos da trajetória para poder compreender o mundo com uma visão holística de suas nuances.

O Maçom que se limita a ler ou a estudar as instruções dos graus ou a literatura disponível e não procura aplicar no dia-a-dia conceitos que lhe são transmitidos, para o desbastar da Pedra Bruta e erigir o Templo Interno, perde excelentes oportunidades de ampliar seus conhecimentos e de verificar como o saber do aprendizado da Arte Real pode ser útil para o seu bem-estar na busca de seu retorno ao Cósmico.

O “Ser Maçom” é aquele estado em que, sem abandonar os hábitos de uma disciplina racional, a mente busca uma abrangência do universo, o conhecimento intrínseco dos fenômenos que estão ocorrendo, procurando desenvolver a sensibilidade e a compreensão das razões dos estudos. O Maçom que desenvolveu sua mente para estar atento e acompanhar a evolução dos fatos sabe como conhecer as sutilezas que envolvem suas origens. É como um oleiro que dá formas sutis ao barro bruto, enquanto o Maçom modela sua própria consciência num confronto com sua própria personalidade.

Vivemos juntos e cruzamos com diferentes seres humanos que pensam e agem de maneira diversa da nossa. Isso nos propicia excelentes oportunidades para nos adaptarmos mutuamente  e, sobretudo, para aprimorarmos as formas de inter-relacionamento. A sabedoria do bem viver é despertada quando nos conscientizamos dessas diferenças e procuramos compreender o indivíduo através de suas particularidades. “Ser Maçom” é despertar o sentido de compreensão do indivíduo e estar preparado para assisti-lo nos momentos de necessidade.

O exemplo de uma atitude mental moderada, sincera e cooperativa caracteriza muito o “Ser Maçom”. E todos notam que, sob muitos aspectos, o “Ser Maçom” diferencia-se entre todos os outros indivíduos. No grau de aprendiz nos é ensinado que além dos sinais, toques e palavra o Maçom deve ser reconhecido pelos atos e posturas dentro da sociedade e no meio onde vive, traduzindo de maneira diuturna os nossos conhecimentos e a filosofia da Arte Real. Sentimos que temos a desempenhar um papel mais relevante na sociedade e contribuir positivamente para o seu engrandecimento.

“Ser Maçom” implica algumas renúncias, mas a compensação que advém desse estado de espírito é muito agradável. Sentimo-nos como se fôssemos os autores da novela e não apenas os personagens passivos, criadas pelos mesmos. Temos uma participação presente e atuante, embora aparentemente o Maçom apresente-se um tanto reservado.

Já se disse que nos colocamos muito mais em evidência quanto nos mantemos como observadores e damos a colaboração somente quando é solicitada pelos outros do que aqueles no momento em que procuram apresentar-se como os donos da festa.

Considerem, sobretudo, que encontramos muitas pessoas evoluídas e que podem ser consideradas possuidoras de elevado espírito maçônico. Têm expressiva vivência das coisas do mundo e utilizam grande sabedoria em suas decisões, mesmo nunca tendo sido Maçons.

Nós Estamos Maçons ao entrarmos na Ordem, e Somos Maçons quando o espírito dela entra em nós. A diferença é muito grande, mas facilmente perceptível.

Irmãos, unamo-nos na trilha que leva ao Templo ideal e tomemos o cuidado para não “Estarmos Maçons”, para não trilharmos a Maçonaria simplesmente cumprindo rituais e envergando-nos à mera condição de um “Profano de Avental”. Desejo que todos avaliem como é bom “Ser Maçom”.

Ir∴ João Lages Neto
ARLS Jacques De Molay nº 33
Vitória - ES

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